Os mistérios de Londres

Segunda Parte: Aristocratas

Capítulo 05 - O clube dos valetes de copas


O clube era um vasto edifício, construído em Pall Mall, e certamente não custara menos que alguns milhões. Fora comprado por algum benemérito sócio que decidira ficar anônimo, mas que não era outro senão nosso conde Riddle.

James conhecia o lugar, apesar de não ter estado muitas vezes ali. Calmamente, o rapaz dirigiu-se para a sala de jantar, cujas nove janelas davam para o jardim, onde as árvores começavam a deixar cair suas folhas amareladas; era começo de outono.

Ele se sentou numa mesa reservada, a mesma que Tom sempre ocupava quando ia fazer suas refeições no clube. Ali ficou esperando, enquanto bebericava um copo de vinho, a observar pela janela as pessoas que entravam no prédio.

Uma cena lhe chamou a atenção. Uma moça loira entrara no jardim perseguindo um rapaz que não era estranho a James. Os dois pareceram discutir por alguns instantes até que ela começou a chorar. Apesar da distância, James podia ouvir alguns de seus gritos desconexos até que dois guardas vieram convidá-la a se retirar e o rapaz entrou bufando no prédio.

- Finalmente. – Sirius bufou enquanto se deixava cair sentado na cadeira em frente à do rapaz de óculos – Porque elas sempre acham que podem nos mudar? Eu nunca enganei nenhuma delas, sempre avisei que não quero nenhum tipo de compromisso. Mas mesmo assim, elas sempre fazem um escândalo no dia seguinte.

- Mulheres são tolas, Sirius. – James riu, piscando o olho – E fáceis demais. Gostaria de ter um desafio um pouco maior de vez em quando...

- Bem, poderíamos ir tentar as freirinhas de algum convento. – o outro rapaz respondeu, pensativo – Supõe-se que elas têm alguma coisa de santa. Talvez elas resistissem a nós.

- Não acredito muito em santos. E, ao final, todas são mulheres.

- É, você tem razão.

Um dos criados do clube, de grave aspecto e casaca preta, trouxe o almoço para a mesa dos dois rapazes: salmão defumado acompanhado de vinho branco. Durante a refeição, eles permaneceram em silêncio, embora ambos sentissem alguma expectativa no ar. Finalmente, quando o mesmo criado retirou os pratos, eles se encaminharam para o salão, compartimento magnífico ornado de pinturas ricamente emolduradas.

James foi quem quebrou o silêncio opressivo que se abatera desde o início do almoço.

- Então... Hoje é o grande dia.

Sirius assentiu com a cabeça.

- Acho que deveria estar sentindo uma ponta de ansiedade. Mas, de alguma maneira, eu acho toda essa história um tanto quanto idiota. Não entendi porque precisamos de uma iniciação, a não ser que queiram que façamos um pacto com o demônio ou coisa do tipo.

James meneou a cabeça, rindo da idéia do amigo.

- Pacto com o demônio? Sirius, você sinceramente acredita nisso?

O rapaz deu de ombros.

- Não dizem que tenho uma família amaldiçoada?

- Seja como for, não acho que meu "tio" vá querer que façamos um pacto com o demônio ou com qualquer entidade do tipo. Vai ser só algum juramento bobo e vão tentar infringir algum medo... Mas nada que não possamos quebrar se realmente quisermos.

- E depois. Seremos apenas mais dois respeitáveis membros do clube dos valetes de copas? – Sirius perguntou curioso.

James ficou com o olhar perdido por alguns instantes quando um velho senhor passou por ele. O velho também o notou e fez uma cara de intenso desagrado quando cruzou seus olhos com os do rapaz. Sirius tocou o ombro do amigo, tentando fazê-lo voltar à realidade.

- James? O que está acontecendo?

O velho desapareceu sem se voltar para encarar os dois jovens e James suspirou.

- Aquele homem é meu avô. Pai de minha mãe. Eu não sei o que Tom fez para que ele me reconhecesse como neto há dez anos, mas o tempo não acabou com o imenso desprezo que ele sente por mim. Sinceramente, eu queria que ele não tivesse me assumido com um legítimo Potter já que ele preferia claramente me ver morto.

Sirius riu.

- Hei, companheiro! Parece que temos mais em comum do que achávamos. Meu pai também preferia me ter sete palmos abaixo da terra.

- Pois é... Podíamos era ser irmãos. – o rapaz riu – Se não irmãos de sangue, pelo menos irmãos de alma.

Sirius assentiu mais uma vez e abraçou James pelos ombros.

- Irmãos de alma então. Mas você ainda não me respondeu sobre o que vai acontecer depois de sermos membros do clube.

- Eu não sei quanto a você. Mas eu vou viajar daqui a uma semana para o interior, para um convento. Conversar com um velho e roubar um quadro, pelo que entendi. Grande missão, não acha?

O primogênito dos Black arqueou as sobrancelhas.

- Conversar com um velho e roubar um quadro de um convento? Mas que diabos significa isso?

James deu de ombros.

- Meu tio disse que ia me explicar depois da iniciação de hoje à noite.

- Um convento de frades?

James riu, lembrando da conversa de mais cedo.

- Não. De freiras. Porque você não vai comigo e vira tentação de alguma noviça incauta?

- Até que não é uma má idéia...

A tarde se passou lentamente para os dois rapazes, que, para se distrair, usaram o salão de jogos do clube para algumas partidas de pôquer. Às oito horas eles voltaram para a sala de jantar. Ali ficaram conversando até um dos criados aproximar-se deles às dez para as onze, trazendo um bilhete.

Estava na hora. O próprio criado os guiou através de corredores escuros para os subterrâneos do prédio, onde a verdadeira face dos valetes de copas se escondia. Numa câmara de pedra, foram convidados trocar as vestes de cavalheiros por túnicas negras. Um capuz escondia a cabeça deles e uma máscara branca de porcelana velava seus rostos.

Finalmente puderam entrar no grande salão onde os outros membros do grupo esperavam. James sorriu por trás de sua máscara. Como Sirius dissera, tudo aquilo mais se assemelhava a uma iniciação de uma seita demoníaca. Mas a convivência com Tom e sua própria inteligência natural podiam ver através de todo aquele aparato.

Tudo aquilo não passava de teatro. Uma maneira de manipular os tolos que se filiavam ao clube e que não passavam de peões na busca do conde Riddle por mais poder. Qualquer pessoa sem sangue frio se assustaria com aquele salão de pedra frio iluminado por tochas esparsas.

Sirius também não parecia incomodado com o ambiente fantasmagórico. Na verdade, ele parecia muito à vontade a até mesmo achando um pouco de graça naquilo tudo.

Os dois olharam para frente, onde uma figura maior esperava. James não precisava de muito esforço para adivinhar que aquele era o vulto de Tom. Havia outras pessoas que caminhavam para o centro do círculo em que o conde esperava. Outros que, assim como eles, estavam sendo iniciados.

Ele se sentiu observado e virou-se discretamente, mas pode ver apenas um vislumbre de um par de olhos verdes brilhantes. Alguma coisa o perturbou nesse momento, como se soubesse que havia alguma coisa errada. Mas não podia demonstrar isso agora. Não podia ou arruinaria os planos do conde.

Afinal, o espetáculo começara...


É isso aí... acabei mais um. Para quem não adivinhou a referência do capítulo passado, era o livro "Os templários". Esse daqui vai ser mais fácil de adivinhar. Só que são duas e não uma referência...

A primeira parte desse capítulo, onde o clube nos é apresentado, é uma homenagem a um livro de Júlio Verne (vejam que dica maravilhosa!). A parte do "ritual" é inspirado em um filme de uma série famosa. Sempre que você ouve a música, vai se lembrar desse personagem. Acho que o ator principal era Harrison Ford... Como é uma série, vocês vão ter que ser específicos no nome do filme, certo?

Bem, beijos para BabI BlacK, ang, Lisa Black, Juliana Montez, Helena Black, Je Black, witches, Lily Dragon, Ameria A. Black, Juliana, Mah Clarinha, Belle Aurore, Babbi Potter, Adriana Black, Dynha Black, Marmaduke Scarlet, PattyFelix, G-Lily P, Jessy, Ewan Potter (que acertou o resultado do nosso dever de adivinhação) e para todos que estão acompanhando a fic.

Beijos,

Silverghost.