Capítulo Especial

N/A: Rapidinho, só pra lembrar. Esse é um capítulo extra que eu tô fazendo para evitar confusões. E ele é em Quatre POV. Só ele. O próximo depois dele volta a ser em Trowa POV, okie dokie?

"Quem é você?" Essa frase ainda ecoa em minha mente, na voz que a anos eu sonhava ouvir. Confusão. Dúvida. Eu nem sei direito o que pensar, o que esperar. A cinco anos eu deixei para trás a pessoa mais importante para mim, indo cuidar dos negócios de minha família, com a promessa de que eu voltaria. Mas muita coisa aconteceu, e eu não consegui nem ao menos telefonar. Mandei algumas cartas, mas nunca obtive resposta, e agora passo a achar que nunca chegaram ao seu destino.

Sinto uma vontade imensa de chorar. Talvez... se eu não tivesse ido embora, se tivesse me recusado a assumir a empresa, Trowa não teria se machucado, e perdido a memória mais uma vez. E mesmo que tivesse, eu estaria ao seu lado, e chamaria Duo, Heero e Wufei para estarem também. Mas eu estava longe, e essa garota é que está com ele agora. Será que Trowa ainda me ama? Essa e outras perguntas rondam minha mente, e eu acho que vou pirar se não responder algumas delas. O problema é que agora eu estou sozinho, e aquela Jennifer não quer mais que eu me aproxime de meu amado. Será que ela está certa? Será que é mesmo melhor deix�-lo com a nova vida dele? Posso estar sendo egoísta em querê-lo só para mim, mas eu o amo, coisa que aquela garota, creio eu, nem sabe o que é.

Não pode ser... é tortura demais para mim vê-lo ali sentado a poucos metros de mim, e não poder me aproximar. E mesmo que a garota não me tivesse proibido, eu iria até ele, e lhe falaria o quê? Começaria a contar sobre nosso passado juntos? Não, isso só o atormentaria. Então o que? Preciso arrumar um jeito de me reaproximar dele...

Enquanto não penso em alguma coisa, começo a passar na frente dele várias vezes, indo depois por trás de um prédio, e voltando a passar ali na frente. Comecei a olha-lo furtivamente, desejando com todas as minhas forças que ele não me percebesse, pois sou muito ruim com mentiras de improviso. Como se respondendo aos meus pensamentos, ouço aquela voz grave levemente rouca chamar:

Ei!

Virei-me depressa para ele, e por um instante achei que ele tivesse finalmente se lembrado de mim. Mas logo percebi o quanto eu estava sendo infantil...

Vendo meu silêncio, ele continuou:

Você está procurando por alguém?

Não, eu não podia dizer a verdade... mas ia soar tremendamente falso dizer que não procurava por ninguém. Senti minhas faces enrubescerem. Eu não queria ter que dizer a verdade, mas também mentir seria errado! Enquanto eu debatia mentalmente sobre essa questão, algo em mim mais ligeiro respondeu:

Eu.. procuro por Trowa Barton.

Céus! Por que eu fui dizer isso? Agora eu ia ter que inventar coisas, e mentiras nunca dão certo. Elas vão crescendo, e crescendo, como uma bola de neve, e uma hora tudo vai voltar a tona.

Sim, sou eu mesmo, o que deseja?

Agora é que ficou complicado... o que eu ia dizer? "Oi, eu sou seu namorado imbecil que voltou de uma viagem de 5 anos, e nem tentou se comunicar com você nesse período" não me parecia muito tentador. Minhas mãos suavam frio e tremiam. Eu tinha duas opções: contar alguma mentira muito boa, ou sair correndo feito um covarde. Apesar de gostar da segunda, se eu fizesse isso, teria que esquecer Trowa para sempre, e isso não é uma coisa que eu quero fazer.

Er... é sobre... – e agora, o que eu vou inventar? – uma proposta de emprego.

Antes que eu pudesse me bater mentalmente, ele perguntou:

E o senhor é...?

Um nome. Eu preciso de um nome. E os únicos que eu consigo pensar são personagens de livros. Vai ter que servir.

Guy... Vexille. – eu hesitei, tentando me lembrar o nome do cara - Muito prazer.

É, até que não foi uma escolha muito ruim. Esse cara, o Vexille, é o vilão de um livro que eu e Trowa lemos juntos a uns anos atrás. Uma trilogia na verdade. A Busca do Graal. E Trowa amava o fulano. Só porque ele enganava todo mundo o livro inteiro para conseguir o que ele queria. Pensando bem sobre isso, até que se encaixa...

Quer conversar lá em cima? – ele cortou meus pensamentos com esse convite.

E agora? O que eu vou fazer? Acho melhor aceitar. Eu assenti com a cabeça e pegamos o elevador. Espero que a moça não esteja mais l�, porque se estiver... ela vai me desmascarar. Por Al�, que ela não esteja! Por Al�, que ela não esteja! Por Al�, que ela não esteja! Por Al�, que ela não esteja! ... Fiquei repetindo essa frase como se fosse um mantra até a hora que chegamos à porta do apartamento que antes eu habitara com o belo rapaz ao meu lado, e ele disse, vendo um bilhete na porta, que a namorada tinha saído. Não consegui conter um suspiro de alívio. Acho que Trowa percebeu...

Assim que entramos ele pegou alguns comprimidos numa gaveta e engoliu. Me ofereceu uma xícara de café, que eu aceitei. Uma vez Duo me falou que na hora de mentir, o melhor é ter algo de comer, ou um xícara de alguma coisa em mãos, assim, enquanto come, você tem mais tempo de inventar algo útil e convincente. Quando ele voltou com o café, me apontou um sofá e se sentou numa poltrona ao lado (minha poltrona, por sinal).

Então... do que se trata o emprego, sr. Vexille?

Bom... é um emprego de... – do quê? Eu não fazia a mínima idéia. Dei um gole no café, para ganhar tempo – conselheiro financeiro.

Que diabos eu tinha em mente quando falei isso? Esse emprego existe? Pela cara que meu moreno fez, ele também nunca deve ter ouvido falar.

O senhor não deve estar ciente, mas... a alguns anos eu sofri um acidente e perdi completamente a memória. Não me lembro nada sobre minha vida pessoal, e muito menos coisas que estudei na faculdade.

Ainda bem... porque Trowa nunca tinha estudado economia... na verdade, se eu conseguir levar isso a diante, eu vou ter que inventar algo para ele fazer.

Não se preocupe, sr. Barton. Acredito que, mesmo com a amnésia seu inconsciente deve ter guardado coisas básicas. – respondi eu, tentando ser o mais convincente possível. Que mané inconsciente! Se ele fosse lembrar de algo, que lembrasse de mim, e não de uma faculdade que ele nem cursou- E a economia fazia parte da sua vida. Com certeza, com o tempo, seus conhecimentos vão voltando. E o emprego não é difícil. Só preciso que me aconselhe. Eu trabalho para a Corporação Winner, no ramo das finanças, mas meu chefe – ignore-se que eu sou o supremo diretor e herdeiro de tudo, e exijo reverência - costuma me repreender por algumas decisões que tomo. – ah, o meu pai fazia isso, e ele era, de certa forma, meu chefe, não é- Então eu queria alguém que entendesse do assunto para me dar uma opinião. Eu pago bem!

Isso estava ficando cada vez mais imbecil... porque diabos alguém ia pagar para que outra pessoa fizesse o seu trabalho? É capaz de Trowa me expulsar de lá a pontapés...

Eu aceito a sua proposta.

Tentei não pular de alegria. Tudo estava indo bem... Agora eu podia tomar duas decisões: ou eu o emprego até ele se lembrar de mim, ou o emprego e o seduzo. Que idéia maligna... mas vou decidir o que fazer mais tarde.

Peguei um cartão que tinha no bolso de meu paletó e entreguei a ele.

Vou deixar com você meu cartão de visitas. Passe em meu escritório amanhã ás 14h para acertarmos os detalhes.

Me despedi dele o mais rápido possível e saí dali antes que a garota voltasse. Eu estava tremendamente feliz que meus planos estavam saindo como eu queria! E porque, pela primeira vez na minha vida, eu conseguira mentir bem!

N/A: Bom, gente, isso foi mais para explicação mesmo, afinal, acabou no mesmo ponto onde acabou o capítulo anterior. Não é enrolação, juro. É que eu queria que vocês entendessem melhor o plano do Q-sama. A maioria das autoras preferem deixar que isso seja descoberto ao decorrer da fic, mas... mais tarde vocês vão entender a minha atitude.

Eu fiquei realmente chateada por não receber reviews para o último capítulo... A única que eu tive foi da Belle (miga, brigada!), e pq eu falei que não ia publicar esse capítulo enquanto não houvesse alguma. Eu queria agradecer de coração à Sayuri, a Goddess e a Lu, que me disseram por MSN que estavam gostando da fic. Espero receber reviews (mesmo com críticas, eu não me importo) para esse capítulo, senão o próximo não vem. Não adianta nada ninguém gostar, e não me disserem onde eu devo melhorar!