Os Oito Dragões - A Deusa da Criação
Capítulo 7 - Sonhos Reais e Dilacerantes
Eles não sabiam o que fazer. A esperança era algo que brilhava como uma pequena faísca dentro de seus corações. Uma pequena faísca prestes a se apagar. Luna já estava melhor e tinha adentrado na casa com Harry, apoiava sua cabeça nele levemente, enquanto dormia. Um silêncio desconfortável tomava conta daquela sala. Gina ninava o seu filho no colo, enquanto Jorge jogava para cima e para baixo uma bolinha verde. Lisa passava pela sala com o seu pêndulo energizado, sussurrando algumas palavras indecifráveis. Rony e Hermione tinham a cabeça apoiada uma na outra sentados em outro sofá, Melissa estava ao lado dos dois, parecendo estar em outro mundo. Tirando Dumbledore, todos os outros estavam espalhados pelo resto do sobrado.
Alvo já estava na janela havia certo tempo, encarando a escuridão do céu. Aquilo atiçava muito a curiosidade de todos ali. Como ele estava tão tranqüilo, encarando o céu? Pensando e pensando em coisas que ninguém imaginava o que seriam... Aquilo era cansativo demais para Harry.
-No que tanto pensa, Dumbledore? - Harry finalmente perguntou.
-Eu apenas estou esperando. - o velho respondeu - A hora está cada vez mais próxima, minha mente não consegue pensar em mais nada.
-Não há nenhuma esperança de que tudo dê certo? - perguntou Hermione.
-Há muito mais do que a senhorita imagina. - ele respondeu - Na hora certa as peças vão se encaixar. Vocês vão ver que tudo é muito mais simples do que imaginam.
A conversa morreu por ali e o silêncio retomou a sala. O clima pesava cada vez mais, tudo estava muito chato. Todos estavam tentando pensar em uma solução para o que não tinha solução. Até que Lisa cortou o silêncio.
-Já estamos protegidos. - ela disse - Os Dragões da Terra não irão mais conseguir invadir e ver o que fazemos aqui.
-Isso é bom. - Gina disse colocando Eduard no carrinho quando ele já dormia - Pensando bem, não temos que nos preocupar tanto assim com isso. Vamos imaginar que terá algo para se fazer quando estivermos no centro de Londres.
-Terá algo. - disse Dumbledore - Podem ter certeza. Eu ainda não sei o que é, mas está na hora de esclarecer alguns fatos.
-Você acha que já é hora, Dumbledore? - Lisa perguntou preocupada.
-Já está passando. - ele respondeu - O relógio está quase marcando cinco horas e ainda estamos assim? Claire viu certas coisas em seus sonhos.
-O que exatamente? - perguntou Rony.
-Ela não me contou ainda. - disse Dumbledore - Mas ela sabe que se tudo der errado, um de vocês vai ser capaz de reverter a situação.
-Apenas isso? - perguntou Hermione.
-É tudo o que ela me contou. - respondeu o velho.
"Mas é claro." - pensou Gina.
Ela lembrava de um sonho que Luna a contara fazia certo tempo já. Nesse sonho a loura contara que Gina segurava um objeto e desaparecia, dizendo que ia mudar a situação. Será que ela era esse um capaz de reverter a situação? Não sabia.
-Harry! Harry! - a atenção de Gina foi chamada por Luna, que despertava um pouco assustada.
-Estou aqui! - ele disse colocando a mão sobre o rosto dela, que sorriu quando viu os olhos verdes de Harry bem acima dela, que se deitava sobre os seus joelhos.
-Eu sei. - ela tentou disfarçar - Eu apenas estava constatando que você não havia ido para Londres.
-Eu ainda não irei. - ele respondeu.
-Sim. - Luna disse levantando.
Parecia extremamente preocupada e ansiosa, já sem deixar nenhum sinal de sonolência.
-Você não... - Harry começou a fazer uma pergunta, mas foi interrompido por ela.
-Estou me sentindo sufocada aqui dentro, vou lá fora tomar um ar. - disse como quem quisesse fugir da questão, já sabendo qual era antes de ser dita.
Luna pegou no sofá uma pequena boina lilás e ajeitou na cabeça, deixando escapar longas madeixas dos cabelos louros. Ela pretendia fugir daquela pergunta, desconfiava que Harry iria querer saber se ela teve o sonho sobre a Purificação.
-Eu vou com você. - Harry se prontificou.
-Não, quero estar sozinha. - ela disse delicadamente.
Em passos lentos caminhou até a porta e saiu. Sua mente se confundia num misto de realidade e sonho. Ou seria realidade e realidade? Pois se seus sonhos aconteceriam, seriam reais, então ela não estaria misturando real e irreal. A realidade era o futuro que ela via. Uma realidade dilacerante, que fazia seu peito doer, de modo intenso. Ela não chegou a sair para o jardim, apenas sentou-se nos degraus que ficavam na frente da porta, abaixo da pequena soleira. Sorriu solenemente. Sua realidade não se definia entre feliz e triste. Ela preferia ficar contente a chorar mais que já chorou.
Ao invés de deixar sua mente vaguear pelos sonhos, ela deixou levar-se por lembranças felizes. O dia que descobriu que amava Harry. O dia do casamento dos dois e seu atraso de mais de meia hora, para chegar ao altar com um vestido azul marinho inesperado por quase todos. Se Harry se fosse naquele dia, ela deixar-se-ia confortar pelas lembranças boas. E talvez tivesse que ser assim pelo resto de sua vida.
Seguidamente ela foi despertada de suas lembranças por uma mão leve que tocou seu ombro. Era Gina e seu semblante tão confiante de sempre.
-Olha, Luna, eu sei que você estava tendo sonhos com o que vai acontecer hoje e não quero que eles te derrubem. - ela disse sorrindo.
-Eles já não me derrubam mais. - ela respondeu - Já caí há tanto tempo que tento me levantar toda vez que tenho um deles.
-Ah, que desânimo. - Gina disse pegando a boina da cabeça de Luna e colocando em sua cabeça - Ficou bem em mim? - a ruiva fez uma careta bem engraçada, digna de profissional Weasley no assunto.
-Sim. - Luna respondeu não evitando uma pequena risada - É da Melissa. Mas em você ficou melhor do que em mim e nela.
-Eu sou demais! A mais linda. - Gina disse se levantando e fazendo uma pose com a mão sobre o peito - Se não fossem tantos problemas com certeza eu estaria nas passarelas do mundo bruxo, divulgando a moda no meu belo corpinho.
-Se você fosse um pouco mais ajeitada. - Luna disse caçoando, porém, ficando mais séria em seguida - Gina, os sonhos não me fazem mais triste porque você é uma esperança. Não sei como, mas na hora certa você vai fazer com que tudo dê certo.
-Será? - Gina perguntou abaixando-se em frente a amiga e colocando a boina de volta na cabeça dela, em sinal de desânimo - Sabe, às vezes esse chapéu que a vida me deu parece não servir direito em minha cabeça.
-Impressão sua. - Luna respondeu levantando - Acho que é tudo o contrário. O meu chapéu que é grande demais para mim.
-Não, Luna, estamos erradas, as duas. - Gina disse repentinamente - Nada do que acontece em nossa vida é indevido para nós. Tudo é certinho para que nós agüentemos, basta sabermos como.
-É muito difícil saber. - Luna disse sentando novamente, apoiando o queixo entre as pernas e encarando tristonha o chão.
-Então me diga, o que você viu em seu sonho, por que acha que sou uma esperança? - Gina estava confusa - Isso tudo é muito chato para mim.
-Quanto para nós. - disse Luna - O destino vai fluir Gina. Eu vi o que você tinha em mãos, eu sei o que você vai fazer. Eu sei que você terá uma nova chance.
-Eu terei uma nova chance? - Gina parecia confusa.
-Sim. - respondeu Luna.
-Com licença, jovens. - a sábia voz de Dumbledore invadiu a conversa.
Luna olhou para cima e Gina para o lado e o viram, segurando uma espécie de relógio de bolso em suas mãos.
-Acho que era aquilo que você tinha em mãos. - Luna disse apontando para o relógio - Vou deixar com que vocês conversem a sós.
Luna levantou e foi para o lado da casa. Gina concluiu que ela iria para os fundos. Mas a ex-Corvinal muito curiosa se se encostou à parede e esticou os ouvidos. Queria saber se aquele era o objeto que via em seu sonho. Estava em seu direito de saber. Pelo menos assim pensava.
Gina encarava Dumbledore cheia de curiosidade nos olhos. O que ele queria com ela? Que objeto era aquele que tinha relação com o sonho de Luna? Enquanto todas peças na verdade se encaixavam, ela enxergava tudo mais embaçado.
-Isto é para você. - Dumbledore disse colocando nas mãos de Gina aquela espécie de relógio de bolso.
-O que é? - ela perguntou olhando melhor para ele.
-Um vira-tempo. - respondeu.
Banhado em bronze com uma corrente também de bronze, o relógio tinha o ponteiro da hora com uma lua na ponta, dos minutos uma estrela, e o dos segundos era fino e não tinha nada nas pontas. Ele marcava exatamente a hora que era, cinco horas e três minutos.
-Vira-tempo? - Gina perguntou confusa.
Agora sim, as coisas faziam mais sentido na cabeça de Gina. O objeto que ela usava no sonho era um vira-tempo.
-É. Você deverá usá-lo caso algo dê errado, caso não haja jeito de reverter a situação e a Purificação esteja sendo realizada. - disse Dumbledore - Gire quatro vezes e tente recuperar as Esferas. Caso dê errado a recuperação, vá ao encontro de Claire, ela terá outra solução que irá te contar na hora exata.
-Por que você me escolheu? - Gina perguntou em tom duvidoso - Você está depositando toda confiança em mim, dessa maneira?
-Escolhi você para essa missão porque só poderia ser você. - respondeu - A mais equilibrada e a mais esperta dos Dragões do Paraíso.
-Eu não sou tão equilibrada assim. - Gina disse com sinceridade - E acho que Hermione, por exemplo, é mais esperta que eu.
-Existe diferença entre ser culta e esperta. - Dumbledore disse sorrindo serenamente - Esta é a sua missão e não tente escapar dela.
-Eu não estou tentando. - Gina disse abaixando a cabeça envergonhada - De qualquer jeito, muito obrigada.
Na parede ao lado da casa, Luna havia ouvido toda a conversa. Então seu sonho era mais correto do que imaginara. Gina seria a salvadora de tudo? O objeto com que ela desaparecia era um vira-tempo? Assim que Dumbledore entrasse, ela pretendia correr até Gina e falar com ela.
Mas a atenção de Luna, assim como de Gina e Dumbledore, foi roubada pelos céus. A escuridão que dominava tudo se tornara carmesim. O tom vermelho-sangue dominara as nuvens no céu. Algo estava acontecendo.
-Já é hora. - disse Dumbledore - As Esferas estão sendo energizadas. Mais cedo do que imaginava que fossem.
Luna saiu do lado da casa, seu tom de voz tinha desespero, quase gritava.
-O que está acontecendo? Vai começar?
-Dentro de pouco tempo a Purificação se iniciará. - respondeu Dumbledore.
Rapidamente todos estavam na porta da casa, os quatro Dragões do Paraíso correram e já estavam ao lado de Gina.
-Que penumbra vermelha é essa? - Hermione perguntou preocupada.
-Significa que está na hora. - Lisa disse da porta.
Os céus rapidamente tornaram-se negros novamente. Gina ainda não havia conseguido captar o que exatamente acontecia. Mas sabia que aquilo era um presságio de que a Purificação estava por começar.
-Dumbledore, você acha que já é hora? - perguntou Harry.
-Sim, está na hora de vocês irem para Londres. - ele respondeu - Esse tom vermelho que dominou o céu é conseqüência da união das Esferas, para trazer de volta o resto das energias do deus Alimydis.
-Será que se formos rápido será possível fazer algo para que não se complete o processo de recuperação de Alimydis? - perguntou Rony.
-Acho que vocês devem tentar. - disse Sirius, que segurava Lisa pelo ombro.
-Então vamos rápido. - disse Hermione.
-Acreditem que ainda há uma esperança. - Dumbledore disse sorrindo, especialmente para Gina, que sorriu de volta por saber que essa esperança era ela.
-Boa sorte. - Luna disse correndo até Harry e o abraçando com força - Você vai voltar vivo, algo me diz isso.
-Se não voltar, saiba que te amo muito. - Harry disse começando a deixar lágrimas escaparem - Droga, agora eu estou sendo o chorão.
-Não faça isso. - Luna já havia aprendido a prender suas lágrimas - Boa sorte, vai dar tudo certo.
-Obrigado. - ele disse dando um beijo em Luna, que por mais que não quisessem, acabou tendo um tom de despedida.
Gina preocupava-se muito, a responsabilidade pesava sobre o ombro dela. Estava perante a sua mãe, lhe dando um abraço muito carinhoso.
-Mãe, se acontecer algo e eu não puder voltar, cuide do Eduard. - ela disse em tom triste.
-Não fale assim minha filha. Você vai voltar e vai cuidar de seu filho, vai vê-lo crescer. Pode ter certeza. - ela disse ao pé de ouvido de Gina.
As duas se separaram do abraço e Gina agradeceu:
-Obrigado por ser essa mãe, tão maravilhosa! - ela disse sorrindo.
-Ora, não faça a sua mãe chorar. - ela disse colocando a mão sobre os olhos e escondendo pequenas lágrimas.
-Esperem um momento antes de partirem. - Lisa disse chamando a atenção de todos - Tenho coisas a entregar para vocês, antes de irem.
-Tudo bem. - disse Harry.
Brevemente Lisa adentrava e saía de dentro da casa com roupas dobradas em mãos. Ela caminhou até os quatro Dragões do Paraíso e deu para cada um deles, uma das quatro peças dobradas.
-Essas são capas protegidas com magias ancestrais com Defesa Contra as Artes das Trevas. - ela disse - As vistam e se protejam, elas podem fazer vocês resistirem contra ataques dos Dragões da Terra, e até mesmo do efeito da Purificação. Nem que seja pouco mais. Elas lhes darão energia vital, para que tentem resistir ao que possa vir.
-Muito obrigada. - Hermione disse abaixando e levantando a cabeça - Agora é melhor irmos.
Os quatro logo estavam trajados pelas capas. Eram muito belas e chegavam a ser tão brancas que brilhavam na escuridão, o tecido era muito leve e esvoaçava um pouco com a brisa não tão forte que batia. Todos se despediram brevemente, até o momento em que os Dragões do Paraíso não estavam mais no jardim daquela casa. Até o momento que todos tinham os corações apertados. Os demais adentraram na casa em seguida. Luna não se conformava, ela queria ver o que aconteceria.
-Melissa, vamos atrás deles! - ela disse determinada - Precisamos saber o que vai acontecer, eu não consigo ficar aqui, contida entre tantas paredes.
-Eu não sei, parece perigoso. - Melissa respondeu.
As duas se encontravam na porta entre a sala, a escada e o corredor que levavam para outros cômodos do sobrado. Jorge que estava por perto ouviu a conversa e logo colocava sua opinião.
-Sabe, garotas. Assim como Luna eu acho doloroso ficar aqui dentro, quando tudo acontece do lado de fora. - ele disse em tom preocupado - Vamos até lá, sem que ninguém perceba.
-Sair sem avisar ninguém? - perguntou Melissa.
-Por mais que eles não possam nos impedir, é melhor não os preocuparmos. - Jorge disse em sussurro.
-Você não tem jeito mesmo, quando vai crescer? - perguntou Melissa.
-Sinceramente? Nunca. - ele respondeu.
-Ah, Mel, se você não for o Jorge vai comigo. - Luna disse emburrada.
-Tudo bem, nós três vamos. - disse Melissa - Agora que sei que tenho sangue-puro, não tenho mais tanto medo do que possa acontecer comigo pela Purificação. Só pelos outros.
Assim Melissa, Jorge e Luna saíram da casa sem serem percebidos, entretanto, conscientes de que rapidamente iam dar por falta deles. Todos os outros estavam na sala, muito preocupados e desanimados. Lupin estava abraçado com Tonks, tinha muito medo do que aconteceria a ele. A ele e a todos que não tinham o renomado sangue-puro, e que absurdamente deveriam morrer por isso.
... X ...
Luna caminhava dessa vez nem tão perdida pela cidade de Londres. Novamente, porém agora de verdade. Sabia que devia seguir aquele caminho para ver aquilo novamente. Aquilo que a afligia tanto. Aquilo que lhe causava dor e medo. Medo de perder quem amava. Medo de perder muitas pessoas que amava.
Via tudo muito parecido com a forma de seus sonhos. Via que tudo era tão real e cruel, como não queria que fosse. Mas ainda não era chegado o momento de ver as piores dores de pessoas morrendo. Ainda via apenas o pânico nas ruas, pelo céu que mais uma vez se tornava vermelho.
Ela segurava o braço de Melissa, que por sua vez segurava o de Jorge, muito assustados com tudo o que acontecia. As pessoas aterrorizavam-se com aquela penumbra, muitos gritavam que era o fim do mundo, outros diziam que era um tal de Juízo Final. Eles não sabiam que tudo não passava da Purificação.
Tudo não passava de um caos generalizado. Os carros não sabiam por onde seguir. Eles assustaram-se muito ao ver o estado de dois carros, conseqüência de um acidente feio entre dois automóveis naquela larga avenida cheia de carros. Os motoristas atrás do acidente começaram a buzinar constantemente, pareciam não se importar muito e querer correr de lá.
Luna então teve a atenção chamada por um garoto que gritava por sua mãe. Um garoto que aparentava ter uns sete anos de idade e estava muito assustado. Seu coração quase saiu pela boca ao ver que ele se dirigia para o meio da outra rua, que se encruzilhava com a avenida que estavam, quando um carro vinha em sua direção. Ela não pensou duas vezes, aparatou para frente do carro, se jogando na frente do garoto. O carro freou bruscamente e deu uma buzinada ensurdecedora no ouvido dos dois.
-Luna!!! - Melissa gritou preocupada correndo até onde havia acontecido o acidente - O que você tem na cabeça?
Ela e Jorge pararam ao lado de Luna, que levantou segurando a mão do garotinho.
-Vamos sair do meio da rua. - disse Fred.
Logo os quatro estavam do outro lado, na calçada. O motorista parecia não se importar muito, pois já havia seguido seu caminho, tentando fugir da situação que estava ao redor de todos.
-Eu quero a minha mãe... - o garotinho murmurava.
-Nós iremos encontrá-la. - Luna disse abaixando e acariciando os cabelos louros do garoto.
-Gregory! Gregory! - ouviram uma mulher gritando e se aproximando. Ela parou e abaixou em frente ao garoto - Está tudo bem?
-Mamãe?!! - ele abraçou a mulher que era como ele, de cabelos louros e olhos castanhos - Essa moça linda me salvou do carro. - ele disse apontando para Luna.
-Sim, eu vi. - a mãe dele disse - Olha, moça, obrigada por salvar meu filho, ele se assustou com tudo e saiu correndo. Seja o que estiver acontecendo hoje, saiba que as pessoas boas como você serão recompensadas.
-Não foi nada. - disse Luna.
-Agora temos que ir, filhinho. - a mãe dele disse levantando - Melhor ficarmos em casa, ela vai nos proteger desse caos.
-Sim, mamãe. - ele disse docemente - Tchau, moça!
-Tchau. - Luna disse tirando a boina da cabeça e segurando em frente ao tórax, cheia de lágrimas nos olhos - Boa sorte!
-Deus lhe pague. - a mãe disse antes de dar as costas e sair andando rapidamente com o garoto.
-Já fez sua boa-ação do dia hoje. - disse Fred.
-Cara, eu vou chorar muito se acontecer a Purificação e essas pessoas boas e inocentes morrerem. - Melissa disse revoltada.
-Vocês ouviram? O nome dele... - Luna disse triste - Gente, temos que fazer algo, um Gregory já morreu no passado por conta de tudo isso. E os outros que existem no mundo? Não podemos permitir que isso aconteça.
-Estamos juntos nessa. - disse Jorge - Pena que tudo esteja nas mãos dos Dragões do Paraíso.
-Especialmente em mãos de um deles. - Luna disse mais para si mesma.
Os três ficaram quietos e resolveram olhar ao redor. Tudo estava muito cheio e movimentado, nos carros nas ruas os motoristas estavam abandonando o volante, as pessoas começavam a descer de prédios e sair de lojas e restaurantes. Tudo se tornava mais confuso a partir de então. Os três atravessaram a larga avenida, que estava com os carros praticamente parados. Luna sabia que tudo aconteceria por perto do Big Ben. Estavam em um grande gramado verde, que ficava ao lado de um largo e alto prédio. O grande relógio ficava para a outra metade no outro extremo do prédio, perto de um lago e ao lado de uma ponte.
-Este grande prédio aqui é o Parlamento Trouxa. - disse Luna - Quando era mais nova estive aqui com meu pai.
-Um lugar muito evitado por bruxos. Principalmente os de sangue-puro e preconceituosos. - disse Fred - Eles só viriam aqui mesmo para matar os Trouxas, assim como os Dragões da Terra.
Falando nisso, estão vendo aquilo? - Melissa perguntou espantada, apontando para a direção do relógio, porém, para a avenida.
Pouco distantes, entretanto visíveis, estavam os quatro Dragões da Terra. Mantinham-se sobre uma luz soberana, a luz que vinha de quatro esferas que giravam ao redor deles. Podia-se ver junto deles, do lado de fora da luz das Esferas, Narcisa Malfoy e Suzane Khane Marty. Elas pareciam realizadas.
-São os Dragões da Terra. - disse Luna - Eles estão começando...
-Com certeza dentro de pouco tempo o deus Alymidis sairá de dentro de Draco Malfoy. Daí para Purificação é um passo. - Jorge disse pesaroso.
-E ali estão os Dragões do Paraíso. - disse Melissa.
Os Dragões do Paraíso mantinham-se em pé, mais distantes na calçada do outro lado do gramado e mais próximos ao grande relógio. As capas que eles vestiam de algum modo os fazia ter uma luz mais bonita do que a que vinha da magia das Esferas.
-Estão vendo aquele restaurante, do outro lado da avenida? - Fred disse apontando para um lugar muito belo, que ficava mais perto dos Dragões da Terra na avenida.
As pessoas saíam desesperadas lá de dentro, gritando por socorro ao verem aquela imagem dos Dragões da Terra, tão próxima. Um tom de tristeza tomou tudo. Como estava, parecia que o restaurante havia sido evacuado.
-Um restaurante que deve estar vazio, dá para ver tudo o que se passa com os Dragões. - Fred dizia sério - Parece um ótimo lugar para espreitar os Dragões da Terra, e sem sermos notados. - ele sugeriu.
-Não é má idéia irmos. - Melissa disse segurando o braço dele - Vamos lá, melhor nos abrigarmos desse caos.
Jorge ficou levemente corado, Luna percebeu e deu um sorriso sutil. Melissa era uma jovem muito bonita, mas que por sua vez, não percebia sempre as coisas que aconteciam ao seu redor, esse acanhamento todo por parte de Jorge.
Os três atravessaram a avenida e correram até o restaurante, que por ficar em uma esquina próxima ao Big Ben, dava para ver bastante do que estava acontecendo. Entraram o mais rápido possível, pois não queriam ser vistos pelos Dragões da Terra. O restaurante tinha uma decoração bem refinada, era inacreditável que havia sido abandonado daquele modo. Seus responsáveis provavelmente haviam se aterrorizado com a imagem lá fora, a tal ponto de abandonarem o restaurante, que devia ser um bom negócio. Realmente, para Trouxas o que estava acontecendo não era algo nada amigável. Devia ser assustador.
-Aqui é bem legal. - Melissa disse se acomodando em uma cadeira.
O móvel era em um tom suave, assim como a mesa, que tinha uma toalha branca bonita, com flores bordadas em alto-relevo nas bordas. Havia um pano vermelho em cada um dos quatro lados da mesa, e um cesto com torradas no centro, ao lado do cardápio.
A mesa em que se acomodaram ficava ao lado de uma grande vitrine, que mostrava tudo do lado de fora e de dentro. Eles estavam tranqüilos quanto a serem notados, estava tudo muito escuro, e parecia não haver energia elétrica, pois as luzes nas ruas e as do restaurantes não estavam acesas. E também, todos Dragões estavam muito ocupados lá fora para prestarem atenção em três pequenos pontos em um restaurante.
Os Dragões da Terra encontravam-se entre muitos carros abandonados por seus motoristas, juntando cada vez mais energia para trazer o deus deles de volta. Os Dragões do Paraíso mantinham-se mais distantes, na calçada do outro lado da avenida. Luna queria muito fazer algo pelos quatro, que pareciam tristes por não terem como lutar.
-Está tudo indo para os caminhos de meus sonhos. - Luna disse se entristecendo - Se continuar assim, não haverá jeito mesmo. Pelo menos por agora.
-Eu já não acredito que no final vá dá certo. - Melissa disse com sinceridade - Como as coisas estão caminhando é muito complicado.
-Nem fale assim, Melissa. - Jorge disse bravo.
-Isso é o que penso. - ela se defendeu.
-Minhas esperanças não foram apagadas. - Luna disse encostando o queixo na mesa e vendo tudo lá fora.
Esse era o momento em que via de verdade tudo que acontecia em seu sonho começar a se realizar. As Esferas desapareceram dentro da própria luz que emanavam e deram contorno a um homem. Um homem que já havia visto antes.
Ele era soberano. Tinha cabelos negros e longos, presos em um rabo de cavalo e com fios na testa que saltavam para os lados, seus olhos eram totalmente brancos, sem a íris, tinha a pele muito branca e aparentava ser bem alto.
-Parece que o deus deles está em seu corpo verdadeiro agora. - Jorge disse completamente desanimado.
-Está. - respondeu Luna - Eu já havia o visto antes. E confirmo que as imagens que virão a seguir não serão nada boas. - um tom de tristeza profunda tomou a voz da loura - É inacreditável como as coisas estão caminhando para os lados de meus sonhos.
... X ...
Harry não podia acreditar, não queria acreditar. Ele e seus três melhores amigos estavam vendo a cena que mais temeram se concretizar. Lá estava aquele homem, que tinha o semblante mais cruel que Harry já vira em toda a sua vida. Ele olhava intensamente dentro de seus olhos verdes, e era o olhar mais direto e amedrontador que Harry já havia recebido.
-Parece que já é hora da diversão começar, Potter! - ele disse com sua voz extremamente grossa e alta, pois ele não estava tão perto para poderem escutar perfeitamente o que ele dizia.
-Ele parece estar se divertindo. - Gina disse triste.
O sorriso cruel e carregado do deus era tão horripilante que sentiam arrepio em olharem dentro de sues olhos vazios. A ruiva observou melhor os outro Dragões. Draco parecia muito fraco, Pansy o segurava pelo ombro. O deus virou de frente para os Dragões da Terra, e começou a falar com eles, de modo que os Dragões do Paraíso podiam ouvir, pois sua voz continuava de mesmo tom.
-Agora eu vou precisar da ajuda de vocês. - disse Alimydis - Juntando as nossas forças poderemos iniciar a Purificação.
... X ...
-Mas Draco Malfoy está muito fraco! - Pansy disse desesperada - É até difícil segurá-lo para mim.
-Ora Mark, sempre te achei um inútil. Você devia segurar Malfoy. - Alimydis disse de seu modo oponente.
-E eu lá sou apoio para peso? - Mark respondeu de sua maneira folgada.
-Por que não dá um pouco de sua energia para meu filho? - perguntou Narcisa.
-Fique quieta! Ninguém lhe chamou nesta conversa! - Alimydis disse estupidamente - Draco Malfoy ficou sem forças quando eu, com um terço de minha energia, sai de seu corpo. Só vou lhe dar mais energia vital para que ele possa ajudar a realizar a Purificação.
-Isso... - Draco disse antes de ser puxado e lançado ao ar entre luz emanada da mão de Alimydis, que mais parecia uma descarga elétrica.
Quando foi lançado ao chão novamente tinha como se levantar. Logo ele estava entre os quatro Dragões da Terra, com seu olhar frio de antigamente de volta. De volta porque não tinha mais aquele tom congelador de quando ele estava unido a Alimydis, sim seu tom frio de sempre, que no fundo guardava uma carência grande e que queimava profundamente.
Agora tinha sua consciência de volta e tudo o que acontecera em sua vida passava como um filme diante de seus olhos. Seu grande objetivo de vida estava prestes a ser realizado. A Purificação? Draco não sabia se era exatamente esse seu objetivo de vida, mas havia chegado longe demais para desistir. Mesmo que a dúvida tenha pairado quando seus olhos bateram e desviaram rapidamente de uma certa Weasley, ele decidira por qual caminho seria o melhor para si.
-Vamos começar? - Draco perguntou.
... X ...
-Eles estão começando! - Hermione exclamou ao ver os quatro flutuando acima de uma luz avermelhada.
Alimydis dizia palavras estranhas, das quais nenhum dos Dragões do Paraíso conseguia entender. Os Dragões da Terra pareciam ser a base do feitiço deles. As luzes vermelhas começaram a se concentrar em forma de tornado. A essas alturas qualquer Trouxa que estivesse por perto já não estava mais. Tudo estava muito deserto, de modo que Harry nunca havia passado de carro, uma vez se quer, mesmo que tenham sido poucas, com os Dursleys e visto daquele jeito. A luz começou a se tornar mais enérgica e se expandiu para o céu, desaparecendo.
-Eu estou me sentindo tão mal... - Hermione disse com a voz fraca - Sinto como se minha alma estivesse desaparecendo dentro de mim. Acho que está chegando a hora de morrer...
-Não diga isso, Hermione! - Rony disse a segurando quando ela caiu sobre seus joelhos.
-Eu também estou me sentindo assim. - Harry disse com a voz fraca igual, colocando a mão no ombro.
Seguidamente Hermione caiu deitada no chão.
-Hermione! Hermione! - Rony disse ajoelhando ao lado da garota.
-Parece que meus planos estão dando certo! - Alymidis disse dando uma risada de glória.
-Não, não estão! - Gina gritou revoltada em resposta - Ela apenas não está se sentindo bem!
-É o que verá! - Alimydis disse em resposta.
-Rony... - Hermione disse fraca - Desculpa por não resistir.
Seus olhos se fecharam e uma leve brisa bateu. Rony a abraçou, mas quando encostou nela não a sentia mais. Da capa branca que ela usava escapavam cinzas. Cinzas da pessoa que amava e que havia partido.
-Hermione, não! - Rony disse caindo em um choro alto e dramático.
Harry olhou com raiva para os Dragões da Terra. Também sentia que algo dentro dele estava errado, e sabia que rapidamente acabaria como Hermione. Os outros Dragões já estavam no chão e Alimydis mal havia notado. Mas agora havia uma pessoa muito inusitada para Harry ali. Lúcio Malfoy estava entre os Dragões da Terra.
... X ...
-Eu tive problemas quanto a resolver a situação de Claire. - Lúcio Malfoy disse nervoso - Um obstáculo muito chato me impediu.
-Ora, sabia que o senhor iria falhar. - Narcisa disse irritada.
-Me respeite! - Narcisa tinha o poder de deixar Lúcio louco da vida - Foi aquela...
-Hei! Parem de brigas! - Suzane disse se intrometendo - Olhem para o alto, a coisa está ficando cada vez mais séria.
Narcisa e Lúcio também olhavam para o alto. Acima de Alimydis surgiam vários dragões negros, Dragões Chineses, como era chamada a espécie. Eles eram compridos com corpos de serpente, a cabeça de dragão era mais fina do que a dos dragões comuns. As escamas negras tinham um brilho muito intenso, mas a aparência deles era assustadora de qualquer jeito.
-Ele vai destruir tudo que os trouxas já construíram nesse mundo! - Alimydis disse com um contentamento que parecia doente - Agora vai ser tudo como eu sempre desejei, se ela não tivesse me impedido.
Os Dragões começaram a se espalhar para todo lugar, desaparecendo quase todos no céu e restando apenas um, que girava ao redor do deus. Ele acariciou a cabeça do dragão, que em um grunhido começou a flutuar com agilidade. Ele atirava chamas em todo lugar, principalmente nos prédios ao redor. Um de seus primeiros alvos foi um certo restaurante.
... X ...
-Que droga! - Fred exclamou ao ver o aterrorizante dragão atirando chamas em direção a eles.
Luna se jogou debaixo da mesa e Fred pulou por cima de Melissa. Ele a envolveu em seus braços e rolou com ela para debaixo da mesa ao lado. As chamas do dragão logo atingiram os vidros do restaurante que se estilhaçaram, atingido a superfície das mesas que queimavam. Uma fumaça atingia tudo, Luna rapidamente saiu de debaixo da mesa. Tudo dentro do restaurante estava em chamas, das paredes às mesas, que se queimavam mais por conta de suas toalhas inflamáveis.
Melissa e Fred logo saíram debaixo da outra mesa, com a garota tossindo. Eles olharam para Luna e saíram do restaurante, enquanto o fogo não atingia a porta. Quando saíram se espantaram ao ver que quase tudo ao redor já estava em chamas, e o dragão se distanciava queimando mais e mais.
Tudo estava bem mais claro com aquelas chamas ao redor dos dois. O Big Ben iluminava tudo melhor ainda do alto de sua torre.
-Cof! Cof! Não sei que droga viemos fazer aqui!
Mas a voz de Gina chamou a atenção dos três. Mesmo distante ela gritava muito alto. Gritava a frase que Luna ouvira tantas vezes seu sonho e que a enchia de esperança.
-VOU MUDAR TUDO! QUANDO EU VOLTAR VAI ESTAR TUDO BEM! - ela gritou desaparecendo.
-Ué? Cadê a Gina? - perguntou Jorge.
-Ela usou o vira-tempo! - Luna disse sorrindo - Ela é a nossa última esperança!
-Então quer dizer que ela vai voltar no tempo para tentar resolver as coisas? - Melissa perguntou séria.
-Isso mesmo. - respondeu Luna.
-E com certeza ela vai conseguir! Minha irmã é uma Weasley e vai resolver tudo! - Jorge disse contente, abraçando Melissa e encostando a cabeça dela em seu queixo, sem nem se dar conta.
-Se Gina voltou no tempo, agora no sonho acontece... - Luna se lembrou do que acontecia, o que em seguida ela confirmou com aquele grito.
-HARRY!!! - gritou Rony.
-Não! Não, não, não, não, não! - Luna disse colocando a mão no rosto para não ver Harry mais uma vez cair no chão e virar pó. Mas dessa vez pessoalmente.
... X ...
Rony já tinha os olhos completamente molhados pela morte de Hermione, quase não conseguia suportar ao ver Harry cair ao chão como ela, sabendo o que poderia virar em seguida.
-Eu tentei, mas não dá mais para tentar resistir e sobreviver... Adeus...
Em seguida Harry se tornou pó, assim como Hermione. Rony estava sozinho, sem muita esperança de que algo fosse dar certo. Sua irmã havia usado um vira-tempo dizendo que ia resolver tudo. Será que ela seria capaz sozinha?
Enquanto ele não tinha resposta, chorava por ver tanta destruição e mortes de pessoas que amava, sem poder fazer nada.
No próximo capítulo...
Gina está quatro horas no passado, será que ela conseguirá ter as Esferas de volta? Caso dê errado ela deve se dirigir a Claire, será que ela chegará a ouvir as palavras tão misteriosas que Claire tem a dizer aos Dragão do Paraíso certo? Não percam! Capítulo 8 - Vira Tempo, Uma Nova Chance
N.A: Nem vou ficar falando muito aqui, muito menos implorando reviews que não chegam. Não tenho ninguém a agradecer pq ng se preocupou em me mandar um review sequer dessa vez. Então que se dane a fanfic e eu atualizo quando me der vontade. Isso se eu terminar de escrever nessa altura de cinco capítulos faltando pro final. Ah, sim. Quando vc estiver aqui, Princesa Chi, obrigado por mandar um review nos Dragões do Paraíso e se importar com esse autor. E tb obrigado a minha irmã, Biba Akizuki, que pelo menos ao vivo ela me manda um review. Valewzão!
Até a próxima, quem sabe?
Victor Ichijouji (extremamente decepcionado e em estado deprimente em frente ao pc)
