Os Mistérios de Londres
Quinta Parte: Vingança
Capítulo 18: Emboscadas
James acordou com um raio de sol incindindo sobre seus olhos. Ele piscou várias vezes, tateando ao seu redor até encontrar seus óculos. Havia um peso extra em seu peito e ele sorriu quando a cabeleira vermelha de Lily entrou em foco.
Ele a abraçou pela cintura, sentindo a pele nua dela contra seus braços. Soltou um suspiro. De todas as coisas que sentira falta enquanto estava em Azkaban, acordar ao lado da noviça fora a que mais lhe pesara.
Esse pensamento o sobressaltou. Não entendia muito bem das regras clericais, mas pelo tempo em que estivera fora, ela já deveria ter se ordenado freira. Se Lily tivesse feito os votos, não poderia largar o hábito sem se tornar uma pária da sociedade.
Lily se mexeu dentro de seu abraço e ele sorriu ao vê-la abrir os olhos verdes, as duas mais preciosas esmeraldas que ele gostaria de possuir.Ela apoiou o queixo sobre o lugar em que estivera sua cabeça, encarando-o com um meio sorriso.
Achei que tinha sonhado com você. - ela sussurrou, a voz quase rouca.
Ele beijou-a de leve nos lábios, afagando os cabelos dela com carinho.
Senti sua falta. - ele respondeu ao se afastarem.
Os olhos de Lily se estreitaram, como se ela tivesse se lembrado de algo muito importante naquele momento.
Como...
O chefe da Scotland Yard mandou espalhar que tinham me matado. Ele receava que Tom conseguisse acabar comigo na prisão. Eu fui mandado para Azkaban.
E fugiu. - ela completou - Porque não o fez antes- a voz de Lily baixou até quase se tornar inaudível - Porque me deixou sofrer tanto?
Eu estava morto, Lily. - James respondeu, contornando o rosto dela com as mãos - Era apenas uma sombra, um fardo... Eu precisei encontrar um novo sentido para mim. Algo que me fizesse querer viver. Você me repudiara, os valetes queriam minha cabeça...
Lily se levantou, sentando-se no feno.
E qual foi o sentido que você encontrou?
James fechou os olhos.
Vingança. Eu vou acabar com o Conde Riddle e seus valetes.
Você enlouqueceu. - ela sussurrou, pondo-se em pé.
Lily...
James, isso é loucura. Meu avô, com todo o aparato que a fortuna dele podia comprar, não conseguiu derrubar Riddle. Como você sozinho pode...
Eu não estou sozinho. - ele respondeu, também se levantando - Eu tenho o Sirius. E o Remus.
Ela se encostou à parede, observando-o tristemente.
Esqueça isso, james. Não se deixe afundar ainda mais no lodo que existe ao redor dos valetes. Deixe Londres. A Inglaterra... Vá para qualquer outro lugar...
E você- ele perguntou, observando-a intensamente.
Eu iria com você. Nada mais me prende a esse lugar. nem mesmo sou mais uma noviça. - ela o encarou com os olhos marejados - Por favor, James...
Ele sorriu, amargo.
Quando eu estava disposto a deixar tudo para trás por você, o que você fez, Lily?
Ela mordeu os lábios, abaixando a cabeça.
E depois, James? Se você conseguir acabar com os valetes, o que fará depois? Vai tomar o lugar do seu "tio"? Vai continuar a buscar o Coração do Dragão?
Ela gritou essa última frase, tentando reprimir um soluço, dando as costas a ele.
Talvez. Eu não sei, Lily. - ele respondeu, segurando-a pelo pulso, tentando trazê-la para si - A única certeza que tenho é que eu quero você quando voltar.
Lily soltou-se violentamente das mãos dele.
Se for para Londres, James, quando voltar, eu não estarei mais aqui.
Ele suspirou, abaixando-se para pegar sua roupa e se vestir. Ela não ousou olhar para ele enquanto James deixava o celeiro.
Até breve, Lily.
Ela respirou fundo,
Adeus, James.
- O desgraçado foi convidado para um chá no palácio- Sirius quase gritou, dando um murro na mesa - James, a situação está ficando cada vez pior... Se ele conseguir entrar para o Ministério, as coisas ficarão mais difíceis.
Eu sei, Sirius... - James suspirou, passando a mão pelos cabelos já meio bagunçados - Temos que desmascara-lo antes que o idiota consiga usufruir de todo o seu poder.
Ele tirou os óculos, puxando para si um copo cheio de um líquido vermelho. O seu famoso drink do Inferno. Enquanto isso, Remus observava as anotações soltas pela mesa. Estavam na velha taverna que pertencia a James. Ou, pelo menos, pertencera antes dele ser "morto". Datas se confudiam com códigos que ninguém seria capaz de entender. Aquelas eram as correspondências dos valetesque eles tinham conseguido interceptar.
Deveria haver algo ali... Algo que pudesse ajuda-los... O ex-detetive começou a comparar as escritas, os destinatários e remetentes, tentando encontrar um sinal, alguma ordem...
A noite caiu célere e os dois outros homens acabaram por adormecer. Mas ele continuou em sua pesquisa. Até que, em um momento de descuido, deixou cair o copo de James, que ainda tinha um restinho de bebida, sobre os papéis.
Droga- ele resmungou, tentando salvar alguma coisa do pequeno desastre que causara.
Foi quando ele percebeu que, no verso das cartas, outra escrita aparecia. Remus deu um salto. Como não percebera antes? Os valetes tinham usado algum tipo de tinta invisível! Provavelmente algo mais sofisticado do que o sumo de limão que ele usava em suas brincadeiras de criança, quando já sonhava em ser detetive, algo que reagira ao àlcool do drink de James!
Aluado, você pode parar de fazer barulho- James perguntou, sonolento.
James, eu acho... Eu acho que conseguimos.
Conseguimos? Conseguimos o quê- ele perguntou, levantando-se. Sirius ainda ressonava.
Remus apenas mostrou ao outro homem uma das inúmeras missivas de Tom Riddle para Archibald Black. Datas, locais e descrições de mercadorias. James imediatamente se sentiu mais acordado.
Mas são... São as rotas de contrabando!
Peter observou a rua vazia. Um calafrio percorreu seu corpo, e não era exatamente pelo vento frio que soprava, visto que estava uma temperatura quase agradável para os padrões londrinos. Não, não era o frio. Era algo que há tempos o perseguia... A sensação de estar sendo observado... Seguido... Vigiado...
Ele meneou a cabeça. Estava ficando paranóico. Era isso. A convivência e as histórias que ouvia entre os elementos mais baixos dos valetes estava começando a afetar sua cabeça.
Mais um arrepio de medo. Ele virou-se rapidamente para trás. Pensara ter ouvido passos.
Quem está aí- ele perguntou para o vazio.
Nada. Nem uma resposta. Nem um único som.
Lentamente, ele voltou a caminhar. Um suor frio começava a gotejar de suas têmporas. Mas aquilo era só sua imaginação. Só sua imaginação.
O som de vidro se partindo, de repente, encheu a rua. O coração dele quase parou por alguns instantes. Numa das casas mais miseráveis, uma luz de vela se acendeu e uma voz feminina começou a ralhar. Peter deixou escapar um sorriso. Era apenas um bêbado que provavelmente estava chegando em casa e agora teria que ouvir a mulher resmungando antes de se irritar e trocar alguns tapas com ela.
Suspirando, ele voltou a caminhar. Estava bem perto de chegar ao casarão da Macnair. Dormiria numa cama quentinha, aconchegado ao corpo de alguma prostituta. Só mais alguns passos.
Mas Peter jamais chegaria a ver Catherine Macnair naquela noite. E nem em nenhuma outra. Pois antes que pudesse perceber o que estava acontecendo, alguém enfiou um saco de lona sobre sua cabeça, puxando-o violentamente até fazê-lo cair no chão.
O que fazemos agora- uma voz grossa perguntou.
Temos que levílo ao Almofadinhas. Ele o quer vivo. Pelo menos por enquanto. - outra voz respondeu.
É realmente uma pena... - o primeiro resmungou.
Essa foi a última coisa que Peter ouviu antes que um violento chute na cabeça acabasse por desacorda-lo.
- Essa é a terceira vezem menos de doismeses- Archibald vociferou, observando Tom alisar elegante bigode que passara a cultivar - Riddle, você está tentando me passar a perna?
Eu estou tão surpreso quanto você, meu caro. - Riddle respondeu, sério - Não há como esses carregamentos sumiremdo nada.
Eu já sei disso. - o patriarca dos Black remungou, tentando se acalmar - Se me chamou para repetir o que já sei, é melhor que eu me despeça por aqui antes que perca a paciência.
Não tão rápido, Archibald. - Tom se levantou - Haverá um novo carregamento daqui a uma semana. Um carregamento de gemas. Eu não sou tolo a ponto de permitir que nos roubem dessa vez sem que façamos nada.
E o que propõe?
Tom sorriu.
Vamos receber pessoalmente nosso traficante africano. Conferir as pedras. E eu farei cada pedaço daquelas docas ter um de nossos valetes. Seja quem for que está nos roubando, terá o que merece em breve.
Archibald pareceu se acalmar com essa perspectiva.
E sobre o desaparecimento daquele pequeno, Pettigrew, não é mesmo? Faz quase uma semana que não temos notícia dele. - o velho Black observou, mas já sem apreensão.
Aquele é um tolo. Provavelmente está se divertindo por aí. Não se preocupe, Archibald, nada poderá dar errado dessa vez.
Por trás das paredes do escritório, James sorriu.
Nada poderá dar errado dessa vez...
Tomcorreu o mais que podia. Aquilo não podia estar acontecendo. Era um pesadelo, só podia ser. Como a Scotland Yard pudera descobrir o encontro daquela noite? Como todos os seus homens tinham sido trocados por policiais? aquilo era loucura!
Ele ouviu um tiro. Archibald caíra no chão, após tentar agredir o chefe dos detetives, Alastor Moody. Estava morto.
Não podia ser pego ali. Tinha que chegar até um lugar seguro. Se não o descobrissem nas docas, ele ainda teria chances. Foi quando seus olhos ergueram-se para sua tábua de salvação. A velha taverna... Se chegasse até ela, poderia usar a passagem que levava direto ao Clube dos Valetes.
Entrou em um dos becos escuros, esforçando-se para não correr. Se alguém o visse, pensaria que era só um bêbado andando por aí. Mas era um beco sem saída. Ele deu meia volta para procurar outra passagem que o levasse à taverna. Mas antes que pudesse fazê-lo, sons de passos o fizeram paralisar.
Ora, ora, ora... Quem diria que um dia estaríamos frente a frente de novo, não é mesmo, Tom- uma voz grave soou nos fundos do beco.
Tom sentiu uma pontada de pânico no peito. Aquilo era loucura. Não podia estar escutando aquela voz. O dono dela... O dono dela estava morto!
As nuvens despiram a lua, jogando as sombras que cobriam o beco para longe. Tom piscou os olhos com força. Havia um homem em pé, todo vestido de negro, a cabeça abaixada, escondendo a face. O conde deu um passo para trás, observando o outro levantar a cabeça aos poucos.
O vento pareceu parar naquele instante. Tom Riddle não podia acreditar em seus olhos.
Diante dele estava James Potter.
Esse capítulo foi um dos que mais gostei de escrever... Ah, a vingança é um manjar dos deuses... Mas, como não se pode ter tudo...
Bem, vocês decidiram por mais uma parte. Assim sendo, vocês terão mais uma parte. No próximo capítulo teremos o fim da linha para Tom e Peter e o vigésimo capítulo encerrará essa quinta parte com a cruel separação que nos dará o mote para a última parte da fic.
Agradecimentos a Raul Kunk, Mirtes, Marília, Rodrigo Black Potter, Meri, Babi Black, Mylla Evans, VIP, Belle e Babbi Potter, Jéssy, Helena Black, Flávia, Juliana Montez, Ameria, Keshi Toshimasa, Dynha Black, Lilian Black, Lele Potter Black, Juliana, Witches, Bia Black, Lisa Black, Maíra, Jé Black, Anna Black, Mah Clarinha, Marcellinha Madden, Lily Dragon, Torfithiel, Pandora, Mari-Buffy, Natália, e todos que continuam me acompanhando mesmo depois de mais de um ano escrevendo...
Gente! Faz UM ANO E DOIS MESES que eu publico minhas histórias aqui no ff. Isso não é emocionante? Bem, emocionante é "the phantom of the opera is there... inside my mind..." O filme é PERFEITO! Como eu queria poder assistir o musical... Infelizmente, esse tipo de coisa sempre fica restrito ao pessoal do eixo Rio-Sampa.
Vocês que moram em São Paulo são muito sortudos. Só esse ano vão ter Les Miserábles e The Phantom of the Opera. E outros que agora não lembro. BuÀAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Eu também quero!
(É melhor eu me despedir antes que eu surte de vez... O que semana de provas com professores carrascos não faz com a gente...)
Beijos,
Silverghost.
Please! Reviews, sim? Façam sua boa ação do dia! Vocês não sabem como eu me sinto melhor quando abro a caixa de e-mails e vejo o que vocês me escreveram... É quase uma bálsamo para uma pobre garotinha meio doente da cabeça. E da garganta. Eu já disse que tô cuspindo sangue? (ECA!) T� deixa eu ir...
