oOo Esclarecimentos de Última Hora oOo
Ok, OK – Aqui vos fala é a Illy-chan... E sim: consegui fazer a burrada da semana.
Explico-me... Eu fui dar update no cap 04 de "O Anjo..." da AninhaSaganoKai, e como a tamanho da letra ficou uma coisa imensa, fui excluir o cap para substituí-lo... E o que fiz? Hã? O quê?
EXCLUÍ TODOS os caps da fic "O Anjo...". E junto, TODOS os reviews! BUÁÁÁAÁÁÁÁÁÁÁ´!
Cá tive eu que subir com todos eles... e AINDA VOU TER QUE COLAR TODOS os reviews...
Oh, vida ingrata! BUAAAAAAAAAAAAAAAAA...
Desculpem todos...
Illy-chan.
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Gostaria de dedicar o capítulo dessa fic a algumas pessoas muuuito fofas, e que amam, de todo o coração, o casal 3x4!
Dhandara! Sempre você, em primeiro lugar, pois o XYZYaoi existe hoje, por resultado de sua garra e perseverança! Além do mais, a Illy disse que você foi a primeira fã do casal 3x4 & 4x3 que ela conheceu... AINDA BEM!
Dee-chan! DEE! Você está de volta mesmo! A pobre Illy não se perdoa por não ter conseguido se encontrar com você na net, ainda! E eu queria muito, mas muito mesmo lhe dizer... Nós duas estamos AMANDO a fic que você nos dedicou! Er... QUEREMOS MAIS CAPÍTULOS!
À Litha-chan, que carinhosamente me convidou para fazer parte do casting de escritoras de fics yaois de Gundam Wing, no seu blog! Domo Arigatou, Litha!
E à HinaS, que QUASE MATOU a Illy-chan, ao dedicar o cap 07 de sua fic "Andarilhos" - que ela AMA de paixão - para ela, como presente de aniversário! Hina, até hoje ela SURTA, de alegria!
E a todas as fãs de 3x4 deste vasto mundo na net!
Beijos mil!
AninhaSaganoKai
Yaoi lemon
Gundam Wing, 3x4, 1x2, lime, lemon, universo alternativo, fofo, e tentativa de humor.
Observação 01: os personagens de Gundam Wing não me pertencem, e nem ganho nada com isso .
Observação 02: Esta fic também está postada no site do XYZ:
http/ www . xyzyaoi . cjb . net – um site recheado de fics yaois, e que está aos cuidados da nossa querida Dhandara!
Mas atenção – lembrem-se de juntar os pedaços separados, na hora de copiar a url, ok? E tem mais: o site acabou ser atualizado agora, dia 24 de Abril! Ele está explodindo de fics novas, incluindo novos capítulos das traduções de fics maravilhosas de várias autoras americanas, de 2x1 e 4x3, feitas pela Illy, além da maluca já ter colocado outra fic nova, da autora Naomi! CORRAM lá para ler! Heheheheh
O Anjo da Casa ao Lado
AninhaSaganoKai
Cap 04
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Subimos os dois para o andar superior...
... e eu quase tenho um enfarte ao ver o quarto que ele escolheu...
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"Vou ficar neste quarto! A vista aqui é ótima!" O senhor Barton exclama, aproximando-se da janela, de onde se pode ver os arredores. "Bela casa, aquela ali: tem estilo! Adorei os jardins, a jardinagem virou um hoby para mim".
Saindo das costas de um chocado Trowa, parado feito uma estátua antiga de sal em plena porta, Quatre finalmente entra no tal quarto... E pela localização do mesmo, entende que era de sua casa que o avô do moreno estava falando.
"Sou eu quem moro ali, senhor...?" Tenta uma apresentação, uma vez que ao que parece, Trowa ainda está, incompreensivelmente, parado no vão da porta... catatônico.
O avô vira-se para o jovem loiro que se aproxima, cauteloso.
"Oh! Perdão, Jordi Barton."
"Quatre Rabberba Winner, prazer." e olha pela janela, inclinando-se nela. "Nossa... mas esse quarto fica exatamente de frente... para... o meu..." Enquanto fala, ele entende o que aquilo significa, e a voz vai baixando, baixando, até quase sumir, ao mesmo tempo em que uma vermelhidão forte sobe por seu rosto.
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"Eu tenho que tirá-los daqui! Eu tenho que tirá-los daqui!"
Quatre vira-se para mim, me olhando pasmo com o que ele está imaginando – e eu finjo a maior cara de inocente, enquanto tento controlar meu crescente pânico.
"Este aqui não, Vovô! Meu quarto é mais confortável!"
Ele me dá um olhar estranho, completamente desconfiado de minha tão boa – e inesperada – oferta.
"Ora, não se preocupe! Este quarto tem mais conforto que o meu próprio quarto, em casa! É bem espaçoso, e... Mas o que é isso?"
Meu ar foge dos meus pulmões, como se eu tivesse acabado de levar um potente murro.
"Vejam só... Binóculos!"
PUTAQUEOPARIU!
"E dos mais potentes que eu já vi!" admirou-se o Sr. Jordi, passando da admiração para a ação em milésimos de segundos - querendo ver até onde aquilo ia dar, virou-se para o loiro, dizendo: "Vamos, Quatre, meu rapaz! Teste-o, também!"
Pego de surpresa, Quatre leva os binóculos aos olhos... e se vê olhando diretamente para dentro do seu próprio quarto, como se estivesse dentro do mesmo – e com tanta acuidade visual, que ele dá um passo para trás, ao ver-se tão próximo de sua própria cama, que tem medo de esbarrar nela.
Os olhos azuis claros, arregalados de Quatre, viram-se novamente para mim, então, desta vez em choque, me olhando não mais com o que ele pensa que está imaginando – e sim, tendo a certeza do que os fatos estão contando a ele.
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Em choque, eu pisco meus olhos, sem conseguir acreditar no que estou vendo.
"Meu quarto! Eu estou olhando... para... meu quarto!"
Eu senti meus joelhos quase cederem, e eu dou um passo para trás – "Trowa...! Ele é quem estava... Meu Deus! Este tempo todo... Trowa estava olhando para mim – me observando no meu quarto!"
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Ele descobriu!
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Eu olho para aqueles lindos olhos verdes, ainda chocado... e a confusão e a vergonha impressos neles me fala mais que mil palavras:
"Eu não acredito! Meu Deus, Trowa também está a fim de mim! É bom demais para ser verdade!"
"E que fofo, ele fica, vermelho!"
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Altamente satisfeito com a alta temperatura que repentinamente tomara conta do quarto, Jordi Barton decide então se fazer notar pelo neto... e por aquele rapaz loiro, que estava tão... como dizer? – vermelho da cor de tomate maduro, heheheeheh. Sim, ao que parecia, suas férias ali seriam muito movimentadas, e como!
Oh-oh... e o que era aquilo no rosto de seu neto? Era o que ele estava imaginando?
"Ahem!" – o barulho fez os dois jovens praticamente pularem em seus lugares. Cínico, Jordi continuou: "Bem, bem, como pode ver, meu neto, eu vou ficar muito bem neste quarto – então, já que está tudo decidido... O que temos para comer? Estou verdadeiramente faminto!"
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Não digo nada - tenho medo do que possa sair de minha boca.
Minha vergonha e raivas são tamanhas, que minha real vontade é de pegar meu avô, prendê-lo, amarrá-lo, e mandá-lo para Marte ou então para outra galáxia - de onde ele JAMAIS tenha como voltar, novamente.
Mas não adianta enviar olhares ameaçadores - eles nunca funcionaram com Jordi Barton: meu avô é imune a esse tipo de coisa, e dono de um cinismo que só fez aumentar, com o tempo, eu adivinho – e ainda sem dizer nada, simplesmente largo suas malas de qualquer maneira no chão do quarto, e resolvo ir fazer um lanche, antes que ele vá xeretar e emporcalhar minha cozinha imaculadamente limpa.
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Minutos depois...
Mais calmo, e com meus instintos assassinos quase perfeitamente controlados, e com os outros dois sentados à mesa, na cozinha, sirvo então o bolo que o Quatre fez pela manhã, sorvete e biscoitos. Elogio o bolo, que está simplesmente divino.
"Humm...! Isto está tão bom quanto os que minha falecida esposa fazia! Já vi que vou engordar nestas férias!" meu avô não controla a língua.
"Mas o senhor não vai ficar tanto tempo assim – afinal, tem suas roseiras para cuidar não é, vovô?" Eu praticamente ranjo os dentes. Nunca pensei que eu pudesse destilar tanta raiva e veneno em apenas poucas palavras.
"Oh, Eu deixei vários empregados tomando conta do jardim! Posso ficar o tempo que eu quiser, na verdade! Posso até comprar uma casa por aqui, para passar o inverno - na minha idade, o frio é um problema, como sabe."
E o descarado me sorri, como se aquela declaração fosse a mais corriqueira do mundo. Quatre continua estranhamente quieto, desde que descemos, nos analisando com uma divertida indagação no olhar, mas sem querer intrometer-se no monólogo de disparates do meu avô. De repente, ele me sorri e eu quase derreto.
"Eu... me desculpem, mas creio que já é hora de ir. Foi um verdadeiro prazer conhecê-lo, senhor Barton. Venha me visitar, e conhecer os jardins que tanto admirou." e apertou as mãos do velho.
"Igualmente, e quando vier, traga mais alguns desses seus bolos!"
"Eu vou trancar o senhor no quarto, quando ele vier, isso sim!", puxo Quatre e o separo de meu avô.
"Venha, vou te acompanhar até sua casa. E antes que diga alguma coisa, eu quero ir."
Sem ter como refutar o que eu disse, Quatre apenas concorda, com a cabeça, e novamente se despede de meu avô.
"Ok, então. Até mais, sr. Barton."
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Lá fora a noite começava a cair... o sol quase escondido avermelhava o horizonte.
Os primeiros minutos são estranhos – pela primeira vez, o silêncio entre nós é pesado.
Quatre é o primeiro a falar, e escolhe um tema mais "ameno", que o que realmente passa por nossas mentes, com toda a certeza:
"Tenha paciência, Trowa: seu avô me pareceu um homem de opiniões fortes e sincero."
"Sincero demais para o meu gosto." Quase rosno, e faço uma careta de desgosto tal, que faz o anjo ao meu lado rir. O resto do caminho falamos sobre o meu livro e seu andamento. Não temos coragem de falar o que está nas nossas mentes.
Nos despedimos no portão da casa enorme dele, e sem o menor entusiasmo, faço meu trajeto de volta para meu outrora paraíso. Chuto uma pedra no chão. "Merda, merda, merda!" tudo tinha se atropelado, e...
Quando dou por mim, já estou dentro de casa, e escutando um barulho alto vindo da sala de estar. Vou acompanhando o som, e me deparo com o velho largado no sofá, de controle remoto na mão, e com o televisor ligado a todo volume.
"Vai ser uma longa, longa semana." Suspiro, fechando os olhos por um segundo.
"Agora deu para falar sozinho, Trowa?".
Eu lanço para ele meu olhar de "Não é da sua conta!" E ele me sorri cinicamente.
Decidido, vou até a mesa que uso para escrever na biblioteca, e pego meu lap top. Dou-lhe um boa noite bem mal-educado, subo as escadas e me tranco no quarto.
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Ainda estou atônito.
"Meu Deus... Se o que o senhor Barton conseguiu me fazer descobrir com suas brincadeiras for verdade, eu tenho uma chance com o Trowa!" me delicio com o pensamento, enquanto suspirando, me jogo de costas na cama. "Céus, meu quarto...! Será que ele alguma vez realmente me... viu? Nu?" sinto um frêmito de prazer percorrer meu corpo todo, só de imaginar meu moreno me observando, me seguindo, tão de longe... enquanto eu, sem saber de nada, me despia várias vezes, frente a seus olhos: "AH! Eu espero que sim... E MUITAS VEZES, na verdade!" e solto uma gargalhada de puro prazer, em me descobrir tão desejado. Estou loucamente feliz, na verdade.
Engraçado. Eu nunca mesmo sequer prestara atenção naquele quarto, afinal, como nunca vira muito movimento naquela casa, e muito menos nele, só pude imaginar que Trowa não o usava, então, quando do começo às minhas visitas a ele.
Repentinamente, paro de rir, ao me lembrar de um detalhe.
Erguendo minha cabeça do colchão, olho para as cortinas do meu quarto. "Tenho que lembrar de mantê-las fechadas, de agora em diante... infelizmente!" do pensamento passei à ação, e pulando da cama, corri à janela, e tratei de puxar as cortinas – apesar de estar me deliciando com pensamentos eróticos sobre Trowa ficar me secando, e quem sabe até fazendo outras coisas consigo mesmo, enquanto ando nu pelo meio do meu quarto, admito que arrepios de uma outra natureza percorrem meu corpo, ao imaginar que agora, é o maluco do avô dele que está no tal quarto em frente ao meu.
Depois, com um suspiro, como de costume cumpro meu ritual de me despir, entro debaixo dos lençóis, pego um livro na cabeceira, e vou ler, tentando parar de pensar em um certo par de olhos verdes. E em seu dono, cuja presença já se torna cada vez mais forte, em minha vida.
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Três dias já se passaram desde que o avô de Trowa chegou.
Não tenho ido até lá por esses dias, para que os dois tenham ao menos um tempo para se acostumarem um à presença do outro, novamente.
Conversamos apenas por telefone - aquela voz rouca e calma definitivamente é o melhor calmante que eu já usei. E o melhor estimulador erótico para sonhos noturnos, isso posso garantir.
Palavra de honra.
Mas hoje pela manhã, fui surpreendido por um telefonema do senhor Barton, que acabou se auto-convidando para um chá das cinco na minha casa. Intrigado, fiz o bolo que ele tanto gostara, e mandei arrumarem uma mesa na varanda perto do jardim – é um dos meus lugares preferidos. O senhor Barton foi pontual e profuso em elogios à decoração da casa, e da beleza do jardim.
"O chá está perfeito!"
"Obrigado, senhor Barton. E o Trowa, como está?"
"Em casa - grudado no computador. Sabia que ele não me dirigiu a palavra desde que você saiu por aquela porta?"
"E por quê ?" eu realmente estava surpreendido. O velho senhor estava completamente sério agora, fazendo a semelhança entre ele e o neto se tornarem mais evidentes.
Jordi Barton deu um profundo suspiro, e desviou o olhar para longe de mim.
"A culpa no final de tudo é minha. Sabe há quanto tempo não nos encontramos?" Balanço a cabeça, mas imagino que deva fazer um tempo, já. "Desde que ele tinha dezessete anos."
Meu choque deve ter ficado visível em meu rosto, pois ele continuou, então:
"Eu fiz e disse a ele coisas horríveis... o magoei profundamente."
"Posso perguntar que coisas foram essas?" Não entendi bem por que ele estava se abrindo comigo, mas não iria detê-lo: minha curiosidade era muita.
"Sou um velho tolo e autoritário, mas um velho. Percebi meu erro, mas temo ser tarde demais para reparar o que fiz... Ele agora é um homem, não precisa mais de mim".
"Mas o senhor se orgulha disso, não é?"
Ele admite com um aceno de cabeça.
"Mas nem sempre foi assim: os pai dele morreram em um acidente de carro... Trowa tinha cinco anos. Minha esposa, Margareth, já tinha falecido e como a mãe dele não tinha família, assumi sua guarda. Então o criei, ensinei , cuidei... Com isso achei que era dono dele, não quis aceita-lo como ele era de verdade... e como conseqüência ele fugiu de casa."
Derramei mais chá em sua xícara e o encorajei a continuar.
"O Que Trowa fez de tão grave?", perguntei. Afinal, para um rapaz criado por um avô autoritário, vindo do exército, podia ter sido bebidas, drog...
"Eu descobri que ele estava dormindo com um dos amigos dele."
"..."
Gelei na hora.
"Eu já desconfiava... ele é calado – mas não tímido; é bonito... porém eu nunca o via acompanhado de garotas, ou se trancar no banheiro com revistas masculinas; não olhava também para as pernas das jovens ou olhava, cobiçoso, para um belo par de seios."
"Eu chamaria isso de falta de educação, Senhor. Mesmo para um rapaz". Estrilei, estreitando meus olhos.
Ele me fez um gesto com a mão.
"Bobagem! É o que todos os rapazes na idade dele fazem." Ele volta ao passado novamente: "Ao invés, eu o via cercado de rapazes da escola... principalmente um deles... Um certo dia, eu os peguei nus, se abraçando e beijando no quarto do meu neto."
Fiquei incomodado, com receio do que ouviria.
"Sou de um tempo em que isso era impensável: alguém assim era, no mínimo, excluído da convivência familiar ou da cidade."
"Em outras palavras, um pária." Não consegui conter meu descontentamento com a observação dele, e as palavras escaparam de minha boca.
"Quando me deparei com aquilo fiquei tomado de raiva e vergonha. Eu... bati nele, Quatre."
Veio a confissão.
"... Arranquei o sujeito dos braços dele, o expulsei do quarto... Xinguei meu neto e o espanquei..." ele segurava xícara com as duas mão e olhava para dentro, como se pudesse ver ali, refletido na superfície do chá, tudo o que acontecera, enquanto eu sentado ali, sentia meu coração ir se afundando cada vez mais e mais no meu peito, ao imaginar meu Trowa de hoje, adolescente, ainda... sendo espancado pelo homem que o criara. Sem ter ninguém que o ajudasse ou protegesse da ira da incompreensão, naquele momento. "Ele sequer tentou se defender ou revidar... Eu bati muito... Até que o deixei nu, no chão do quarto, e saí antes que o matasse." Meu coração doía. "Fui par o bar mais próximo e bebi a noite inteira até afogar minha raiva; adormeci por lá. Quando voltei pela manhã, eu já havia planejado todo o futuro dele: ia obrigá-lo a se inscrever no exército quando completasse a idade, dali a alguns meses – lá, iriam ensiná-lo a ser um homem, e a honrar as calças que vestia." Em minha mente, a imagem de um outro Jordi Barton, duro, dominador, indo comunicar ao neto como sua vida seria vivida, tomou conta de mim. Como Trowa reagira? "Fui direto para o quarto dele, pois queria lhe dizer tudo o que eu tinha decidido. Mas ele não estava mais, lá – ele tinha fugido." Vejo então um brilho estranho nos seus olhos, como se pensasse em como a situação teria chegado a tal ponto. Eu fecho meus olhos "No começo pensei: 'Foi melhor assim!' afinal, ninguém na cidade iria descobrir que meu neto era um... uma bicha." Ele pára, então... e volta a olhar para o jardim. "Mas com o tempo, a culpa e a preocupação aumentaram: eu não sabia onde ele estava, com quem estava, e o que estaria fazendo o que para sobreviver... tive medo de tê-lo empurrado... para algo pior." Eu gelei, novamente, ao entender o que ele quisera dizer: prostituição. Mas a voz do senhor Barton retornou, outra vez, e agora, tinha um tom de decisão: "Contratei um detetive. Infelizmente, porém, quando conseguimos encontrar uma pista dele, esta pista já era antiga: ele já havia mudado de cidade. E assim se foi, durante anos: parecia que ele estava sempre um passo à nossa frente... pelo menos me tranqüilizei: os trabalhos dele eram todos honestos. Ele nunca teve medo de trabalho duro. Algo aconteceu, porém, e perdemos a pista dele – durante três anos inteiros parecia que um buraco negro o engolira. E então... de repente, o detetive me trouxe um exemplar de um livro."
"Do Trowa." Digo. Ele confirma, balançando a cabeça.
"Sim. Teve um sucesso relativo. A partir deste, ele começou a ficar conhecido e a ganhar dinheiro. Consegui entrar em contato com o editor, e consegui o número de telefone."
"Como ele o tratou?"
"Demorei alguns meses até criar coragem de ligar... Nos primeiros telefonemas, ele desligava, sumariamente. Aos poucos, foi deixando de desligar o telefone na minha cara... foi me ouvindo, até começar a responder minhas perguntas."
"Ele te perdoou ?"
"Não sei. Nunca me maltratou, realmente: apenas me ignora ou me responde com má-criação, só que nunca procurou me encontrar pessoalmente, e as iniciativas de telefonar eram sempre minhas... Sinto que ele não me guarda um rancor forte, só que não se esquece algo como o que eu fiz. Ele não sabe como me tratar - nunca fui um homem carinhoso, e o que fiz só piorou tudo."
"Por que veio atrás dele?"
"Estou ficando velho, Quatre. Com 70 anos, posso morrer a qualquer hora. Quero conviver com meu neto o tempo que me resta, e quero que ele me perdoe."
Dou um sorriso, achando uma graça estranha, por tudo o que já vi dele:
"O senhor é um homem forte – não vai morrer assim."
"Quem sabe quando é sua hora? E este é o futuro de todo velho. Quero acertar tudo com ele; poder dizer que o amo, não importa como ele seja, e vê-lo feliz - porque ele tem sucesso, fama, dinheiro... mas não é feliz!"
"As pessoas são felizes de modos diferentes senhor Barton, a vida dele é tranqüila."
Ao ouvir isto, ele se vira para mim, e toda a encenação sobre ser um velho às portas da morte, vão-se embora, como fumaça ao vento:
"Ele se enterrou em uma concha com aquele maldito computador, isso sim! Tenho que fazê-lo viver, conhecer gente, sair, fazer amigos, ter um companheiro, ou seja: coisas que fazem a vida valer a pena, e ter recordações para quando for velho como eu!" ele pára um pouco, como se para respirar. "Mas pelo menos uma coisa ele adiantou." Percebo um brilho divertido nele.
"O quê?" pergunto ingenuamente.
"O companheiro. Você é o namorado mais bonito que ele teve durante esses últimos anos."
Engasgo na mesma hora.
"Somos... somos só amigos!"
"Sei." e me dá um sorriso condescendente.
Só então compreendo o que ele falou.
"Como sabe se os namorados de Trowa eram bonitos ou não?" pergunto, desconfiado.
"Meu detetive. Dinheiro chama muitos aproveitadores: eu podia estar longe, mas não deixaria ninguém se aproveitar do meu neto - ainda é meu dever, protegê-lo!"
Fico surpreso com a cara de pau - ele não tem nenhum remorso de estar se intrometendo na vida de Trowa.
"Você é diferente: é bonito, tem seu próprio dinheiro, é inteligente, de boa família e ainda por cima, cozinha muito bem." E corta mais um pedaço de bolo, voltando ao humor anárquico dele: "Irá cuidar muito bem do meu neto." e mastiga o bolo, muito do satisfeito consigo.
"Mas... mas..."
"Mas nada: tenho olho para esse tipo de coisa - sempre acertei quem terminaria com quem nas novelas, e você é digno do meu Trowa. Agora, vamos terminar o chá antes que esfrie de vez."
Sim.
Trowa tem razão.
Ele é louco.
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Esta mesma noite resolvo ir visitar Trowa. Ele atende de avental.
"Boa noite, Trowa."
"Oi, entre. Pensei que havia me esquecido... Vamos para a cozinha, estou preparando o jantar."
"Claro que não, oras. E eu trouxe uns biscoitos." e coloquei uma cesta cheia de guloseimas em cima da mesa. "Espero que goste."
Uma olhada mais abrangente ao redor me faz ver que estamos sós na casa.
"Onde está seu avô?" pergunto, como quem não quer nada.
"Foi ao centro, alugar uns filmes - resolveu fazer sessão cinema. OK, já terminei aqui." retira o avental. "Vamos para a sala de estar." Ao chegarmos lá o lap estava no sofá e ele o pega no colo. "Terminei mais um capítulo. Acho que vou conseguir terminar no prazo."
"Não pode ignorá-lo."
Tive o olhar verde em mim no mesmo instante.
"Não mesmo? Então o que tenho feito durante estes dias?"
Suspiro.
"Você sabe o que quero dizer... ele é um homem velho, Trowa. Não estará aqui para sempre, já pensou nisso?"
Ele reflete por alguns momentos.
"Realmente não... Sabe, não o vejo como um velho: ele é tão mandão, intrometido... Tão cedo ele não morre."
"Ele já está com setenta, Trowa!" Exclamo. Percebo o choque – ele não havia se dado conta que o tempo passa para todos, ainda mais pra os de mais idade: "Ele é sua única família: para o melhor ou para o pior. Seja lá o que ele tenha feito, ele está tentando se redimir. Sei que foi doloroso, mas... tente dar uma chance... quem sabe você se surpreenda, e venha a gostar de Jordi Barton."
Nós nos olhamos.
Algo me lembra que é a primeira vez que estamos juntos, e sozinhos, depois da revelação bombástica a respeito do binóculo.
Estamos muito próximos. Não consigo evitar: a vontade fica muito grande, e... Nos encostamos mais. Trowa baixa sua cabeça... eu entreabro os lábios, inconscientemente. A cabeça dele desce devagar em direção da minha. Já sinto o gosto antecipado do beijo... centímetros... milímetros, e...
"BOA NOITE, lindo casal!" a poderosa voz de trovão ecoa pela sala. O susto é tal que saltamos para longe um do outro. "Sinto muito interromper este romântico interlúdio, mas vocês podem fazer isso outra hora: Quatre, meu rapaz, poderia fazer pipocas para nós? Eu trouxe ótimos filmes, e elas são o melhor acompanhamento. Será uma noite de nostalgia! Trouxe musicais, romances e filmes de guerra épicos: no meu tempo, sim, sabiam fazer filmes!"
Trowa, eu e um tomate maduro muiiiiiiito em comum, agora.
Sem jeito, respondo:
"Vou fazer as pipocas, já volto."
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Eu penso que meu jardim vai ter adubo novo durante os próximos dias - minha fértil já planejando o crime perfeito.
"Não me olhe assim, rapaz! Você o resto de sua vida para beijar seu namorado!"
"Não acredito! O descarado ainda tem a cara-de-pau de me recrimar?"meus olhos verdes literalmente fuzilam, quando o deixo virar alvo das minhas íris.
"Velhote... Você sabe o significado de atrapalhar, estorvar, estragar? SABE?"
"Me respeite, menino! Ainda sou seu avô! E não atrapalho: eu interrompo! Se quiserem se beijar, vão ter que esperar o filme terminar e eu ir dormir! Por enquanto, vocês vão ficar aqui e assistir bons filmes."
"Devo lembrá-lo de que a casa é minha, por acaso?"
"E eu devo lembrá-lo que eu sou seu convidado, seu mal-educado?"
Eu ainda abro minha boca para dizer que eu não o convidei para vir à minha casa, porém desisto: a lógica do meu avô foge a qualquer tipo de compreensão. Sempre fora assim e não seria agora que ele mudaria. Pelo menos agora, eu sabia que meu anjo estava tão interessado em mim, quanto eu nele. Sorrio ante a expectativa.
"E é melhor tratar tirar esse sorriso idiota do rosto!"
"Quê?" Jamais em minha vida me imaginei desafinando com a minha voz – e acreditem: não é uma experiência agradável.
"O Quatre é um moço de família! Tire já essas idéias de tarado de sua cabeça: não vou deixar você se aproveitar dele! Portanto, é melhor começar a pensar em algo sério."
Meu queixo caiu, com esta última.
"...!"
E a voz, claro, sumiu. Fazer o quê, com uma dessas?
Neste momento, Quatre, sem saber de nada, chega com a tigela de pipocas... e senta-se ao meu lado novamente.
"Vamos assistir primeiro o quê?" ele pergunta.
"Um musical." Meu avô responde. Se Quatre acha estranha a minha cara de playmobil, não fala nada.
"Ah, adoro musicais!"
Eu gemo, mentalmente.
Meu avô põe o filme... e para meu desespero, senta-se justamente entre eu e Quatre.
"Eu também, meu jovem: esse, eu assisti a primeira vez com a minha Margareth, avó desse rapaz chato, aqui do lado." e tira a tigela das mãos de Quatre, colocando-a sobre suas pernas - tirando-me, óbvio, a chance de tentar ao menos, acariciar as pernas de Quatre. "Assim fica acessível a todos." e me dá mais um de seus irritantes sorrisos. ARRRRRRGH!
Eu vou matar alguém!
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"Hum... Garoto, esse meu neto esqueceu a educação que dei a ele, só pode, para ele dormir bem no meio do filme."
Não consigo evitar de colocar meu coração nos olhos, ao observar Trowa dormindo, ligeiramente inclinado no sofá. Claro que eu já tinha notado que ele tinha pego no sono – Trowa dormia há uma boa meia hora, já. Apenas... não queria sair dali, e deixar de ver o meu moreno assim, tão... vulnerável. Sabia, pelas nossas conversas, o quanto era difícil para ele pegar no sono, assim, só podia entender o quão ele andava cansado, nos últimos dias, desde que o avô chegara, sem avisos.
"Eu não me incomodo." Respondi. Mesmo assim, me forcei a dizer: "Mas já está tarde, Senhor Barton. Já estou indo."
Fora muito divertido assistir ao filme, e eu rira demais: as colocações do senhor Barton eram muito engraçadas, hilárias e cheias de humor negro, às vezes - ele não levava nada a sério.
"Realmente, estava precisando disso.", penso, ao me despedir dele e me dirigir à minha casa. Deveriam ser umas 23:00 horas, ou mais.
Ao me aproximar de casa, porém, percebo luzes acesas, nela.
"Estranho... que eu me lembre, eu as apaguei, antes de sair."
Com certeza, não haviam sido os empregados – temporários que eram, haviam saído ao pôr-do-sol, antes mesmo de eu ir para a casa de Trowa.
Subo os degraus da varanda, desconfiado.
Desconfiança que transforma-se imediatamente em apreensão, quando, ao estender a mão com a chave para abrir a porta, a noto levemente entreaberta.
"Mas quem...!" deixo escapar em voz alta, sem notar.
No mesmo instante, braços fortes passam por minha cintura, envolvendo meus braços, puxando-me de costas à encontro de um peito masculino, prendendo-me sem dar chance de escapatória.
"PEGUEI!"
oOo
Continua...
Notas da Autora 2:
Olá a todas! (Aninha mostrando um sorriso imenso, de orelha à orelha :)
Consegui! Consegui!
Eis o cap 04 de "O Anjo..."! Aleluia! XD
Er... espero que gostem!
E agora, aos mais que devidos agradecimentos!
Goddess of Death Mais? SIM! Eis mais um cap… E Com 10 páginas! Mas o quê? Você não vai mais fazer a fic? PELOAMORDESAOYAOI! Mande o que você fez para a Illy... POR FAOVR! TTTT
Serenity Le Fay Nity! Desbocado? Chato? HAHAHA! Você teve a prova-dos-noves neste cap, hein? Beijos! Er... que tal me mandar mais um email, hã?
Litha-chan INARI-SAMA! MUITO OBRIGADA PELO CONVITE, linda! O quê? Como? Ah, está admitindo que lê fics 3x4, hein? Risos. Oh...Sim, Youko... Os velhos sabem mesmo deixar os novos com cara de gota – no caso, o avô do Trowa conseguiu deixar ele com cara de... playmobil! XD Beijão!
Mady Obrigada por ter gostado, e por me deixar saber! Idéia interessante... Hum... vocês não imaginam o que ainda vem por aí, hehehehehe! Beijo!
Evil Kitsune EVIL! Eu sou LOUCA por Sean&Seiya! E a Illy mandou dizer que está LOUCA, também... mas de saudades! Agora mesmo, ela está trabalhando nas traduções do site da Dhandara Ula-lá! A primeira fã do avô do Trowa! Espero que você venha a gostar mais ainda dele, Evil! Este cap, por exemplo, ele está... impagável! Hahahahahha! Beijos!
MylenyMymy OBA! Obrigada por me deixar saber de sua opinião, também, Myleny! Bom, quanto a atualizar... É que eu tenho exclusividade quanto ao lançamento dos caps, no site da Dhandara. E como ela só atualiza no "santo dia 24", como diria a Illy... Eu só posso atualizar aqui, depois do dia 27, entende? Só que este mês, foi uma santaconfusão para poder fazer os caps... Agora baguncei tudo ;; Beijos, viu?
MaiMai Eu também não entendo bem... Uma vez, a Illy tentou deixar reviews em algumas fics, mas também dava esta mensagem, MaiMai... Tanto, que ela só pôde, depois de entrar com a minha senha -- Ei, você disse que ia escrever bastante... e até agora, não me escreveu! PODE ESCREVER, viu? Agradeço-lhe, também, por gostar, e me deixar saber! Beijocas!
Últimas considerações, antes de ir...
Er... bem... Vamos lá!
QUEM CONSEGUE ADIVINHAR O QUE VAI ACONTECER, AGORA?
QUEM É O ATACANTE DE QUATRE?
E O QUE O NOSSO TROWA VAI FAZER?
QUEM VAI ME DAR UM FIC LEMON DO QUATRE SEME E COM O TROWA UKE?
(Afinal, eu também fiz aniversário, ne? Ehehehehehehhehehe)
Ihhh... está parecendo as "perguntas para o próximo capítulo!" ahahahahah
Beijos muito carinhosos a todas, e por favor, continuem acompanhando, e dizendo o que estão achando!
AninhaSaganoKai
