Os Oito Dragões - A Deusa da Criação

N.A: Só estou aqui para dizer que neste capítulo lembranças estão ente "aspas e em itálico". Bom divertimento e reviews!

Capítulo 11 - Às Sombras da Maldade

Estava cansada daquele vazio. Não queria ver seu mundo daquele jeito.

Deveremos voltar no tempo. - Gina disse séria.

Ela, Plecear e o anjo Francis, estavam na Rua das Cerejeiras. Aquele era o lugar da Terra que tinha a maior ligação com a Terra dos Vales, e não importando a situação, nem o meio de se transportar, aquela rua era o destino. Talvez por ser um lugar tão vazio e solitário.

Mas nada ali era o mesmo. Não haviam prédios. Não havia asfalto. Não haviam postes, nem eletricidade. Nem vida. Só destroços, destroços e mais destroços do que um dia fora uma velha rua de Londres. Londres? Ninguém mais sabia o que era isto. Mesmo que Londres ainda existisse no lado bruxo da cidade, não era mais "Londres".

Londres era ver os trouxas e os carros caminhando pelas ruas. Londres era ter que andar camuflado dentre trouxas e ter de se esconder deles. Londres era ter que entrar em um velho e estranho bar, para aí sim, adentrar em uma grande avenida bruxa, ou ter que muito discretamente, atravessar uma plataforma em uma estação de trem, para poder ir a escola. Londres era não sentir a garoa caindo sobre sua cabeça, sim ouvir suas pequenas gotas caindo sobre o guarda-chuva, um objeto trouxa que Gina achava muito curioso, e andar com ele armado dentre todos outros, para não chamar atenção. Mesmo que ela não tenha feito parte de muito disso, ainda haviam mais coisas que ela lembrava e gostava de fazer, se esconder dos trouxas era um jogo que achava o tanto divertido. Gina aprendera muito sobre os trouxas com seu pai, que explicava tudo muito mal, e na escola, onde se fascinava com uma cultura tão diferenciada.

E toda a fascinação agora era cinza. As cinzas de um mundo que existira ali, e deixara apenas pedras e destroços como lembrança. Também o cinza de um céu tempestuoso, que com seus raios e trovões iluminava tudo, depois fazia um grande estrondo, e fazia o coração de Gina sentir-se frio e abalado pelo seu som.

Já chega... - ela murmurou entristecida.

Está certa, deveremos voltar no tempo. - Plecear disse também entristecida - Esta realidade é tão cruel para uma mãe que amou tanto sua criação... mas antes devemos ir até o centro desta cidade, sei que os Dragões da Terra, e vocês, estavam lá.

Desse modo, Plecear fechou os olhos, e os outros fecharam juntos, e enquanto não viam nada, uma luz os transportou para o local correto. Gina abriu os olhos. Via toda a destruição feri-los novamente. Tudo estava muito sujo e empoeirado, ela encontrava-se o tanto perdida, e enquanto olhava os destroços no chão, teve certeza de que estava no destino certo quando viu que pisava sobre um grande pedaço do mostruário do relógio Big Ben. Estava sobre o número dez, e via muito sujo e queimado por um cinza morto os números onze, doze e um, em seus algarismos romanos.

As mãos de Francis lentamente desceram a um cinto que usava na calça, por baixo do paletó, e ele tirou um pequeno cajado dourado com uma esfera branca em sua borda superior, que triplicou de tamanho em seguida. Automaticamente começou a girá-lo, e muito rápido, em um movimento de hélice, o bastão já não mais era visto por Gina, sim uma realidade cinzenta mais borrada ainda.

O anjo parou de fazer o movimento giratório com o bastão e o levantou para o alto, envolvendo-os em uma luz azul. E viram-se novamente no mesmo lugar, porém, com uma diferença bem significativa, sendo que prédios, asfalto, calçada, vegetação, e vida, estavam de volta à paisagem. Pena que tudo estivesse se destruindo, afinal, já haviam sido despejadas chamas daqueles imensos Dragões Chineses, dos quais Gina lembrava-se ter visto sido convocados por Alimydis, e giravam acima de tudo em seu sobrevôo, com toda a escuridão de suas escamas negras. Via também que tinha uma ausência de pessoas além das que estavam por lá anteriormente, quando ela havia decidido voltar no tempo assim que Hermione se fora em cinzas, mas agora Harry também não estava mais lá... Via apenas Rony entristecido, sentado e encolhido como um perdedor sofredor, no mesmo lugar um pouco à sua direita, em que ela e seus companheiros fracassaram.

"Mas tudo vai estar ganho agora." - Gina pensou perserverante.

Desculpem-me. - ouviu Francis lamentar-se enfraquecido, caindo ajoelhado - A atmosfera do tempo neste mundo é muito pesada, este foi o máximo que consegui retroceder... Sei que deveria voltar mais alguns minutos, antes que a Purificação sequer começasse, mas foi impos... sí...

Sim, Francis, não se preocupe, vai dar tudo certo. - Plecear disse ajoelhando ao lado dele - Sente-se, descanse.

Gina estava muito preocupada com aquele anjo, mas também estava preocupada com a situação de seu mundo, e das pessoas que amava. Então a primeira coisa que fez foi correr até aquela outra pessoa sentada no chão, inclinada sobre si com a cabeça sobre os joelhos, chorando, com seus cabelos ruivos brilhando opacamente, como uma flama de esperança que estava se apagando. Chegando perto Gina ouvia seu choro incessante. Abaixou-se ao lado dele, o abraçando carinhosamente, segurando a cabeça dele na altura do ombro e acariciando os seus cabelos.

Eu estou aqui... Vai dar tudo certo por mais que não pareça.

Ela se separou dele, e o olhou com ternura, ele tinha os olhos avermelhados e úmidos.

Gina... - murmurou.

Estou aqui, e trouxe a deusa Plecear, ela é a única que pode deter Alimydis. - ela disse sorrindo a ele.

Por um momento pensei que tudo estava perdido. - ele disse de cabeça baixa.

Quando levantou o rosto, Gina já estava em pé, oferecendo sua mão para que ele não mais ficasse no chão. Ele aceitou e logo estava em pé de novo, abraçando carinhosamente a irmã heroína que tinha.

Muito, muito obrigado. - Rony disse a abraçando novamente.

Que é isso. - Gina disse se afastando do abraço - Não fiz mais do que deveria fazer, certo?

Gina? Você voltou menina? Deu certo? - Luna chegou aos gritos de alegria, com um rosto molhado e lamentoso, como se estivesse chorando muito até então.

Os dois se surpreenderam com o surgimento daquelas três pessoas: Jorge, Luna e Melissa, que pelo visto, já deveriam estar ali nas redondezas há certo tempo.

Quem é aquela beldade? - Jorge disse se referindo a deusa, levando de Melissa um belíssimo chute na canela.

Vocês estão aqui? - Rony e Gina perguntaram espantados, ao mesmo tempo, ignorando a pergunta de Jorge da maneira mais natural possível.

Na verdade foi idéia minha, eu queria seguir Harry, e bem, ver de perto tudo o que acontecia em meus sonhos. E tudo foi idêntico. - ela disse com uma tristeza profunda no olhar.

Nós nos atiramos desanimados no chão à partir do momento que Harry morreu, até Luna contar da última esperança. - disse Jorge.

Última esperança? - perguntou Rony.

Sim, Gina e seu Vira-Tempo. - disse Melissa.

De qualquer modo nosso clima depressivo desesperançoso melancólico profundo, tornou-se raso. - disse Jorge - Era uma esperança na qual podíamos nos agarrar.

Nossa, Luna! Você me surpreende, sabia? Como soube do Vira-Tempo? - perguntou a ruiva, surpreendida.

Você não conhece a minha velha mania de espionar em buracos de porta e ouvir através das paredes? - ela perguntou astuciosa.

Conheço. - Gina respondeu em tom levemente entediado, em desaprovação.

Só não esperava que você fosse trazer uma deusa dessa. - Fred disse levando outro chute da amiga ciumenta Melissa.

Jorge, ela é realmente uma deusa, Plecear, a lendária deusa da criação, e agora um anjo protetor da Terra dos Vales. - Gina disse brava.

Perdoe-me, eu achei que ela era só uma bruxa, é que ela é muito bela e... Ai! - sentiu novamente um pé de uma amiga que estava sendo mais ciumenta do que o normal atingir sua canela. E gostou do ciúmes especial.

Ela então é a segunda deusa que criou este mundo? E você voltou no tempo, para ir até ela, e trazê-la para impedir Alimydis, e fazer ficar tudo bem? - Rony perguntava rapidamente, atropelando as palavras.

Mais ou menos. - disse Gina.

Hei, prestem atenção, parece que a coisa entre os deuses está ficando feia... - disse Melissa.

E fora impossível não ter atenção roubada pelas beldades divinas à partir de então. Estavam envolvidos em uma guerra, em meio a um conflito de deuses, e de um poder gigantesco e devastador sobre o destino daquele mundo. Plecear havia deixado Francis encostado em um poste, sentado, e com todo seu brilho angelical e asas brancas e brilhantes, voado em direção de Alimydis.

Plecear? - ouviram a voz de Alimydis dizer bem alto.

Estou aqui para realizar a finalização de toda esta errônea obra de estilhaçamento de parte de uma raça. - ela disse séria. Um raio cruzou o céu, e dentro de pouco tempo o trovão chegou estrondoso e assustador.

Rony e Gina se abraçaram, de mesmo modo que Jorge e Melissa, e o estouro de uma luz avermelhada que clareou e tornou-se branca, os assustaram e quase os cegaram. Ao abrirem os olhos novamente viam a luz do dia, a luz de um pôr-do-sol, pois a noite chegaria dali há minutos. Entretanto, o maravilhoso era sentir os fracos raios de luz natural batendo no corpo, e ver que tudo poderia voltar ao normal, mesmo com toda aquela claridade do fogo que atingia prédios, o sol era sempre soberano perante tudo.

Os Dragões da Terra pareciam assustados com o estouro. Quebrada a corrente de magia deles com Alimydis, caíram todos deitados, com as mãos de apoio no chão e tórax para cima. Olhavam surpreendidos acima deles Alimydis olhando Plecear com seu olhar de espanto, e ela o olhando com melancolia e tristeza sóbria.

O poder de tua perversão está por apropinquar-se da extremidade final. - ela disse com sua voz soberana - Tua apetência por esta morada dos filhos de Deus alimentar-se-ão teus pecados, e terás alma deglutida por eles próprios.

Não tenho temor por vocábulos tão incongruentes. - Alimydis respondeu em mesmo tom - O que anjo tão indigno podes tentar contra um deus?

Anjo? Sim, sou anjo. Não obstante fui deusa, deusa da criação. Criei este planeta, que agora afrontas devastação. Criei em certa convivência, que faliu como as flamas degradam os edifícios ao nosso redor, e outrora estávamos juntos, pelejando por uma nova ordem em um mundo d'onde almas pudessem encarnar corpos distintos sem questões acrescentadas e sentimentos desasseados. Mas tudo foi em vão pois tu enegrecestes teu coração.

Apenas vi o lado mais apreciativo. - ele respondeu - Fui apto a demonstrar os sentimento tangíveis de minha alma talvez... "enegrecida"? Porventura este não é o vocábulo correto, sim "amadurecida". Amadureci minha alma, distingui que as pessoas sem magia são incapazes e, na verdade, estorvam a ordem natural de um mundo feito com tanta perfeição. Rapidamente estes trouxas começaram a destruir nosso planeta, a natureza que criamos com tanta diligência. E eles degradaram-na por quase inteira, por preço nunca custeado, e mesmo que custeado, sabem que não há preço, e devastam igualmente. Os bruxos respeitam o verde, e quase não agrediram o mundo que criamos com tanto amor. Os sangue-puro são os merecedores da Terra. - ele dizia pesaroso, queria convencê-la de que estava correto.

Não digas tanta absurdidade, sangue-puro são todos eles, não existe discernimento. Que diferença há entre uma pessoa que possa proferir uma magia ou não? É irrevogável a verdade de que ambos são tão merecedores da Terra e de que devem ter a chance de conviver juntos. - ela bradou mais forte e em tom de discussão.

Suma daqui! - Alimydis disse estupidamente.

Quem irás sumir daqui és tu. - Plecear respondeu - Após restabelecer a ordem, e devolver a parte trouxa e mestiça daqui.

É impossível fazer isto. - ele respondeu - E não faria de qualquer maneira.

Está mentindo. - ela disse abruptamente - Está ocultando a verdade, não é impossível desfazer tudo, é bem possível. Você esteve com o poder adormecido durante centenas de anos, agora ele dilatou-se imensamente. Você terá de fazer o que mando, caso contrário se tornará de deus, mortal.

Não tenho medo de suas ameaças! - ele bradou com ferocidade.

Dane-se então! - Plecear perdeu toda a compostura.

As asas abertas bateram com mais força e ela mantinha-se no ar. Tirou do bolso seu bastão dourado e branco, levantando e dizendo palavras em uma língua estranha, parecia ser latim. Seguidamente Alimydis caiu ao chão, correntes de luz branca que não existiam se desprenderam do chão, quebrando o asfalto, e indo na direção do deus. Uma cruz surgiu atrás dele, as correntes o prenderam com força e foram manipuladas para que crucificassem-no. Os longos cabelos negros soltaram-se caindo-lhe sobre o rosto e tapando o olho esquerdo como um véu, escondendo o olho direito do sol, que estava bem de frente para si.

Nós poderíamos ter nos tornado mortais juntos... - ele dizia entristecido - Você negou o meu desejo, você me deixou completamente só, você explodiu nosso amor...

Ele parecia enfraquecido, ela o olhava com raiva, mas as palavras dele trouxeram uma mágoa, ou tristeza, descomunal. Ela lembrava-se de um passado em que os dois juntos, eram deuses bons, que amavam-se, mas que por suas posições jamais poderiam consumar este amor. Ela ficava feliz apenas em estar ao lado dele, ela não precisava beijá-lo e tê-lo, já contentava-se apenas com o toque entre os dois, e um raro abraço. Ele não sentia o mesmo, tinha um grande defeito: o egoísmo. Ele queria toda a atenção dela voltada para ele, ele queria poder beijá-la, ele não era capaz de se conformar com o destino dos dois.

Você não soube entender que éramos diferentes dos mortais, e nosso amor também... - ela dizia deprimida - Você me queria, você desejava ter um amor carnal, material, contudo, não podíamos jamais. Eu era muito feliz como deusa, era feliz em reger um mundo ao seu lado, e você não soube aceitar um não como resposta quando nos propôs a mortalidade. A mágoa foi maior, não foi? Grande egoísmo! Você quis destruir a raça que criei, quis se vingar. Isto é um sentimento que um deus pode ter, ódio? Vingança? Então você criou estes malditos Espíritos Dragões da Terra, e quis defender os humanos que você colocou na Terra, os bruxos. As duas raças poderiam viver em perfeita harmonia, se você não tivesse colocado na Terra também bruxos com sentimento de ódio por trouxas, e vice-versa. Após todo o estrago que você fez, após tentar destruir meus amados filhos botando na Terra almas poderosas como os Dragões da Terra, intervi contra você, e ganhei uma causa, venci, tive o direito de te prender em esferas e proibir sua circulação por milhares e milhares de anos, mas não pude proibir a existência dos Espíritos Dragões, nem o que você fez antes de ser julgado, criando os quatro Dragões da Terra, que viriam para Terra, e seriam tomado pelas almas sedentas de sangue dos Espíritos Dragões, para que pudessem ajudá-lo a destruir meus filhos sem magia. Tudo o que eu pude fazer para me defender foi criar os Espíritos Dragões do Paraíso e a Criança Predestinada, e te colocar em outro mundo. Tentei fazer este mundo entender que o que rege a vida é o amor ao próximo, mandando um dos mais belos espíritos de luz de nosso plano, mas a mensagem dele está se alastrando ainda e algumas dessas pessoas estão tentando entender. Sem dizer que usaram seu nome muito pelo errado, a Inquisição da Igreja Católica foi o reverso do que ele tentou passar aos humanos. Ele foi um grande bruxo em Terra, mas ainda estão tentando entender o que Ele queria passar. Quando entenderem, tanto bruxos quanto trouxas viverão juntos aqui, sem preconceitos.

Ela parou para respirar, ele permanecia de cabeça baixa, intacto, apenas ouvindo tudo o que merecia. Ela não estava mais se preocupando com o vocabulário, dizia palavras simples e rápidas.

Vejamos, você chegou até aqui, e eu acabarei com a sua brincadeira, porque você perdeu, graças a uma profecia de uma garota que ajudaria gente de meu outro mundo, estou aqui, e posso intervir contra você de qualquer forma. Chamarei os deuses e você será transformado em um mortal qualquer, um sem magia, e viverá como "trouxa", terá uma vida que você considera tão mesquinha e banal.

O toque de um vento gelado bateu e fez o cabelo dos seres imortais esvoaçarem, o sol desapareceu e a noite nascia como uma criança. Uma lua sangrenta surgia no céu, avermelhada e enegrecida, a escuridão só não era completa pelas chamas que tomavam os prédios. Via-se uma lágrima brotar nos olhos azuis de Alimydis, uma lágrima que não se sabia se era por tristeza, medo, arrependimento, culpa ou por ter perdido.

Torne-me um mortal que morrerei por minha própria maldição neste mundo. - ele dizia - Era o que eu queria, ser um mortal, agora terei desejo realizado, só que sem você. Desculpe-me por tudo que fiz.

Então faça as coisas voltarem a ser como eram, se você se arrepender verdadeiramente, poderá ser perdoado. Lembre-se que ninguém pode regredir, não nos tornamos mortais por isso, e você não irá regredir... - ela dizia mas foi interrompida.

Desculpem-me Dragões da Terra. - ele dizia tranqüilamente, olhando para os Dragões da Terra no chão, mais precisamente Draco - Desculpe-me Draco Malfoy, eu atormentei sua mente, eu fiz você enlouquecer. Por favor, volte ao normal e não deixe com que eles te façam sofrer. Tente por qualquer meio ser feliz com quem você ama.

Draco olhava para ele surpreso e fez que sim com a cabeça. Ele abaixou as mãos, libertando-se da posição de cruz, e tudo tornou-se luz. Ouvia-se apenas as palavras fortes e brandas do deus, não se via nada, por isso todos fecharam seus olhos.

Almas negras! Almas negras que dominam as mentes fracas, Dragões interiores que trazem insanidade, maldade e infelicidade, DESAPAREÇAM!

Almas de luz que guiam o lado do bem, a missão de vocês chegou ao final. Podem partir para outros caminhos, ENOBREÇAM! - Plecear disse.

Os dois começaram a dizer juntos palavras em uma língua que ninguém era capaz de entender, até que tudo se tornou uma total escuridão e todos se encontraram de mente vazia e tranqüilas, apagando-as por completo até um estágio inconsciente.

... X ...

Olhos abertos. Vida de volta. Gina via a cidade escura agora iluminada pelos postes. As ruas ainda estavam vazias naquela região, pois todos os trouxas haviam fugido de lá. Porém, havia uma prova maior de que o mundo deles estava de volta ao normal, era a presença de certas duas pessoas, desmaiadas no chão. Além delas, olhou para o lado, e viu Rony que sorria para ela, Luna que não conseguia esconder seu contentamento, e Melissa e Fred igualmente. Todos então se abraçaram e dentre diversos "vivas", "parabéns, Gina", etc e tal, sentiam a vida da Terra de volta.

Não tinham idéia do que teria acontecido a Plecear e a Alimydis, só havia a certeza de que ele havia se arrependido de todo o mal que fizera, e ela havia o levado embora, após ele restabelecer tudo, trazendo de volta os prédios destruídos pelas chamas, a eletricidade, a vida dos que haviam morrido, e o brilho daqueles olhos verdes, e dos outros castanhos, daqueles dois que lentamente sentavam para se levantarem do chão frio, esfregando os olhos, confusos.

Acabou? - perguntava Hermione sentada no chão, aparentemente muito cansada - Não estava acontecendo... tudo? Não estávamos... perdendo?

Nunca perderíamos! - Rony disse segurando a mão de Hermione e a puxando para si entusiasmado, a abraçando com uma ternura e um amor do qual nunca a havia tocado - Por um momento eu te perdi, por um momento... Viver instantes sem você era estar um morto-vivo... Prometa que nunca mais me deixará.

Eu prometo. - ela não entendia ainda o que havia acontecido - Você também deve prometer isso, pois os meses que passei sem ti foram muito cruéis...

Eu também prometo. - ele disse antes de a beijar apaixonadamente.

Harry! - Luna disse se atirando em cima dele, sentado no chão ainda, deitando-o e imediatamente beijando-o intensa e carinhosamente.

Ele retribuiu o beijo, lembrava-se perfeitamente que havia morrido, agora a via ali, ou ela estava morta também ou...

Estou vivo? - ele perguntou ao se separar do beijo.

Mais do que nunca. - ela disse animada, levantando-se e o puxando.

Os dois levantaram-se e sorriram para todos ali, em pé.

Afinal, o que aconteceu por aqui? As ruas parecem tão... inteiras?

É uma longa história, Harry. - Gina disse.

Vocês conseguiram vencer, não é mesmo? - uma voz arrastada se aproximava, mas não era Draco.

Já disse para irmos embora! - agora a voz de Narcisa surgia imperativa atrás de Lúcio Malfoy - Suzane já deve ter fugido para bem longe daqui, acha que o Ministério não será contatado para vir para cá?

Ora, olha só, o casal do momento. - disse Jorge - Aliás, dos últimos trinta anos.

Você está me chamando de velha? Eu e Lúcio estamos casados há vinte e cinco anos! - ela disse irritada.

Por que vocês não fogem daqui enquanto há tempo? - perguntou Melissa em tom irônico e meio cômico.

Ela está certa. - disse Narcisa.

Vocês são realmente patéticos! - exclamou Harry tirando a varinha do bolso e apontando para Lúcio - Estupefaça!

Falei! - Narcisa disse o vendo desmaiar, e em seguida aparatando.

Que gentinha, hein! - disse Luna.

Pois é, e veja quem eles largaram ali. - Rony apontou para os Dragões da Terra.

Todos viraram a cabeça para aquela direção. Enquanto Pansy Parkinson estava desmaiada, os outros três estavam acordados, sentados e calados. Mark tinha uma expressão confusa, Cho tinha um sorriso em rosto, afinal, quando tudo estava acabando ela já não queria mais realizar a Purificação, e Draco Malfoy parecia pensativo, quando levantou a cabeça e penetrou profundamente aqueles olhos cinzentos no olhar castanho que ele mais amava, sorriu sinceramente.

Ele... está de... - começou Gina.

Ele está de volta, Gina! - Luna disse contente, segurando os ombros da amiga - E veja, ele está se levantando e sorrindo para você, corra até lá!

Foi isso o que Gina fez, em passos largos e rápidos chegou até o Malfoy mais amado, o pai de seu filho, o homem que agora seria o chefe de sua família, e não importava o quanto tudo fosse complicado, como ele mesmo diria.

Não importa o quanto soframos, não importa o quanto lutemos, não importa o que façamos, meu amor, eu vou ficar com você, e você conhecerá nosso Eduard. - Gina disse o abraçando, com as lágrimas pelo sentimento de felicidade e de tristeza misturados.

Eduard? - perguntou ele - Este é o nome de nosso filho?

Eu já te contei, acho que há menos de um dia, aqui na Terra... - Gina disse entristecida.

Eu não me lembro de nada, desde o dia de minha morte. - ele disse simplesmente - Harry me matou, e eu pedi perdão a você... Lembro que você me disse que teríamos um filho...

E as vozes das lembranças vieram na mente dos dois no mesmo instante:

"-A dor precisou me invadir profundamente... para eu ver que... que eu deveria ter abandonado tudo, ficando com a única pessoa que amei... em minha vida.

-Draco... - ela sussurrou - eu juro que vou cuidar muito bem de nosso filho.

-Filho? - ele estava com a voz cada vez mais distante - Gina, eu te amava muito, mas fui um cego que não quis enxergar que estava errado... Me perdoe..."

Em seu leito de morte, você disse que eu era a única pessoa que você amou em toda a sua vida, e que deveria ter abandonado tudo por mim.

E você disse que cuidaria de nosso filho, você estava grávida e eu nem sabia... - ele disse a abraçando, encostando a cabeça dela em seu peito - Eu só queria saber, como estou vivo agora...

Isto não importa, depois te explico. - Gina disse levantando a cabeça - Tudo o que eu estou querendo agora, é um beijo seu.

E aquele seria o início do melhor beijo de todos da história de amor daqueles dois. Após uma lenta aproximação dos rostos, o nariz de Draco roçou leve e carinhosamente no de Gina, e os lábios deles se tocaram. Beijaram-se com muito carinho e saudade, sem sentir o tempo passar, sem sentir o vento bater, chegando até mesmo a esquecerem quem eram, onde estavam. Quando o beijo finalmente acabou, a sensação de que havia se passado uma eternidade naquele curto instante era predominante.

Eu te amo. - Draco sussurrou no ouvido da garota que realmente amava.

Eu também. - esta foi a vez que ela contribuiu esta declaração com mais convicção e vontade sincera.

Desculpe todo mau que fiz a você, parece que agora toda a carga negativa que havia dentro de mim desapareceu... Misteriosamente...

Lembra-se de teu Espírito Dragão? - perguntou Gina - Ele foi destruído pelo próprio deus Alimydis.

Como, o deus dragão? Ele foi ressuscitado? - perguntou Draco.

Você não está sabendo de nada mesmo. - ela disse sorrindo - Bom saber que não havia nada de você naquele Draco-Alimydis.

Seja o que tiver acontecido, seja quem eu fosse e o que eu tenha feito, não era eu. - ele disse - Eu de verdade estou aqui, e eu de verdade amo você de verdade!

E eu também. - ela disse o puxando e o beijando novamente.

... X ...

Mark não entendia a razão, nem o porquê de ter havido parar lá. Suas lembranças estavam em algum lugar muito distante, e por mais que a sensação fosse delas terem se passado há dez minutos atrás, já haviam se passado há muito tempo. Não estava a procura de Gregory Hunter na torre norte de Hogwarts? Gregy iria se encontrar com Gina, havia recebido um bilhete dela, Teresa havia pedido para ele ir atrás dele. E quando chegara lá...

"Era o mesmo dia em que Gina acabara o namoro com Gregory e eles já estavam em um encontro na Torre Norte? Era muito estranho, talvez Teresa tivesse razão quanto a segui-lo. Mark sabia que não estava subindo aquelas escadas para a Torre Norte apenas porque Teresa havia pedido, aquela torre estava estranhamente o chamando, ele precisava ir para lá.

Quando estava chegando ao topo da torre ouvia atrás das paredes aquelas frases, vozes em tons de sofrimento e ódio preocupantes. Lentamente foi se aproximando e derrapando pela parede apenas ouvindo o que acontecia.

-Como fez isso?... - Gregory perguntou sem forças, não podia se mover - Como me atirou longe apenas com as mãos?

-Você também pode fazer isso. - a voz de Draco Malfoy dizia ironicamente.

"O que Malfoy faz aqui?", pensou Mark.

-Não, eu não posso... - Gregory resmungou ainda sem forças.

-Você tem que me salvar... - suplicava a voz de Gina.

-Eu não posso... - Gregory disse desanimado - Não consigo mexer o meu corpo.

-FIQUE QUIETA! - Draco gritou parecendo dar um soco nela.

Mark não segurou toda a raiva que sentia e rapidamente invadiu o salão em que a discussão estava acontecendo.

-Por que está fazendo isso com os meus amigos? - perguntou incrédulo, mas sem exaltar o seu tom de voz.

-Ora, temos um invasor? - Draco perguntou em um tom ainda mais irônico - Sabe o que faço com invasores?

-Não algo pior... DO QUÊ O QUE VOU FAZER COM VOCÊ!"

As lembranças acabavam por ali. Então o que fazia no meio da cidade, no meio da rua vazia? Pelo que havia percebido estava no centro de Londres, o Big Ben estava logo acima dele. Ele estava sem palavras na realidade, não entendia como... Como estava ali? Olhou ao redor, via bem a sua frente, um pouco distante, Luna, Harry, Jorge e Melissa, então por que eles não vinham falar com ele? Perto dele estava Cho Chang, sentada, Pansy Parkinson, inconsciente, Gina Weasley, em pé e...

Não! - ele disse assustado ao ver Draco Malfoy.

Ele escondeu a cabeça entre as pernas, prensando-a com as mãos. Sentiu-se sobrecarregado com as centenas de lembranças que chegaram a si de uma única vez. Via coisas horrendas, via coisas comuns, via maldade em seu coração. Por mais que não sentisse essa maldade mais, sentia a sombra da maldade. Começou a chorar, sabendo que o motivo existia, mas não entendendo-o. Não tinha havia muita claridade nas lembranças, ele só sabia que eram ruins, e que não pareciam ser vindas dele.

Não entendia nada o que acontecia, levantou e secou as lágrimas. Gina estava próxima a ele, em frente a Draco, o viu e sorriu. Ele espantou-se abrindo levemente a boca. Sabia que de algum modo ele não merecia que ninguém sorrisse para ele, estava se sentindo como se fosse um monstro, assustador. A ruiva se aproximou dele em passos largos, e quando levantava os braços para abraçá-lo, ele pôs a mão em contravenção.

Não, eu não mereço teu toque. - ele disse em tom magoado - Algo dentro de mim me diz que devo ficar longe das pessoas boas.

Mark... - Gina disse o encarando com doçura - O pior já passou, eu te perdôo por tudo que fez, afinal...

Então quer dizer que eu realmente fiz coisas ruins? - ele espantou-se mais, dando passos para trás - Então por favor, fique o mais longe que puder de mim...

Esbarrou no tronco de Pansy, que ainda estava deitada, inconsciente. Assustou-se ao vê-la despertando. Ela também estava aparentemente muito assustada e amedrontada. Seus olhos se arregalaram de temor quando viram Gina, ela levantou e puxou Mark com força pelo braço.

Fique longe dela, ela pode nos prender...

Prender? - perguntou Mark.

Cho Chang que estava sentada, também levantou. Andou rapidamente até eles e segurou o outro braço de Mark.

Hey, não leve Pansy a sério Mark, vai ficar tudo bem. - ela disse enquanto com a outra mão acariciava o rosto delicado e magro dele.

Olhou novamente para seus antigos amigos do outro lado, Melissa o encarava, e sorriu. Ele não conseguiu não sorrir para ela. Após este gesto ela correu em direção a ele.

Ela está vindo nos pegar, Mark, você brincou com ela e a feriu certa vez, ela quer se vingar. - disse Pansy.

Não confie na Parkinson, ela está completamente desequilibrada. - disse Gina.

Hey, Mark! - Melissa disse se aproximando.

Vamos fugir Mark, eles vão nos prender, nós matamos! - disse Pansy.

"Matamos, matamos, matamos! Matei!" - Mark pensava perturbado. As lembranças vieram em sua mente imediatamente.

"-Sabe? O que você fez não parece mais tão ruim assim. - Mark disse em um tom de alívio, mas ainda portando um olhar de raiva, logo após gritar que ia fazer algo terrível e libertar seu Dragão.

Uma forte tempestade começara a desabar lá fora, sinal de que o Dragão do garoto havia acabado de ser libertado. Aquela torre de aspecto vazio e desconfortável já não era mais ruim para Mark, ele até mesmo sentia-se bem lá, naquele momento.

-O que está acontecendo? - perguntou Gregory, ainda sem força em sua voz e sem poder mexer o corpo, no chão.

-Ele apenas se libertou. - Pansy, que estava com um corpo de Gina, disse se levantando facilmente da cadeira e atirando a corda que a prendia no chão.

-Me libertei? - perguntou Mark - Realmente, sinto como se algo muito forte guardado dentro de mim estivesse fora agora.

-Você libertou seu Dragão. - disse Pansy - Agora está em nosso grupo de Dragões da Terra."

Sim. Ele era um Dragão da Terra frio, cruel e assassino de seu melhor amigo. Quando vieram em sua mente mais lembranças de coisas que disse a Gregory e até mesmo fez, teve certeza disso. Ele, ele mesmo, havia atirado seu melhor amigo de cima da Torre Norte de Hogwarts e ele havia morrido. Ele havia fingido escrever a carta de despedida, ele havia tramado que seria um suicídio.

Eu sou um monstro! Saiam todos de perto de mim! - ele disse irritado.

Melissa parou alguns passos de distância dele.

Mark... - ela disse com um olhar molhado por lágrimas.

Vamos fugir daqui! - Pansy disse o puxando.

Ele estava confuso demais, mas tudo que fez foi correr junto dela. Ela era como ele, uma assassina, uma covarde, uma inescrupulosa fria, sem coração e de alma distorcida. Ele sentia sua alma extremamente distorcida e fria. Ele nunca mais seria ele mesmo.

Temos que ir atrás deles, não podemos deixá-los, estão muito desequilibrados. - disse Cho.

Mark! - Melissa disse começando a correr atrás deles.

Por mim aquela Pansy morre! - disse Gina.

Mas e o Mark? - perguntou Cho.

O que está acontecendo por aqui? - perguntou Harry, que chegou junto de Jorge e Luna perto de todos.

Pansy cismou que tinha que fugir de nós e arrastou o Mark, que está muito perturbado, junto dela. - disse Gina.

Não posso deixar Melissa só. - disse Jorge.

Logo ele corria atrás dela, Harry também foi arrastado por Luna, que disse:

Estou com um pressentimento real de que algo de muito mal irá acontecer agora. - ela disse segurando a mão de Harry - Precisamos ir atrás deles.

Está certo, esta situação está me preocupando. - ele respondeu.

Enquanto todos perseguiam Mark e Pansy, restavam apenas Draco e Gina naquele centro de Londres ainda vazio, e escuro apesar da iluminação artificial.

Espero que não aconteça nada de mal ao Mark. - Gina disse depositando a cabeça no tórax de Draco novamente.

No próximo capítulo...

O que acontecerá com Mark? Será que ele conseguirá entender que tudo o que fez foi sob controle de um mau espírito? Não percam! Capítulo 12 - As Lágrimas dos Dragões

N.A: Bom pessoas, gostaram do capítulo? Espero que sim. Espero que eu tenha sabido fechar os fatos direito. E qto aos reviews eu não consegui ler todos, só vi o da Lina e não sei se tem mais algum além do dela. Então, Lina, mto obrigado pelo review! Estou morto de saudades de vc, afinal, estamos dando um tempo forçado :( ... Prometo que qdo a internet estiver de volta responderei seus reviews ;)

Valew pessoal! E não deixem de mandar reviews.

Até mais!