Capítulo 4 – O Fim de Tudo

Pra onde ir? Para onde ir? Eu parei na portaria do prédio, sem a mínima idéia de para onde meu anjinho pode ter ido. Todas as lembranças, novas e antigas, se misturavam em minha cabeça e eu me sentia meio tonto. Mas por ora isso também teria de ser esquecido em algum ponto de minha mente, pois encontrar Quatre era o que realmente importava.

Deixei que minhas pernas me guiassem, na tentativa do meu subconsciente estar um pouco mais organizado e levar-me a algum lugar útil. Em poucos minutos me vi na frente de uma praça arborizada.

Tantas lembranças, tantos momentos... foi ali que eu e o loiro demos nosso primeiro beijo, ali que tivemos a primeira briga, meu primeiro ataque de ciúmes... além de muitas tardes agradáveis em que ficamos sentados em um confortável banco de madeira perto das cerejeiras.

Senti lágrimas aflorarem em meus olhos, seguidos de um aperto enorme no peito. Saudades... Eu precisava de Quatre! Preciso dele para viver! Nunca deixei que ninguém se tornasse tão importante para mim e ponto de eu achá-la fundamental para minha existência, pois a saudade machuca muito, mas agora penso que talvez essa saudade só torne o reencontro melhor. E haveria um reencontro.

Procurei-o por todo o parque, mas não o encontrei. Uma vez, tive a impressão de ter visto de relance o brilho dourado dos cabelos dele, mas... era só uma jovem que caminhava alegremente.

Comecei então a ir em outros lugares que nós freqüentávamos. O primeiro foi um restaurante francês, o preferido do meu amor. Assim que me aproximei, o recepcionista me cumprimentou alegremente.

— Olá, sr. Barton. A quanto tempo não o vejo.

— Oi, Jacques. Sabe se Quatre passou por aqui?

— Não senhor. Mas se ele aparecer, eu digo que o senhor o está procurando.

— Muito obrigado.

Eu virei as costas e fui a um outro lugar, um fliperama onde Duo e ele iam algumas vezes. Perguntei aos garotos que estavam jogando ali, mostrei-lhes uma foto, mas ninguém o vira.

Fui então a uma lanchonete, a locadora, padaria, cinema, e todos os lugares que frequentávamos juntos, ou que eu sabia Quatre gostava.

Uma, duas, três horas de passaram, eu estava exausto, com fome e nada de encontra-lo. Eu realmente estava prestes a desistir. Entrei numa lanchonete qualquer e pedi alguma coisa para comer. Enquanto comia, aproveitei para colocar a cabeça em ordem, organizar alguns pensamentos...

Organizar pensamentos? A expressão fez acender uma lâmpada brilhante em minha mente. Faltava um único lugar onde eu poderia procurar Quatre.

Flashback

O sol já se punha e eu estava sentado na sala lendo o jornal, mas olhava impacientemente para o relógio. Meu anjo já devia ter voltado da faculdade. Eu ficava agoniado com a demora, imaginado o porque de tudo isso. Enquanto minha mente formulava mil e uma teorias, ouvi o barulho da porta sendo destrancada, e Quatre entrar em casa, largando os livros na mesinha de centro e me dando um carinhoso beijo em seguida.

— Onde estava, meu querido? Por que demorou?

— Oras, Trowa. – ele falou, bagunçando minha franja – Eu estava na cobertura, organizando meus pensamentos.

Fim do Flashback

Quando ele se sentia irritado, ou chateado, ou até mesmo confuso, ele ia até a cobertura do prédio, que nada mais era do que o topo do edifício, onde ficava a caixa d'água e o gerador de energia. Era um espaço sujo, a céu aberto e sem iluminação, mas por algum motivo o loirinho adorava lá. E foi o único lugar onde eu ainda não procurei.

Terminei rapidamente meu almoço, paguei a conta e me dirigi rapidamente de volta para o prédio.

— Aconteceu alguma coisa, sr. Barton? – perguntou o porteiro do edifício

— Não – resmunguei simplesmente antes continuar andando.

Sem paciência para esperar o elevador, subi todos os 15 andares de escada. Pelo menos meu ótimo condicionamento físico não tinha me abandonado ainda. Subi torcendo para que Quatre, por algum milagre, ainda estivesse lá. E qual não foi a minha surpresa ao abrir a porta de serviço e deparar-me com sua bela figura sentada perigosamente perto da baixa grade que o impedia de cair até o chão. Me aproximei devagar, sem saber exatamente o que falar, ou como agir.

— Quatre... – chamei

Ele se virou bruscamente, seus olhos azuis brilharam imensamente ao me verem. Eu me aproximei mais e enlacei sua cintura por trás, aconchegando minha cabeça perto de seu pescoço.

— Me desculpe por tudo.

Quatre se virou e me beijou subitamente, e nessa hora eu percebi o quanto eu o amava e o quanto que, mesmo sem perceber, eu sentira sua falta.

— Eu é que lhe devo desculpas, meu amor. – ele murmurou assim que nos separamos.

Vi uma lágrima cristalina deixar os olhos de meu pequeno, e sequei-a rapidamente com meu polegar.

— Shh... mais tarde conversamos sobre isso. – eu o beijei de novo – Agora temos que tratar de expulsar alguém do nosso apartamento.

Ele me sorriu e pegamos, abraçados, o elevador.

Finalmente minha vida tinha voltado aos eixos. E eu poderia ser feliz novamente.

FIM

N/A: Mais uma fic minha que acaba... secando suas próprias lágrimas e ouvindo os vivas dos leitores Eu queria agradecer imensamente à Many, Litha-chan e MylenyMymy que comentaram o capítulo anterior, e a todos aqueles que leram a fic. Gostaria também de me desculpar com aquelas pessoas que me pediram para deixar o Tro-san engananar o Qat, seduzí-lo, ou o Q-sama seduzir o Trowa. Essa fic não era nem para ter ficado dessa tamanho... mas... espero que me desculpem.

Super Beijos a todos