É, eu sei que vocês vão me matar depois desse último capítulo... Mas pensem pelo lado bom... Próximo capítulo, o remus vai finalmente aparecer.

Comentários, críticas, ameaças de morte... Já sabem onde me encontrar, não? Não vou poder responder às reviews hoje, mas no próximo capítulo eu respondo a todo mundo, ok?


Os mistérios de Londres

Terceira Parte: Olhos verdes

Capítulo 12 - Traição


- Muito bem, Lily... – Albus observou a neta atentamente – Eu só tenho uma última pergunta.

A ruiva assentiu, mantendo-se sob controle. Até ali, seu bisavô só tinha feito perguntas superficiais, nada que tocasse aos valetes de copas. Mas ela sabia perfeitamente bem que Dumbledore não ia deixar passar em branco seu silêncio nos últimos três meses.

- Por que você não respondeu minhas cartas? Seu velho avô necessita de um pouco de atenção, querida.

Lily sorriu. Mas por dentro sabia que aquele tom inocente do velho senhor escondia os verdadeiros pensamentos dele.

- Eu estava por demais concentrada em meus afazeres. – ela respondeu, séria. E, em parte, não estava mentindo – Pretendia escrever ao senhor apenas quando obtivesse sucesso na missão que me confiou.

Foi a vez de Dumbledore sorrir. Antes, no entanto, que ele pudesse responder, a porta da biblioteca se abriu, deixando passar por ela Geneviéve Evans. A mulher abriu um sorriso ao ver quem estava com sua filha, mas não era o sorriso alegre que geralmente ostentava nos lábios.

- Olá, vovô.

- Há quanto tempo, minha pequena... – Albus levantou-se para abraçar a neta.

Geneviéve o recebeu, mas logo deu um passo para trás.

- O senhor já veio levar Lily de novo?

Dumbledore sorriu enquanto a própria Lily apenas observava o céu pela janela.

- Ela é meu braço direito e bengala, Geneviéve. Preciso da doce companhia de minha bisneta.

- Eu tenho que sair... – Lily disse repentinamente, dando as costas ao avô e a mãe – Vou levar Susan para conhecer a cidade. Com licença.

Ela deixou o escritório antes que qualquer um dos dois pudesse se pronunciar e cobriu-se com a capa, escapando para a rua sem sequer olhar para as escadas que a levariam ao quarto que a amiga noviça estava ocupando.

Entardecia. Rapidamente ela tomou um coche de aluguel, respirando aliviada ao ver o casarão afastar-se. Desceu na frente da antiga taverna esperando a carruagem se afastar antes de entrar no edifício. E, para sua alegria, encontrou exatamente quem queria ver.

- James. – ela murmurou, deixando o capuz da capa escorregar, revelando os cabelos ruivos.

Ele levantou-se da cama, dando um sorriso triste ao vê-la.

- Olá, Lily.

Ela parecia tão frágil, tão delicada... E, no entanto... Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos. Será que ela já sabia que estava marcada para morrer? E que ele era conivente com isso?

Meneando a cabeça, ele fixou os olhos nos lábios dela. Mas quando fez menção de se aproximar, ela o impediu.

- Eu não posso demorar. Só vim aqui para avisá-lo. Meu avô está na cidade.

James sorriu, cruzando os braços.

- Porque eu teria medo do seu avô?

- Porque ele pode ser mais perigoso do que eu. – Lily confessou, voltando-se para a porta – Apenas tome cuidado.

- E desde quando você se importa comigo, senhorita Evans? – ele perguntou em tom irônico, mas logo se arrependeu.

Estava tentando afastá-la? A verdade é que ele também estava preocupado com o destino dela. Mas se a defendesse, estaria indo contra os valetes.

- Avise a Sirius que Susan está na cidade. Meu avô a trouxe com ele. – ela disse sem se virar e deixou o recinto.

James observou ela sumir e se sentou na cama. O que estava acontecendo com ele? Conseguira dormir com a ruivinha, conseguira o quadro, ia viajar para a Itália e em alguns anos seria o chefe dos valetes de copas. Então porque sentia que estava faltando algo?

Passos ecoaram atrás da porta e ele se ergueu, na esperança de que fosse Lily voltando. Mas não era. Ele voltou a se sentar enquanto Sirius fechava a porta.

- Porque não foi a Macnair ontem de noite? – Sirius perguntou curioso.

- Digamos que eu não esteja muito bem.

Sirius sorriu.

- É a ruiva, não é? Eu a vi saindo há pouco. – o moreno encostou-se à parede, cruzando os braços – Acho que vou ter que dançar cancã.

James meneou a cabeça.

- Esqueça isso. Tom vai matá-la.

Sirius estreitou os olhos.

- E você vai deixar?

- Eu vou para a Itália, ajudar os fascistas. Ela não é mais assunto meu, Sirius.

O outro rapaz descruzou os braços, incrédulo.

- Vai ajudar os fascistas? James, você enlouqueceu?

- O que quer que eu faça, Sirius? – James levantou-se, começando a se irritar – Ninguém desobedece Tom Riddle. Ninguém deixa os Valetes de Copas!

Sirius sorriu ironicamente.

- Você é ninguém, James Potter? Sabe, eu pensei que tinha encontrado alguém como eu. Mas você está me decepcionando.

- Você que está me decepcionando. Ou acha que não percebi que você está se deixando manipular pela outra noviça? E então, Black, quando está pensando em se assumir padre?

A resposta não veio em palavras. James caiu no chão, o canto da boca sangrando.

- Eu estava realmente errado sobre você, Potter. – Sirius abriu a porta, dando as costas ao amigo – Espero que mão se arrependa quando ela já estiver no túmulo.

James ficou novamente sozinho. Limpou o lugar em que Sirius acertara seu soco e levantou-se. A noite já caíra por completo. Respirando fundo, ele deixou a taverna na direção do clube. E lá recebeu mais uma visita.

- Pontas? – a voz inocente de Peter soou no salão de jantar quase vazio.

- Hei, Rabicho. – ele cumprimentou em voz baixa, ignorando a dor latente no rosto.

- O que aconteceu?

- Apenas uma leve discussão. O que está fazendo aqui?

Peter sentou-se diante do amigo.

- Seu tio me chamou hoje de manhã. Ele quer que eu...

- Mate Lily Evans. – James suspirou – Eu sei.

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, James encarando a noite escura e Peter observando-o.

- Escute, James... – Peter começou – Se você não quiser, eu...

- Do que está falando, Peter? – James perguntou, levemente espantado.

O baixinho sorriu.

- Eu tenho maneiras de fazer com que a senhorita Evans desapareça... Antes que eu precise matá-la. O pai dela vai viajar em breve para as escavações dele. Um bilhete anônimo seria suficiente para fazê-la acompanhar o pai. Riddle logo a esqueceria. Ou, melhor ainda... Vocês poderiam começar uma nova vida na América. O braço dos valetes não seria suficientemente longo para encontrá-los.

- Peter... Você está insinuando que eu devo fugir com Lily Evans?

- Eu não estou insinuando. – novamente o sorriso malicioso – Estou afirmando. Você caiu de amores por aquela ruiva, James.

Amores... Seria isso? Estaria apaixonado por Lily?

- Eu preciso pensar, Peter.

Peter assentiu.

- Você tem até o final da semana. Os Evans vão fazer uma curta viagem até a escócia e ela ficará sozinha no palacete. Então eu terei que matá-la.

O moreno ficou em silêncio e Peter levantou-se, deixando o amigo sozinho. Enquanto isso, num escritório da Scotland Yard, o nome de James estava em discussão.

- Você está querendo me dizer que esse moleque é o braço direito dos valetes de copas, Dumbledore? Mas ele é só...

- Moody, acredite-me, ele foi criado para suceder Riddle. Sei que não pode prender o conde e o desaparecimento dele causaria uma repercussão indesejada por conta da fachada que ele conseguiu criar para si. Mas James Potter é jovem, fogoso; não faltariam desculpas para justificar sua morte...

- Dumbledore, ele é praticamente uma criança.

- E você ficaria surpreso com o que andam ensinando a nossas crianças. Acredite, meu amigo, se ele chegar ao comando dos valetes, será muito pior que meu enteado.

Alastor Moody, chefe dos detetives da Scotland Yard, suspirou.

- Eu darei um jeito nisso.

Dumbledore sorriu, deixando de se fixar no amigo para olhar a mesa cheia de papéis.

- Remus Lupin? - Albus perguntou, puxando uma pasta – Ouvi falar nesse nome recentemente...

- Era um detetive. Foi banido da corporação por traição; levou uma surra antes de ser mandado para as galés. Não sei como sobreviveu... Teria sido melhor para todos que tivesse morrido.

O velho senhor apenas balançou a cabeça, observando a fotografia em preto e branco de um jovem rapaz.

- Bem, acredito que seja só isso. Boa sorte, Moody.

Alastor assentiu e Dumbledore deixou o escritório. Riddle provavelmente já sabia que estava na cidade, mas até agora não fizera nenhum movimento. Saberia que seu "sobrinho" estava prestes a cair em uma armadilha?

Três dias depois, James entrou no casarão dos Macnair. Finalmente tinha tomado uma decisão e, para pô-la em prática, precisava dos amigos. E Sirius e Peter certamente estariam naquele lugar.

O bordel estava mais iluminado do que nunca naquela noite. Numa mesa mais afastada, observando o fluxo de garotas que tentavam agradar seus clientes, estavam os dois rapazes. James rapidamente aproximou-se deles.

- Peter, Sirius... Eu preciso da ajuda de vocês.

Peter sorriu. James afinal escolhera seu lado.

- O que você quer? – Sirius perguntou, prestando mais atenção em seu copo do que no amigo.

James jogou dois bilhetes sobre a mesa.

- O Nautilus levantará âncora amanhã à noite, com destino aos Estados Unidos. Peter... Você sabe se os Evans...

- Deixaram o palacete ontem pela manhã. Lily está sozinha com o avô e a outra noviça. – Peter respondeu rápido.

Sirius levantou-se, um meio sorriso na face.

- Não se preocupe, Pontas... Nós cuidamos do velho. Você pega a ruivinha. – o moreno refletiu por alguns instantes – A propósito, ainda estão vendendo bilhetes?

James sorriu, tirando do bolso mais duas passagens.

- Vocês podem vir conosco.

Peter observou o bilhete por alguns instantes.

- Não, James... Londres é minha casa.

Abrindo ainda mais o sorriso, Sirius tomou as duas passagens.

- Então eu fico com eles. Talvez eu possa arranjar companhia para essa viagem...

- Muito bem... Então amanhã, às sete horas nos encontramos na taverna.

Peter e Sirius assentiram. Não muito longe dali, alguém oculto por uma capa escutava cuidadosamente a conversa dos três amigos.


Antes mesmo do café da manhã, Riddle trancou-se em seu escritório. Nas mãos, um envelope selado com o símbolo de copas. Peter mandara a carta tão logo o sol raiara no horizonte.

Ele rompeu o lacre, lendo a curta mensagem.

"Traição."


Susan sorriu, encantada com a pequena caixa de música que Lily acabara de lhe presentear.

- É linda, Lils... Obrigada.

A ruiva sorriu.

- Então, Su... Está gostando da corte?

- É fascinante.

Lily sorriu.

- E esse "fascinante" tem alguma coisa a ver com a visita que você recebeu no jardim ontem à noite?

Susan corou levemente.

- Como você sabe que...

- Eu tenho o sono leve, você já devia saber.

A noviça assentiu. Lily sorriu, fazendo cafuné na cabeça da amiga.

- O que pretende fazer, Su?

- Eu não sei, Lily... Eu acho que... Eu acho que...

- Já não é mais tão devota quanto antigamente. – Lily suspirou – Eu entendo você. Receio que eu tenha caído na mesma armadilha.

A porta do quarto da ruiva se abriu e Dumbledore sorriu para as duas.

- Olá, minhas pequenas. – ele apoiou-se em sua bengala de mogno – Susan, você poderia me deixar sozinho com minha neta?

A morena assentiu e Lily levantou-se da cadeira que ocupava, deixando que Albus se instalasse nela. Os dois se encararam por alguns instantes após Susan ter deixado o quarto e o velho senhor sorriu, afagando a cabeça da bisneta.

- Sua missão está terminada, minha querida. Não vai ter mais que se preocupar com Tom Riddle ou James Potter.

Lily observou o avô com atenção.

- Do que está falando, vovô?

- Riddle perderá em breve seu braço direito. Isso desmantelará os valetes por tempo suficiente para que eu possa dar o golpe de misericórdia em meu querido enteado. – ele voltou-se para a ruiva e seu sorriso se desmanchou ao perceber que ela o observava chocada – Lily, o que houve?

- O senhor... o senhor mandou matar James? – ela perguntou, levantando-se.

- Sim, Lily, mas... Pensei que ficaria feliz em se livrar de tão penoso trabalho. Que não queria se transformar numa assassina...

- O senhor não pode! – ela tentou segurar-se para não gritar – É tarde demais para não me deixar envolver com...

Ela sentiu uma imensa vontade de chorar e deu as costas a ele, observando o céu claro pela varanda. Albus estreitou os olhos, começando a compreender o que estava acontecendo com a neta.

- Você dormiu com ele?

Lily não respondeu e nem se virou. Como poderia dizer que se deixara pegar em sua própria armadilha? Como poderia assumir para o avô que se deixara seduzir pelo homem que devia odiar?

O silêncio foi mais do que uma resposta para ele. Dumbledore se levantou, aproximando-se da porta, ainda olhando para ela.

- Prepare suas malas, Lily. – ele pediu em um tom cansado – Vamos partir amanhã de manhã.

Finalmente ele deixou o quarto e Lily ficou sozinha com seus pensamentos. Confusa e cansada, a ruiva se deixou cair na cama, passando o restante da tarde trancada em seu quarto e só saindo à hora do jantar, que transcorreu em silêncio. Susan obviamente notou que algo acontecera de errado, mas preferiu nada comentar, pelo menos até ficar a sós com a amiga.

Dumbledore ficou sozinho na sala quando as duas mulheres se levantaram, seguindo para o quarto da ruiva.

- Você vai voltar conosco, Lily? – Susan perguntou docemente.

Lily apenas assentiu enquanto abria a porta do quarto e começava a tirar o vestido, colocando um roupão de seda sobre o espartilho. A outra garota aproximou-se com uma escova, fazendo a amiga se sentar para que pudesse desfazer a trança dela.

- Aconteceu alguma coisa?

A ruiva voltou-se para Susan, olhando-a com carinho.

- Su... – ela começou, tentada a confessar à amiga tudo o que lhe vinha na alma. Mas antes que pudesse começar, Lily percebeu um par de sapatos negros que saíam discretamente por trás da cortina.Ela corou levemente - Su, obrigada por me ajudar, mas eu posso terminar sozinha. Vá dormir. Vamos ter que acordar muito cedo amanhã.

Lily se levantou, tomando a escova das mãos de Susan e abraçando a amiga.

- Boa noite, Lily. Durma em paz e até amanhã.

- O mesmo pra você, Susan.

A noviça deixou o quarto sob o olhar atento da amiga. Lily esperou o som dos passos de Susan se distanciarem enquanto depositava a escova sobre a penteadeira, virando-se para o espelho.

- Você já pode sair.

A ruiva viu no cristal uma mão enluvada aparecer detrás da cortina e logo James estava atrás dela, observando-a longamente através do reflexo no espelho enquanto tirava as luvas. Os olhos dele desviaram-se para seu corpo, fixando-se na curva do ombro e ela sentiu um calafrio.

Delicadamente, ele segurou-a pelos ombros, fazendo o roupão escorregar para o chão e afastou o cabelo ruivo dela, deixando o alvo pescoço a descoberto. Lily fechou os olhos, sentindo as mãos dele insinuarem-se até sua cintura enquanto ele mergulhava o rosto na curva do pescoço.

James sorriu ao senti-la enrijecer e virar-se dentro de seus braços e logo os lábios de ambos se encontraram. Ela abraçou-o pelo pescoço, desaparecendo com a pouca distância que existia entre os dois corpos e ele se surpreendeu ao perceber a sofreguidão com que ela o beijava.

Aquela sensação lhe era conhecida. Ela o estava beijando exatamente como todas as outras mulheres que ele tivera o tinham beijado no momento da despedida. Mas, ao mesmo tempo em que era igual, era muito diferente. Porque ele nunca se deparara com o sentimento de perda naqueles momentos, como agora acontecia.

Lily estava se despedindo.

Ele se separou ao sentir uma lágrima escorrer do rosto dela para o seu.

- Lily...

Antes que pudesse perguntar, ela colocou os dedos sobre seus lábios.

- Shhh... Agora não, James, por favor. – ela pediu enquanto uma outra lágrima escapava – Por favor, apenas... Apenas me beije.

A voz dela se transformou em um sussurro. James se afastou, observando os olhos doloridos dela.

- Porque está se despedindo, Lily?

A ruiva abaixou a cabeça, como se adivinhasse o que estava por vir. Ela limpou as lágrimas, deixando o rosto seco e tentando endurecer o coração. Nesse momento, ela sentiu o rapaz segurar seu pulso com violência, forçando-a a olhar para ele.

- Porque está se despedindo? – ele perguntou em um tom perigosamente baixo.

- Acabou, James. Eu voltarei amanhã com meu avô para o convento. – ela respondeu rispidamente, encarando-o.

Os olhos dele se estreitaram em fúria.

- Não, você não vai! Você me pertence!

O som de um tapa ecoou pelo quarto. Lily se afastou de James, que a soltara, caminhando para a cabeceira da cama e abrindo uma pequena gaveta. Ele se recuperou, aproximando-se a passos rápidos, mas antes que pudesse tocá-la, a ruiva puxou a pistola, encostando-a a testa dele. James estreitou mais ainda os olhos escuros.

- Você não seria capaz...

- Está aprendendo a me subestimar, Potter? Você me conheceu, me viu sem a minha máscara. Sabe que sou capaz de ir até as últimas conseqüências. – ela engatilhou a arma, dando um passo para trás – Eu não pertenço a você.

- Pertence ao seu avô então? – ele perguntou sarcástico – Você é minha, Lily, quer queira, quer não. Ou então... Será que a grande Lily Evans acha que eu não sou suficientemente bom para ela?

Ela deu mais um passo para trás, enquanto o observava sem compreender.

- Do que está falando?

James deu um passo adiante, sem se importar com a arma que estava apontada para si. Precisava desabafar tudo o quê lhe vinha à cabeça.

- É isso, não é? Você se acha boa demais para mim. Filha de um barão. Espera se casar com alguém que mantenha ou melhore sua posição, não é? Você poderá negar o quanto quiser, Lily, mas você não pertencerá a nenhum outro. Não quando todos souberem que a virtuosa noviça foi minha amante!

- James! – ela sentiu lágrimas virem aos seus olhos. O que estava acontecendo? Porque ele estava dizendo aquilo?

Ele sorriu ao perceber que conseguira feri-la. Porque era tudo o que mais desejava naquele momento. Ele desistira de tudo por ela e ela vinha lhe dizer que ia voltar para o convento? Simplesmente que tinha "acabado"?

- Tranque-se no seu convento. Eu quero ver o que farão com você lá quando souberem como você veio até mim. Como você me usou!

O rapaz estava gritando, cego de ódio. Lily tentava não tremer, perguntando-se porque ninguém aparecera. Àquela altura, todos no casarão já tinham ouvido James. Depois se lembrou que seus pais não estavam em casa. Apenas seu avô e Susan poderiam ouvir alguma coisa.

- Ninguém acreditaria em você. – ela respondeu, neutralizando a voz enquanto sentia as lágrimas secarem – Eu repito, James, eu não pertenço a você. E nem a ninguém.

Ele estreitou os olhos, tentando aproximar-se dela, mas novamente Lily interpôs a arma entre eles.

- Lily, abaixe isso. Você está cometendo um erro. – ele pediu com a voz cansada.

- Eu cometi um erro ao aceitar essa loucura. – ela respondeu – Saia daqui, James. SAIA JÁ DAQUI!

Ele lançou um último olhar para ela e deixou o quarto. Lily abaixou a arma, olhando para o chão.

- Tarde demais... – ela sussurrou para si mesma.

James deixou o casarão pela porta da frente, sem se importar com o fato de alguém poder vê-lo. Não chegara sequer a pedir que ela fugisse com ele. E àquela altura não tinha como voltar atrás. Tom provavelmente já sabia de sua traição. Tinha que fugir. E deixar tudo para trás.

Incluindo Lily Evans.

Ele caminhou rápido pelas ruas escuras, precisava chegar à taverna e encontrar Sirius. Mas já perto do Tâmisa, ele trombou com alguém. Ou melhor, alguém trombou com ele. Sentado no chão, James levantou a cabeça.

- Seu idiota, o que você...

Antes que James pudesse completar, outra sombra parou atrás do rapaz, dando um golpe rápido nas costas dele. Ele caiu desacordado aos pés do homem que trombara com ele: Alastor Moody.

Uma poça de sangue formou-se aos pés do chefe da Scotland Yard.

- Ele está morto? – o rapaz que golpeara James perguntou.

- Não sei, Prewett. E isso também não importa agora. Chame Dawlish. Se ele estiver morto, enterrem-no nas galés.

Do alto do prédio do seu clube, Tom Riddle observava a noite sem saber que seu "sobrinho" estava agora nas mãos da Scotland Yard. E mesmo que soubesse, talvez não se importasse.

Afinal, a sentença de morte de Sirius Black e James Potter já estava nas mãos dos valetes de copas.


- Droga!

Sirius sentou-se com dificuldade, observando o ferimento na perna. Levara um tiro na altura da coxa. E a porcaria da bala ainda estava lá dentro, dando a impressão de que queimava sua carne.

Respirando fundo, ele rasgou a manga da camisa, amarrando-a ao redor do buraco que a bala deixara, tentando assim estancar o sangue. Com dificuldade, pôs-se novamente em pé, prensando o corpo contra a parede de modo a manter o equilíbrio e esconder-se nas sombras.

O que teria acontecido com James? Teriam armado uma cilada para ele também? Estaria vivo o amigo?

Meneando a cabeça para espantar esses pensamentos, ele mancou até uma pilha de caixas que esperava para ser embarcada naquela pequena doca. Não muito longe estava a taverna de onde escapara assim que ouvira os primeiros gritos.

Os valetes sabiam que ele estaria lá, pronto para fugir quando James chegasse. Alguém os havia traído. Mas quem? Quem os havia delatado para o conde Riddle? Alguém que escutara a conversa deles no Macnair, certamente.

- Boa noite, Sirius Black.

Sirius virou-se para a entrada da doca, onde uma figura solitária emergira da habitual névoa londrina.

- Peter? – ele perguntou, sentindo alívio ao reconhecer o amigo – Peter, você encontrou James? Precisamos sair daqui; Riddle nos descobriu.

O rapaz parou a poucos metros do moreno, as mãos protegidas nos bolsos de um pesado casaco.

- James está morto. A Scotland Yard o pegou. Fomos avisados alguns instantes antes de a taverna ser invadida.

Os olhos de Sirius alargaram-se em choque. Fomos avisados...

- Você... Você nos traiu!

Peter sorriu, tirando do bolso direito uma pistola.

- Não, Black Você nos traiu. – ele puxou o gatilho – Adeus, amigo.

O som de um único tiro ecoou naquele início de madrugada. Peter assistiu o corpo de Sirius ser jogado para dentro do rio e afundar lentamente enquanto era levado pelas correntezas do Tâmisa.

Sua missão tinha terminado. Sirius Black estava morto.

Fim da terceira parte