Acredito que todo mundo já tenha percebido que quando minhas notas aparecem aqui em cima é que vem chunbo grosso por aí. E esse capítulo foi um bocado complicado de escrever, eu o refiz pelo menos umas três vezes, adicionando cenas, cortando outras e preparando tudo para o "grand finale".
Mas vamos logo aos agradecimentos. E às respostas para muitas de suas perguntas...
Lily Dragon esse capítulo é especialmente dedicado a você. Obrigada pelas informações (se eu soubesse antes que você era descendente de alemães, tinha pedido sua ajuda). Quanto à questão de a Alemanha ser identificada com o nazismo, eu também detesto isso. É um erro sacrificar toda uma nação pelos pecados de um punhado de pessoas. Eu estudei profundamente a Segunda Guerra Mundial em vários trabalhos que fiz tanto para o colégio como para a faculdade. E sei que muitos alemães arianos, a "raça superior" de Hitler, não concordavam com aquilo que ele fazia. Admiro você por ter expressado sua opinião nesse assunto.
Belle Aurore e Babbi espero realmente que Lily e James não apareçam na sua prova de História. Não quero ser culpada por uma nota baixa. Espero que esteja tudo bem por aí!
Witches não se preocupe com isso, o importante é que você voltou e estou muito feliz com isso. Que bom que está gostando. Só espero que ao final do capítulo não queira me matar...
Juliana bem, tudo tem que ter um fim, não? E eu vou pensar no seu caso. Antes que eu me esqueça, você me mandou uma review há alguns capítulos pedindo ajuda para alguma coisa, embora ainda não pudesse dizer o que era. No que posso ser útil?
Marmaduke Scarlet você pode esperar alguns anos? Meu irmão vai fazer vestibular daqui a dois anos e ele quer fazer medicina e se especializar em cardiologia ou pediatria... Se for cardiologia, eu encaminho vocês a ele, o que acha? Bem, espero que consiga segurar o coração nesse capítulo porque eu aprontei uma...
Jé Black fazer o quê, não? Eu já prolonguei a fic, não posso mais continuar ou ela vai acabar se tornando repetitiva. Mas ainda tem DA... E outras coisinhas em que eu ando pensando...
Gaby-fdj-black posso ser inconveniente? O que siginifica "fdj"? Bem, dúvidas à parte, não creio que as coisas estão tão bem assim para o lado deles, como poderá ver por esse capítulo. Mas como o próximo já é o último, até lá as coisas se resolvem. Palavra da Silver.
Mary-Buffy dia 06? Bem... Ou vou fazer melhor. Vou postar o epílogo da fic no dia 06. Vai ser meu presente de aniversário. Ok?
Ameria eu também identifiquei esse problema... Mas isso foi, de certa forma, intencional. Se você prestar atenção em toda a MdL e estiver acostumada com a linguagem cinematográfica, vai perceber que essa fic se assemelha bastante a um roteiro de cinema. Só que com menos falas. Por isso esses cortes de cena. Essa rapidez de ações. Quanto à pesquisa, de início, eu pretendia deixar essa fic bem solta, mas aos poucos percebi que teria de caprichar um pouco mais no contexto histórico. Por sorte, sempre gostei muito de História e na época do colégio eu fiz um trabalho monstruoso sobre a Segunda Guerra. Isso ajudou um bocado...
Marcellinha Madden o que posso dizer... Hum, no próximo capítulo vai acontecer coisas interessantes. Fora isso, é melhor eu ficar calada ou vou acabar estragando minhas surpresas...
Bem, pessoal, é isso, eu vou ficando por aqui. Vejo vocês segunda-feira com o último capítulo de MdL. Beijos a todos!
Silverghost.
Os Mistérios de Londres
Sexta Parte: O último amanhecer
Capítulo 25: O preço do sangue
Lily observou o documento que tinha diante de si, brincando inconscientemente com a caneta que tinha em mãos. Mordeu os lábios por alguns instantes até finalmente assinar o papel que levaria o prisioneiro Yossef Evansberg a ser transferido do gueto para o campo de concentração.
Com um suspiro, ela largou o papel sobre a mesa, levando as mãos ao rosto cansado. A história que Sir Evans contara naquele escritório há quase um mês ainda martelava em sua mente. A ruiva levantou-se, olhando pela janela, de onde se descortinava as ruelas do gueto.
Yossef fugira com a família de perseguições anti-semitas, convertendo-se e mudando de nome. Na Inglaterra, foi logo reconhecido como grande historiador. O gosto pela aventura o fizera arqueologista. Recebeu diversas honrarias, casara-se com Geneviéve Dumbledore e vivera por mais de cinqüenta anos uma mentira. E, quando menos esperava, certo de que ninguém poderia identificá-lo, acabou nas garras dos nazistas.
Ela não podia culpá-lo, apesar de tudo. Se tivesse descoberto a verdade alguns anos atrás, não perdoaria facilmente o pai por ter mentido por tanto tempo. Mas depois de ver até que ponto aqueles loucos eram capazes de ir, compreendia que fora a única saída que ele encontrara para sobreviver.
Observou novamente o documento, perguntando-se se aquilo poderia dar certo. Não podia simplesmente deixar o gueto com o pai a tiracolo. Além disso, naquele lugar ela tinha muito pouco campo de ação. Assim, mesmo que lhe doesse fazer isso, teria que extraditar Yossef.
No campo de concentração, Wenticht deixara quase todo o aparelho administrativo em suas mãos. Não podia interferir no que acontecia propriamente no campo, mas ali talvez pudesse arranjar um jeito de libertar o pai.
Alguém bateu à porta nesse instante e ela levantou a cabeça, encontrando o olhar malicioso de Klaus Wenticht. Como odiava aquele imbecil!
'- Fräulein Krentz, espero que não tenha esquecido do baile que acontecerá essa noite em homenagem ao nosso amigo inglês. Sir Potter faz questão de sua companhia. Dispensou todos os agrados que lhe mandamos disposto a entrar no salão com você ao braço.
A ruiva assentiu, contendo-se para não xingar o tenente de todos os nomes que lhe passavam pela cabeça naquele instante.
'- Eu estarei lá.
'- Ótimo. Esteja pronta às nove.
Ela observou-o deixar o escritório e voltou-se novamente para o documento. Mais uma semana. Só tinha que suportar mais uma semana. Seu pai estaria no campo no dia seguinte e ela trataria da fuga dele.
E depois... Depois talvez pudesse finalmente estar em paz.
James folgou levemente o colarinho do smoking, olhando impacientemente para o relógio. Nove e dez. Quanto tempo ela ainda poderia demorar?
Como que para responder à sua pergunta, passos ecoaram no alto da escadaria que levava ao saguão do hotel. Ele desviou os olhos do relógio, esquecendo-se do ruído da festa que vinha de uma porta mais adiante e de tudo mais ao seu redor.
Os cabelos ruivos estavam soltos, caindo em cascata sobre as costas dela. O vestido negro contrastava com a pele alva, deixando a descoberto um dos ombros enquanto no outro brilhava um delicado broche de cristal. Lily parou diante dele, os lábios vermelhos curvados em um sorriso frio.
'- Espero não ter deixado o senhor esperando por muito tempo.
James observou as orbes esmeraldinas dela com atenção. Lily estava tentando provocá-lo? Porque se era esse o objetivo dela, ela estava conseguindo muito bem. Ele meneou a cabeça, abrindo seu melhor sorriso.
'- Eu esperaria a noite inteira se necessário, Fräulein Eve Krentz. - ele enfatizou o nome falso dela, estendendo-lhe o braço.
Lily observou o saguão do hotel, onde vários casais conversavam. Havia muita gente importante por ali naquela noite. James deveria ser realmente fundamental para os nazistas. Suspirando, ela deixou que ele a guiasse até o salão. James sorriu orgulhosamente ao perceber que muitos olhares tinham se convergido na direção do casal assim que eles entraram.
'- Lily? – ele chamou baixo, olhando para ela – Já decidiu alguma coisa sobre Sir Evans?
'- Eu talvez precise da sua ajuda para distrair Wenticht. – ela sussurrou, sem desviar os olhos dos convidados.
'- Eu tenho um esconderijo na fronteira com a Suíça. Vocês podem se esconder lá até que eu consiga um jeito de levá-los a Londres. Quanto tempo você precisa?
'- Uma semana. – ela respondeu, sorrindo para uma senhora que a cumprimentara com a cabeça e voltando-se para ele – O que acha?
'- Eu direi a Wenticht que irei embora daqui a uma semana. Irei propor um jantar no gabinete dele, no campo. Enquanto jantamos, você foge com seu pai. Depois me espera na estrada. Vou telegrafar a Sirius e verei se ele me consegue um avião.
Ela assentiu e ele observou a pequena orquestra que tocava sobre o palco. Várias pessoas já ocupavam a pista de dança. Após mais alguns cumprimentos, ele virou-se para Lily, sorrindo.
'- Creio que não poderia me negar uma valsa, não é mesmo, senhorita Krentz?
Lily suspirou.
'- Creio que o senhor pensou certo.
James abraçou-lhe a cintura, levando-a para a pista. Ela passou os braços pelo pescoço dele, aproximando-se. Foi a vez de James suspirar. Apesar de seus corpos estarem próximos o suficiente para que ele sentisse o calor que emanava dela, era como se Lily não estivesse ali; ela continuava a manter distância dele. Ele apoiou o rosto junto à fronte dela.
'- Sabe, eu gostaria que nada disso tivesse acontecido. Que nada tivesse mudado desde aquela noite no convento...
'- Você fez uma escolha. - ela respondeu com a voz fria, embora por dentro estivesse gritando consigo mesma. Aquela proximidade era quase enlouquecedora.
'- E você fez a sua. É uma pena que elas tenham nos separado.
Ele estava tentando reconquistá-la? A ruiva mordeu os lábios. Não podia cair na lábia dele novamente.
'- Receio que suas palavras não tenham conseguido me convencer a cair em sua cama. - Lily parou de dançar, tomando uma pequena distância dele - Com licença, Sir Potter. Procure uma companhia mais agradável para passar a noite, tenho certeza que encontrará muitas.
O moreno observou-a se afastar, raiva e frustração dominando seu peito. Porque ela tinha que ser tão cabeça dura? Porque não podia lhe dar uma chance? Ele passou as mãos pelo cabelo, perguntando-se se já não era hora de desistir.
Lily jamais voltaria para ele.
Corpos se amontoavam uns sobre os outros nas valas comuns. O cheiro de morte dominava todo o ambiente. Tudo ali parecia lembrar um tétrico filme de terror; desde a noite úmida e fria até os uivos dos cães ao longe.
Yossef encolheu-se sob a capa puída que cobria seu corpo. Precisava chegar o quanto antes às fronteiras do campo. Escondeu-se da luz dos holofotes junto a uma parede, esperando pacientemente até que ela se distanciasse, enquanto seus pés afundavam na neve fofa.
Quase sentia saudades do gueto. Aquele lugar era um pesadelo vivo. Olhou para o braço, onde uma série de números azuis se desenhavam na pele. Como ele, centenas de outros chegavam àquele lugar, marcados como gado humano. No início havia choros, súplicas e ameaças. Mas depois, todos se calavam. Então reinava soberano o sepulcral silêncio sobre aqueles vivos quase mortos, marcados pela loucura, pela violência, pelas atrocidades da guerra.
A lembrança da filha fê-lo recobrar as forças para continuar. Precisava encontrá-la o quanto antes. Ela estava se arriscando por ele. Tinha que corresponder ao sacrifício dela.
Na sala do pequeno escritório do campo, Wenticht, Lily e James jantavam. Os dois homens conversavam sobre as idéias do oficial enquanto a ruiva engolia em silêncio sua comida.
Ela levantou-se da mesa, respirando fundo. Faltava muito pouco agora. Fugiria com o pai no jipe do campo. Ninguém iria pará-la em um carro oficial.
'- Com licença, eu vou checar a segurança.
Wenticht acenou com a cabeça e a ruiva deixou a pequena sala. James observou-a sair, esquecendo de seu jantar. O tenente alemão riu ao perceber o interesse do inglês sobre sua secretária.
'- Ela é fascinante, não é mesmo?
'- Perdão? – James voltou-se para ele, voltando à realidade.
'- Apesar de não ser mais tão jovem, a senhorita Eve ainda é bela. Possui um gênio forte também. Uma combinação bastante explosiva, mas atrativa para muitos. É uma pena que ela pareça ter feito sua escolha, visto que também não desgrudou os olhos do senhor desde que chegamos. Ela certamente seria uma excelente amante.
Antes que James pudesse responder às palavras maliciosas do tenente, um alarme soou. Imediatamente o oficial se levantou.
'- Alguém está tentando fugir.
James mordeu os lábios, saindo logo atrás do tenente nazista. O plano de Lily não dera certo.
As luzes foram ligadas e Lily percebeu que estava sob o foco de uma delas. Não havia mais escapatória agora. Mesmo que seu pai chegasse até ela, o jipe seria atingido por uma saravaida de balas tão logo entrassem nele.
'- Frau Krentz, atire no prisioneiro! – ela ouviu a voz de alguém gritar de longe.
Tentando ganhar tempo, ela tirou a pistola do coldre, apontando para Yossef, que parara a poucos metros dela.
'- E agora? – ele perguntou com a voz fraca.
Lily suspirou.
'- Receio que não haja mais agora. Se tivermos muita sorte, eles...
Ela abaixou a cabeça e Yossef arregalou os olhos, entendendo a mensagem implícita nas palavras dela. Com sorte, ambos seriam fuzilados; teriam uma morte rápida; ele como fugitivo e ela como traidora. Respirando fundo, o velho deu um passo à frente.
'- Pai, o que está fazendo? – ela perguntou, a arma ainda em punho.
'- Atire, Lily.
Os olhos dela se arregalaram em choque.
'- Pai, o senhor enlouqueceu? Eu não...
Ele deu mais um passo.
'- É a única maneira, Lily. Eu não vou me perdoar pela sua morte. É tudo minha culpa. Eu devo ser o único a ser punido.
'- Deixe de besteiras! Eu entrei nesse lugar por livre e espontânea vontade. E daqui só saio com o senhor.
Mais um passo. Mais gritos. Pai e filha olharam-se com tristeza.
'- Eu sinto muito, minha pequena.
Antes que ela pudesse perceber, Yossef segurou as mãos dela, encostando à pistola ao peito. Um tiro soou.
