Os Mistérios de Londres
Sexta Parte: O último amanhecer
Capítulo 21: Presente, passado, futuro
15 de setembro de 1935
Na cidade de Nuremberg, o chanceler alemão Adolf Hitler apresenta no Congresso do Partido Nazista um conjunto de leis que garatiriam a pureza da raça ariana. As Leis de Nuremberg, como ficaram conhecidas, são duas. Uma versa sobre "a cidadania alemã" e outra sobre "a salvaguarda do sangue e da honra alemã".
As duas têm determinações específicas sobre aqueles que Hitler considera a escória da humanidade: os judeus. Através delas, o chanceler alemão exclue todos os direitos políticos destes, além de proibir o casamento inter-racial. Não apenas daqueles que são declaradamente da religião judaica. Quem quer que tenha em sua genealogia algum parente judeu convertido no passado (até a terceira e quarta gerações) está sob a vigência das leis promulgadas em Nuremberg.
James largou o jornal sobre a mesa, observando o quadro a sua frente antes de tomar um demorado gole de sua xícara de chá. Os olhos dele detiveram-se na dama do quadro e na jóia que brilhava no alvo colo dela.
Seis anos... Seis anos desde que tudo acontecera. E ele agora estava no escritório que antes pertencera a Riddle. O líder dos Valetes de Copas. Nada mais que uma marionete nas mãos do chefe da Scotland Yard. Ele sorriu. Pouco se importava com isso. Seus homens agora trabalhavam junto aos detetives. Eles tinham um inimigo em comum. Era tudo o que importava.
Estreitou os olhos ao ler novamente a manchete que o jornal trazia. A Inglaterra estava sendo covarde. Já devia ter se posicionado contra os desmandos daqueles loucos. O mundo inteiro estava sendo covarde, deixando que Hitler avançasse daquela maneira. Mas, mais dia, menos dia, eles iam se arrepender. E quando isso acontecesse, Moody certamente iria precisar deles.
'- Tio James? - uma voz suave veio da porta.
O homem abaixou os olhos, encontrando as orbes azuis de uma garotinha. Ele sorriu, abrindo os braços para ela.
'- Ol�, Lyn.
Ela aproximou-se quase correndo, pulando nos braços dele. Pouco depois, outro homem apareceu à porta. Sirius sorriu ao ver a filha aninhada nos braços do amigo.
'- Hei, James.
James fez um sinal com a cabeça, ao que Sirius se sentou. Lyn ajeitou-se no colo de James, começando a brincar com os papéis que se empilhavam em sua mesa.
'- Você leu o jornal de hoje? - James perguntou, indicando-o com o dedo.
'- Li. Remus pediu que nos reúnissemos amanhã à noite na casa dele. Ele estava bem preocupado. Parece que pegaram alguns espiões deles na Itália.
James assentiu, suspirando.
'- Não deve demorar muito mais até que os nazistas comecem a mostrar os dentes. Imagino o que Chamberlain fará. Ele quer manter a paz a qualquer custo, mas vai acabar percebendo que essa estratégia não dará frutos.
'- Seria melhor que ele renunciasse e fosse indicado outro primeiro-ministro. - Sirius observou.
'- Tio James? - a voz de Lyn soou novamente.
O moreno voltou-se para ela, sorrindo.
'- Pois não, pequena?
'- Quem é a moça do quadro? Mamãe tem uma fotografia que se parece muito com essa moça. - a criança apontou para o quadro de Isabelle.
Sirius observou os olhos de James estreitarem-se, como se ele sentisse dor em lembrar daquilo. Levantando-se, ele fez um sinal para a filha.
'- Lyn, você conversa com seu tio depois. Vá brincar um pouco lá fora.
A moreninha assentiu com um sorriso doce, o mesmo sorriso de Susan. Sirius e James se encararam por alguns instantes.
'- Eu não entendo porque nunca tentou ir atrás dela. Você não consegue esquecê-la. Nem parece querer, nunca se esforçou para isso. - Sirius voltou-se brevemente para o quadro - Se afoga no trabalho que Moody lhe passa para não ter que pensar nela. Arrisca sua vida...
'- Sirius, eu não quero conversar sobre isso.
O outro homem deu de ombros.
'- Que seja como você quer então. A propósito, Susan pediu para chamá-lo para o jantar hoje.
James assentiu.
'- Eu estarei l�, não se preocupe.
'- Sirius sorriu e deixou o escritório. James observou o nada por alguns instantes antes de abrir uma gaveta, tirando dela um estojo negro. Ele abriu a caixa, revelando a mesma jóia pintada no quadro que enfeitiçara Riddle.
'- Talvez um dia, Sirius, quando eu puder devolver isso e desfazer todos os mal entendidos que deixei para trás... Aí talvez eu possa esquecer...
03 de outubro de 1939
Um mês desde que a Inglaterra e a França tinham declarado guerra ao Eixo. Susan observou a carta que tinha em mãos. Ela mordeu os lábios ao deixá-la de lado, observando o garoto que tinha diante de si. Ele sorriu tristemente quando ela passou as mãos por seus cabelos arrepiados.
'- O que vai acontecer com minha mãe, tia Su?
Ela suspirou.
'- Eu não sei... Sua mãe é a pessoa mais cabeça dura que já conheci.
'- Não havia nada que pudessémos fazer para impedi-la de embarcar?
A morena meneou a cabeça.
'- Não, Harry. Mas a pessoa que pode fazer alguma coisa virá jantar aqui hoje. Você vai querer conversar com ele sobre sua mãe?
O pequeno assentiu.
'- Se ele pode trazer minha mãe de volta...
Ela se levantou, abraçando o garoto.
'- Vá lá pra dentro. Quando eles chegarem, eu chamo você, certo?
Harry assentiu, arrancando um sorriso dela. Quando se percebeu sozinha, Susan se deixou cair na cadeira que ocupava até poucos instantes atrás. Recebera uma carta de Lily há pouco mais de uma semana, avisando que fosse ao convento tão logo pudesse, e não dissesse nada a ninguém. Quando lera aquelas palavras, Susan quase exultou de felicidade. A amiga estava de volta. Preparou-se com cuidado e levou Lyn com ela. A Sirius, disse apenas que faria uma visita ao lugar em que passara grande parte de sua vida.
Mas, ao chegar ao convento, descobrira que as coisas não eram exatamente aquilo que ela esperava. Lily não estava lá. A louca tinha embarcado para o Continente, sozinha. Junto a Madre Sprout, a nova superiora desde que McGonagall se aposentara, Susan encontrara um garoto um pouco maior que sua filha. E uma carta para James Potter.
O que poderia significar tudo aquilo? Afinal de contas, o que Lily estava fazendo? Porque ela fugira de novo?
Susan sorriu novamente. Pelo menos de uma coisa ela tinha certeza. Não tivera nem um minuto de dúvida ao ver o jovem Harry, filho de sua amiga. Apenas os olhos impediam que ele fosse uma cópia perfeita do pai. Ela suspirou. Não queria imaginar qual seria a acolhida de James ao pequeno.
A campainha tocou nesse instante e ela ouviu a voz de Lyn saudar alegremente o pai e o tio. Levantando-se com mais um suspiro, ela seguiu para a sala de visitas. Era hora de revelar segredos que jamais deveriam ter sido guardados.
E aí, pessoal o que acharam do primeiro capítulo dessa nova fase? Hehehehe... Teremos muitas revelações em breve. Aliás, esse capítulo já trouxe algumas boas surpresas, não? Sinto muito por ter sido tão pequeno, mas ele era uma espécie de introdução para o que teremos a partir de agora.
Agradecimentos a Marcellinha Madden, Sarah-Lupin-Black, Nimrodel Telcontar, Lily Dragon, Juliana Montez, Juliana, Mechanical Bride, Lelel Potter Black, Thaisinha, Mirtes, Marília, Meri, Pandora, Dynha Black, Flávia e todos que estão acompanhando a fic.
Beijos,
Silverghost.
