No último capítulo...

- Está melhor Kagome-chan?

- Olá Sango... Eu estou bem...

- Está tudo bem mesmo?

- É claro! O que pode estar errado?

- Não sei... Pela cara que o Miroku está vindo para cá.. Boa sorte...

03 – Me Acorde desse sonho terrível!

A garota sai assim que Miroku se aproxima dela...

"- Desculpe chefe! Eu me atrasei um pouco!"

"- Eu não vou chamar sua atenção pelo seu atraso costumeiro de 45 minutos..."

"- Então o que houve, chefe?"

"- Não fale assim comigo... Você sabe que esse elogio é o meu ponto fraco!"

"(cara de contrariada): - Bem... Continue..."

"- Dei uma olhada nos seus primeiros desenhos..."

"- O que achou?"

"- Um lixo!"

"(S.D. incendiada): - Bem chefe..."

"- Não adianta tentar me seduzir!"

Miroku tampa a boca e olha em volta... Ninguém estava olhando...

"- O que está havendo com você? Que trabalhos horríveis são esses?"

"- Dormi mal..."

"- Você?"

"- Acontece..."

"- Tem certeza que foi só isso mesmo que 'aconteceu'?"

"- Claro!"

"- Esse traço horrível... A cara que você chegou... Está parecendo sintomas de uma doença terrível!"

"- ?"

"(falando baixinho): - Homem... Ah! Quantas funcionárias favoritas eu perdi por causa desse mal!"

"- Ho-Homem? Claro que não! Foi só uma noite mal dormida!" – Kagome foi totalmente arrebatada pela direta do chefe.

"- Se você me garante... Ouvir isso me deixa mais aliviado!"

"- Não se preocupe mais, chefe..."

"- Bem, por causa do seu agrado, eu até perdôo seus desenhos horríveis..."

Ele joga os desenhos em cima da prancheta e piscou discretamente para ela...

"- Refaça-os e leve-os na minha sala... Kawai..."

Ele dá as costas e sai...

"(S.D. incendiada): - Homem... Antes eu tivesse escolhido o que está lá em casa..."

O.o.O

Enquanto isso, Kanna e Naraku chegam na frente de um prédio...

"- Vai ser esse mesmo!"

"- Me parece bom..."

"- Vamos, vamos olhar esse quartel general..."

"- Sempai..."

"- Apartamento, já sei!"

Eles entram... Algum tempo depois, Naraku e Kanna já estavam instalados em um quarto...

"- Ainda não entendo porque temos que pagar para descansar..."

"- São as regras... Eu tomei a liberdade de desenhar algumas notas da moeda da cidade, mas acho que não podemos gastar o lápis com besteiras como essa... Então, cheguei a conclusão que um de nós vai ter que trabalhar..."

"- Você pensa em tudo! Esse é seu maior defeito!"

"- ..."

"- Temos que encontrar aquela infeliz que me desenhou..."

"- ..."

"- Fala alguma coisa!"

"- Acho que quem terá que trabalhar vai ser você, sempai..."

"- Que tal deixarmos isso para DEPOIS?"

"- Certo, mas... Que tal você arrumar um emprego no mesmo lugar que sua criadora trabalha?"

"- Não seria uma má idéia... Mas onde ela trabalha?"

"- Isso eu não sei..."

"- Você nunca sabe de nada!"

"- ..."

Jogou-se derrotado em uma poltrona e ficou em silêncio, bem como o resto do apartamento. Do lado de fora, porém, a agitação e os ruídos da cidade apenas aumentavam com a aproximação do fim do dia, hora em que todos começavam a voltar para suas casas, sedentos por um momento de diversão ou descanso.
Kagome era um desses, mas ao contrário da maioria, subia apressada os degraus da escada do edifício para chegar logo em seu apartamento e obter uma resposta para a pergunta que lhe perturbou ao longo de todo dia. Quem, afinal, era aquele youkai?

"- Estou em casa!" – gritou, assim que abriu a porta. O que viu a seguir, porém, a fez voltar para o corredor e conferir o número do apartamento onde havia entrado. Era mesmo o seu, apesar de estar completamente arrumado.

"- Onde ele está?"

Ela vai até o quarto e o encontra dormindo...

"- Dormindo? Na minha cama? Será que ele tiver tanta disposição para dormir tanto quanto eu, teremos problemas."

Livrou-se da bolsa, mas ao ver o quarto impecavelmente arrumado mudou de idéia e a recolheu do chão. Tentando não acordar o jovem desenho, caminhou pé ante pé até o armário e abriu uma das portas. O que veio a seguir, foi a sensação de que todo o seu apartamento caía sobre si. Um amontoado dos mais diversos objetos despencou de dentro do móvel, derrubando-a de modo barulhento no chão.

"- Quem está aí?" – Inuyasha perguntou assustado, depois de ser por de pé num pulo.

"- A dona da casa!" – Kagome respondeu com dificuldade, a voz fraca debaixo da pilha de roupas, papéis, material de trabalho, embalagens vazias de comida e todo tipo de entulho que acumulou em casa ao longo de semanas sem faxina.

"- Ah, é você." – o jovem resmungou, parecendo mais aliviado – "Seja bem vinda! Qual é mesmo seu nome?"

"- Higurashi Kagome" – a desenhista respondeu, enquanto tentava se colocar de pé.

"- Certo, Kagome-bruxa. Seja bem vinda!"

Mas o cumprimento não surtiu o efeito que deveria. Furiosa, Kagome finalmente se levanta, encara Inuyasha e aponta para a porta aberta de um armário completamente bagunçado.

"- O que significa isso?"

"- Bem... Eu queria arrumar tudo, mas não tinha onde colocar... Aí..."

"- Aí você fez isso?"

"- Desculpe..."

"- Tudo bem... Da próxima vez você deixe tudo com está!"

"- Mesmo que eu não consiga andar pela casa?..."

A alguns quilômetros dali, em um edifício identificado como um aparthotel, Naraku e Kanna estavam sentados em um dos sofás da sala. Vestiam dois roupões brancos e fofos e pareciam renovados depois de um banho e uma boa refeição.

"- Eu estava pensando... Se ela me desenhou tão bem... É sinal de que ela é uma desenhista!"

"- Eu já havia pensado nisso..."

"- Você foi criada para pensar mais do que eu." - respondeu com azedume, diante de mais uma demonstração de sabedoria da criação – "Mas o que podemos concluir a respeito disso?"

Ela avista um computador no fundo da sala e se aproxima...

"- Que você pode procurar um emprego na mesma empresa que ela trabalha."

Ao ouvir a palavra "trabalho" entrar mais uma vez na conversa, Naraku lança um olhar fuzilante a aliada, mas ele logo se desfaz e dá lugar a outro ligeiramente interessado.

"- Até que não é uma idéia ruim. Exceto pela parte do trabalho, claro. Mas essa cidade é enorme, Kanna, podemos levar anos até encontrá-la!"

"- Talvez não, sempai." - respondeu, enquanto dirigia seu olhar inexpressivo a um computador desligado, colocado em um canto da sala.

"- O que é aquilo?"

"- De acordo com meus conhecimentos é um computador."

"- Ah, claro! Um computador!" – retrucou com um falso ar de entusiasmo – "Talvez eu fique tão empolgado quanto você se descobrir exatamente em que isso pode nos ajudar."

"- Ele pode nos ajudar a localizar sua criadora e dar o primeiro passo para colocar em ação o plano para qual fui criada."

As palavras da ajudante pegam Naraku de surpresa. Sua expressão séria e impaciente se modifica rapidamente e um sorriso transparece em seu rosto. Poderia começar a colocar o plano em ação? Sem dúvidas, aquela era a melhor notícia desde que soubera que a lenda realmente existia. Se aquilo fosse mesmo verdade, sua estadia ali não seria tão frustrante, nem tão longa quanto chegara a pensar.

"- Então não perca mais tempo, Kanna." - respondeu tentando disfarçar a alegria que a notícia havia lhe trazido – "Esse passo já deveria ter sido dado há muito tempo."

Deixou de lado o cansaço que a longa caminhada pela cidade havia lhe causado e juntou-se à sua criação, que já havia se sentado em frente ao eletroeletrônico e se preparava para colocar em prática algo que passava em sua mente fria e brilhante.

Do outro lado da cidade, alheia aos planos de sua desconhecida obra, Kagome sai do banho e se depara com Inuyasha. O jovem a observava, encostado à porta do quarto, com seus vivos olhos dourados, que transpareciam toda a ansiedade por uma conversa que havia sido adiada por um dia inteiro.

"- Muito bem... Você disse que quando eu chegasse, teria todas as explicações para essa história maluca! Estou esperando!"

"- Acho que já superamos a fase do 'eu estou sonhando', não é? Já podemos partir do fato de que eu sou um personagem de mangá?"

"- É um ponto de partida perturbador, mas..."

"- Mas eu só disponho desse no momento. Terá que aceitá-lo se quiser saber como eu vim parar aqui."

"- Ok, ok." – Kagome rendeu-se, depois da resposta atravessada do garoto – "Desculpe, personagem de mangá, pode continuar."

"- Eu tenho um nome." – Inuyasha respondeu rispidamente – "Já disse que me chamo Inuyasha."

"- Certo, Inuyasha. De que mangá você veio? É engraçado eu ser uma desenhista e nunca ter visto um rosto parecido com o seu em nenhuma banca de jornal."

"- Talvez porque eu seja personagem de um mangá sem muito sucesso." – respondeu, abaixando gradativamente a voz, como se dizer aquilo lhe custasse todas as suas forças.

"- Você veio de um mangá fracassado?" - Kagome ratificou, deixando de lado o tom sarcástico. Ou o homem era um mentiroso da primeira, ou ele podia ver claramente a mágoa estampada nos olhos dourados da criação.

"- Sim. Mas será que podemos deixar essa palavra de fora da conversa? Acho que já a ouvi demais na minha curta existência."

"- Me desculpe." – respondeu constrangida – "Continue."

"- Certo. Sou fruto da paixão da minha criadora. Fui parte do primeiro mangá que ela produziu em sua vida. Me lembro, muito claramente, da empolgação com que ela planejava cada detalhe, cada página. Cada linha que desenhava era carregada de muito carinho." – deteve-se por um breve segundo, um delicado sorriso se abrindo em seus lábios – "Levou muito tempo para que produzisse o primeiro volume, dias inteiros e até mesmo algumas noites em claro. E gastou muito dinheiro, também. Seu plano era começar com uma produção independente e depois que tivesse algum sucesso, vender para alguma grande empresa. Ele desejava dividir com todo o mundo o sonho que alimentou durante anos, os personagens que criou com muito cuidado, como o de um pai com o filho."

"- E o que aconteceu?" – Kagome perguntou, começado a se envolver na conversa. Não era possível que aquele garoto estivesse mentindo. Não com aquela voz embargada e aquele semblante carregado de infelicidade.

"- Acho que faltou alguma coisa. Alguma coisa que fez com que nenhuma empresa gostasse do mangá ou quisesse publicar o sonho que ela tanto alimentou. Minha criadora sofreu muito com as seguidas negativas. Senti que ela minguava a cada novo 'não', a cada nova esperança quebrada. A cada chance perdida. O tempo passou e ela finalmente desistiu. Abandonou a carreira de desenhista e dedicou-se a alguma outra coisa. Algo que lhe deu dinheiro e a tornou rica, pois nunca mais pude senti-la perto de mim como antes. A história parou e minha existência se resumiu a imagens perdidas e fragmentos de lembranças. Desde então, estou parado no tempo. Estacionado em minha própria existência. Esperando por um final, enquanto lembro e relembro de tudo que aconteceu até o ponto em que minha história parou."

Inuyasha parou de falar e respirou fundo. Kagome não se lembrava de ter sentido tanta pena de alguém como sentiu do garoto, mesmo assim não encontrava nenhuma palavra adequada para consolá-lo. Pensou ter visto uma lágrima escorrer dos olhos do jovem, mas não teve certeza, pois ele lhe deu as costas e só voltou a encará-la depois de passados alguns minutos de silêncio.

"- Isso é tudo o que eu tenho a dizer." – recomeçou, com a voz ainda mais carregada de amargura – "Não é uma história longa ou feliz, como pode ver."

"- Sem dúvida é uma história estranha. Absurda. E eu nem sei como estou acreditando nela, mas... Deve ter sido horrível para você."

"- Não foi nada divertido, mas eu já me acostumei. Difícil mesmo foi ver o sonho do meu criador se desfazendo e sentir que o pior dos fins se aproximava. O vazio do esquecimento..."

"- O vazio do esquecimento?"

"- Sim. É o que toda criatura mágica teme. O vazio do esquecimento é o pior fim que se pode ter. Tenho arrepios só de imaginar que estive tão próximo dele..."

"- Então você não é a única criatura mágica? Existem outras? E como você pode compreender os sentimentos do seu criador? Não é apenas um personagem imaginário?" – Kagome desatou a perguntar, depois que sua mente conseguiu processar, com muita dificuldade, as palavras de Inuyasha.

"- Não seja ignorante, sua bruxa!" – a criação respondeu de modo ríspido, claramente ofendida com a última pergunta – "Não sou 'apenas um personagem imaginário'! Sou, sim, uma criatura mágica, mas não um ser oco! Sempre pude sentir com clareza os sentimentos do meu criador, pelo menos enquanto ele estava perto de mim. Todas as criaturas mágicas têm essa capacidade e eu pensei que uma desenhista, como você mesmo se intitula, soubesse disso!"

"- Eu não tenho a obrigação de saber que os desenhos que eu faço têm vida própria!"

"- Pois deveria! Assim tomaria mais cuidado com suas obras!" – Inuyasha ralhou, colocando-se de pé, frente a frente com Kagome.

"- Eu não podia adivinhar que criava uma vida a cada vez que fazia um desenho!"

"- Não quando simplesmente 'faz um desenho'. É preciso colocar sentimentos na sua criação. Precisa pensar nela como se fosse um igual e, só então, ela ganha vida."

"- Está dizendo que você está aqui porque eu coloquei sentimentos humanos no desenho?" – Kagome perguntou, visivelmente confusa.

Inuyasha, já impaciente com a ignorância de sua desenhista, abriu a boca para o que seria mais uma resposta atravessada, mas nenhum som saiu imediatamente. Ele andou pensativo pelo quarto por alguns minutos e só depois disso voltou-se na direção de Kagome.

"- Não. Você não pode ter me dado sentimentos. Eu já os tinha. Sou uma criatura mágica completa, mas essa forma humana não faz parte da minha existência."

"- Será que pode ser um pouco mais claro!" – Kagome perguntou, ainda mais confusa que estava no início da manhã.

"- Sim, quero dizer, não. Digo, não é possível, mas é muito interessante. Quando você me desenhou, não precisou se dar ao trabalho de me dar sentimentos, pois eu já os tinha, mesmo que sua mente limitada não soubesse disso. Mas isso só seria suficiente para evitar que eu caísse no vazio do esquecimento. Eu não poderia vir parar aqui, a não ser que você usasse alguma coisa especial para me trazer a esse mundo. Que tipo de mágica utilizou?"

"- Mágica nenhuma! Eu não uso esse tipo de coisa. Não acredito, quero dizer, não acreditava, quero dizer... Ah, esqueça!"

"- Você tem que ter usado alguma coisa mágica para conseguir isso! É a única forma de ter aberto a passagem do mundo mágico para o real. O que usou, Kagome, faça um esforço para se lembrar!"

"- Já disse que não usei nada! Apenas um lápis, coisa que uso para todos os desenhos!"

"- Interessante... Existem lojas especializadas em lápis mágicos?"

"- Não! Não é um lápis mágico! É apenas um lápis! Uma mulher me vendeu ele dentro de uma caixa de ferro! E não me disse nada de especial!"

"- Bruxa... Talvez ela não saiba que é um lápis mágico..."

Ela olha para ele...

"- Não é um lápis mágico! Não existem essas coisas..."

"- É claro que existem! Do contrário eu não estaria aqui! Se você não usou magia feita por você, usou uma feita por alguém... Eu sei do que estou falando, Bruxa... Um personagem não pode criar vida por outros meios..."

"- Ora, Inuyasha, isso é surreal demais... Você pode até parecer com o cara que eu desenhei, mas não quer que eu acredite que eu tenho um lápis mágico, não é?"

"- Ah... Não acredita não? Então pega o lápis!"

"- Pegá-lo? Pra quê?"

"- Pra furar o seu olho!" – o garoto respondeu irritado – "Ora, que pergunta idiota! Pra que mais eu posso querer o lápis, se não para provar que ele é mágico?"

"- O lápis? Mágico? É claro que não, Inuyasha."

"- Pois eu não vejo outra explicação para a minha presença aqui. Agora vá, pegue o lápis."

"- Está bem, está bem." – Kagome rendeu-se – "Mas se ele não for mesmo mágico, EU furo seu olho."

Caminhou com má vontade até a bolsa, pegou o estojo onde guardava o material de trabalho e, de dentro dele, puxou o velho lápis que havia usado na noite anterior.

"- Usei esse lápis. Não vejo nada de especial, a não ser o grafite que é excepcionalmente macio."

"- Faça um desenho com ele." - Inuyasha mandou, com um olhar carregado de tensão.

"- Um desenho? Você quer dizer, outra criatura mágica?"

"- Não. Desenhe qualquer coisa dessa vez, só para tirarmos a prova."

"- Uma flor?"

"- Eu disse QUALQUER coisa."

Acuada por Inuyasha, que parecia extremamente ansioso, ela deu de ombros e começou a riscar o papel. Com alguma má vontade, desenhou uma rosa, mas a figura permaneceu imóvel na folha.

"- Viu só? Nada aconteceu." - Kagome afirmou desdenhosa, mas Inuyasha não pareceu convencido.

"- Seja mais específica. Isso é apenas uma flor, sem um motivo para existir. Escolha uma cor, um perfume, um objetivo. Escreva isso ao lado do desenho e o assine. Deve funcionar se você demonstrar um pouco mais de boa vontade."

Kagome olhou contrariada para Inuyasha e seu irritante tom mandão e, em seguida, atendeu seu pedido.

"- Vejamos. Essa será um rosa com perfume de... Qual o seu perfume favorito?"

"- Gérberas." – Inuyasha respondeu, embora seus olhos continuassem fixos no papel.

"- Certo. Uma rosa vermelha com perfume de gérberas para a minha criação."

Como se estivesse fazendo parte de uma grande brincadeira, piscou para Inuyasha e assinou o desenho.

"- E?"

"- Vamos ver o que acontece agora."

Inuyasha falou rapidamente, quase prendendo a respiração de ansiedade.
Longos segundos de silêncio se seguiram e os olhos dourados da criação já começam a se encher de frustração, quando alguns pequenos brilhos coloridos começam a surgir e aumentar de intensidade até que a folha, agora completamente branca, desfazer. Em seu lugar, surgiu uma rosa vermelha, que fez Kagome e Inuyasha se entreolharem completamente perplexos.

"- Funcionou." – Kagome murmurou atordoada, enquanto pegava a rosa e a entregava para Inuyasha. A planta exalava um forte perfume de gérberas recém colhidas do campo.

"- Sim." - Inuyasha respondeu, enquanto recebia o presente, ainda chocado com a confirmação de suas suspeitas – "Isso quer dizer que a lenda é verdadeira."

"- Lenda? Que lenda?"

"- Essa lenda" – Inuyasha apontou para o lápis – "A lenda de que existiria um objeto capaz de unir homens e criaturas mágicas em um único mundo. Muitas criaturas passam sua existência desejando isso e eu consegui encontrá-la. Como conseguiu isso, Kagome?"

"- Em uma loja. Na verdade, tudo começou com um sonho. Um sonho estranho onde eu vi você, também. Nesse sonho havia uma caixa de ferro e eu vi a tal caixa na vitrina da loja e comprei. Só não podia imaginar que havia algo tão... Inacreditável dentro dela."

"- Algo poderoso, Kagome, muito poderoso. Não sei como pode ter vindo parar aqui."

"- Nem eu, mas também não faço questão de saber. Já tive uma noite estranha demais, se quer saber. Ainda tenho minhas dúvidas se que tudo isso que vi e ouvi é verdadeiro."

"- Está me chamando de farsante?" – Inuyasha perguntou aborrecido.

"- Não! Só estou dizendo que acho que preciso de um bom café."

"- Acho que eu também. Pode deixar que cuido disso!" – Inuyasha respondeu com uma súbita animação, o sorriso meigo de volta ao lábios – "Não demoro! Ah, não posso acreditar que a lenda é verdadeira! Não posso acreditar que a encontrei!"

Deixou a rosa vermelha sobre a cama e saiu correndo do quarto, cantarolando uma canção que Kagome foi incapaz de entender, fosse porque o jovem era absolutamente desafinado ou porque sua mente ainda estava entorpecida por todas as coisas estranhas que viu e ouviu.

"- Um lápis mágico." – sussurrou, enquanto observava a rosa e o lápis – "Criaturas mágicas com sentimentos, um mundo dos sonhos. Como pude ter vivido tantos anos sem desconfiar da existência disso? O que eu posso criar com esse lápis em minhas mãos?"

Pegou o pequeno objeto e o observou atentamente. Tinha um poder de criar vidas em suas mãos, um poder que jamais imaginou ser capaz de possuir. O que criaria a seguir? Quais seriam os limites para aquele fantástico item?
Ficou em silêncio por um longo tempo, enquanto os mais mirabolantes pensamentos passavam sua mente, mas as palavras de Inuyasha sobre o cuidado que deveria com os seres mágicos ecoaram em seus ouvidos e ela balançou a cabeça em sinal negativo.

"- Não. Não posso criar nada. Se criaturas mágicas forem como seres humanos, já terei trabalho de sobra com o Inuyasha."

Voltou a deixar o objeto sobre a cama e caminhou na direção do banheiro.
Abriu a torneira e jogou um pouco de água no rosto, na esperança de que todos aqueles pensamentos estranhos se revelassem uma miragem, mas ao invés disso, quando se olhou no espelho, viu refletida outra imagem ao invés da sua. A imagem de um homem escondido atrás de um tronco de árvore apodrecido, que fez Kagome recordar-se de seu segundo sonho estranho e da primeira vez em que usou o lápis.
Um grito assustado, incapaz de ser contido, saiu de sua garganta quando ela percebeu que Inuyasha não havia sido a primeira criatura a ganhar vida.

"-Por que eu não acordo deste sonho terrível!"

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Hey gente!

Eu simplesmente A-M-E-I escrever este capítulo! Eu tava morrendo de vontade já no começo de explicar tudinho... Mas resolvi fazer um suspense... E com esse cap já respondi as principais dúvidas né não? E então, o que acharam? O será que vai acontecer agora? Espero comments, ok?

Samy Higurashi – Hehe que bom que você ta curtindo! Isso me deixa mto feliz sabe? Saber que tão gostando do seu trabalho e acompanhando ele! Brigada mesmo! Bjos!

Sango-Web – Hehe as perguntas foram respondidas? Ou eu não consegui deixar mto claro? É q assim, o Inuyasha sabia de toda a vida da criadora dele, logo acompanhava ela em tudo, tinha 'olhos para o mundo exterior', entende? Ou ta mto confuso? XD Que bom que ta gostando eu também to AMANDO a sua fic viu? E apesar do bloqueio ela ta ótima! Kisses!