Os Oito Dragões - A Deusa da Criação

Capítulo 6 - O Desabar do Mundo Sobre os Ombros

Agora sim, estava voltando ao lar. A época de Trevas na vida de Rony Weasley já havia passado. A partir de agora, viria a época de luz, mesmo se perigasse a Purificação, mesmo se tudo pudesse acabar dentro de horas, ainda havia a esperança de sua época de luz voltar. Porém, ao andar por aquela rua escura via que o planeta estava em um dia de trevas, que o sol que deveria brilhar para todos sorrirem, se escondia no insigne manto de escuridão. Um manto que cobria todas as vidas daquele mundo. Um manto que cobria o sorriso de Rony e fazia trocá-lo pelo semblante preocupado de quem se importava com a pessoa que andava ao lado dele, com a pessoa que agarrava a mão dele forte, como quem sentisse medo de que um abismo se abrisse no chão e o tragasse. Algo que já havia acontecido uma vez antes.

Era exatamente o que fazia Hermione segurar o mais forte que podia a mão de quem amava e tanto sentira. Era melhor ela ser a impura de sangue bruxo em toda aquela história, não ele. Do contrário ela iria ter que sentir a dor de não tê-lo novamente. E sentir uma dor tão dilacerante pela segunda vez, e sem esperanças de retorno, era muito pior. Mas se a purificação ocorresse e ela morresse? Seria melhor que ele se fosse e ela não, não queria que Rony sentisse a dor de sua perda. Nunca. Ela já havia sentido na pele o quanto doía.

-De uns tempos para cá minha vida é apenas escuridão. - Rony se queixou, tirando Hermione de seu devaneio - Eu sonho em ver o sol novamente.

-Eu também, meu amor. E depois que tudo passar, vamos ver o sol nascer juntos. - ela olhou para ele com ternura.

-Está tudo muito lindo, mas chegamos na casa de Lisa. - Tonks disse parando diante do portão do sobrado.

Após Hermione ir salvar Tonks nos calabouços da Mansão Malfoy, acabar salvando Rony, e ser salva por Tonks duas vezes, os três foram embora de lá com a chave de Portal que levaria até a casa de Hermione. Seus pais estavam trabalhando, e como não havia ligação da rede de flú na casa de Hermione, por motivos de segurança, tiveram que aparatar para Dragonfly Ville. Bairro que, por sorte, Rony já visitara quando era pequeno.

A casa de uma amiga de sua mãe era lá, e lembrava da bela entrada do lugar. Qualquer um que fosse lá uma única vez não se esqueceria, o belo chafariz numa praça com várias espécies de flores e um coreto no centro de tudo, aonde Rony uma vez já brincara com Gina. Também brilhava nos olhos as casas eram muito belas, mas o museu ao lado da praça, com sua arquitetura gótica era o que mais chamava atenção e tinha beleza esplendorosa. Rony um dia já sonhara viver ali, agora preferia muito sua Toca.

Mas a praça já havia sido deixada para trás, e Rony não conseguia a achar nada bela na escuridão que envolvia tudo. Ele, Hermione e Tonks estavam em frente ao sobrado de Lisa agora. Entrariam por aquela porta e Rony veria seus parentes e pessoas especiais... Pessoas das quais não via há certo tempo, e que por não estarem presos em uma espécie de universo alternativo, sentiram muito mais o tempo passar do que Rony. Era difícil para ele.

-Vamos entrar? - perguntou Tonks.

-Espere apenas um momento. - disse Rony.

Ele se sentou na calçada apoiando as costas um uma das duas árvores que haviam ao lado do portão, e colocou a mão na cabeça. Hermione se abaixou ao lado dele e acariciou os cabelos ruivos, que haviam crescido um pouco e atingiam a nuca de Rony de modo mais volumoso.

-Está assustado? - perguntou Hermione - Deve estar sendo difícil para você, mas saiba que todos vão te deixar confortável.

-Eu sei... - respondeu Rony - Eu só estou assustado com uma coisa... Todos já devem estar me considerando morto.

Tonks abaixou do outro lado de Rony e também sorriu de modo confortável para ele. Ela imaginava como ele devia se sentir. Seu retorno só não seria mais inesperado do que o de Sirius do Véu.

-Olha, Rony, saiba que todos ainda acreditavam que você voltaria das Trevas. - ela deu uma piscadela para ele e levantou - Depois que Parkinson retornou só se confirmou que também havia uma chance de você voltar. E todos depositaram as esperanças em algo que aconteceria de verdade. Vamos entrar e ver o que acontece?

-Vamos. - ele disse levantando, Hermione logo estava em pé ao lado dele - Estou com fome também, será que há algo para comer?

-Muito. - respondeu Hermione - Hoje haveria um almoço de comemoração ao inocentamento de Sirius.

-Sério? Então agora ele está poderá viver entre os bruxos comuns? - Rony perguntou em tom de exclamação.

-Sim, vamos entrar e você ficará sabendo de todas as outras novidades. Boas e más, infelizmente. - Hermione disse segurando a mão dele novamente e dando um beijinho rápido em seus lábios.

-Vou tocar a campainha. - disse Tonks - Acho que eles não vão achar que é um Dragões da Terra, né?

-Da última vez era, mas dessa acho que não irão pensar que é de novo. - disse Hermione.

A campainha foi tocada uma. Duas vezes. Da terceira Tonks espiou e viu que alguém puxara a cortina e olhara para ela, parecia ser Luna. Rapidamente ela viu a garota acenando e sorrindo para ela, Tonks retribuiu.

-É a Luna. - ela disse olhando para os dois - Agora eles abrem a porta.

Logo ela saia pela porta da casa e se aproximava do portão, que estava trancado através de uma frase, algo que Alorromora não iria resolver. Luna sorriu para Tonks e viu Hermione atrás dela, acenando.

-Você a trouxe de volta, muito bem.

-Não apenas ela. - disse Hermione.

Ela puxou Rony, que viu como Luna havia mudado. Ela não havia crescido, mas estava misteriosamente mais mulher, aquele ar de garota sonhadora não estava mais nela. Luna arregalou os olhos ao vê-lo vivo. Ainda achava que ele poderia voltar, mas... agora?

-Rony? - ela perguntou espantada - Há quanto tempo! - foi a frase mais sincera que lhe veio em mente.

-Muito. - ele respondeu sem muita animação. Se Luna se espantara assim com seu retorno imagina os outros.

-Mas me deixe abrir o portão, agora ele está lacrado com uma palavra mágica. Medida de segurança que eu não acho tão útil. - ela se concentrou e disse - Cordão Cintilante!

O portão se abriu em seguida. Tonks já foi entrando.

-Eu hein, que código mais estranho. - debochou Hermione ao passar pelo lado de Luna.

-Foi minha idéia. - disse Luna - Pediram algo que não fosse fácil de se descobrir por um Dragão da Terra.

-Acho que um deles jamais descobriria palavra nenhuma. - disse Rony - Já iria destruindo o portão à sua frente.

Tonks abriu a porta e Rony ouviu uma grande festa vinda de lá de dentro. Frases animadas como "Sabia que você voltaria!" ou "Que bom ver você aqui novamente!". Congelou-se no mesmo instante. Se ela havia sido recepcionada assim, imagine ele? Aquele medo tolo voltou a invadi-lo.

Hermione acabara de passar pela porta, pensando que Rony no mínimo a seguiria. Mas ele continuava ali. Quando Luna estava na porta ela olhou para trás e viu que ele não entraria ainda. Então perguntou a ele:

-Não vai entrar?

-Vou, apenas estava tentando me sentir preparado. - ele disse com a cabeça levemente abaixada.

-Então esse é o melhor momento. - ela disse - Quer que anuncie sua entrada?

-Não precisa. Muito obrigado. - ele agradeceu.

Ela abriu a porta para que ele passasse. Então ele a transpôs. Completamente inseguro secou a garganta para que todos o notassem naquela sala. E todos deixaram suas atenções de Tonks e olharam para ele, que sorriu sinceramente.

Era bom ver Molly, Artur, Harry, Lisa, Dumbledore, Jorge, Percy, Carlinhos-mini e Gina novamente. Sua irmã que tinha um bebê envolvido nos braços, em volta de um lenço, apenas com uma cabecinha loura de fora, da qual Rony não conseguia enxergar direito, pois a sala estava o tanto mal iluminada.

-Rony? - Gina perguntou com um grande sorriso se abrindo no rosto.

-Oi. - ele disse alargando mais ainda seu sorriso e enxugando o olho que insistia em se molhar.

Gina colocou o pequeno Eduard no carrinho, que estava logo ao lado, e correu até Rony, abraçando-o cheia de saudades.

-Nem acredito que você está de volta... Maninho. - Jorge disse ao longe.

-Ele é bem real. - Gina disse o soltando e olhando para trás.

Luna estava em frente a porta que acabara de fechar. Não se surpreendia nem um pouco com a emoção que via brilhar nos olhos de todos ali.

-Meu filho... - Molly disse enxugando lágrimas que não desejava esconder - Venha e dê um abraço em sua mãe.

Rony correu até ela e a abraçou. Lágrimas mais fortes começaram a sair de seus olhos, sabia que não havia nada melhor do que a barra da saia de sua mãe para se confortar.

E assim todos ficaram muito contentes naquele momento. Rony abraçou seus irmãos, abraçou seus amigos, sentiu-se de volta ao mundo que pertencia. E estava de volta a ele: o mundo das pessoas que o amavam. Adeus dor, adeus ódio. Não importava nada, não estava se preocupando com o depois. Sim com o agora. E aproveitou aquele momento ao máximo.

Finalmente todos sentiram o ânimo para ir almoçar. Lisa acendeu mais tochas na cozinha, não comeriam mais no quintal dos fundos da casa, como planejavam inicialmente. Tonks desceu com Lupin, que já estava melhor do golpe que levara de Draco, e logo Sirius e Melissa estavam de volta a casa. Todos reunidos, sem saber se era pela última vez.

Até terminarem de comer aproveitavam um dos raros momentos alegres daquele dia, que tinha um céu tão negro, porém, que as alegrias das pessoas iluminavam deixando tudo mais claro. Pelo menos um pouco.

...X...

O tempo passava em uma velocidade incrível naquele dia. O relógio na fria parede marcava quatro horas. A escuridão do local era desconfortante como sempre, e a solidão também. As pessoas não ficavam muito tempo ali dentro. Os Dragões da Terra estavam em uma outra missão, da qual chegavam naquele mesmo momento.

Junto deles se fazia uma presença bastante inusitada. Os cabelos longos não estavam em melhor de seus estados, mas ele já carregava consigo sua bengala de serpente, apenas para manter sua pose imponente. Lúcio Malfoy estava de volta ao QG dos Dragões da Terra, lugar que não ia há tempos.

-Aquele lugar queria sugar minha mente. - Lúcio dizia com o seu rosto erguido como sempre, em seu tom de voz lento e arrastado, de modo que mais parecia haver o cheiro de algo podre no ar. Cheiro que deveria ser de sua conduta sempre incorreta - Vocês apareceram por lá e me trouxeram de modo tão rápido. Imagino que o deus Alimydis está de volta?

-Eu sou o deus Alimydis. - respondeu Draco, em tom de sarcasmo e superioridade - Se não sabe, eu ressuscitei o seu filho Draco Malfoy , e agora minha alma está apossada em sua matéria, do qual compartilhamos.

-Como assim? O meu filho ainda tem a alma dele? - Lúcio perguntou confuso.

-Eu ainda sou o seu filho, mas não por completo. Digamos que nós dois pensamos e agimos juntos, por termos o mesmo corpo.

-Existem duas almas dentro do corpo dele. - explicou Pansy.

-E assim ele está mais desumano do que nunca. - Mark disse carregando seu sorriso que era tão sem emoções.

-Desumano, mas fracassou contra dois Dragões do Paraíso e uma Metarmofomaga. - Narcisa foi adentrando na sala.

-Isso não vem ao caso. - Draco se defendeu - Eu fui pego de surpresa essas duas vezes, e na segunda porque estava ferido.

-Isso não importa. - disse Lúcio Malfoy, antes de se virar e olhar melhor para sua esposa - Olá, Narcisa, há quanto tempo. Entradas triunfais como sempre, e o mesmo ar superior.

-Que posso fazer se esta sou eu? - ela disse sorrindo, mas não como quem estivesse contente, sim desanimada.

-Que amor... - Cho sussurrou a Mark, com ironia.

-Então diga, sentiu minha falta? - Lúcio perguntou se aproximando de sua esposa.

-E como. - ela respondeu - A conta bancária crescia muito mais quando você estava comigo.

-Oh, querida, eu também te amo. - Lúcio disse a segurando pelo braço.

-Me larga! - ela disse o empurrando - Isso não é hora de amor! Temos muito o que fazer. Está vendo as quatro Esferas ali em cima daquela mesa?

-Estou. - respondeu Lúcio - Eu não tinha notícias, mas sabia que eles seriam capazes. Também, depois de todo treinamento de Arte das Trevas Primitivas que lhes dei.

-Como se eles usassem muito. - disse Narcisa - Nem precisam com a magia avançada que eles tem naturalmente.

-Mas as cartas nós usamos muito. - disse Mark - Eu particularmente as aprecio. - disse jogando uma carta ao lado e criando um Shikin, que era idêntico a ele, até mesmo nos mínimos detalhes de suas roupas.

-Oh, parabéns, Mark. Olha que nem cheguei a conhecê-lo para você ter aprendido de forma tão perfeita. - Lúcio disse aplaudindo devagar.

-Eu não preciso que me ensinem nada. - Mark disse em seu tom de voz áspero, levantando o dedo e sugando toda a magia do Shikin, até que ele se tornasse uma carta novamente.

-Ingrato. - Narcisa disse em tom de indignação - Eu ensinei você muitos esquemas de uso das Cartas Negras.

-Não minta, meu doce. - Lúcio disse olhando com reprovação para Narcisa.

-Não estou mentindo. - ela disse irritada - E não me chama de meu doce! Disso eu não tenho nada! Ora!

-Narcisa Malfoy! Será que eu não poderia ter uma conversa em paz com os Dragões? - Lúcio quem estava se irritando agora - Saia daqui!

-Ah é?! Eu não saio. Eu estava no comando, eu quem falei que você devia ser salvo porque você poderia ajudar. - ela parecia mais indignada - Me enganei, que utilidade você teria? Nenhuma. É só você chegar e quer estar no comando.

-Eu estou no comando porque sou muito mais competente que você. Por isso que você mandou que me trouxessem.

-Ah, eu te odeio! Saiba que... - ela ia revidar, mas foi interrompida pela voz tempestuosa de Draco-Alimydis.

-Já chega! - ele disse fazendo em com que em seguida um silêncio nada reconfortante tomasse conta do local - Eu estou no comando. Entendido? E chega de discussões por hoje.

O silêncio se manteve por pouco tempo, antes de duas vozes adentrarem na sala quebrando o gelo.

-Já disse que Narcisa pediu para que não incomodassem... - Rachel, a governanta adentrava tentando impedir a entrada de Suzane no salão.

-Rachel! Suzane! O que vocês duas fazem aqui? - Narcisa perguntou irritada com olhar de desapontamento.

-Eu tentei impedi-la. - a governanta tentou se justificar.

-Ela não poderia. - disse Suzane - Como vocês podem impedir a entrada de sua Yumemi assim? Tenho algo de urgente a contar.

Rachel cutucou levemente o braço de Suzane, antes de fazer uma reverência, algo que achara muito estranho. Foi aí que Suzane notou que ela reverenciava Lúcio Malfoy. Ela mal o havia notado aquela presença até aquele momento.

-Senhor Lúcio Malfoy?! - Suzane exclamou - Fugiu de Azkaban?

-Não me fale naquele lugar. - ele disse sério - Agora diga, por que invadiu tão desesperadamente aqui?

-Antes, Rachel, por favor, se retire! - Narcisa disse indelicadamente - Vá ver se os elfos estão fazendo o jantar já, e mande que façam o prato favorito de Lúcio.

-Sim, senhora. Mas qual é o prato? - ela perguntou.

-Não sei. - ela disse rápida e asperamente - Mas os elfos-domésticos sabem tudo sobre nós. Vá agora e sem mais perguntas.

-Tá! Estou indo! - Rachel respondeu de mau grado e saiu da sala.

-Empregadas! Não se fazem mais como antigamente... Veja se pode, responder mal ao próprio patrão! - reclamou Narcisa.

-Não se fazem mais esposas, isso sim. - Lúcio olhou feio para ela - Você não sabe o meu prato favorito?

-Tenho mais com o que me preocupar. - Narcisa disse desviando o olhar.

-Que grande família. - Pansy sussurrou a Cho - Se bem que eu não saberia o prato favorito do meu marido.

-Você não tem coração para isso. - Cho respondeu com sinceridade, tendo que agüentar um olhar reprovador bem raivoso de Pansy.

-Será que vocês não poderiam prestar atenção em mim? - Suzane perguntou em um tom de voz mais alto.

-Deixem-na falar para que nos dê paz. - Malfoy disse em um tom de voz bastante entediado.

-Seria bom. - Suzane disse antes de ver que todos olhavam para ela esperando o que seria importante a ser dito - Eu estive espionando Claire, e descobri que ela tem algo a dizer a um Dragão do Paraíso, que poderá reverter a situação quando nós vencermos. E ela viu isso em um sonho. Vi ela contando a Melina que uma mulher que tem poder de atravessar planetas contou segredos a ela. Segredos dos quais não pude descobri, mas que podem nos colocar por baixo da situação.

-Uma deusa? - Malfoy-Alimydis perguntou meio distante - Somente deuses e deusas tem poder de se comunicar entre os mundos.

-Então deve ser uma delas que contou coisas para Claire. - disse Pansy.

-Foi. - respondeu Malfoy - Será que foi Plecear?... - ele disse em um tom baixo que ninguém pode ouvir.

-O quê? - perguntou Pansy.

-A deusa que fez isso quebrou várias regras do conselho. - ele desconversou - Mas não mais regras que eu no passado, pois recebi tais castigos a ponto de estar preso ao corpo de um mortal agora.

-Se as Esferas estão reunidas, por que você não volta a sua velha forma? - perguntou Lúcio.

-Porque elas só podem ser energizadas no fim do dia. - ele disse - Aí sim, poderemos agir.

-Ou seja, dentro de menos de duas horas. - disse Suzane - Precisamos fazer algo em relação a Claire. E rápido.

-Ah, isso é fácil de ser resolvido. - disse Lúcio - Apenas precisarei de sua varinha emprestada um pouco, Draco, ou Alimydis, não sei. Nada melhor do que resolver as coisas do meu jeito.

...X...

Todos já haviam terminado o almoço. A tensão já dominava novamente, nem que fosse pouco, cada um que estava naquela casa. Enquanto os mais velhos conversavam na cozinha, Harry, Luna, Rony, Hermione, Jorge, Gina e Melissa resolveram se isolar na sala, para que pudessem conversar com mais liberdade. Sempre que havia gente como Dumbledore e Lisa por perto, não dava para conversar sem ter que ouvir as sábias palavras deles.

-Precisamos muito ter as Esferas de volta. - disse Harry - Eles estão praticamente vencendo essa guerra. Será que nadamos tanto, para nos afogarmos na praia? Não posso acreditar nessa hipótese.

-Algo dentro de mim diz que poderei fazer algo por nós. - disse Gina - Que juntos venceremos.

-Acredito que o bem sempre vá vencer quando está unido. - disse Luna - E Harry, estamos aqui, pensando juntos, para que nós e vocês, os Dragões do Paraíso, consigam salvar tudo.

-Sim... - disse Harry - Mas a maneira mais fácil é ir até as masmorras da Mansão Malfoy, naquela espécie de QG dos Dragões da Terra.

A conversa deles foi interrompida pela entrada de Dumbledore e Lisa Brynsen na sala. Os dois estavam muito sérios. Lisa segurava uma espécie de pêndulo dourado, o energizando com a mão esquerda, e segurando com a direita. Uma luz branca saía dele, e ninguém ali entendia nada do que acontecia.

-O que está fazendo? - Harry perguntou curioso a Dumbledore, que lhe fez sinal de silêncio com o dedo.

-Apareçam! - Lisa disse rispidamente.

A sala ficou tão clara que parecia que o sol a iluminava. Mais um tempo e ninguém enxergava nada ali dentro. Pelo visto, a luz dominou a casa toda, Gina pode perceber que Eduard se assustou e começou a chorar na cozinha. Rapidamente podia ouvir Molly paparicando ele. A luz toda logo abrandou e uma tela brilhante e retangular surgiu no centro da sala. Dentro dela os quatro Dragões da Terra, que estavam naquelas masmorras, como Hermione pode reconhecer, pois estivera lá anteriormente.

-Sabia que eles estavam nos espionando. - disse Dumbledore, e seu modo sereno de sempre - Olá!

-Magia branca, Dumbledore? Lisa? - Malfoy perguntou ironicamente - Bom ver vocês e os patéticos Dragões do Paraíso reunidos novamente.

-Vocês são muito ousados. - disse Lisa - Querem saber o que estamos planejando é? Não vão.

-Se ouviu, já sabem que a nossa promessa é dívida. - Harry disse se levantando - Vamos até aí recuperar nossas Esferas, vocês vão ver.

-Calma, Harry. - Hermione levantou e abaixou o braço que ele havia erguido.

-Perda de tempo. - Draco disse dando uma risadinha de deboche - As Esferas foram levadas daqui, vejam a mesa. - os quatro saíram do campo de visão e foi possível ver a mesa que Hermione já havia visto com as Esferas em cima, há pouco tempo.

-As Esferas não estão mais lá. - Hermione disse séria.

Os quatro logo estavam de volta ao campo de visão.

-Vocês são os perdedores. - Pansy disse com tom de voz superior.

-Já chega. - Lisa disse brava - Vou usar magia avançada para impedir que vocês nos fiquem espionando aqui.

-Use se quiser, mas Dragões do Paraíso, se vocês quiserem ver a Purificação ser realizada estejam no centro de Londres hoje, no fim da tarde. - Draco disse - Antes do anoitecer a parte podre da humanidade estará extinguida. Para sempre!

-Tchau! - Lisa disse levantando o pêndulo e fazendo a luz que o iluminava apagar, conseqüentemente a tela com os Dragões da Terra também - Eles pensam que são o quê para falar assim?

-Os Dragões da Terra? - perguntou Rony.

-Dãhn! - Hermione fez batendo a mão na testa - Sem brincadeiras agora, jamais adiantaria ir até a Mansão deles.

-Por que não? - perguntou Harry - Com certeza as Esferas estão lá.

-O que ela está querendo dizer é que a Mansão é grande o suficiente para jamais encontrarem as Esferas. - disse Gina - Digo isso por experiência própria.

-E não as encontraríamos, já que elas não estão mais no QG dos Dragões da Terra. - ela completou.

-Mas... - Harry continuou, sendo cortado por Dumbledore.

-Esqueça as Esferas, Harry. Elas já estão perdidas. - ele disse mais sério do que estaria normalmente.

-Esquecer? - perguntou Rony - Agora quem não está te entendendo sou eu.

-Esquecer. - o velho confirmou - Não adianta mais querer roubá-las, elas estão perdidas para sempre. Não precisaremos delas agora, a guerra pode ser vencida de outra maneira. Todavia, ainda não devo conversar com vocês sobre isso agora.

-Ah, você nos atiça depois diz que não é hora? - Harry perguntou se levantando irado - Então deixaremos tudo por isso mesmo? Deixaremos as coisas se corroerem até o fim? Até a hora da Purificação?

-É inevitável, droga! Inevitável! - Luna não agüentava mais guardar tudo aquilo dentro dela, aquele clima de revolta de Harry fez com que tudo que escondeu se revirasse dentro dela - Droga de discussão sem motivo! O jeito é sentar no sofá e esperar tudo acabar, eu sei que tudo vai dar errado, já vi quinhentas vezes em meus sonhos. Você vai morrer Hermione, você vai morrer Harry. E ninguém vai poder fazer nada. Nem eu que sempre escondi a realidade cruel do futuro de vocês. Para quê? Para as bases de tudo se firmarem e desabarem pesando muito sobre mim.

-Luna, tenha calma. - Lisa disse séria.

A essas alturas o descontrole momentâneo de Luna já havia feito com que todos que estavam na cozinha fossem ver o que estava acontecendo agora na sala.

-Não consigo com a maldição que carrego. - ela enxugou os olhos magoada - Já me cansei de tudo.

Luna levantou do sofá e correu para a porta, saindo para o quintal da casa.

-Eu vou atrás dela. - disse Gina se levantando.

-Não, deixa que eu vou. - Harry disse se levantando também - Ela é minha esposa e é por culpa da minha infantilidade que a fiz chorar.

Harry correu até a porta e logo estava fora da sala também.

-Esses dois não tem jeito. - disse Jorge.

-Harry ainda é uma grande criança, isso sim. - disse Hermione - Já está na hora dele ver que nem tudo é do modo que ele quer.

-E que essas mágoas dele estão cada vez mais desmotivadas. - completou Lisa - Agora tenho que criar um campo de força para que minha casa esteja protegida de olhos estranhos. Desculpe, mas vou em um cômodo mais tranqüilo da casa iniciar a magia.

-Está certo. - disse Dumbledore.

-Então o único jeito vai ser esperar? - Melissa perguntou preocupada.

-Infelizmente sim. - ele respondeu.

O desânimo era a palavra que definia como todos estavam naquela sala. Se não havia jeito, tudo iria por água abaixo? Não podiam acreditar que era verdade.

...X...

Luna havia corrido para os fundos da casa e se encostara no muro, atrás das flores dos jardins. Ela se controlava para não chorar. Não importava o que fosse acontecer, aquilo não arrancaria mais lágrimas de seus olhos. Mentia confortavelmente para si mesma, despedaçando pétalas de flores, que tudo poderia dar certo. Mas não conseguia mais levitar sobre uma mentira confortável como sempre fazia. Sua esperança havia acabado de ser aniquilada.

A escuridão ali era tamanha que ela não conseguia se sentir confortável entre as flores, entre natureza, como sempre se sentia nos momentos difíceis. Via a sombra de Harry se aproximando, sentiu uma dor no coração, ela havia dito que o via morrer, sem nenhum cuidado. Quando ele estava perto, e os dois conseguiam se encarar, acabaram por dizer ao mesmo tempo:

-Me desculpe. - se olharam de olhos arregalados e então disseram - Eu quem errei.

-Não, Harry, fui eu. - disse Luna - Eu disse que você ia morrer, estava completamente errada em ter umas atitude dessa.

-Ora, se você disse que viu isso em seus sonhos por quê iria me chatear? - perguntou Harry - Se você está certa, e eu morrer, não quero que você esteja chateada comigo. Você andou escondendo coisas pesadas demais em sua mente, para não me fazer sofrer. Foi bom saber da verdade.

-Harry, eu não quero que você fique chateado com o que eu te contei. - ela disse olhando seriamente para ele.

Ele sentou-se ao lado dela apoiando uma mão no chão e olhando nos olhos dela, não conseguindo fazer com que ela não conseguisse notar o quanto estava inseguro com toda aquela situação dormente.

-Não vou chorar por causa disso. - ele disse sério - Eu lutei muito contra Voldemort para me manter vivo. Venci. Lutei muito contra os Dragões da Terra para me manter vivo. Perdi. A vida não é sempre justa com os bons, pois isso pouco importa.

-Não pense assim. - disse Luna - Dumbledore não disse que ainda há um modo de vencer.

-Disse. - Harry parou e começou a pensar.

-Então, acho que ele está certo. - ela disse arrancando uma esperança dentro de si que acreditava não ser uma mentira confortadora - Dumbledore normalmente não se engana nesses assuntos.

-Normalmente não. - disse Harry - Mas pode ser que ele esteja mentindo. Acho que ele pensa que isso é muito divertido para mim.

-Harry, você já é um homem casado e está agindo como um adolescente revoltado ainda. Você não acha que já é hora de encarar os fatos como um homem, de conversar com Lisa, Dumbledore normalmente?

-Você está certa. - ele disse se aproximando mais dela

Se envolveu nos braços dela, deixando os seus rostos na mesma altura, e lhe beijou apaixonadamente. Era uma fuga em que ele se envolvia daquela realidade dura e cruel de que o mundo estava desmoronando sobre seus ombros tão cansados, e que após desabar sobre os ombros desabaria sobre ele inteiro, que não ficaria para continuar sua história.

Porém se refugiava mais uma vez em um beijo de Luna Lovegood, e todos seus problemas desapareciam só de estar por perto dela. Separaram-se e Harry sorriu de modo incrédulo para ela. Ela deu uma pequena risada da expressão dele e então perguntou:

-O que foi?

-Somente estando ao seu lado para saber que vou estar morto dentro de horas e não entrar em pânico. - ele disse ainda sorrindo - Luna, não importa o que aconteça, se eu ir embora desse mundo quero que saiba que você foi o acontecimento mais importante de minha vida, e que não quero que chore por mim, pois a vida continua com ou sem mim. Me promete?

-Eu não posso. - ela disse já magoada - Já me sinto triste só de ouvir você dizendo isso. Por favor, vamos esquecer esses problemas, vamos nos fortalecer fingindo que nada de ruim vai acontecer.

-Está bem. - respondeu Harry - Vamos fingir que o céu está escuro porque vai cair uma tempestade, mas que depois de tudo o sol vai voltar e um arco-íris vai nos presentear.

-Queria que Deus ouvisse o que você disse. - disse Luna.

...X...

Claire e Melina conversavam, mais seriamente do que nunca, no salão secreto do Ministério da Magia. A Yumemi estava muito preocupada com tudo o que acontecia, mas não estava se conformando com o comportamento de sua parente, que devia respeito a ela, por ser mais velha.

"Já não lhe disse para esquecer o que um dia sentiu por Sirius Black?" - Claire perguntava irritada.

"Como posso esquecê-lo assim?" - Melina perguntou em resposta, rebelde. "Ele era tão apaixonante quando estava sem memória aqui... De repente ele lembrou de tudo, e foi embora para os braços daquela loura azeda."

"Não fale assim de Brynsen, a respeite, por favor."

"Não deveria." - ela respondeu emburrada.

"Você não tem jeito, age como uma adolescente ainda. Já tem vinte e dois anos." -disse Claire. "Mas por minha culpa ainda é muito inocente com o mundo, se apaixonou tão facilmente."

-Alguém me ajude! - Melina ouviu a voz de Helena gritar de dentro dos dormitórios.

"Claire, Helena parece estar em apuros." - Melina disse a ela em tom de desespero "Preciso ver o que está acontecendo!"

"Então vá, rápido!"

Melina deixou Claire e correu adentro do corredor que levaria ao quarto de Helena. Ela quase arrancou a porta ao chutá-la para entrar no dormitório de Helena e quase caiu para trás com o susto que levou ao ver certa pessoa a segurando pelo pescoço.

-Garota tola! - Lúcio disse apontando a varinha para ela.

Em seguida tudo se apagou.

...X...

Claire estava muito inquieta. Sentia uma presença mágica muito forte se aproximando e desconfiava de quem era. Mas era inútil se preocupar com isso, como sempre, seja quem estivesse se aproximando, ela não poderia fazer nada para se defender, porque não falava, não se movia, não ouvia, não via. Só sonhava e se comunicava através da mente. A presença estava cada vez mais próxima quando Claire pode ouvir uma voz ecoando em sua mente.

"Você vai morrer agora, não há mais escapatória." - era a voz de Lúcio Malfoy. "Não vai mais dar informações úteis, ainda há como os Dragões do Paraíso ganharem tudo e você não vai contar a eles, seja lá o que pretende contar."

"Você não pode me impedir." - Claire não estava tão certa, nunca esteve tão indefesa perante um bruxo poderoso assim.

Mas um silêncio estranho se fez em seguida, Claire não entendia o que acontecia.

"Há alguém nessa sala?" - Lúcio perguntou.. "Estou sentindo a presença de alguém aqui."

"Não há ninguém." - Claire mentiu, sentia a presença de certa pessoa...

"Sua mentirosa!" - Lúcio disse bravo. "Eu vou acabar com você de qualquer jei..."

Parou abruptamente de falar. Provavelmente a pessoa que estava lá havia feito algo contra ele, e chegado bem há tempo de salvar Claire.

"Muito obrigado, sabia que você viria." - Claire agradeceu "Temos algo de importante para conversar."

No próximo capítulo...

A hora da Purificação é inevitável. O que acontecerá aos trouxas e sangues-ruim? Será que os Dragões do Paraíso poderão impedir qualquer coisa de má que vá acontecer? Qual será esse grande mistério que ronda o tudo dar certo na hora errada e o Dragão do Paraíso que irá falar com Claire? As respostas para todos esses mistérios no próximo capítulo... Capítulo 7 - Sonhos Reais e Dilacerantes

N.A: Oi! Estão gostando da fanfic? Particularmente, neste capítulo o que mais gostei foi da relação Narcisa-Lúcio. Achei engraçado o jeito que eles se tratam, deixando-me uma pergunta: será que eles se amam de verdade? Bom, como eu nunca vou entender o que se passa dentro da cabecinha daqueles ali, acho que não vou ter resposta para essa pergunta. Pelo menos não por agora. Mas e vocês? Gostaram do capítulo? Do que mais gostaram? REVIEWS!!!!

Agora os agradecimentos, com resposta aqui mesmo pois um certo Portal Draco & Gina está sugando meu tempo e eu mal entro em meu e-mail: Ronnie Weezhy (nada a ver que apenas meninas escrevem boas fics, concordo com você. Mas bem que os garotos escritores sempre puxam a fic para um lado mais de ação, coisa que as meninas fazem menos. Para mim toda fic tem que misturar ação, romance, mistério e etc.) e para a Lininhaaaa (me mandou review minina! Victor feeeeeeliz, só que da próxima vez deixa menos pra última hora, viu?). Agora deixo um pedido pra vcs: quero mais reviews!!! Reviews!!! Reviews!!! Os autores não sobrevivem sem eles, estou ficando sem energia vital.

Valew!!!

Victor Ichijouji