Nota do Autor: As personagens de Beybalde não me pertencem.
P.S: Para que a história seja melhor entendida, imaginem a Salima como uma daquelas pessoas muito chiques e ricas que pensam que são importantes e que falam à tia. Divirtam-se.
Hilary: Ai, que nunca mais nos chamam Tyson.
Tyson: Parece impossível. Tu estás grávida, quase a ter o nosso filho e em vez de te mandarem para a sala de partos, fazem-te esperar aqui.
A Hilary estava grávida de nove meses e nesse dia tinham-lhe rebentado as águas. O Tyson levou-a rapidamente para o hospital, mas disseram-lhe que tinha de esperar.
Na recepção, a recepcionista Salima folheava distraidamente uma revista de moda.
Salima: Olha Mariam, vê lá se este vestido não me ficava bem. – ela apontou para um vestido cor-de-rosa.
Mariam: Acho que te ficava muito bem, mas é muito caro.
Salima: Hum… tens razão, vou ver se encontro aqui outro mais barato.
A Salima continuou a folhear a revista.
Mariam: Salima, não devíamos chamar mais alguém para atendermos, é que estamos aqui sem fazer nada.
Salima: Mariam, aprende que eu não duro sempre. Isto é um hospital. Nós somos as recepcionistas e temos o dever, vê bem, o dever de fazer com que as pessoas fiquem horas à espera na sala de espera.
Mariam: Mas as pessoas não gostam de esperar.
Salima: Mas já é tradição Mariam. Ninguém chega ao hospital e é logo atendido, têm sempre de esperar um bocado, por isso não somos nós que vamos quebrar essa regra. Entretém-te a ler uma revista.
As duas amigas começaram a folhear algumas revistas. O Tyson e a Hilary aguardavam impacientemente na sala de espera.
Mariam: Salima?
Salima: O que foi?
Mariam: Já estamos a ler revistas há uma hora, não era melhor começarmos a chamar as pessoas?
Salima: Ai, tu és mesmo chata. – A Salima carrega num botão. – Número 29, repito, número 29 à recepção.
Tyson: Somos nós Hilary, levanta-te, anda.
O Tyson e a Hilary caminharam até à recepção.
Mariam: Bem, chamaram-me agora para ir ter com o médico de serviço, já volto. – a Mariam abandona a recepção.
Salima: Então, diga-me o que quer?
Tyson: É que a minha mulher está grávida.
Salima: E o que é que eu tenho a ver com isso?
Tyson: Ela veio para lhe fazerem o parto. E tem de ser agora!
Salima: Isso é que não pode ser.
Tyson: Mas porquê?
Salima: Porque primeiro tem de preencher a ficha.
Tyson: Mas ela está quase a ter o nosso filho!
Salima: Sem a ficha preenchida, não há nada para ninguém.
Tyson: Pronto mulher, diga lá o que se tem de pôr na ficha, mas despache-se.
Salima: Bem, você tenha calma, porque devagar se vai ao longe. – A Salima tira uma ficha e pega numa caneta. – Nome?
Tyson: Tyson Granger.
Salima: Ai, eu estou rodeada de inúteis. Tenho é de ver se arranjo um noivo rico para me tirar daqui que eu já não aguento isto. Não é o seu nome que eu quero, é o nome da paciente!
Tyson: Ah! Você não explicou.
Salima: ¬¬
Tyson: Ela agora chama-se Hilary Granger, porque se casou comigo e adquiriu o meu último nome, antigamente ela chamava-se…
Salima: Isso não me interessa, você não se quer despachar?
Tyson: Sim.
Salima: Então diga-me só o que eu lhe peço e mais nada. Idade?
Tyson: Ai, não sei… espere um pouco. – O Tyson vira-se para a Hilary, que está agarrada à sua barriga. – Hilary, que idade tens?
Hilary: És mesmo estúpido Tyson, tenho 29 anos!
Tyson: Ah! Eu sabia, era só para confirmar.
Hilary e Salima: ¬¬
Tyson: O que foi?
Salima: Nada… bem, deixe-me anotar… 29 anos. Agora, diga-me qual é a comida preferida dela.
Tyson: Comida preferida? Mas para que é que isso serve?
Salima: Olhe, você tem de baixar a voz, porque aqui quem manda sou eu ouviu? Se não, chamo os seguranças e ponho-o daqui para fora. Bem, nós aqui no hospital queremos conhecer intimamente os nossos pacientes para lhe darmos um acompanhamento personalizado e com coisas de que eles gostem.
Tyson: Mas não vê que ela está quase a ter o nosso filho?
Hilary: Ai! Acudam-me!
Salima: Esteja calada! Credo, estou rodeada de gente histérica. Tenho mesmo de arranjar outro emprego. Então, qual é a comida preferida dela?
Tyson: Olhe, escrevas… batatas fritas e bifes.
Salima: Certo. Agora, diga-me qual é a bebida preferida dela?
Tyson: Água.
Salima: Que coisa reles, água… bem, aqui no hospital também não servimos mais nenhuma bebida a não ser água… qual é a doença que ela tem?
Tyson: Esta grávida.
Salima: Grávida… será que isso é doença?
Tyson: Sei lá minha senhora, escreva isso rapidamente!
Hilary: Ai! Ai! Estou quase a ter o meu filho!
Salima: Espere lá! Ela está grávida?
Tyson: Eu já lhe tinha dito que sim.
Salima: Ah, mas assim ela tem de preencher a outra ficha para as grávidas, esta já não presta para nada. – A Salima amarrota a ficha e manda-a para o lixo. Depois vai buscar outra ficha. – Muito bem, responda, qual a data em que o bebé foi concebido?
Tyson: Sei lá minha senhora! Foi há nove meses.
Salima: Isso não serve! Tem de me dizer uma data exacta.
Hilary: Ai! Está mesmo a nascer!
Salima: Cale-se mulher! Estamos aqui a tentar preencher uma ficha. Estas pessoas não têm respeito nenhum pelas pessoas que estão aqui internadas e precisam de descanso. Vamos lá ver, diga-me o dia.
Tyson: Acho que foi… dia 29 de Fevereiro.
Salima: Certo e quem é o pai?
Tyson: Sou eu.
Salima: Já percebi isso, mas é agora que você tem de dizer o seu nome.
Tyson: Ah, o meu nome é Tyson Granger, já tinha dito há bocado.
Salima: Ok, agora preciso que me diga qual o tipo de parto que quer.
Tyson: Eu não sei, talvez cesariana…
Salima: Olhe, chegue-se para lá que agora tenho de falar com a paciente. – A Salima vira-se para a Hilary. – Olhe lá, que tipo de parto é que você quer?
Hilary: Ai, eu não percebo nada de partos… pode ser um parto pelos intestinos?
Salima: ¬¬ Esta mulher é uma inculta. Nunca deve ter andado na escola. E eu é que tenho de aturar esta gente. Olhe, tem de ser parto normal porque estamos com falta de médicos.
Tyson: Pronto, agora que a ficha já está feita, ela já pode entrar na sala de partos?
Salima: Não.
Tyson: Mas não porquê? Já preenchemos a ficha!
Salima: Eu sei, mas não está cá nenhum médico que posso fazer o parto.
Tyson: E só agora é que você me diz isso?
Salima: Você não me perguntou se estava cá algum médico que pudesse fazer o parto.
Hilary: Está a nascer! Está a nascer!
A cabeça do bebé já estava a começar a aparecer.
Tyson: Calma querida, eu já te vou ajudar.
Salima: Vejam lá se não sujam o chão com sangue. Olhem que eu não vou limpar a vossa porcaria! Não me pagam para isso!
O bebé da Hilary nasce.
Tyson: Senhora recepcionista, precisamos de algo para cortar o cordão umbilical.
Salima: Calma, eu já arranjo algo. Espere um pouco. – A Salima começa a abrir um armário. – Aqui está.
Tyson: Mas isto é um serrote!
Salima: Olhe, foi o que se conseguiu arranjar. E vocês sujaram o chão, eu não vou limpar nada ouviram?
O Tyson chega-se para ao pé da Hilary e do Bebé e começa a tentar cortar o cordão umbilical.
Tyson: Não dá! Não consigo cortar o cordão umbilical!
Salima: Calma, eu arranjo-lhe outra coisa para você cortar o cordão umbilical. – A Salima volta a abrir o armário. – Pronto, com isto você vai conseguir cortar o crodão.
Tyson: Ah! Mas você é maluca? Isso é uma serra eléctrica!
Salima: Experimente a cortar e cale-se!
Tyson: Ok.
O Tyson põe a serra eléctrica a trabalhar e consegue cortar o cordão umbilical.
Salima: Viu? Eu não lhe disse que isso cortava bem? Está a ver, se não fosse eu a ajudá-los, nem sei o que seria de vocês.
O Tyson e a Hilary abraçam-se, pegando no bebé.
Salima: Ah, mas isto é uma boa história para contar às outras pessoas… - A Salima pega no telefone. – Está, és tu Emily? Sim, sou eu a Salima. Tu nem sabes o que aconteceu hoje aqui no hospital. Um parto ao vivo e a cores. Exactamente, eu assisti a tudo. Se não fosse eu a ajudar, nem sei o que se teria passado, mas tu sabes que eu sou uma pessoa que gosta de ajudar os outros. Olha, mas não contes isto a toda a gente, conta só a três pessoas. É que não quero dar nas vistas, sabes que eu sou uma pessoa humilde e discreta. O quê? Queres contar a sete pessoas? Oh mulher… não sei… olha, conta a quem tu quiseres, mas não te esqueças que tens de manter em segredo que eu ando com o director do hospital, porque senão nunca mais me caso e nunca mais fico rica.
Tyson: Aha! Eu ouvi isso!
Salima: Esteja calado e vá para ao pé da sua mulher! Não, não era contigo Emily. Olha, depois eu conto-te tudo com mais pormenores, agora tenho de desligar que estou a gastar muito dinheiro. Não, eu estou a usar o telefone do hospital. Não ia gastar do meu dinheiro, não achas? Claro, o hospital que pague. Olha, beijinhos que eu tenho de desligar. Adeus. – A Salima desliga o telefone. – Olhe lá, você aí, sim você, venha cá!
Tyson: O que foi?
Salima: Você vai ter de limpar esta porcaria toda. – A Salima entrega um balde e uma esfregona ao Tyson. – Comece a limpar.
Tyson: Mas…
Salima: Não há mas, nem meio mas, comece a limpar que eu não tenho o dia todo.
E assim, o Tyson limpou tudo e voltou para casa com o seu filho e a Hilary. A Mariam continuou a ser recepcionista, a Emily conta a noticia a toda a gente e a Salima casou com o director do hospital, tornando-se rica e deixou de trabalhar.
Fim
Então, o que acharam? Bem, mal, assim assim? Se alguém muito doente tivesse que apanhar com uma recepcionista assim, tinha tempo de morrer antes de ser atendido. Façam um autor feliz e mandem reviews ok?
