Disclaimer: Os personagens libidinosos e deliciosos de Saint Seiya são personagens do Tio Kurumada. Portanto, tudo que produzo utilizando os personagens originais dele são objetos de mera diversão e não têm fins lucrativos de espécie alguma. Os personagens, nomes e enredos originais dessa fic, mesmo não sendo de grande valia, me pertencem, contudo.
AVISO! Há um 'semi-lemon' neste capítulo. Portanto, se você se sente ofendido, esteja desde já avisado do conteúdo. Se você for menor de idade... aproveite para ler escondido!
Incenso e Vela
Capítulo 7
Revanche
Os gritos de 'luta, luta' ecoavam pela arena. Era sangue o que queriam. Shaka, no entanto, agradava-se pouco da visão do sangue. Seu estilo era mais limpo e sutil, mas enormemente cruel.
– Hoje poupei sua vida, em respeito ao que me fez, Mu.
– Ah, então você me poupou...
– Poderia tê-lo matado e ao seu amiguinho.
– Ser�?
– Duvida?
– Eu poderia ter arrancado sua cabeça do pescoço.
– Talvez. E porque não fez?
– Sou cavaleiro, não mato para medir forças.
– Agora eu também sou cavaleiro... e com as bênçãos do seu Mestre.
Mu deu um muxoxo de tédio. "Seu Mestre"? Não. O Mestre para ele era outro.
– É o que parece. – respondeu por fim. – Se acha que uma armadura torna alguém cavaleiro.
O jovem loiro deu de ombros e ignorou o comentário.
– Não me dá os parabéns?
– Por que eu deveria?
– Ainda está chateado? Pelas verdades que eu fui obrigado a dizer para você?
– Verdades?
– Todos aqui sabem o que você é, Mu.
– Ah, é? E o que eu sou, Shaka? - Mu perguntou, furioso. Ao lado dele, Horemheb puxou-lhe o braço.
– Venha garoto. – Câncer protestou. – Não faça isso.
– Você é, Mu. Você é um cavaleiro fraco e medroso. É alguém que não conseguiu uma armadura, mas sim a teve porque o cavaleiro de Áries morreu. É um homenzinho hesitante, covarde e com modos sexuais que envergonhariam até o mais ínfimo dos aprendizes de cavaleiro. É gente como você que envergonha o serviço de Athena e que faz com que outros não prestem o devido respeito ao ofício de defensores da paz. A visão simples da sua figura acovardada encorajaria os exércitos do inferno a nos invadirem sem pudor...
Mu engoliu a raiva, as lágrimas, a revolta. Os cavaleiros que a princípio divertiam-se com os insultos, calaram-se. Mesmo os menos inteligentes perceberam que as aparentes injúrias dedicadas a Mu foram sutilmente para eles também.
– Quer que cuide para que o nosso amigo fale um pouco menos, Mu? – Horemheb perguntou, sentindo o braço de Mu arrepiado de raiva entre seus dedos. Não, Máscara da Morte não era um benfeitor, mas já fazia tempo que não criava confusões no Santuário. Estava louco para distribuir alguns sopapos em alguém forte. Irritava-o brigar com aprendizes tolos.
– Não, Horemheb, obrigado. Uma ofensa dessa altura só é limpa com sangue e eu não sou um assassino.
– Ora, isso não importa, porque eu sim, sou um assassino... e eu ia adorar fazer bodyboarding com as fuças brancas dele no mármore cascudo das escadas de Virgem...
– Se estivesse vivo para fazer isso. – Shaka replicou, suavemente.
– Pode apostar que ia. Não tenho medo de você, queria ver essa sua pompa quando estivesse sem cabeça ralando os joelhos nos espinhos do Hades.
Shaka resmungou, "Arrumou um outro amante para proteger você, Mu..."
Horemheb fez um gesto em direção a Shaka. Mu segurou-lhe a mão delicadamente.
– Deixe-o, Horemheb. Um homem que não consegue compreender lealdade e amizade é porque jamais as experimentou. Seu destino divino, Shaka, é vagar de olhos fechados e só. Por isso Buda o escolheu: porque ninguém além de um Deus poderia tolerar a companhia ignóbil de alguém como você.
Shaka exaltou-se então, pela primeira vez.
– Buda me escolheu porque sou digno!
– Ele o escolheu por pena.
– Eu não sou digno de pena!
– Ah, é sim!
Shaka bateu-lhe furiosamente no rosto. Um fio delicado de sangue escorreu pelo nariz pequeno de Mu.
– Mu, revide! – exigiu Horemheb.
– Não! – Mu sentiu o seu lado mais negro, o mais vil de seu caráter aflorar. – Não vou fazer isso. O homem que anda com deus não merece que eu o bata. É um covarde...
– Covarde? Eu?
– É... está louco por mim! Louco! Mas não é homem o bastante para assumir então me ofende... me ofenda, Shaka! Quer que eu retribua o tapa? Será como uma carícia roubada, não? Não lhe darei o prazer do toque da minha mão!
– Saia da minha frente, Mu ou eu serei o brigado a fulminá-lo!
– Me fulmine então!
Ele abanou o rosário ameaçadoramente. Mas desistiu no meio do caminho.
– Não! Você disse bem: sou um cavaleiro, não um assassino!
Shaka balançou no ar a capa da armadura e desapareceu em uma névoa dourada.
Ao vê-lo sumir, Mu se percebeu só e humilhado entre aqueles aprendizes idiotas que sempre o hostilizaram. De repente, era como se o ar dali fosse irrespirável. Saiu correndo, desgostoso, desceu as escadas como se estivesse fugindo da morte. Só queria sair dali. Ser livre outra vez. Queria poder correr para Star Hill e se esconder debaixo da mesa onde Shion assinava os documentos importantes do Santuário e ouvir escondido ele dizer para Dohko, baixinho, que o amava, em chinês. E ouvir a voz delicada do mestre reclamar de como Milo só lhe dava aborrecimentos e de como Kanon e Saga tinham conseguido trazer prostitutas libanesas para dentro das Arenas baixas, vendendo os serviços das 'moças' e recebendo 35 de comissão... mas nunca mais haveria um esconderijo seguro depois que Shaka entrara em sua vida, porque o maldito indiano lhe devassava a alma...
Trombou violentamente com um cavaleiro que então subia as escadas. Quando se levantou, viu que Aioria o seguia desde a Arena. Ele tinha ido apanhar um casaco em Leão e perdera Mu de vista. Quando o ariano trombou com o cavaleiro de prata que subia, ganhou tempo e o encontrou. Mu, que a princípio queria ficar sozinho e fugir, sentiu seu coração apertado e feliz ao ver um rosto conhecido.
– Por Zeus, Aioria, me tire daqui! – Mu enterrou o rosto banhado em lágrimas no peito de Leão. – Esse lugar e essas pessoas me dão nojo!
Aioria respirou fundo. Era preciso ser sábio para com Mu.
– Vamos, Mu... assistir a um filminho, hein? A matinê... são os piores filmes, mas os mais engraçados... você lembra?
Mu levantou o rostinho pequeno, com um meio sorriso, os dentes brancos. Tantos anos que não ia ao cinema!
– E nós vamos sentar no fundo?
– É lá que sentam os namorados, não é?
– Ahã.
– Então é lá que eu vou colocar você... Shion sempre te dizia que eu era um bruto indecente... então... já estou mal intencionado...
Mu reconheceu a boa vontade e o carinho do seu primeiro amor.
– Aioria... obrigado... obrigado... se não fosse você...
– Não me agradece. Sempre foi assim, não foi? Você por mim, eu por você.
Aioria vestiu Mu com seu sobretudo preto. O céu estava encoberto e um vento gelado soprava do mar. Sempre cobriu Mu com aquele enorme casaco preto, para que não o importunassem pelas roupas do treinamento em Jamiel. E também, tinha que admitir, porque achava que ele ficava ainda mais bonito todo de preto, contrastando com a pele, os olhos e os cabelos. Desceram as casas, os olhos dos cavaleiros e aprendizes os seguiram em assombro. Era uma 'dobradinha' que nenhum deles esperava ver se repetindo. O irmão do poderoso Aioros de Sagitário, o traidor; e o pupilo do Grande Mestre, o invencível Shion de Áries.
Desceram já rindo, a cabeça cheia das lembranças do passado. Foram pelas mesmas ruas, correndo pelas vielinhas estreitas de mãos dadas, pulando as poças da chuva do dia anterior. Aioria fascinado via Mu correr, com o rostinho já corado pela corrida, ofegante, suado, os cabelos soltos espalhados sobre os ombros e fios colados no rosto. Mu fora uma criança linda, adorável. Mimado e delicado como louça... mas o jovem homem que ele estava se tornando era, para Aioria, ainda mais encantador.
-X-
De mãos dadas, Mu olhava displicentemente para o vazio, as entradas na mão, na fila para entrar na sala única do cinema sujo e velha que freqüentavam quando crianças.
– Mu... – Aioria o chamou.
– O que?
– Já disse que você é lindo?
Mu ruborizou ligeiramente. Passou os dedinhos pelo nariz do Leão.
– Hoje ainda não.
– Você é lindo.
– Não vou dizer o mesmo de você para não parecer que estou só retribuindo o gesto... quando estiver distraído eu digo o quanto acho você bonito.
– Olha, Mu!O senhor Karnassis já chegou. – Leão apontou para o velho de cabeça grisalha do lado de fora.
– Pergunta se tem de creme.
– EI! O CREME TÁ DOS BONS HOJE, SENHOR KARNASSIS?
– Aioria, bobo! – disse apertando o braço dele, as pessoas do hall os encarando, como sempre.
– Ele já está surdo, Mu! – Aioria acenou para o velhinho curvado ao lado da pequena carrocinha de sorvete. O velhinho fez sinal de positivo.
Entraram no cinema pulguento e sentaram-se na última fileira, onde se sentavam os namorados, aqueles que não iam dar muita atenção ao filme. Era uma reprise antiga, ninguém estava realmente interessado. Aioria segurou a mãozinha pequena de Mu entre seus dedos fortes e grossos. Ele tinha calos – era de manejar o arco e flecha. Treinava com as flechas de Sagitário; depois de Aioros morrer, Marin o ajudava a 'surrupiar' flechas das amazonas para continuar treinando. Adorava sentir o peso macio da cabeça de Mu acomodar-se em seu ombro, o cheiro de lavanda dos cabelos claros na sua pele que despertavam nele o mesmo frisson, o mesmo burburinho dos hormônios de anos atrás, como se não tivesse se passado mais do que um fim de semana desde a última vez que se encontraram ali, cada vez mais ousados e cada vez menos envergonhados. Perderam a virgindade juntos. Acreditava que conhecia os desejos de Mu melhor do que os dele. Passou o braço pelos ombrinhos delicados.
– Está bem assim?
– Sim, você é macio.
– Mais ou menos... tem uns lugares menos macios... mais durinhos, lembra?
– Calma aí, indecente... – Mu deu um risinho tímido. – Eles nem apagaram as luzes ainda.
– Está esperando o escurinho, hein? Safado...
– Claro. Era só o que faltava, sermos expulsos antes de começar o filme...
– Lembra daquele dia?
– Lembro. – o vinco adorável na testa – E não gosto... ele me chamou de duende!
– Ah, Mu, vamos lá... você parecia duende!
– Me lembre de nunca mais me vestir de verde...
– Você era um duende lindo...
As luzes apagaram-se logo. Mu imediatamente enfiou a mão na camisa de Aioria: era um hábito seu de longa data: assistir aos filmes com as mãos dentro da camisa de Aioria, os dedinhos pequenos brincando perto do umbigo do amigo. Estava triste, muito triste, mas assim, triste como estava, parecia-lhe que Aioria era belo, belo como as estátuas irritantemente perfeitas da Atenas Clássica, que enfeitavam monumentos pela cidade.
Shion lhe explicara como as estátuas eram feitas. Os artesãos viajavam toda a Grécia e copiavam modelos vivos. Escolhiam a parte mais bela de cada modelo e depois usavam o 'canon', a vara ( posteriormente chamada 'régua' ) para igualar as proporções. Por isso eram tão lindas. E Aioria tinha o mesmo abdômen das estátuas dos heróis gregos, com músculos aparentes, onde ele deslizava suas mãos de ferreiro, ágeis, delicadas, mas extremamente precisas nos movimentos. Sentiu o abdômen sob suas mãos respirar e inspirar cada vez mais lenta e pesadamente, especialmente quando roçava as unhas delicadas pelo caminho de penugem que ia do umbigo até embaixo.
– Não faça isso, Mu. – Aioria pediu em um fio de voz, a mão sobre a do ariano, hesitando em tirá-la completamente ou ceder ao seu desejo e terminar de enfiá-la dentro de suas calças jeans justas.
– Por que? Você não me quer? – Mu terminou de deslizar a mão inteira para dentro das calças.
– Mu...não somos crianças... você sabe... não é difícil desejar você. Mas precisa saber o que está fazendo...
– Eu sei. – Mu mordiscou a orelha de Leão. – Eu preciso sentir alguma coisa, desesperadamente, que me faça esquecer que estou sofrendo tanto, Aioria... me beije... faça isso por mim...
Aioria respirou fundo para beijar Mu como se lembrava que o outro gostava de ser beijado: suave e delicadamente. E era tão difícil conter seus instintos mais latentes, especialmente com a mão de Mu estando onde estava... mas o pequeno ariano assustava-se facilmente e era preciso ser suave ao máximo com ele.
Naquela noite, foi diferente. O elfo distante das suas lembranças de menino beijou-o sôfrega e desesperadamente, mordeu seus lábios e explorou sua boca como nem a mais ardente das amantes teria feito. Suas mãos talentosas de ferreiro avançaram sobre sua pele por dentro da camisa, por suas costas e peito desenhados pelo treinamento incessante com uma voracidade até então desconhecidas para Aioria. E antes que pudesse protestar – ou, ainda, incentivá-lo a continuar – o ariano tímido atacou-lhe o pescoço com beijos de arrepiar até a alma, descendo, descendo, descendo até Aioria sentir o hálito quente dele perto do seu umbigo, a língua macia desenhar círculos no seu ventre e as mãos de Mu abrirem seu zíper. Ouviu o sussurro do ariano: "Não gema alto ou vamos ser expulsos pelo lanterninha que nem da última vez."
-X-
Na calçada, em frente ao cinema.
– Mu, você enlouqueceu. Como teve coragem de fazer aquilo?
A pergunta justificava-se; "Aquilo" sempre fora especialidade dele, Aioria...
– Você não gostou? – ele perguntou, passando o sorvete de creme escorrendo da casquinha para Aioria. Era o mesmo sorveteiro de anos atrás, o senhor Karnassis, que ainda vendia sorvete na frente do mesmo cinema, quase como uma foto, como se aquela cidade estivesse sempre se repetindo, um filme de reprise diária.
– Tem como não gostar daquilo?
Mu riu suavemente. Sentia-se intensamente triste, mas aliviado de uma certa maneira. Limpo. Como se depois de tanto escarro moral de Shaka sobre si, pudesse finalmente sentir-se limpo, quase que santificado pela presença de Aioria. Ele, Aioria, era um homem de verdade, íntegro, honesto e forte, cavaleiro de ouro há anos – sempre o amou suavemente, como namorado ou como amigo, não importava. Nunca o julgou, nem desmereceu, nem reprovou. Que direito tinha Shaka de fazê-lo? Em que ele podia dizer-se melhor que qualquer um deles? Melhor que Aioria ou mesmo que Horemheb, que não interessava como, era um cavaleiro de ouro de um cosmo que queimava até as alturas!
– No que está pensando, Mu?
Franziu o rosto, os dois pontos contraíram-se levemente.
– Nele.
– Ah, Mu...
– Cretino! Quem disse a ele que ele poderia derrotar qualquer um de nós? Ele nem bem chegou e já se sente melhor que todos, a ponto de nos julgar, e de nos julgar moralmente, o que é ainda mais pretensioso.
– Eu disse que ele era perigoso.
– Eu tenho cosmo, Aioria. Também sabia que ele é perigoso.
– Por que deixou ele entrar na sua casa?
– Por que seria, Aioria?
– Não me diga que gosta daquele homem? Ele é podre.
– E desde quando a lógica funciona dessa maneira?
– Você podia ter sido mais forte, Mu. Se preservado mais.
– Podia ter levantado todas as barreiras contra isso, mas nada impediria que eu o amasse como o amo agora, Aioria.
– Mas Mu... ele desde que chegou se empenha em ofender e desmoralizar você... você e todos nós, por tabela.
– Não percebe, Aioria? Ele está desesperado. Ele vê a fraqueza que se aproxima e não controla mais o que pensa e sente. Agride a mim como um louco, sem razão e sem porquê.
– Isso é amor... – debochou Aioria, com uma ponta de irritação.
– Não vai entender, não é, Oria? Porque não quer.
– Não, não é isso. É porque quando te amei, levei as lambadas de vara de marmelo no seu lugar porque doía na alma ver você apanhar, e menti porque queria ficar com você e fugia do santuário para beijar você... aprendi a fazer amor com você de todos os jeitos possíveis e imagináveis! Isso é amor. O que aquele homem faz com você é maníaco.
– Acho que nem ele se importa com isso.
– Pior então para ele.
– Oria...
– O quê, duende?
– Gostaria de dormir comigo?
– Sem me convidar para jantar e nem me dar flores? Como assim? Eu sou de família, viu?
– Posso convidar você para jantar e te dar uma Flor de Lótus que está no fundo da minha casa de Áries.
– Ah, assim melhorou. Acho que posso deixar você se aproveitar de mim, porque se você me der flores, quer dizer que ama... não é?
Mu estava rindo, dessa vez com muito mais entusiasmo.
– É, claro. E se você for bonzinho, te darei até uma 'carona' para Sagitário...
– Sagitário?
– A vista é muito mais bonita de lá... lembra?
– Claro que me lembro! Nossa... levei 20 lambadas de vara de marmelo na bunda naquele dia.
– Eu levei 60.
– O Shion teve coragem de te dar 60 lambadas de vara?
– Ahã. Me deu 20 lambadas pela vergonha de ser pego dormindo nu com outro aprendiz, mais 20 por ter fugido do treinamento da tarde e mais 20 por eu ter me entregado a um bruto vadio como você.
– EU? Bruto vadio?
– Ele gostava de você... mas que você era bruto e vadio, isso você era!
– Ah, sim, eu te levava para Sagitário para beijar esse corpinho todo; o Mestre te dava 60 chibatadas mas o bruto sou eu! – Aioria debochou. Era engraçado lembrar. Apanhava-se muito, mas se divertia muito também. O santuário era o máximo quando Shion era o mestre e quando Aioros era o jovenzinho mais atrevido e corajoso da Acrópole...
– Mas eu cicatrizo rápido. Nem fiquei marcado.
– Ah, mas eu fiquei, e bem marcado!
– A sua bunda ficava tão bonitinha... vinha a marca da bermudinha ridícula que você usava quando a gente fugia para Pireu para praia – lembra? – e aí logo em cima as listras vermelhas das varas...
– Isso, Mu! Ri! Ri mesmo! Me lembro! Quem me deu a bermudinha foi o Mestre Shion!
– Desculpe, mas eu gostava tanto de você que achava bonitas até as suas cicatrizes...
– Isso é o amor, Mu. Console-se porque aquele idiota nunca vai ser amado por ninguém, e isso já é um castigo e tanto, até para alguém que se basta com seu próprio ego, como ele.
Mu apenas apertou o braço de Aioria contra o seu.
– Vamos, Oria. Quero virar esta noite em êxtase e não pensar. Preciso não pensar em nada...
– O que vai fazer amanhã, Mu?
– Voltar para Jamiel. Aliás, eu nunca devia ter saído de lá. – ele deu um dos seus longos suspiros de conformação. – Como Shion sempre me alertou.
– Se eu não soubesse de tudo que sei, pediria para você ficar.
– Eu sei. Mas eu estou aqui, não estou? E por esta noite, serei só seu.
-X-
Antes que Aioria despertasse, Mu desfez-se do braço musculoso que o abraçava. Perdeu alguns minutos da cálida manhã que nascia para observar os contornos tão masculinos e tão conhecidos do cavaleiro de Leão. Sob a luz ainda sutil do nascente, o delinear do corpo nu e de bruços do outro. As marcas das cicatrizes pareciam enfeites estratégicos – ele era belo, sua cor brônzea, a pele firme e lisa, os músculos que pareciam ter sido desenhados à lápis com espero por algum deus apaixonado. Tantas vezes acordara com aquele corpo junto ao seu, e ainda sim seu coração o entendia como irmão mais do que como amante. Eram sempre juntos, o tempo todo, e completavam as frases um do outro, escapavam e apanhavam juntos – sempre porque estavam junto de Kanon e Saga ou de Milo, que Shion dizia 'ter o diabo no corpo'. Aioria ensinou Mu a beijar e a manejar o arco e flecha; Mu ensinou Aioria a falar em Sânscrito e fazer sexo tântrico... claro, levaram muitas lambadas de vara quando Shion os pegara escondidos, lendo e gargalhando com um Kama Sutra que Kanon tinha comprado em um sebo no centro de Atenas... mas foi engraçado. Lembrava-se depois que Shion freqüentemente o interrogava sobre as posições sexuais do livro, querendo saber se havia algo que ele particularmente não conseguisse fazer. Quando lhe confessou, timidamente, que não conseguia fazer quase nada, o Mestre rebateu: " Faça mais Ioga, e tente com uma mulher."
Quando o sorriso suave das suas reminiscências apagou-se, beijou as bochechas bronzeadas de Leão, banhou-se e vestiu-se. Antes de sair, escreveu um bilhete em sânscrito para Aioria. Ele ia demorar a ler, sabia bem que indisciplinado e teimoso, ele já devia ter abandonado as aulas da língua milenar há tempos. Isso o daria algum tempo, caso Aioria decidisse se despedir, uma cena que Mu não queria assistir: estava cansado de despedidas em sua vida.
Desceu para Áries sentindo o vento fresco da manhã invadir seus pulmões e lavar um pouco sua dor. Estava voltando para Jamiel com sua armadura e a espada. E nada mais importava. Não iria esquecer Shaka... mas isso também não era importante. Sobreviver era importante – ele já tinha sobrevivido à morte de seu mestre, que também foi um pai; já tinha sobrevivido ao abandono de Dohko, que recusou-se a levá-lo com ele, embora, hoje, já mais velho, Mu compreendesse o quão dolorida seria a sua presença para Libra – justo ele, Mu, que em tudo se parecia com o Mestre. Sobreviveu ao final de seu namorico infantil com Aioria, ao romance com a jovem Polixena, a poderosa primeira Sacerdotisa de Athena , banida do Santuário por Shion... sobreviveria à Shaka. "Você tem sangue de príncipes," era o que Shion repetia, "não deixe que ninguém duvide disso, nunca!"
Apanhou sua armadura e usou sua telecinese para voltar a Jamiel, seu palácio eterno de príncipe recluso, defraudado dos seus diretos, exilado. Exilado.
-X-
Comentários & Agradecimentos:
Nana: Minha queridíssima baby Nana, é um prazer fuçar suas estórias e ajudar a escrevê-las, nem que seja com um pitaco ou outro! Quando às lutas, sim, eu sei que você preferiria um pouco mais de sangue, mas entre uma transfusão e outra um pouco mais de amor vai bem!
BelaYoukai: Ol�, menina! Que maldade! Eu não terminei na melhor parte! E você tem razão, com um Sahkinha cruel desses... apesar de que lindo como ele é, pode ser malvado á vontade!
Amy: bebê fada! Olha só, Shakinha é mal, mas ele é fofo. Então ta desculpado... e ele não aprontou um terço das maldades previstas, então guarde sua raiva aí!
Elindrah: obrigada pelos elogios! E, modéstia á parte, eu também gostei muito desse trecho em particular em Mu fala da morte de Shion. Eu o reescrevi várias vezes e até hoje eu o leio e acho que poderia ter ficado melhor...
Ia-Chan: Oh, menos guerra e mais amor... Shakinha é duro na queda, mas está na cara que ele preferia uns beijinhos aos socos, certo? Mas também, com o Muzinho lindo do jeito que é, todo mundo ia preferir, não é?
Mo de Áries: menina, você está bem para fazer companhia para minha amiguinha Nana, ele também é uma sanguinária! Pode deixar que eu vou providenciar uma certa sangria nos próximos capítulos! Neste aqui ficamos mais no 'faça amor não faça guerra'...
Ilia-Chan: Ah, essa paradinha AresxShionxSaga vai ficar bem pro final, porque, para dizer a verdade, ainda estou terminando de fechar os detalhes para amarrar tudo... como não dá para fechar com a versão oficial ( já que a tia aqui fez questão de mudar tudo! ) eu tenho que dar conta de muitos fios soltos... mas espere! Isso vai aparecer!
Thaissi: Ol�, moça! Olha, quanto ao Mu ter noção real da extensão dos seus poderes... não teve retrospectiva porque ele vai falar sobre isso no futuro. Eu preferi deixar isso meio obscuro mesmo, para cada um pensar o que quisesse; mais tarde isso ficará mais claro. E luta entre eles nem vai precisar: você verá que logo a 'verdade' das coisas aparecerá e todos verão que Mu é forte meeeeeesmo! Beijocas e obrigada pelos elogios!
Lili Psique: Pronto, aí está... pegação até teve, mas não foi entre mu e Shaka... hehehe. Menina má que eu sou... deixar esses bebês que se adoram tão separados! Beijinhos!
Lola Spixii: Lola, você é m�, não tente estapear meu Shakinha, viu? Senão eu mando a galera do Licom te jogar lá de cima, viu? E não se esqueça que você é a minha lemon-sensei ( reverências para Lola-Sensei! ).
Ufa!
Vera, Bélier e todos os meus leitores que estão por aí: crinacinhas, a tia Vê ama vocês! Obrigada por tudo! Beijos e até semana que vem!
