Os mistérios de Londres
Quinta Parte: Vingança
Capítulo 20 - O coração do dragão
Moody observou espantado a porta se abrir novamente e um terceiro fantasma do passado passar por ela.
'- James Potter? – ele perguntou em tom de desconfiança.
'- Onde está Riddle? – Sirius perguntou, aproximando-se.
'- Morto. Ele se matou. – James sentou-se diante de Moody – Acho então que vim me entregar.
Alguém resmungou algo inaudível e James enxergou um corpo caído no chão. Peter. Moody levantou-se, observando as pessoas que se encontravam em sua sala.
'- Tudo o que ouvi essa noite parece quase inacreditável.
'- E mais inacreditável ainda porque Tom Riddle não está aqui para confirmar. – Remus observou com certo desalento.
Moody meneou a cabeça.
'- O testemunho de vocês confirmou muita coisa da qual eu já suspeitava. Receio ter sido injusto no passado, não me detendo em investigar toda a verdade além daquela que os Valetes deixavam transparecer.
'- Isso significa... – Hestia começou, segurando um sorriso.
'- Desconfio que tempos negros se aproximam... – A face de Moody tornou-se sombria – Todo dia chegam à minha mesa notícias não muito boas do continente. Toda a ajuda que tivermos será bem vinda. Potter e Black foram os melhores homens de Riddle. Creio que seus serviços serão melhor aproveitados agora que os Valetes não têm mais nenhum líder forte o suficiente para nos causar problemas.
'- O que você quer exatamente, detetive Moody? – Sirius perguntou, embora já desconfiasse da resposta.
'- Remus, você voltará a Scotland Yard, no cargo que será deixado essa noite mesmo por Snape. Procure o detetive Jones, ele vai ajudá-lo.
Remus e Hestia trocaram um olhar estranho entre si. James levantou-se.
'- E nós?
Moody sorriu.
'- Você, Potter, era considerado o sucessor natural do Conde. Não sei se já sabia, mas nem sua traição nem sua "morte" foram divulgadas. Riddle contentou-se em afirmar que você viajara para a Itália em uma missão especial. Ou seja...
'- Se voltar aos valetes, ninguém o contestará. Com a morte de Archibald, Sirius poderá assumir a liderança dos Black. – Remus continuou.
Sirius meneou a cabeça.
'- Há Regulus, ele...
'- Seu irmão foi assassinado há menos de um ano, a mando do lorde. – a voz de Peter veio baixa – Eu o matei. Archibald achava que tinha sido a Scotland.
James estreitou os olhos.
'- E o que vamos fazer com esse traidor?
Moody sorriu com o canto da boca.
'- Vocês podem deixar isso comigo. Detetive Lupin, vá logo procurar o Jones. Temos muito trabalho para fazer nessa madrugada.
James apeou diante do convento. Estivera ali pela última vez há quase seis meses. Após um breve momento de hesitação, ele entrou no prédio. Separara-se de Sirius ainda na estrada, a fim de deixar o amigo matar as saudades de Susan e ansioso para ter seu próprio reencontro.
Enquanto subia as escadarias que levavam ao escritório que fora de Dumbledore, ele pensava em tudo o que acontecera desde a noite em que Tom morrera diante dele.
Assumira o controle dos Valetes e o título de Conde. Para todos, ele era apenas um nobre acima de qualquer suspeita. Para Moody, ele era uma peça essencial do tabuleiro que se desenhava na Europa. A posição privilegiada permitia que ele transitasse em todos os círculos. A fortuna de Riddle, combinada com a do avô de James, que morrera há pouco tempo e deixara tudo para o único neto, também impunham respeito.
Peter e Snape tinham sido levados para Azkaban, a prisão dos esquecidos. Um castigo, sem dúvida alguma, pior do que a morte. James sabia disso por conta própria. Remus voltara a Scotland Yard como subordinado imediato de Alastor Moody. Ou seja, era um candidato natural à chefia da instituição quando Moody se aposentasse.
Ele suspirou ao parar diante da porta do escritório. Demorara tempo demais para ir atrás dela. Tivera que reestruturar toda a ordem dos Valetes, eliminar os insatisfeitos com os novos rumos que dera à Instituição... Mas agora estava finalmente livre.
As palavras dela em seu último encontro voltaram à mente dele. Embora elas estivessem bem vivas em seu espírito, ele ainda tinha uma pequena esperança de que ela tivesse entendido suas razões e permanecido no convento.
'- Sir Potter? – ele ouviu uma voz chamá-lo antes que pudesse abrir a porta do escritório.
'- Madre McGonagall.
A freira sorriu apesar do semblante sério.
'- Entre, por favor. Preciso entregar-lhe algo.
'- E Lily? – ele perguntou, não controlando a ansiedade.
McGonagall não respondeu. Apenas abriu a porta, fazendo um sinal para que ele entrasse. Quando o homem obedeceu, ela fechou cuidadosamente o escritório e abriu uma das gavetas da mesa sob o olhar atento dele, puxando dela um estojo negro de veludo.
'- Ela pediu que lhe entregasse isso.
McGonagall entregou a caixa para James. Ele abriu com cuidado, sem esperar o conteúdo que se revelava aos seus olhos. Diante dele estava o coração de dragão. O rubi cintilou com força quando a luz que entrava pela janela dançou sobre suas faces.
'- Lily falou alguma coisa?
A freira suspirou.
'- Ela não deixou nenhum recado, se é isso que quer saber. Mas disse uma coisa interessante quando olhou uma última vez para o convento...
'- O que ela disse? – James perguntou, fechando o estojo e guardando-o no bolso.
'- Que talvez o senhor pudesse devolver o coração dela aceitando esse em troca.
James mordeu os lábios antes de deixar o escritório sem mais palavras. Ela estava muito enganada se achava que ia desistir assim tão fácil.
Montou o cavalo com destreza, logo partindo em galope na direção do bosque. Só existia uma pessoa que podia levá-lo a Lily. Embora não quisesse atrapalhar os amigos depois de seis meses sem se verem, precisava desesperadamente da ajuda de Susan.
'- James? – Sirius perguntou quando atendeu a porta às desenfreadas batidas do amigo – O quê...
'- Deixe-o entrar, Sirius. – a voz de Susan soou calma do interior da casa.
Sirius abriu passagem para James, que observou o casal de amigos sentindo-se desolado.
'- Susan, onde Lily...
'- Eu não poderei responder a essa pergunta, James. – Susan o interrompeu tristemente – Sinto muito. Só o que posso lhe garantir que um dia, ela voltará. Foi a última coisa que ela me sussurrou antes de ir embora.
O rapaz caiu sentado no sof�, sentindo o peito arder. Era outono de 1929. O mundo sofria as conseqüências da Grande Depressão. Na Europa, o caos se instalava e começavam a funcionar as engrenagens que levariam o mundo à Segunda Grande Guerra.
Fim da quinta parte
Agradecimentos especiais a Lily Dragon, Helena Black, Nat Lupin, Juliana, Flávia, Witches, Je Black, Moony Ju, Ana Malfoy Riddle, lele Potter Black, Mari-Buffy, Belle e Babbi Potter, Lisa Black, Sarita, Juliana Montez, Lílian Black, Pandora, Sarah-Lupin-Black, AAAAAAH! e todos que continuam lendo e me agüentando.
A partir do próximo capítulo, a última parte de MdL... Beijos!
Silverghost.
