Depois da Manhã Seguinte

Original: After the Morning After
Autor: kyc639


Tentativas de Normalidade

No fim de tarde daquele mesmo dia, eu corri até a biblioteca (tudo bem, tudo bem, eu aparatei; sou meio preguiçoso) depois de ter sido acertado por uma repentina inspiração que não tinha nada a ver com 'o incidente'. Como um Auror, às vezes eu encontro vítimas ou testemunhas que foram sujeitas a feitiços de memória. O procedimento padrão é levar o indivíduo até St. Mungos, onde os especialistas em memória tentariam quebrar os feitiços e restaurariam a memória da pessoa. Pensei que seria mais prático se eu mesmo pudesse restaurar as minhas memórias, assumindo que o feitiço de memória não foi assim tão poderoso. Portanto, eu logo me encontrei na biblioteca rodeado por pilhas de livros. Rony certamente teria um ataque do coração seme visse assim.

Depois de algumas horas de pesquisa, eu li uma passagem interessante. Encontrei que se alguma coisa interfere na habilidade do cérebro de capturar a lembrança, por exemplo se a pessoa foi drogada ou de algum modo incapacitada,não há como restaurar a memória completa. Em outras palavras, você não consegue restaurar o que nunca esteve lá para começar. Depois de verificar aquele fato em alguns outros livros, decidi que seria melhor se eu deixasse os feitiços de memória por conta dos experientes, e eu então saí da biblioteca à procura de comida.

Os primeiros dias interagindo com Hermione foram um tanto estranhos. Havia definitivamente algo estranho entre nós, e tínhamos problema em manter contato com os olhos. Em qualquer hora que algo de natureza adulta era discutido, ambos iriam corar de leve e olhar para qualquer lugar com exceção do outro (embora se partir do princípio de que eu nunca olhava para ela, suponho que ela pode até ter olhado para mim, mas eu nem teria notado). Porém eventualmente o tempo passou e as coisas voltavam gradualmente ao normal; acho que o fato denenhum de nós poder lembrar muito sobre aquela noite ajudou bastante.

Bom, nem tudo tinha voltado ao normal. Me parece que a imagem das costas nuas de Hermione foi queimada permanentemente na minha mente, e eu não conseguia me livrar da imagem dela se inclinando para apanhar suas roupas. Pensei que essas imagens iriam embora depois de um tempo, mas elas nunca foram. Eu sabia que estava fixando aquelas imagens por eu ser um cara e ela uma mulher atraente, mas ainda sim! E o pior, embora aparentemente nada houvesse mudado entre a gente, eu não conseguia evitar de toca-la. Agora, eu não sou uma pessoa paranóica por toque – abraços ainda me fazem sentir desconfortável, mesmo aqueles dados pela Sra. Weasley. Mas Deus me ajude, eu não conseguia resistir a compulsão de tocar Hermione. Não de uma maneira rude ou obscena, mas eu aproveitava toda oportunidade de tocar seu braço, seu ombro, e aquelas maravilhosas (embora infelizmente cobertas) costas.

Hermione, é claro, não era idiota. Da abstinência de contato físico para uma superabundância de toques, tenho certeza que ela notou a mudança. Mas para meu alívio, ela nunca mencionou nem questionou minha súbita mudança de comportamento, e ela nem pareceu repulsiva ou incomodada com isso. Na verdade, embora possa ser minha imaginação, eu poderia jurar que ela estava respondendo à altura. Não era alguma coisa extraordinária – não haviam mais abraços ou algo assim. Mas volta e meia ela tocava meu braço ou se apoiava em mim quando olhava alguma coisa por trás do meu ombro. Ou ela se sentava perto de mim e nossas pernas se raspavam, ou nossos pés se tocavam acidentalmente. Ainda sim, todo o tempo nós nunca percebemos alguma mudança na nossa amizade ou no nível de intimidade física.

Finalmente, depois de outro sonho nebuloso e vago sobre 'o incidente', percebi que a situação corrente simplesmente tinha que parar. Eu não chamaria isso de tensão sexual, mas definitivamente alguma coisa estava acontecendo, e seria uma questão de tempo para as outras pessoas começarem a notar, se elas já não tivessem notado.

Decidi pegar o hipogrifo pelo chifre... er, peraí... hipogrifos não têm chifres. Beleza, então, que animal tem chifre? Er... droga, eu devia ter prestado mais atenção nas aulas do Hagrid, embora geralmente mantendo todas as partes do meu corpo intactas tem maior precedência que tomar notas. Mas enfim; o problema era que eu decidi ser corajoso e encarar a situação de frente. Então algumas semanas depois do incidente, eu disse a Hermione para passar em casa depois do jantar. Eu já tinha tudo preparado...

Lá pelas nove da noite, a campainha soou. Embora eu já tivesse planejado cuidadosamente aquela noite, eu fui repentinamente apunhalado por um nervosismo grande. Eu nunca mais estive sozinho com Hermione desde aquela noite. Mas afinal de contas, já que eu não podia deixar Hermione esperando no corredor do lado de fora do apartamento a noite inteira (apesar de eu ter brevemente cogitado a idéia de apagar as luzes e fingir não estar em casa), eu abri a porta para receber minha melhor amiga.

"Olá Hermione," eu a cumprimentei. "Como você…" e as palavras me falharam por um momento. Durante meu plano meticuloso, eu tinha imaginado como Hermione estaria na hora em que ela aparecesse. Às vezes eu a concebia vestida em suas roupas normais e confortáveis. Outras vezes num vestido bonito ou algo assim. E uma ou duas vezes, em algo realmente revelador e sexy (beleza, talvez isso tenha acontecido mais do que duas vezes – malditos sejam aqueles pensamentos maldosos!). Mas o que ela estava vestindo me pegou completamente de surpresa.

"Olá Harry," ela disse em seu tom formal de voz. Então, aparentemente notando minha expressão abobalhada, ela levantou uma sombrancelha e perguntou, "Alguma coisa errada?"

"Er…não, nada," eu disse, recuperando minha voz um tempo depois. "Entra." Tentei fazer o melhor para esconder minha reação, mas não pude evitar. Um pequeno riso de uma risada duramente contida escapou.

Ela virou e estreitou os olhos. "O que é tão engraçado?"

A pose indignada dela combinada com o traje fizeram com que ficasse ainda mais difícil para mim parar de rir alto. "Nada," eu consegui dizer. "Não é nada, não."

Ela pareceu perceber o que estava fora do lugar; quero dizer, como ela poderia não notar? Afinal, o que ela estava pensando quando se olhou no espelho? "São as minhas roupas?" ela perguntou, fazendo uma careta.

Eu balancei a cabeça. "Oh não, nem tanto. Você está legal," disse. Uma coisa esperta a fazer seria deixar o assunto para trás e seguir adiante, mas eu nunca fiquei conhecido por ser a vassoura mais rápida do campo de Quadribol. Er, na verdade eu fiquei, então essa não é uma boa analogia, mas você sabe o que eu quero dizer. Antes de conseguir me conter, eu disse, "Na verdade, você está ótima, como uma freira vestida para uma noite fora do bingo local."

A expressão de Hermione escureceu, mas poxa! Ela estava vestindo uma blusa de cor parda abotoada inteira até o pescoço, e uma saia marrom disforme que a fazia parecer mais curvada do que uma pedra de argila. Para terminar, ela de algum jeito conseguiu prender o cabelo num coque desajeitado. Uma parte de mim estava se divertindo ao notar a que ponto ela foi para conseguir ficar o mais desestimulante possível, já uma outra parte estava impressionada com o sucesso, e o último pedacinho de mim estava estranhamente atraído a ela com aqueles trajes. Será que isso me faz um tanto excêntrico?

"Francamente Hermione, o que você pensou? Que você teria que vestir as roupas mais desestimulantes para me impedir de tentar arrancar as suas roupas assim que você entrasse no meu apartamento?" perguntei, tentando fazer o melhor para parecer aborrecido. Entretanto, isso foi um tanto difícil, já que agora a imagem de mim tentando arrancar as roupas dela ficou firmemente enraizada na minha fraca e débil mente.

Hermione corou por um segundo e então balançou a mão como se isso fosse algo sem importância. "É claro que não. Vou deixar você saber que uma boa amiga minha me deu essa roupa e disse que ficou muito bem em mim, muito obrigada."

"E quem seria ela?" perguntei inocente. "Professora McGonnagal?"

Nós travamos os olhos por um instante, antes de ela desviar o olhar e rir sem graça. "Sim, suponho que ela tenha seu próprio... estilo."

"Com certeza." concordei. "O estilo severo de uma avó é sempre popular. Ouvi falar que a avó de Neville tem gosto parecido." Isso estimulou uma risadinha nervosa da parte dela.

Finalmente, Hermione suspirou e se sentou no meu sof�, sua roupa volumosa depositada ao seu redor. "É meio medonha, não é?" ela perguntou. Eu assenti enquanto me sentava – de frente para ela, é claro, não do lado dela. "É só que…" ela começou, mas pareceu ter problemas para encontrar as palavras.

"Eu sei" eu disse. "Eu sinto o mesmo."

Ela sorriu, aliviada pelo fato de que eu parecia entender. "É que eu me sinto tão..."

"Estranho," eu terminei por ela. "Depois daquela noite, é como se…" forcei meu cérebro atrás das palavras, mas acabou acontecendoque eu não precisei delas.

"Eu não soubesse como agir perto de você," Hermione disse, completando meu pensamento. Nós nos olhamos e sorrimos de leve, felizes por pelo menos ter alguma coisa que nunca vai mudar.

Fiz um gesto entre nós dois. "É como se tivéssemos um só cérebro," eu disse com um sorriso, aludindo nossa habilidade de terminarmos a frase um do outro.

Hermione riu. "Correção," ela disse. "Eu tenho um cérebro; eu só deixo você e o Rony emprestá-lo de vez em quando."

Eu lhe dei um olhar zombeteiro. "Meu Deus! Será que essa foi uma piada da Minerva júnior?"

Ela riu e jogou uma almofada na minha direção. Eu juntei as minhas mãos. "Sério agora, acho que tenho uma solução para o nosso problema. Foi por isso que te chamei para vir aqui, sabe, não para admirar seu maravilhoso senso de moda."

"Sério?" ela perguntou, sua curiosidade despertando.

Eu sorri, todo animado como um garotinho. "Espere aqui." Eu corri até a cozinha, ondeobtive o material. Voltando até a sala, coloquei-o com cuidado na mesinha de café e sorri.

"Essa é a sua solução?" ela perguntou.

"Isso," eu disse orgulhoso. Abri a garrafa de champagne que tinha trazido e enchi duas taças; havia também uma coleção variada de vinho e conhaque.

Hermione balançou a cabeça. "Então, seu grande plano é esse? Que nós dois fiquemos bêbados de novo?" ela perguntou descrente. Quando eu simplesmente continuei a sorrir, ela arregalou os olhos. "Você não está falando sério!"

"É claro que estou," eu disse. "Sabe, acho que o problema é esse, ou pelo menos o meu problema é que eu receio o modo como eu possa reagir a você desde aquela noite."

"E como exatamente se embebedando vai ajudar?"

"Fácil. Nós provamos que o que aconteceu antes foi por acaso, uma coisa de uma vez só. Nós provamos a nós mesmos que não há absolutamente perigo algum que isso volte a acontecer." Falando sério, esse é um grande plano! Fiquei muito orgulhoso de mim mesmo quando pensei nele. Ofereci a ela uma taça de champagne e esperei pela resposta dela.

"Você percebe, é claro, que historicamente você nunca elaborou um plano bem sucedido antes?"

"O quê? É claro que já fiz isso antes," eu disse certo. Afinal, ninguém sobrevive à tentativas anuais de vida ou morte sem alguma habilidade para planejar.

"É mesmo?" Hermione perguntou, uma sombrancelha levantada com descrença. "Cite um," ela desafiou.

Hah, eu vou mostrar para ela! "Bom…" Hmmm…talvez isso seja um pouco mais difícil do que eu pensava. Mas sério, tudo o que eu tenho que fazer é lembrar dos anos de escola, certo? "Tenho um," eu disse. "O basilisco. Ninguém me ajudou a elaborar um plano para derrotar o basilisco, não é?" perguntei triunfante.

"Oh certo, o basilisco," Hermione disse, assentindo com a cabeça. "E qual é que foi o seu plano mesmo?"

"Simples. Eu…uh…" Er, agora que eu estou pensando nisso, tecnicamente na verdade eu não tinha um plano; eu meio que corri lá e o acertei. Caramba. Tudo bem, terceiro ano – não, quem teve foi a Hermione. Tudo bem, quarto ano – nada, definitivamente não estava nos meus planos ser raptado. Quinto ano – nada. Sexto ano – necas. Sétimo ano - zero.

"Bom," eu disse na defensiva, "eu estou prestes a fazer um plano bem sucedido então, não é?" Ela me deu aquele olhar de 'você só pode estar brincando comigo'. "Vamos lá Hermione," eu pedi. "Se você tem uma idéia melhor, sou todo ouvidos."

Ela apenas me olhou por um momento, antes de soltar outro suspiro. "Tudo bem, então," ela disse, e embora não estivesse tão entusiasmada com o meu plano, ela pegou a taça oferecida.


N/T: Oi, gente!Muito obrigada pelas reviews, adorei todas! Gostei mto de saber q vcs estaum gostando da historia!

Aí está o segundo capitulo... e aí, será q o plano do Harry vai dar certo?

Só noproximo pra saber! huahuahuahua

Até! E reviews, ok?

Silvinha Potter