Disclaimer: infelizmente não consegui ainda convencer o tio Kurumada a me passar os direitos sobre os corpinhos libidinosos dos belos cavaleiros de Saint Seiya, portanto, nenhum personagem do tio Kurumada me pertence, não viso lucros com minha escrita torpe, então não me processe, por favor.
Os personagens originais, contudo, e o enredo dessa estória me pertencem, mesmo que não valham grande coisa.
Incenso e Vela
Capítulo 2
O Órfão
- Já parti o pão, você pode comer. Não sabia de que frutas gostava, peguei algumas que Milo não gosta muito... pêras e laranjas. Ele prefere pêssegos e morangos...
- As pêras e as laranjas já estão muito bem, por mim.
- Mas não é o bastante. Tome, aqui está o vinho.
- Obrigado. Não vai me dizer porque deixa aquele homem trat�-lo dessa maneira?
Mu baixou a cabeça. Era sua reação natural à quase tudo.
- Ele me ama. Mais do que tudo. Shion é um pai e uma mãe. Ele não é nem melhor nem pior que homem algum: o medo torna as pessoas horríveis.
- Do que ele tem medo?
- De que eu esteja aqui. Me ofende e humilha porque quer que eu desista da armadura.
- É um cavaleiro?
- Teoricamente, sim. De fato, não.
- Estranho.
- É uma longa estória. Mas a verdade é que Shion não pode mais ficar no santuário. Quando aparece é para me ver – me humilhar para que eu desista daqui. Eu já desisti, mas... algo sempre me arrasta de volta para cá... esta é minha casa. De uma certa maneira, foi a única.
- Ele teme por você estar aqui?
- Não sou exatamente bem vindo. – os olhos de Mu voltaram-se para as colunas do templo de Áries, fitando o alto, a alcova do mestre.
- Não parece. Até o assassino parece respeit�-lo.
- Não respeita muito. Mas Horemheb não respeita ninguém. O mestre agora é o irmão de Shion.
- Devia am�-lo também...
- Ama... ou amava... – Mu murmurou, escondendo os olhos úmidos. – Mas isso não é importante. O Santuário está mudando. E por isso volto para Jamiel. Shion precisava jurar-me ao mestre, para que eu oficialmente tenha a armadura de Áries – o que já fez. Então, não é que eu precise dele para ser um cavaleiro, mas desejo que ele me consagre, como meu mestre, que sempre foi, e como o pai que nunca tive.
- Ele devia fazer isso por você.
- No coração, ele já fez. Ele acha que serei assassinado.
- E você, o que acha?
- Eu não acho mais nada.
- Ele disse que você é fraco.
- Shion diz que sou bom e honesto demais para ser um cavaleiro 'nestes tempos em que vivemos...'
- E você é mesmo: bom demais para este mundo.
Mu ficou imediatamente vermelho. Desviou os olhos do estranho.
- Você pode se banhar lá atrás. Há uma banheira ao fundo, abaixo dela um pote de cobre trabalhado- lá você encontrará sabão de lavanda e pétalas de rosa branca. As toalhas estão penduradas, mas você terá de ir ao poço no fundo para tirar a água e enchê-la... se quiser a água quente, posso esquent�-la para você...
- Não é necessário, a água fria é melhor para o corpo.
- Mas você está doente.
- Estou bem. E ficarei melhor.
- Eu deixo minhas roupas na cesta perto do espelho. Pode pegar aquilo que melhor o servir.
- Seu mestre tem razão: sua generosidade não tem limites, Mu...É esse o seu nome, não é? Mu.
- Sim, me chamo Mu. Bem... você vai se banhar, eu vou sair, mas volto logo. Vou pedir a Milo que me arrume algumas ervas, para preparar um anti-térmico... para sua febre baixar.
- Mu...
- O quê?
- Obrigado.
- O que ganha acolhendo em sua casa um homem que não conhece? Um ladrão, Mu.
- Um homem doente e fraco.
- Ah, Mu! – Milo acariciou-lhe os ombros finos e delicados, como os de uma menina adolescente – Você sempre foi melhor do que nós. Você sempre se pareceu... se pareceu com ele.
- Ele é que não se parece mais com ele...
Milo respirou fundo. Era um fato triste. Mas não era comentado. A mudança do mestre. Olhava Mu com certo quê de uma melancolia eterna: Mu fora o preferido de Ares. Shion o fizera ser a mais mimada das crianças do Santuário, tratado como filho, com acesso livre a todos os cantos do Santuário. E agora... implorava a Shion pelo direito de estar em Áries.
- Tem mesmo certeza de que manterá este homem ao seu lado em sua casa, Mu? E se ele for perigoso?
Mu sorriu, suave e deliciosamente, como aprendera com Shion.
- Máscara da Morte me protegerá. Ao menos desse inimigo, se assim ficar provado que seja...
- Pode ter certeza de que ele não vai perder a chance de matar este, se você deixar.
Mu entrou em Áries lentamente. Das trevas da casa na qual há muito já não se acendiam velas, Shaka o observava. Mu era esbelto, seu corpo delgado, pálido como o de uma virgem de alabastro. Andava leve e suave, com passos que não tocavam o chão de tão suaves, movia-se como uma bailarina. Em tudo era feminino e delicado, mas não havia rastro de vulgaridade em sua figura. Era um criatura que, por falta de palavra melhor, Shaka imaginava celestial. Se Buda descrevesse a pureza, usaria Mu como exemplo. Ouviu o estalar das palmas das mãos de Mu e velas se acenderam por todo o templo, revelando-o no seu esconderijo, escorado entre colunas, com as calças e sandálias de couro velho de Mu.
- Ah, você está aí. Me vendo, eu imagino... – ele abaixou-se junto a uma vela que não acendera; ela acendeu-se com o simples olhar de Mu.
- Observando. Você é poderoso. Não acredita naquele homem?
- Shion sabe exatamente o quanto posso fazer: tem sido meu mestre por toda a vida... e tudo que sei, aprendi com ele.
- Sinto um cosmo emanar de você, belo e cor de lavanda, com a suavidade de renda das espumas do mar, mas avassalador; uma correnteza escondida sob o manto de uma beleza plácida.
Mu sentiu-se estranhamente confortável com o homem que devassava sua alma.
- Também sinto um cosmo poderoso vindo de você... não é um ladrão... é um cavaleiro.
Shaka sorriu. Tinha dentes branquíssimos.
- Além do seu cosmo poderoso, também é sensitivo. Tem muitos talentos, cavaleiro de ouro de Áries.
- Você é mesmo um cavaleiro?
- Não. Você é cavaleiro. Eu sou um servo de Buda.
- Não veio aqui por acaso.
- Não.
- O que espera?
- Você verá.
De repente Mu sentiu-se tomado de um ímpeto provocador.
- Eu poderia entregar você para Horemheb.
- Claro que poderia.
- O que o impediria de mat�-lo?
- Eu mat�-lo antes, por exemplo.
- Você não seria capaz. – Mu ficou pálido.
- Ficará surpreso com o que posso fazer, Mu.
- Já estou surpreso.
Naquela noite, Mu dormiu mal, rolando no chão duro da casa de Áries. Acostumara-se a dormir no chão, como Shion. Na verdade, quando Mu chegara órfão ao Santuário, seguro pelas mãos tão delicadas e femininas de Shion, então o Mestre, foi para ser tratado como filho. Dormiu na cama com Shion até os oito anos. Depois, quando Shion passava as noites em Libra, dormia sozinho, sem medo, acordava cedo e ia a Libra contar-lhe que não tivera pesadelos, e que era corajoso. Percebeu que Shion preferia o chão à cama, como o via dormir em Libra, com Dohko, impulsivo e vivo. Mu o adorava. Fascinava-o a figura forte e máscula de Dohko em oposição à delicadeza de louça de Shion.
Dormia no chão em Jamiel – só que agora estava inquieto e insone. O estranho homem que acolhera era dono de um cosmo luminoso e dourado. Não era mendigo, claro que não; Horemheb esta ansioso demais para matar alguém e sequer notara o porte altivo, a elegância, a postura desafiadora de Shaka. Ele não era um qualquer. De repente, Mu sentiu-se invadido pelo medo, como quando tinha pesadelos e mentia para Shion dizendo que não tinha medo de dormir sozinho. Trouxera o desconhecido para casa... e se ele fosse perigoso? Não estava sozinho no Santuário, abrira Áries, a porta de entrada daquela fortaleza, para um perigoso homem sobre quem não sabia coisa alguma, exceto o insólito encantamento pela beleza dele.
Nana: minha querida colaboradora das madruagadas afins! OBRIGADA. E sim, Shion é carcar�, pega, mata e come. E ficará pior.
Elindrah: Oh! É você! Que bom que você gostou do clima da fic! Era exatamente essa a proposta, fiquei muito feliz quando comentou particularmente isso. Eu adoro Mu e Shaka e detestaria retrat�-los como pessoas comuns. Eles são essencialmente etéreos, quase que sublimes, por causa da veia 'religiosa' que o Kurumada deu a ambos. Assim mesmo, fiquei contente que agradou.
Eloarden Dragoon: segundo comentário feliz do dia para a senhorita dos mil nicks! E na minha ficzinha de Mu e Shaka! Hehe! Viu, não demorou nada, ai está o capítulo 2. Ah, o MdM agradece ao elogio... :P
Mu e Shaka 4ever Ol�! Aqui está o capítulo 2, prontinho! Aproveite. Sim, o Shion é mau, mas não é sem razão. Parte da razão está qui, neste cap. 2, mas há mais coisas por aí. E, Vivica, não se desespere! Qualquer que seja o final, tenho certeza de ue ficará feliz com ele, prq Mu e Shaka garantem boas estórias sempre! Beijos!
