Tomone – Sleeping Together
Longo dia. Era a única frase que parecia estar na mente de Kizna. A única coisa que queria era ir para o seu quarto e dormir.
O comunicado de
todos os alunos irem para seus dormitórios já havia
sido dado há algum tempo. Mesmo assim, Zero ainda andava pelos
corredores. Não, não havia sido culpa dele. Pelo menos
não daquela vez.
Dois veteranos estavam brigando e Clay,
sempre sabendo de tudo que acontece, mesmo que esteja longe, correu
para chamar Zero, que não hesitou em "se mandar"
para o local da luta. Afinal, ele adorava aquele tipo de coisa.
No
fim das contas, Zero não viu briga alguma. Ao chegar ao lugar
indicado por Clay, o garoto apenas enxergou alunos de várias
classes indo para diferentes lugares. Pelo que parecia, algum
professor havia acabado com o confronto antes mesmo que ele
começasse.
Droga, pensava ele, Por que essa esse
lugar tem que ser tão grande? Desse jeito, só vou
chegar no quarto amanhã...
Um grande arrependimento
tomava conta de Kizna. Daquela vez, havia extrapolado e ficado muito
tempo cuidando da Pro-Ing. Tanto fora o tempo que, pelo menos
naqueles corredores que ela estava passando, as luzes já
estavam apagadas.
Isso é tão injusto! Como
querem que eu vá para o meu quarto?
Então, ao
longe, conseguiu ver alguma iluminação. Ficou aliviada
e correu até lá.
Acabou bateu-se em alguém.
-
Ahn? - o garoto arregalou os olhos.
- Zero? O que está
fazendo aqui? - perguntou Kizna, espantada.
- Ahn, eu... - Zero
coçou a cabeça, sem jeito. Se contasse o motivo, Kizna
com certeza ficaria brava e lhe daria mais um daqueles tapas/socos.
-
Zero! Como consegue ser tão irresponsável? Temos aula
amanhã, lembra? Não conseguirá ser piloto se
ficar passeando pela escola em um horário proibido.
- Eu...
Espera aí! Você não pode dizer nada. Posso saber,
então, o que VOCÊ está fazendo aqui?
- Ah...
Não foi minha culpa.
Zero ergueu uma sobrancelha.
-
Não?
- Não! Está duvidando de mim?
- O
quê? Não, claro que não. Eu estou perdido.
-
Perdido? Você já estuda há uns tempos aqui, não
deveria ficar perdido.
- Escola desgraçada... Para quê
tantos corredores, quartos e não-sei-mais-o-quê? - Zero
perguntava, inocente e infantil.
Kizna deu um suspiro cansativo,
cruzou os braços e disse:
- Vamos, vou te levar ao seu
quarto.
- O quê? - Zero ficou surpreso.
- Sei aonde é
seu quarto, se ele ainda estiver numa área com luz, podemos
chegar até lá.
- Tem certeza que quer me levar? -
ele parecia duvidar da bondade de Kizna.
- Vamos logo! - disse,
impaciente.
Zero obedeceu-a prontamente. Estranho como o orgulho
pode diminuir em certas horas.
- Por quanto tempos vamos
andar? - questionou Zero.
- Fique calado! - a paciência de
Kizna estava no limite - Estou lhe fazendo um favor.
- Não
está me levando à sala do professor Azuma?
- Por que
eu te levaria até lá? Não faço idéia
de onde é e ele com certeza está dormindo.
- E você
também levaria bronca! - falou ele, sorrindo.
- Obrigada
por lembrar. Bom, chegamos.
Zero nem pôde acreditar. Os
números 87, 88 e 89, estampados numa placa ao lado da porta,
significavam bastante naquele momento.
- Oh! Obrigado,
Kizna-chan!
- De nada - parecia cansada.
Zero tratou de ir
entrando, pouco ligando para Kizna e sua situação.
Despediu-se e, só minutos depois, quando já havia
botado o pijama, percebeu o quão indelicado fora. Abriu a
porta e colocou a cabeça para fora, ainda dava para ver Kizna
andando pelo corredor.
- Kizna!
- Nani? - ela virou-se -
Zero?
- Durma aqui! Podemos dormir juntos!
Kizna corou
loucamente.
- O QUE QUER DIZER COM ISSO? - e aproximou-se do
garoto, pronta para lhe dar uns bons tapas.
- C-calma, Kizna-chan!
- e puxou a jovem para dentro do quarto.
- O que pensa que está
fazendo? - perguntou, irritada.
Antes que Zero pudesse responder,
Clay começou a se mexer e balbuciou:
- Zero... Vá
dormir... - disse, ainda de olhos fechados.
- Hunf - Zero
resmungou e começou a falar mais baixo - Você não
tem onde dormir, certo?
- Ahn, sim.
- Fique aqui. Amanhã,
vamos para a aula juntos.
- Ah, mas... - ela ruborizou, pensando
no assunto - Estaria fora das regras. Há câmeras aqui,
sabia? - perguntou, irritada.
- Não se preocupe com isso -
ele deu um sorriso, mostrando todos os seus dentes - Clay entrou no
sistema de câmeras da escola e desativou a desse quarto.
- O
QUÊ?
- Psiu! - ele colocou a mão sobre a boca dela,
tirando-a alguns segundos depois - Se Hied acordar, vamos ter
problemas!
- Ah, sim... Desculpe.
Zero olhou para a cama.
Certo, ela era pequena. Tudo bem, vamos admitir, ela era BEM
pequena para duas pessoas.
De repente, Kizna deitou-se na
cama.
- O... O quê?
- O que foi? Você perguntou se
eu queria dormir aqui, não é? - e sentou-se - Onde você
acha que eu devo dormir? No chão?
- Não é
isso... - ele irritou-se - Uma hora, você diz que não e,
sem mais nem menos, se deita na minha cama... Eu não entendo!
- e cruzou os braços, emburrado.
Kizna riu, para espanto de
Zero.
- Mas...
- Você é tão bobo, Zero!
Vamos, deite aí.
Zero se deitou e, de alguma forma muito
apertada, acabaram ficando ali, mais ou menos confortáveis.
-
Arigatou, Zero...
- Por que?
Mas sua pergunta não teve
resposta, pois Kizna havia dormido rapidamente, ou talvez apenas
estivesse fingindo. O que importa é que Zero achava que a
garota havia adormecido e que não poderia responder-lhe.
-
Menina louca...
Zero levou uma de suas mãos para trás
da cabeça e a outra foi, automaticamente, para os cabelos de
Kizna. Não sabia o que estava fazendo, mas era... Bom. Sim,
era uma sensação boa.
Olhando para o teto, ficou
pensando em tudo que havia acontecido até ali...
Kizna
abriu levemente os olhos e, disfarçadamente, ficou a observar
Zero...
Quando será que nós esquecemos, 'get a chance'
No quarto bagunçado, um pretexto que "não
corre" e, procurávamos por um sonho que se realizava
fácil
o seu rosto de "sem jeito" e, parecendo que
o pôr-do-sol sozinho batia em mim
Na verdade já sabia
o que mais queria fazer
Posso pular mesmo o tênis sendo
velho
Irei com o sentimento que acabou de nascer
O sorriso que
queria tanto encontrar é um só, quero testar a força
que você me deu
Não consegue fazer nada, metido e,
até que é correto, somente meu
Apenas uma
chance
Tipo "geração ansiosa", tipo
"futuro real", pode até virar um noticiário
de TV
Deixando isso pra lá
Sobre nós, vamos
recomeçar
Somos dois ambiciosos
Isto é, percebendo uma paixão proibida que não se pode perder
Quando será que nós esquecemos
O lugar
do tesouro escondido o 'Paireetsu' do intervalo
O céu que
olhamos lá em cima, nada no meu bolso, mesmo assim acreditei,
de qualquer forma, na nossa poderosa força
Posso pular
mesmo o tênis sendo velho
Irei com o sentimento que acabou
de nascer
O sorriso que queria tanto encontrar é um só,
quero testar a força que você me deu
Na subida onde o
sol bate, numa segunda-feira, no parque da madrugada, na varanda que
eu estou
com você, a chance é nesse momento,
sorrindo...
- KIZNA! VAMOS!
Acordou, sobressaltada. O
garoto parecia prestes a jogar água gelada sobre ela.
-
Ah, eu...
- VAMOS! TEMOS QUE IR PARA A AULA! NÃO POSSO
COMEÇAR SEM VOCÊ, ESQUECEU?
- PARE DE GRITAR, SEU
GROSSO!
Berrando, conversando, amando, sorrindo, brigando... Tudo
podia acontecer, mas ainda seriam Kizna e Zero.
E haviam,
querendo ou não, dormido juntos.
Nota da autora: esse fanfic foi feito especialmente para a Kiki, do fórum Mundo dos Fics
