Batalha Interior

COMENTS:

À minha consultora:

Eu adorei a sugestão sobre o episódio da caverna, mas como só assisti o episódio uma vez e na versão editada por "Jack o estripador", não tenho segurança suficiente para me aventurar, fico devendo essa.

Claudia – Tudo bem! Como sempre a primeira a deixar review.

Aline - Leia o novo capítulo e sacie sua curiosidade.

Nessa - O drama de verdade nem começou ainda. lol

Jess - Nossa fiquei lisonjeada com seu comentário, agora aumentou minha responsabilidade. Espero que goste no novo capítulo.

Rosa – Você está muito curiosa, lol. Mas acho que posso responder alguma coisa: sim sou mulher; o nick saiu da série só que eu escrevi errado na hora do registro, era para ser Parsival; eu tentei fazer esse capítulo maior, espero que aprecie.

Cris – Sinto te decepcionar, mas você vai continuar na curiosidade sobre mim, já quanto à Marguerite... muita água vai rolar ainda.

Kakau - Você é muito gentil, mas se prepare pois ela não está chorando de alegria.

Minha irmã - não faça isso de novo pq senão vc me entrega, e vc sabe como eu fico bem à vontade quando sou exposta, né?! Então se quer continuar viva siga meu conselho: Olha o q fala!

Capítulo 2

Marguerite extravasava agora toda a dor que corroia sua alma, todo os sentimentos pelos quais lutou durante tantos anos para manter sufocados, agora se tornaram tão amargos que ela não pode suportar, não teve outra escolha senão deixá-los fluir.

Ela mesma havia se surpreendido com esse rompante de sentimentalismo que nela se abatera agora. Sabia que havia amanhecido um pouco depressiva e, justamente por isso tinha resolvido afastar-se um pouco dos moradores da casa, para que não precisasse ficar respondendo a todos o motivo de sua tristeza, ainda mais que nem mesmo ela sabia o motivo exato, claro que em sua vida havia alguns fatos do passado que haviam deixado sua marca, mas não havia acontecido nada relevante, nada que pudesse trazer o passado à tona. Mas o passado voltou mesmo sem ser convidado. E isso a deixava muito irritada, pois estava perdendo o controle da situação. Marguerite nunca havia fugido de uma situação de enfrentamento, na verdade ela até mesmo gostava de provocar e ser provocada, mas no estado em que estava, com a sensibilidade à flor da pele, não podia correr o risco de fraquejar e se expor emocionalmente na frente de todos, por isso havia preferido ficar em seu quarto.

Em meio às lágrimas havia um turbilhão de pensamentos, fatos que ela havia enterrado bem fundo e que agora teimavam em perturbar sua mente. Lembrava-se agora de sua infância, de como foi infeliz por não ter uma família que a amasse e zelasse por seu bem estar. Quantas vezes chorou no orfanato por não ter uma mãe, pensava em mil motivos que explicassem o fato de ter sido abandonada à própria sorte, pensava que talvez fosse culpada pelo seu próprio abandono, mas como um bebê tão pequeno e inocente poderia carregar tal culpa? Chegou, várias vezes a pensar que talvez tivesse sido fruto de um estupro, mas, quando esse pensamento em especial vinha à sua cabeça sentia uma raiva muito grande, tão grande que fazia seu peito doer, mesmo que fosse fruto de um ato tão horrível, como poderia uma mãe entregar seu filho? Mesmo estando sozinha no quarto ela falava, talvez para ajudar a externar suas angústias.

"Se fui fruto de um estupro, como ela pôde fazer isso comigo? Eu sou filha dela , não tive culpa! Ela não foi mulher suficiente, não como eu fui..." e novamente sua voz embargou e as lágrimas vieram.

Em sua mente o passado ressurgia com força total.

Estava em Londres, recém saída do orfanato, tinha 18 anos. Havia conseguido um emprego, com recomendação das irmãs do orfanato, estava dando aulas de alemão aos filhos de Josef Holf, um industrial que havia aberto uma filial de sua empresa na Alemanha. A função dela era preparar as crianças para que, dentro de aproximadamente um ano, pudessem mudar-se para viver com seu pai. O tempo passou e ela havia cumprido seu trabalho, mas algo que mudaria sua vida, seu modo de ver as pessoas, estava para acontecer.

O industrial havia retornado à Inglaterra para buscar sua família e resolver algumas pendências da empresa. Era considerado na sociedade londrina uma pessoa ilustre, digna e justa, mas que logo Marguerite descobriria ser um monstro.

Estava arrumando todas as suas coisas para partir, pois já havia acabado seu trabalho, quando foi interpelada por seu ilustre patrão dentro de seu quarto, ela estranhou profundamente a atitude dele entrando assim no quarto sem nem ao menos pedir permissão, mas estranhou mais ainda quando ele começou a olhá-la de forma estranha, lúbrica. Ela estava ficando nervosa com a situação, e ficou mais ainda quando o viu fechando a porta com a chave.

"O que o senhor está fazendo?" – Falou já um pouco alterada. "Abra essa porta que eu preciso sair!"

"Você só sai daqui quando eu deixar!" – Ele falou calmamente, o que a deixou ainda mais apavorada, pois já sabia o que ele pretendia.

Ele foi se aproximando e ela recuando a cada passo dele, até que ficou encurralada, foi nessa hora que ele começou a acariciá-la. Ela estava tão aterrorizada com a situação que não conseguia reagir, ela poderia ter gritado por socorro, mas não conseguia, estava imóvel, inerte à situação.

Ela estava aos prantos enquanto ele vestia suas roupas e ao sair do quarto disse:

"Nem ouse contar a alguém sobre o ocorrido aqui! Ou se quiser conte, ninguém vai acreditar mesmo... em quem acha que irão acreditar em mim: um importante membro da sociedade londrina... ou em você uma órfã pobretona!" – E saiu rindo do quarto.

Ela não podia acreditar no que estava acontecendo, num momento ela tinha todos os sonhos de um futuro melhor e no outro se sentia uma pessoa imunda, indigna. Entrou para o banho, para tentar livrar-se daquela sensação de estar suja, mas não adiantou nada. Não sabia que atitude tomar naquele momento, não sabia se deveria contar à esposa ou devia calar-se. Optou por calar-se.E nunca mais viu ninguém daquela família.

Dois meses depois se confirmaram seus piores temores: estava grávida.

Optou por ter a criança, que afinal não tinha culpa nenhuma por ter sido concebida naquelas circunstâncias.Tentou esconder sua gravidez de todos, afinal uma mãe solteira nunca era vista com bons olhos, ninguém lhe daria emprego sabendo de sua situação e ela precisava trabalhar para sobreviver. Mas isso não durou muito, pois perdeu a criança quando tinha cinco meses de gravidez. Ela ficou desolada. Quando enfim estava se sentindo feliz com a idéia de ter o bebê, de ter alguém por quem viver, foi brutalmente acordada do seu sonho de felicidade. Ninguém nunca soube que esteve grávida.

Enquanto Marguerite recordava seu passado uma pessoa a observava sem fazer nenhuma questão de não ser percebida e com um leve sorriso de satisfação no rosto.

Continua...