Os Oito Dragões - A Deusa da Criação
Capítulo 10 - A Deusa da Criação
Os raios de sol despontavam bem fracos ao norte. O vento vinha bem forte das montanhas que ficavam ao sul, e o calor infernal que se passava durante o dia naquele vilarejo, era gelado durante o amanhecer. À frente ao sol nascente a sombra de uma grande figura, uma figura que impunha respeito, soberania, e que em um passo mataria Gina intencionalmente, assim como se ela pisasse em uma aranha no chão.
Incrivelmente aquele mesmo ser que a menos de vinte e quatro horas quase a matara, agora não era tão aterrorizante a sua vista quanto antes. Ele parecia um obstáculo que ela teria de derrubar. Derrotá-lo não era uma opção, era uma obrigação, talvez por ela querer mostrar que não era nada amaldiçoadora para aquela vila, principalmente ao pai de Frey. Também por não agüentar ver aquele ser destruir casas como fazia a sua frente.
Os pêlos dourados brilharam com o toque dos primeiros raios de sol e reluziram de volta no olho de Gina fazendo-a tapar a vista enquanto ouvia um grande estrondo. Quando abriu os olhos novamente via os destroços de uma das casas cair em pedaços, os gritos das pessoas desesperadas, e o mamute bater o pé com força no chão para aterrorizá-los mais ainda. Um choro de bebê vinha muito alto, e as pessoas corriam desesperadas de dentro da casa.
Olhou melhor ao redor. Estava em um lugar de chão arenoso, via ao norte, na direção do sol, as plantações das quais eles tiravam o sustento, as casinhas da vila eram várias e bem parecidas e brilhantes por serem feitas de marfim. As pessoas todas tinham a pele morena e os cabelos lilás, eram de beleza incrível. Ela ainda estava imóvel com toda aquela realidade a seu redor.
Gina! - Frey disse se aproximando, correndo rápido até ela e segurando em seu ombro - Você está louca? Vamos fugir daqui, é nesta hora que as pessoas correm e vão para as cavernas das montanhas, aonde ele não pode nos atingir.
Me responda uma coisa. - ela disse o encarando, mal havia ouvido todas as coisas que ele disse, como se ele estivesse falando grego - Vocês têm espadas por aqui?
Temos. - ele respondeu - Por q-
Saia daqui, vou me resolver com esse bichinho. - ela disse extremamente séria.
Mas...
Vá, rápido. - ela ordenou.
Está bem. - ele disse desanimado, correndo de volta para seu lar.
Accio Espada! - Gina proferiu.
E como ela não especificou uma, várias espadas vieram em sua direção e caíram a seu redor. Perfeito. Ela pensou. Abaixou e recolheu uma espada do chão, dando um grito estridente para chamar a atenção do Grande Mamute Dourado. E ele olhou na sua direção.
Venha cá monstrinho, venha me enfrentar! Agora que você não terá chance! - ela gritou irada.
O sol subia mais e a cada instante as sombras que cobriam o mamute eram menores. Ela podia ver o olhar cruel do ser. Ele devia lembrar-se dela, lembrar de como quis matá-la e não foi capaz, por causa da intervenção de Frey, que se não tivesse chegado a tempo, ela não gostava nem de imaginar o que teria acontecido.
Com um fogo queimando no olhar, o mamute começou a correr em direção de Gina. Com um mesmo fogo queimando no olhar, Gina correu contra o mamute, em poucos passos, com uma espada em cada mão.
Rapidamente todos do vilarejo saíram de suas casas e ao invés de irem se esconder nas gélidas montanhas, assistiam ao espetáculo daquele embate. E Gina avançava contra o monstro ouvindo aquela frase repetir-se em sua mente, naquela mesma voz tão serena e doce:
"Não se magoe com o que ouça, não se importe com o que digam. Siga o que há dentro de seu coração. Faça o que sabe que é certo."
Ela desviou de um ataque com a tromba que o ser investiu contra ela, e em um salto as espadas em suas mãos estavam em chamas. Ela as investiu contra o ser e com toda sua força conseguiu fazê-las atravessar seu forte couro. Estava o derrotando pois seguia seu coração e estava fazendo o que sabia ser certo.
Com aquele golpe ouviu o primeiro grito de dor do mamute. Um estrondoso e ensurdecedor gemido, que começava em um grave arrebatador e terminava em um agudo que fazia doer a alma. Após destapar os ouvidos encarou o monstro com mais precisão, o ódio em seus olhos crescera. Ele então a atingiu com uma trombada. Enquanto voava distante pelo golpe, concentrou-se e usou sua magia para ser puxada ao chão dentro de uma forte bolha de luz alaranjada, que ela criou. E a bolha estourou no chão em chamas que voaram única e exclusivamente contra o mamute, atingindo-o e botando em chamas parte de seus pêlos, fazendo feridas no couro de seu rosto e tromba. E após o outro grito de dor do mamute, ela gritou:
Porque quando eu quero vencer, eu venço! E esse vai ser realmente o seu fim!
Ainda estava próxima a ele e as espadas, e correu até elas, pegando mais duas e em chamas as atingindo em um salto no monstro, que deu um novo gemido. Fez mais quatro das outras espadas flutuarem a seu redor e voarem juntas em um elo de magia e fogo até o mamute, atingindo-o em mais quatro extremos, fazendo seus pêlos ficarem completamente em chamas.
Sem forças ele caiu, fechando os olhos e deixando-os entreabertos, com uma incrível expressão de mágoa dessa vez. Ao chegarem no forte couro do monstro as chamas se dissipavam, após todo o pêlo do ser tornar-se cinzas. Assim o forte mamute dourado estava enfraquecido e dava fracos gemidos de dor, seu couro escuro estava quase inteiro amostra, deixando apenas poucos chumaços de pêlos. O ser era grande, mas ao estar caído no chão e longe de fazer qualquer ameaça, parecia menor.
A ruiva sentiu dó então. Dó de como ela havia o deixado, dó por ter sido praticamente obrigada a fazer aquilo, mesmo que a culpa fosse toda do Mamute Dourado, que agora podia ser chamado simplesmente de Mamute Acinzentado. Ela então parou ao lado dos olhos do bicho, o olho direito estava na parte de cima do ser, e olhava tristemente para Gina. Ela então acariciou-o, dizendo:
Queria tanto que não fosse preciso fazer tudo isso a você. Eu sinto muito.
Assim Gina abaixou a cabeça. Seria o fim do mamute, ela via todos na vila eufóricos, saindo de suas casas com suas lanças em mãos, e atirando precisamente contra ele, algumas com luzes mágicas muito poderosas. Enquanto os guerreiros terminavam de matar o grande animal, os moradores comuns da vila vinham em direção de Gina, a aclamando e a ovacionando, afinal, ela havia sido uma grande heroína.
Todos a seu redor ajoelharam-se e fizeram reverências, inclusive Frey e sua família. Ela estava mais sem graça do que nunca dentre toda aquela gente tão agradecida, ninguém jamais havia ajoelhado para ela, nunca.
Ela só pode ser a deusa! - gritou um homem que estava mais ao fundo.
Obrigada, deusa! - uma mulher que encontrava-se ajoelhada a sua frente abaixou mais e beijou os pés de Gina.
Mais gritos de alegria se fazem no ar, enquanto Gina ficava ainda mais envergonhada com toda aquela situação. Ela então se viu em meio a um povo que pensava que ela era algo que ela não era. Para não decepcionar o povo, Gina pensou nas palavras corretas:
Eu não sou a deusa, mas estou aqui por causa dela, e preciso encontrá-la!
As pessoas então fizeram um silêncio arrebatador, de mesmo modo que os guerreiros não mais atacavam o mamute, e o mamute já não mais gemia, pois estava completamente sem vida.
Ela não é a deusa, sim a escolhida da deusa, como diz a profecia! - Frey gritou quebrando o silêncio.
A garota capaz de nos salvar do maior mal teria a gratidão eterna da deusa! - o mesmo homem que anteriormente gritou que ela era a deusa, agora dizia estas palavras.
E qualquer desejo seu realizado! - completou uma mulher.
Fala sério... - Gina resmungou - Não acredito!
A Weasley sentia-se tão contente que se não estivesse em meio a tanta gente começaria a pular, cantarolar, até mesmo abraçaria e beijaria a bochecha de Frey, que se aproximara mais a ela. Porém, ela estava imóvel como uma estátua, não tinha idéia do que fazer.
O que eu devo fazer agora, Frey? - ela perguntou confusa como uma criança, segurando a mão do rapaz.
Você deve fazer seu pedido a deusa, ela o realizará. - ele respondeu - Acho que já até sei o que vai pedir.
Sim, eu sei. - ela disse soltando a mão de Frey, e colocando as duas sobre seu peito, fechando os olhos em seguida - Eu quero encontrar com a senhora, deusa da Criação, quero muito que possa me ajudar a salvar meu planeta, e a deter o terrível Alimydis.
E abriu os olhos.
Tudo estava completamente diferente, uma luz muito branca, forte e celestial dominava o novo ambiente no qual Gina se encontrava. Estava em um grande salão vazio, branco do teto ao chão, sem qualquer detalhe, sem qualquer luxo, com grandes janelas das quais podia ver um céu límpido, azul vivo, e nada além disso. Era o lugar mais simples e confortável no qual ela estivera.
Correu até uma janela e olhou a imensidão que havia lá fora. Abaixo de algumas nuvens via um continente perfeito, onde havia uma imensa floresta de um lado, lagos e uma bela vegetação atrás, ao lado um grande e gélido local, encoberto por muitas nuvens e neve, à frente muitos vulcões e montanhas, e após as montanhas um lugar com muita areia, um vilarejo, um largo rio e vegetação. Eram os quatro vales e o que havia ao redor. Para ver mais além teria que ir para outra janela. Quando virou para trás teve uma grande surpresa.
A figura de uma mulher alta, de cabelos castanhos e longos, olhos azuis, de um rosto fino como o de uma raposa, um olhar de confiança como o de um cão de caça, surgira bela e brilhante naquele salão. A mulher usava um terno feminino branco com uma gravata por baixo, uma saia branca, com uma meia-calça branca e uma bota, também branca, que ia até os joelhos. O olhar era muito doce e transmitia uma calma imediata para Gina. Era a juventude em mulher, apesar dos milhões de anos que Gina imaginava que ela tinha.
Estava a sua espera. - ela disse sorridente - Tinha que seguir as regras, e você só está aqui porque não se magoou com o que ouviu, não se importou com o que disseram, seguiu o que há dentro de seu coração e fez o que sabia ser certo. Olá, sou Plecear.
Não acredito! - Gina sentiu seus olhos começarem a se encharcarem de emoção. As lágrimas vieram impossíveis de se conter, não se controlou e correu até a mulher, a abraçando e molhando seu terno branco.
Por favor, me ajude... por favor... - ela suplicava com uma voz de mágoa - Agora que cheguei até aqui não me desampare.
Sim, senhorita, eu quis muito que você viesse até aqui... - a deusa disse serenamente - Acalme-se, sente-se.
Ao ela dizer estas palavras, Gina sentiu atrás de si um sofá que não existia até então, e sentou-se em seu macio estofado branco e brilhante, como todo o resto. A deusa manteve-se em pé, virou de costas para a Gina e começou a falar mais.
Fiz muito para esse dia chegar, para estarmos aqui, eu e você, porque eu não tinha poder para intervir em tudo o que acontece na Terra. Mas agora que uma velha profecia se realizou, e eu tenho o direito de realizar o desejo de uma mortal, e já sei qual o seu desejo, poderei intervir contra Alimydis e toda sua sede de vingança e destruição.
Você vai me ajudar a parar a Purificação? - Gina perguntou ansiosa, levantando-se e chegando mais perto da deusa.
Sim. - Plecear respondeu virando em direção de Gina e a encarando com seus fortes olhos azuis - É realmente bom ver você aqui, tive de intervir em sonhos de Claire, e até mesmo surgir para ela em alguns poucos deles, para ter você aqui e poder finalmente fazer com que o Conselho dos Deuses me deixe salvar o primeiro planeta que criei.
Muito obrigada! Nem sei como agradecê-la por querer salvar a Terra. - Gina disse com um sorriso gigantesco - Queria tanto fazer algo pela senhora...
Você pode fazer muito, apenas sente-se nesse sofá e me escute. - ela falava tudo em um tom muito sério.
Claro. - Gina disse também séria, sentando no sofá.
Plecear estava novamente de costas para ela. De dois buracos que haviam no paletó, e estavam ocultos, pois até então Gina nem sequer imaginara que existisse, saíram duas belas asas, com penas brancas e límpidas.
Agora não sou mais uma deusa. - ela disse - Não sou mais a deusa que criou este mundo. Eu fui a deusa da criação. Mas quanto mais penso nele, mais perco meus poderes, e menos respeitosa e pura me torno. Tenho que esquecê-lo, pois se cair da minha posição de anjo, me tornarei uma mortal.
Você agora é uma "anja"? - perguntou Gina - Eu deveria estar falando com uma deusa, não deveria, a deusa que rege este mundo?
Você está falando com quem deveria realmente, com a deusa da Criação deste mundo. Eu sou a deusa da Criação, pois criei este mundo, mas já não o comando mais por falta de capacidade. Agora sou o anjo protetor deste mundo.
Não achava que Deus, o criador de tudo e de todos, faria um deus menor regredir para um anjo. - Gina disse surpreendida.
Não é Deus que nos faz regredir, somos nós mesmos. Sou um anjo agora por opção, por não querer mais estar sob tanta responsabilidade como estava quando deusa. - ela disse - Tudo tem um porém, estou como anjo agora pois os anjos são os únicos seres capazes de entrar no universo dos sonhos, e em qualquer sonho. Sempre quando possível estava auxiliando Luna Lovegood, fazendo com que tivesse sonhos mais amenos do que muitas vezes poderia ter tido, outras estava dando pistas para Claire, e até mesmo aparecendo para ela.
Então foi sua voz que soprou para mim...
Aquelas palavras que lhe foram tão úteis para estar aqui. - ela interrompeu e completou.
Plecear, me explique o porquê... Sabe, o porquê de tudo isso que está acontecendo e aconteceu. - Gina estava confusa - Por que existem os bruxos e os trouxas? O que aconteceu entre você e Alimydis? Para quê este mundo, a Terra dos Vales, foi criado?
Dói demais contar sobre esses fatos, tudo faz parte de um passado muito distante. - ela disse triste - Vou lhe explicar tudo por cima, apenas para que possa se situar. Eu e Alimydis fomos os deuses escolhidos para criar a Terra. Primeiro criamos diferentes raças para iniciar uma vida naquele planeta. Vieram os dinossauros, e depois os destruímos. Com a ajuda de uma grande equipe criamos diversas espécies de plantas, animais, vegetação, todo o sistema de cada ser, com eu e Alimydis na ponta do projeto. Fizemos um ser que pudesse evoluir, e que hoje é o homo-sapiens, e bom, na escala da evolução começaram as discórdias.
"Alimydis queria que o homem tivesse poderes mágicos, que fossem bruxos, eu não, pois ainda acho que vocês, terráqueos, não estão preparados para administrar magia. Eu amava muito Alimydis, e sei que ele me amava também, mesmo que os deuses reais, não aqueles falsos deuses na Mitologia Grega, possam se amar. Então mantínhamos isso em um segredo interno de cada um, algo mútuo. Apenas nós dois entendíamos a mente um do outro tão profundamente, por nosso amor. Mas a cada dia ele se tornava mais frio, ele queria que apenas os bruxos, raça que ele criou com muito cuidado e carinho, segundo ele, fossem os merecedores da Terra. Eu achava injusto, pois ele estava sendo egoísta querendo isso.
Ela virou de frente para Gina, que viu o quanto os olhos dela estavam entristecidos agora.
Por esse pensamento dele, muito de seus bruxos criados, vieram com um idéia semelhante a ele, especificamente os primeiros bruxos. Achavam que os trouxas não eram dignos da Terra. Os trouxas sentiram-se ameaçados por eles, então começou uma pequena guerra, que vocês não estudam em História da Magia, pois essa época é distante e não tão bem retratada, de antes mesmo de Cristo. Alimydis então com seu poder, em um momento de gigantesca ira, desceu a Terra e tentou destruir os trouxas por suas próprias mãos. Rapidamente ele foi impedido e nem chegou a fazer muito estrago. Mas quatro almas que ele criou para o ajudar a aniquilar os trouxas, eram impossíveis de serem contidas, eram muito poderosas. Essas quatro almas eram os Espíritos Dragões da Terra, que nesses milhares de anos estavam a procura dos quatro bruxos perfeitos para acompanharem em seus retornos.
"Esses espíritos não são bem como nossas almas, eles não estão dentro de nós. Eles estão ao lado de vocês Dragões, os auxiliando e quase controlando, em troca do poder que eles os depositou. Ou seja, o Espírito Dragão é um espírito que está acompanhando vocês, e auxilia vocês, não controla vocês por inteiro, se vocês não permitirem. Os Dragões da Terra são fracos, por isso são quase dominados por completo, acho que a mais forte deles é a oriental, Cho Chang, que sei que não está mais sob total influência de seu Espírito Dragão.
Então me explique melhor, - Gina interrompeu - os Espíritos Dragões da Terra foram criados por Alimydis, certo? - Plecear fez que sim com a cabeça - Como surgiram os Espíritos Dragões do Paraíso? E se esses Espíritos Dragões da Terra são tão perigosos, por que vocês não os aniquilaram a tempo?
Tudo não é tão simples assim, cada decisão que poderia ser feita num estalar de dedos, tem que ser passada por uma extensa bancada de deuses e anjos. - ela disse - O deus Alimydis foi para julgamento, e no fim foi decidido que ele era culpado e muito cruel, mas que ele teria as chances dele. Os espíritos que ele criou ficariam livres, esperando o momento certo de retornarem, e ele seria aprisionado nas Esferas, apenas isso. Eles não se importavam muito se no futuro fosse possível os Espíritos Dragões voltarem e simplesmente o ressuscitarem das Esferas. Eu tive que bater muito o pé para conseguir criar os Espíritos Dragões do Paraíso, a Criança Predestinada, e tive que me esforçar demais e lutar muito para conseguir o direito de criação da Terra dos Vales. E mais um trabalhão para conseguir trazer as Esferas para cá. E bem, apesar de eu dificultar tanto, sabia que no futuro Alimydis ia conseguir o que queria. Por isso consegui influenciar um profeta daqui a fazer uma profecia a respeito da "salvadora do povo", e a conseguir fazer com que essa profecia pudesse ser contestada como real no futuro.
Nossa, não imaginava que havia tudo isso por trás dessa guerra. - disse Gina - Quanto sofrimento.
Por que você acha que decidi me tornar um anjo? - ela perguntou - Os deuses têm que ser muito corajosos, principalmente os que decidem criar um planeta, depois regê-lo, ainda mais em conjunto com outro deus. E eu ainda acho que lhe expliquei tudo muito mal, é uma história muito longa, e infelizmente os anjos não podem manter muito contato com os mortais. Também temos pressa, precisaremos voltar no tempo, e precisarei enfrentar uma difícil bancada de anjos e deuses. Já se passaram dias após a Purificação na Terra, experimente fechar os olhos, que lhe mostrarei tudo o que acontece lá...
Ela, obedecendo ao pedido, experimentou fechar os olhos. Já não sentia aquela mesma paz, percebia que estava em outro lugar.
Agora os abra. - disse Plecear.
Gina estava em um lugar completamente diferente. Conhecia aquelas paredes de madeira, estava na cozinha d'A Toca. Plecear segurava seu ombro, Gina a conduziu até a sala onde Molly estava sozinha, segurando um retrato em mãos.
Ela pode nos ver? - perguntou Gina.
Não, ela não pode, estamos usando um poder divino, na verdade tudo ao nosso redor está projetado, não é o real, o material, mas está acontecendo. - ela respondeu - Estou quebrando mil regras, mas preciso falar como tudo está por aqui para que eles me deixem ir para a Terra, e vejo que está tudo muito ruim.
Oh, Rony, Jorge, Sirius, Lisa e agora Arthur? Agora sim os Comensais mostraram suas verdadeiras garras, não sei como posso viver sem vocês todos. - ela chorava extremamente magoada.
Eles agora estão matando a todos que são contra eles e essa Purificação que aconteceu. - Luna disse entrando na sala - Não temos chances de sobreviver, não podemos contra eles.
Carlinhos-mini, Harry, Lupin, Hermione... Parece que está chegando nossa hora também, já perdi quase todos que são especiais para mim. - Molly resmungava entristecida, deprimida. - E Gina, quando vai voltar?
A filha sentiu-se muito tocada pela última frase, secando lágrimas. Teve sua atenção chamada quando ouviu um grande estrondo vindo da cozinha. Vozes de homens dando urros invadiu a casa.
Agora chegou a vez de vocês virem conosco, o mestre Draco Malfoy quer ver o cadáver de vocês. - disse um homem mascarado, que passou rápido do lado das duas seguindo para o outro cômodo.
Vão embora! - Melissa disse surgindo de fora da casa, irada.
Melissa, por que você não se escondeu? - Luna perguntou nervosa.
Porque se eles levarem vocês, terão de me levar também. - ela respondeu.
Gina olhou para trás e viu mais dois Comensais na cozinha. Elas estão juntas pois são sobreviventes a esta nova realidade. Gina pensou entristecida.
Já chega, feche os olhos, Gina. - Plecear disse repentinamente.
Fechou os olhos e quando abriu já estavam de volta àquele salão branco.
Nossa! - Gina disse perplexa - Não posso crer que tudo esteja em um nível tão avançado lá na Terra, a Purificação parece ter enfraquecido os bruxos mais bons.
E enfraqueceu, pois tantas dores e mortes enfraquecem qualquer ser humano que seja realmente do bem. E também fortalece os ruins, Draco Malfoy está completamente dominado por seu Espírito Dragão, Gina. Pode ter certeza de que o Malfoy que você conheceu não existe mais, e se não for feito algo, nunca mais existirá. - ela disse - O pior de tudo é que Alimydis ganhou o direito de ser deus regente da Terra, é a maior injustiça de todas! Agora está na hora de resolver as coisas, vou te enviar para o vilarejo novamente, e vou resolver os problemas o mais rápido possível com os outros deuses e anjos. Até mais ver!
Espere! - disse Gina.
Apelo em vão, pois nunca Plecear realmente esperava quando alguém lhe pedia, assim como deixou Claire em seu primeiro sonho no qual ela apareceu. A luz veio tão forte nos olhos de Gina, que ela foi obrigada a fechá-los, e quando os abriu novamente, estava de volta àquela cena anterior ao encontro com a deusa, ou melhor, "anja".
Frey e toda aquela gente do vilarejo estava ao seu redor, ela estava de volta à superfície da Terra dos Vales. Olhou-os e não conseguiu mostrar um sorriso, a realidade de sua mãe que acabara de ver a fizera cair sobre seus joelhos.
... X ...
Agora estou esperando uma resposta de Plecear. - Gina dizia sentada na cama do quarto de Frey, o garoto ao seu lado - Espero que ela possa me ajudar a resolver tudo, caso contrário, acho que preferiria começar uma nova vida, aqui na Terra dos Vales mesmo.
Não! Você nunca seria realmente feliz. - Frey disse desesperado, segurando as mãos de Gina que estavam caídas na cama.
Ele a olhou com uma clemência tão profunda que o desvio de olhares foi automático. Gina levantou da cama e foi até a janela, todos juntos já haviam conseguido locomover o Grande Mamute de lá. Todos não estavam perdendo tempo, pelo que Gina soubera, dentre cinco dias de sol, seis eram de chuva, e nestes dias de sol todos aproveitavam para a colheita e plantação, para que os dias de chuva fizessem as plantas crescerem. O ruim era quando os dias de chuva se prolongavam mais e estragavam tudo o que havia sido plantado.
A esta hora Molly, Melissa, Luna... Elas já devem estar mortas também. - Gina começara a chorar, de modo que enxugou lágrimas insistentes - Elas eram sobreviventes, elas já haviam superado muito juntas, já haviam se despedido de todos meio-bruxos, mestiços, de todos que eram contra Draco.
Draco é o pai de teu filho? - perguntou Frey.
Sim. - disse Gina - Meu filho, nem imagino o que aconteceu com ele.
É fácil imaginar, Draco deve tê-lo levado, ele é um herdeiro, tem sangue-puro e é muito poderoso. - disse Frey.
Pobre Eduard. - lamentou Gina - Se for criado por um pai daqueles, por avós como Narcisa e Lúcio, não sei o que vai ser dele.
Não sofra por antecedência. - Frey dizia ainda sentado na cama - Esqueça estes problemas, afinal, dentro de poucas horas a deusa, ou anjo, não entendo o que ela é, virá buscá-la e irá reverter tudo.
Imagino como ela deve estar sofrendo no Conselho dos Deuses. - disse Gina - Eles são muito rigorosos, por tudo o que ela me contou. O difícil vai ser convencer de que o tempo pode ser revertido.
As almas dos mortos já devem ter se desprendido do corpo deles. - disse Frey - Essa Purificação levou a vida de milhões de pessoas, devem haver milhões de espíritos em seus destinos certos. Se o tempo voltar, todas almas terão de voltar para os corpos. As almas voltam imediatamente.
Os deuses devem achar isso muito complicado, existem muitas regras, e bem, acho que a ressurreição de pessoas não é aceita em todos meios. - disse Gina.
E não é proibida também. - ele disse levantando - Se, como você me contou, Draco Malfoy foi ressuscitado, a ressurreição não é nada proibido para os deuses, senão, simplesmente eu acho que eles iam intervir contra Alimydis.
Realmente. - Gina disse olhando para trás e encarando Frey - Mas nada que você diga poderá me tranqüilizar, você não sabe como é ser uma mãe e não saber como seu filho está. Não há garantia de que ele esteja com os Malfoys, ele pode estar morto, essa possibilidade dói tanto dentro de minha alma...
É melhor esquecermos este assunto. - Frey disse sério.
Concordo. - disse Gina - Estou extremamente deprimida apenas em imaginar o caos que está meu planeta. As ruas de trouxas destruídas na Purificação, toda a dor de bruxos de bem, meu grande amor sendo controlado por completo pelo seu Espírito Dragão... O caos atingiu por completo o Planeta Terra.
Esqueça este assunto. - Frey disse ficando bravo.
Não adianta. - ela disse o encarando novamente, com seus olhos magoados e molhados - Me deixe só, por favor.
Tudo bem. - ele disse antes de sair do quarto.
... X ...
Após passar algumas horas sozinha no quarto, refletindo e sofrendo, pensando em como tudo melhoraria se ela e Plecear pudessem ir para a Terra resolver tudo, assustou-se ao ver uma grande luz invadir o quarto. Em meio a ela surgira aquele belo anjo de asas brancas e roupas bastante comuns, porém brancas, de cabelos escuros e longos e olhos azuis.
Sou Francis, enviado por Plecear, para lhe avisar que deve vir comigo, e que vocês serão levadas para a Terra. - ele disse com sua voz que mais parecia uma canção tranqüila e harmônica.
Sim. - Gina disse levantando da cama, estava extremamente admirada com a beleza do anjo - Espere apenas um momento, preciso me despedir de algumas pessoas.
Primeiro Gina tirara a capa branca da cadeira no quarto de Frey e a vestira. A noite já havia chegado e os pais de Frey já estavam em casa. Ela correu para a sala e lá estavam os três, parecia que estavam conversando antes de entrar na sala, mas Gina estava tão eufórica que não parou para reparar em detalhes como este.
Saiu do quarto, mocinha? - perguntou Freha de seu modo todo simpático - Tem certeza de que não quer comer nada?
Não, obrigada, dona Freha. - ela agradeceu - Ele veio me buscar, um anjo veio me buscar, agora tenho de ir.
Então, você vai agora? - Frey perguntou levantando desesperado - Que tristeza... Aliás, que alegria, afinal, vai salvar seu mundo. A tristeza é que nunca mais a verei... Adeus.
Infelizmente é chegada a hora do adeus. - Gina disse caminhando até ele e em passos apertados - Mas não chore.
Disse essa frase já com lágrimas nos olhos, de ambos. Ele a abraçou com intensidade, ela deixou, Frey havia sido alguém muito especial para ela, um grande amigo que a acolheu e a ajudou em todos momentos, sem se esquivar, sem sentir medo de nada nem de ninguém, ele era um guerreiro. Ele também salvara sua vida, cuidara de sua febre e dor de cabeça, brigara com sua família por ela, e não sentira medo das diferenças, dos cabelos de fogo e da pele muito mais branca. No fundo ele sabia que Gina não era uma ameaça, sabia que ela era especial e sabia que era uma heroína.
Vou tentar não chorar. - ele disse secando as lágrimas - Agora, tchau. Boa sorte, que tenha um caminho de luz.
Muito obrigada. - ela disse se separando do abraço e beijando a bochecha do rapaz - E para você também.
Adeus mocinha! - a senhora Freha levantou-se - Venha cá, dê um abraço nessa mãe maluca aqui.
Claro! - Gina disse correndo até ela e dando um abraço na mulher, que era uns doze centímetros menor.
Como já disse Frey, que haja luz em teu caminho. - ela disse sorridente.
Muito obrigada. - Gina disse abaixando um pouco e beijando a bochecha daquela mulher que fora muito mãe para ela.
Agora chega, que odeio profundamente e completamente despedidas. - ela disse se afastando e virando de costas.
Então veio a parte mais fria e difícil da despedida.
Adeus, senhor Trey. - ela disse acenando de longe mesmo.
Adeus, mocinha, tenha boa sorte em teu mundo. - ele disse sem muito calor, voltando a ler seu livro - Ah, eu agradeço muito por ter salvo nossa vila.
Isso não foi nada. - Gina disse entristecida com toda a frieza daquele homem - Mas agora tenho que ir de verdade, adeus!
E assim ela deu as costas para aquelas pessoas que participaram de uma etapa tão emocionante e importante de sua vida, e seguiu o caminho de volta para o seu mundo, de volta para o passado e os tempos felizes. Estava chegando a hora de vencer, estava chegando a hora de levar a felicidade de volta para o seu mundo. Estava na hora de voltar para seu mundinho tão especial.
E para trás ficaram as lágrimas de Frey. Lágrimas de um amor platônico. Ele sabia que o amor que sentia por aquela garota tão diferente, especial, bonita e bondosa, jamais poderia ir além, porque eles eram literalmente de mundos diferentes. Aqueles dois dias foram um marco na vida do garoto.
Entretanto, ele não sabia que tudo que sentia por ela não passava de uma grande admiração, e que ele não experimentara ainda sentir o amor verdadeiro, que viria no seu futuro. Sim, Frey se casaria com uma linda moça de seu povo, teria filhos e seria muito feliz, trabalhando e se sustentando com o que planta, assim como seus pais. Todavia, a história futura de Frey estará longe de nosso conhecimento, pois não haverá ocasião para que nós, moradores no Planeta Terra, saibamos de todo futuro de uma pessoa e de toda aquela gente simples da Terra dos Vales, pois à partir daquele dia, o Portal que liga estes dois mundos fantásticos estará quebrado para sempre, e o elo que os une também.
Frey enxugou sua lágrima e sorriu. Ela partiu, mas ele tinha uma vida inteira pela frente, e não queria enxergá-la embaçada por lágrimas.
No próximo capítulo...
O décimo primeiro dos treze capítulos dessa fanfic está chegando, e as coisas por mais difíceis que sejam estão perto de ser resolvidas. Mas o "final feliz" não é nada garantido... Gina estará de volta a Terra junto de Plecear, muita emoção está por vir! Não percam: Capítulo 11 - Tudo Muda Novamente.
N.A: Oi pessoal! Gostaram do capítulo? Bastante revelações, conheceram a deusa (ou "anja"?), mais luta com o mamute no começo... Ufa! Gina coração a mil por hora! Então, se gostaram ou não, enviem REVIEWS, porque sem REVIEWS um autor não vive, e estou escrevendo a palavras REVIEWS em caps, para quem não for ler a N.A, bater o olho, ter a atenção chamada e me mandar um REVIEW.
Bom, dessa vez vai dar para agradecer aos REVIEWS, pois estou sem net, mas vi na casa de uma amiga minha, faz uma semana. Vou agradecer só a uma pessoa que mandou, mas se alguma outra mandou nesse tempo, valeu e desculpa por eu não citar. E eu tenho mais alguém a agradecer além da Lina? Valew Li, você é a única alma boa e caridosa com esse autor que está penando muito para escrever os últimos capítulos desta difícil fanfic. Ah, Lina, acho que você elogiou o Frey no REVIEW se não me engano, ele é o meu lado bom, se você gostou dele já sabe o motivo (convencido :P)... Mas, se o Frey é o meu lado bom em um personagem, qual será o personagem que carrega o meu lado perverso? Vou pensar. Vocês tem sugestões? Olha lá, vamos pegar leve!
Bom, vou nessa e REVIEWS!
p.s:Ah, REVIEWS e REVIEWS!
