OS PERGAMINHOS DE NOSSA EXISTÊNCIA

Autora: Angela Miguel
Contato: angela(ponto)mig(arroba)uol(ponto)com(ponto)br e ametista(underline)lua(arroba)uol(ponto)com(ponto)br
Shipper:Harry/Hermione
Spoilers: 1 a 5 livros
Sinopse: Pós-Hogwarts. Hermione é uma jornalista famosa do Profeta Diário e é designada para uma reportagem especial com o Departamento de Espionagem e de Aurores do Ministério da Magia. Porém, pior do que pisar onde prometera não mais pisar é reencontrar alguém que não se esquece. Para voltar a ter sua vida de volta, Hermione só precisará realizar esta matéria. Mas, quando o passado reabre feridas e sentimentos, não há vida que volte a ser a mesma.
Disclaimer: Esta história não tem ligação com J.K.Rowling ou qualquer empresa ligada a série e marca Harry Potter. Não há fins lucrativos.
Resumo do capítulo anterior: Na primeira sexta-feira do mês, Hermione acaba encontrando um lugar para aproveitar o final do dia, mas topa com o lugar especial de happy hour de aurores e espiões. E uma última tentativa de Harry somente piora a situação. Será que ela conseguirá resistir aos ímpetos de Harry?

Nota da Autora (1): Depois de SÉCULOS sem atualização, aqui está ela! E especialmente para vocês, quase 20 páginas hein! E um capítulo que promete muitos comentários! ;) Desculpem mesmo a displicência, mas é que a minha vida anda tão, mais tão maluca e confusa que gostaria de pedir muita paciência de vocês... Perdão mesmo... Mas espero poder atualizar com maior freqüência. Obrigada por tudo pessoal! E espero que gostem do capítulo tudo de bom hein!

Nota da Autora (2): Agora finalmente betado pela M-Chan! (16/02/2005)


CAPÍTULO SETE - EFEITO ABSINTO

O aeroporto de Heathrow era um dos mais belos do mundo para Hermione. Puxando sua pequena mala, apenas preenchida com o necessário para o final de semana, a mulher puxou Justin para acompanhíla de perto. Era engraçado notar como aquele leve roxo em seu nariz conseguia destruir toda a sua beleza. Hermione escondeu o riso ao recordar a noite passada, em que ele e Draco atracaram-se no Ginger's Bolls. O motivo ainda estava nebuloso para Gina, aparentemente, mas a jornalista sabia mais. Era claro que a antiga diferença entre os Weasley e os Malfoy parecia transpor os níveis do coração. Nada parecia surpreendê-la atualmente, caso isso fosse verdade. Até mesmo a estúpida proposta de Harry.

Parando à frente do check-in, a jornalista retirou o passaporte e cutucou Williams para fazer o mesmo. A funcionária da companhia aérea checou todos os dados e devolveu o cartão de embarque para ambos. Ao tornar-se para trás, encontrou o editor-chefe do Profeta, a testa avermelhada protuberante, mesmo naquele horário da manhã – no caso, sete e meia. Cruzando os braços, apontou para um canto e puxou os jornalistas.

- Sabe Nicholls, eu odeio viajar como trouxa... – resmungou Justin, profundamente mal humorado naquela manhã.

- E eu não dou a mínima para isso, Williams. Você e suas babaquices vão todas para o inferno, que acha? – cortou Nicholls, visivelmente aborrecido, enquanto Hermione suspirava desanimada. – A missão é muito simples. Hoje haverá uma conferência em Nicósia da Divisão de Relações Inter-Bruxos do território grego e lá estarão todos os políticos que estão envolvidos no nosso caso. Durante a reunião, eu quero vocês dois tentando descobrir TODAS as informações sobre os escândalos do Albireo e da sua comissão parlamentar.

- Você me disse ontem que tinha uma fonte de confiança por lá – interrompeu Hermione, puxando seu casaco ao redor do corpo. – Conhece Albireo?

- Na verdade não. Minha fonte conhece um dos seus assessores – respondeu o editor, a vermelhidão se espalhando por suas bochechas. – Assim que chegarem a Larnaca, vá direto ao píer 49 e procure Synatis Mizar. – e com isso, Nicholls estendeu a foto de um homem, aparentando seus cinqüenta e poucos anos, com um típico chapéu de pescador e olhos bem azuis.

Justin saiu andando, meio cambaleante e ainda muito descontente, quando Nicholls puxou Hermione.

– Mas, por favor, descrição. Mizar não tem idéia de que somos bruxos, entenderam? Ele é um aborto, e costuma ficar incrivelmente magoado com estes assuntos. Não toquem caso ele não toque.

Antes de acabar com o breve encontro e embarcar, Hermione assistiu Williams discutir com Nicholls por alguns minutos e imaginou como ele poderia falar naquele tom com o chefe. Na verdade, Justin mantinha-se no Profeta pelo único motivo de ser um dos maiores jornalistas da Inglaterra – e isso levando em conta apenas o tamanho de seu caderno de fontes. Para Nicholls, manter Justin por perto era manter um inimigo. Caso ele mudasse para outro jornal concorrente, seu emprego e suas notícias estariam fortemente ameaçados – ainda que possuísse a melhor de todas, ela.

Como trouxas, levariam cerca de seis a sete horas para chegarem ao Aeroporto de Larnaca. Hermione decidiu aproveitar este tempo para escrever sem parar em um caderno seu, enquanto Justin tirava um belo sono e lia os cadernos de política dos principais jornais bruxos.

Larnaca era uma cidade litorânea da ilha do Mediterrâneo, banhada pela bacia de Larnaca, calorosa e convidativa. Apesar de o final do outono estar atingindo suas árvores e paisagens, a cidade permanecia iluminada pelo sol belo e delicioso, tão necessário para a pele sempre clara e cansada de Hermione. Justin e ela deixaram o aeroporto de mesmo nome e dirigiram-se para a capital, Nicósia.

Quarenta e cinco quilômetros pela rodovia A2, quase trinta e cinco minutos do aeroporto, e Hermione e Justin estavam à frente do Hilton Cyprus Hotel, um dos melhores hotéis do Chipre, cinco estrelas. Nicholls havia feito as reservas para ambos no mesmo hotel onde haveria a tal Conferência. "Maravilha, assim evitamos muito cansaço", pensou consigo mesma, despejando a mala com o rapaz das bagagens.

Justin logo a alcançou, lançando olhares às mulheres de pele bronzeada e corpo curvilíneo, diferente das européias, especialmente as inglesas, que possuíam má fama. O recepcionista deu-lhes as chaves dos dormitórios, e ambos correram para não perderem a hora com a tal fonte de Nicholls.

Os dormitórios eram confortabilíssimos. Ar condicionado, mini-bar, TV por satélite, aparelho de som e até secador próprio. A cama era enorme, macia e bem alta. Hermione jogou-se por um instante nela, sentindo o corpo afundar nos colchões deliciosos e nos travesseiros fofos.

- Queria eu poder passar minhas próximas três semanas assim... A vida seria tão boa... – murmurou para si, um sorriso leve nos lábios.

Não demorou muito até que Justin batesse em sua porta, pronto para pegar o carro alugado e ir ao encontro da fonte. No saguão de entrada, Hermione notou que a Conferência estava marcada para iniciar às duas horas da tarde. Em seu relógio, pelo fuso horário, logo seria duas da tarde.

Nicósia era um contraste. Estruturas longas e metalizadas entravam em choque com os antigos monumentos e construções, todas em tijolos ou grandes pedras, amareladas com o tempo. As avenidas eram largas, e percebia-se o enfrentamento entre a cultura grega e a cultura turca, que dividiam a cidade e o país. Hermione parecia fascinada a cada quilômetro dentro do veículo, enquanto Justin reclamava do calor. Mas, apesar de toda a beleza, o importante era encontrar a casa da fonte. E acabar logo com esse Caso que tirava seu sono há meses.


A casa de Mizar era singela, como praticamente uma cabana à beira de um rio – o píer 49. Hermione demorou-se observando como parecia antiga a residência, e como o tal Mizar encaixava-se com a paisagem. Era à beira de um lago, no caso, cristalino e refrescante naquela temperatura alta da Ilha.

Justin pronunciou-se e bateu na porta, acompanhado da mulher. Não houve resposta. Hermione bufou aborrecida, passando as costas da mão pela testa, limpando o suor.

- Que calor insuportável – gemeu Hermione descontente, abanando-se com a mão. – Onde será que está o Sr. Mizar...?

- Vocês devem ser os amigos de Nicholls, correto?

Justin e Hermione tornaram-se para trás e encontraram o senhor segurando uma vara de pescar entre os dedos, e retirando o boné dos cabelos grisalhos. O sotaque era carregado, mas ainda assim fácil de entender. Hermione notou como aquele senhor parecia estar sentindo os anos passarem somente em raros momentos, pois exaltava uma longevidade incrível e admirável. Não pôde deixar de invejílo, já que a aparência levemente idosa, mas feliz, era um de seus maiores desejos. Poder envelhecer com graça e alegria...

O senhor aproximou-se e estendeu a mão enrugada para cumprimentar Justin. O jornalista retribuiu o cumprimento e assistiu Mizar fazer o mesmo com Hermione, diferenciando o gesto seguinte, colando seus lábios na bochecha direita da mulher. Hermione já ouvira falar sobre este costume muito característico de povos do hemisfério sul, especialmente os latino-americanos. "O calor humano é intenso", pensou prazerosa.

- Venham, venham! – convidou, estendendo a mão para sua cabana. – Entrem.

Os ingleses notaram que a cabana parecia bastante simples por dentro também, mas de um conforto quase reconhecível. Hermione sempre teve o costume da alta observação e não pôde deixar de pensar que aquele deveria ser um homem extremamente observador igualmente. Alguns elementos presentes naquele cômodo, a sala, expressavam alguém detalhista e possivelmente calmo, mas bastante fechado. Williams sentou-se em um dos sofás da cabana e notou a ponta de algo muito parecido com...

- Hermione, repare naquilo. – cochichou, cutucando a parceira.

Enquanto a mulher apertava os olhos, tentando tirar suas conclusões, Synatis Mizar deu-lhe um sorriso, apoiando sua vara de pescar em um canto da sala e sentando-se junto deles.

- Synatis Mizar – apresentou-se, sorrindo. – E vocês devem ser os jornalistas do Times, certo?

Hermione e Justin trocaram um olhar, imaginando que Nicholls sequer dissera de onde eles deveriam ser. Possivelmente do The Times, no caso, mas ainda assim, como falar sobre um caso de trouxas e bruxos com um senhor que é um aborto e fica sentido de tocar num assunto desses? Concordaram com a cabeça, apenas.

- Exatamente, Sr. Mizar – sorriu gentilmente Justin, olhando de esguelha para Hermione. – Nicholls disse que poderia nos ajudar com o político Albireo. Creio que possui dados importantes...

- Então, necessitam de informações sobre Albireo? – disse ele, a voz rouca. – Não achei que Nicholls pudesse incomodar-se com ele. O sujeito é bastante famoso aqui no Chipre, possui uma reputação e tanta!

Justin ajeitou-se no sofàsorrindo de modo perspicaz.

- Sim, e pretendemos desvendar a sua real personalidade e revelíla para a população. Nada mais justo, não acha?

Mizar concordou com a cabeça e notou Hermione, o olhar indicando curiosidade em algo acima de sua televisão.

- Há algum problema, senhorita...?

Hermione desviou rapidamente o olhar sobre o objeto e sorriu acanhada para o senhor, pegando-se de surpresa por um olhar tão estranho a ela. Alguém já a olhara daquela mesma maneira, certamente.

- Granger, Sr. Mizar – corrigiu a jornalista. – Aliás, posso perguntar-lhe como o senhor conhece Nicholls?

O velho ainda ficou durante alguns segundos detalhando-se em Hermione, até responder, recostando-se no sofá e coçando o cabelo desgrenhado:

- Oh, Nicholls? Eu conheço-o há muitos anos – seu olhar fugiu do dela e posou sobre o de Justin. – Um retribuindo favores ao outro, entendem?

- Claro, claro – concordou Justin, ainda olhando enviesado. – Mas, como o senhor mesmo citou, achou estranho os ingleses preocuparem-se com um caso como esse...

Mizar ergueu-se da cadeira, oferecendo um copo de água a todos e indo pegílo. Enquanto isso, respondia com tranqüilidade:

- Ah sim. Mas confio em Nicholls – falou, erguendo a voz para sobrepor-se ao som da água caindo nos copos de vidro. – O cara sempre foi alguém de confiança, sempre procurou trazer a verdade. Mesmo que seja um caso que envolva trouxas e bruxos, certo?

Hermione mordeu o lábio inferior, ao ouvir o senhor, supostamente um aborto, falar sobre bruxos.

- Absolutamente – concordou Hermione. – Hum... E o que o senhor pode falar sobre Albireo e sobre esta tal Conferência que acontecerá hoje?

Trazendo os copos entre os dedos, Mizar entregou-lhes com destreza. Destreza tamanha para um homem que aparentava quase sessenta anos e que não segurava propriamente os corpos... Ele os trazia entre os dedos, mas as laterais dos copos não se encostavam neles. "Isso é coisa de bruxo", deduziu Hermione, erguendo no mesmo momento o olhar para o velho.

- Albireo é o político mais famoso e admirado já existente no Chipre, e principal representante do lado grego da Ilha – explicou Mizar, sentando-se novamente. – Ele sempre defendeu o direito dos bruxos de maneira tímida, mas importante. Para com os trouxas, sempre um homem decisivo, um homem que cumpre a palavra. Ainda que seja da pior maneira possível.

- Pior maneira possível? – repetiu Justin, como se pedisse mais explicações.

- Albireo sempre se mostrou como o mestiço correto, que protege os desejos dos trouxas, mas que não se esquece da parte bruxa de seu sangue – Mizar bebeu de sua água. – Um pai de família, um marido exemplar, um prestador de serviços e verdadeiro político, com a justiça e a transparência ao seu lado. Mas, nós, que descobrimos certas atitudes no mínimo duvidosas da parte dele, notamos que é tudo uma máscara.

Hermione segurou a língua, a fim de questionar o por que de um aborto possuir uma varinha atrás de sua televisão – sim, era uma varinha. Depois, desejou perguntar como conseguira trazer os copos sem tocílos. E por fim, desejou indagar qual máscara era aquela, mas perseguiu ouvindo-o.

- Nunca imaginei que o grande Albireo fizesse parte de um esquema de lavagem de dinheiro, manipulação e prostituição – o velho sacudiu a cabeça negativamente. – Poucos sabem de suas atividades ilícitas, e os que sabem fizeram juramentos de silêncio. Todos sabem que Albireo é envolvido com as máfias italiana e grega... E quem arriscar a abrir o bico, estará encomendando o paletó de madeira na manhã seguinte – completou Synatis, o nariz torcendo para a direção de Hermione. – Albireo é a imagem perfeita de um político e pai de família perfeitos. Mas quem o conhece de verdade, sabe que nada disso chega perto da verdadeira realidade.

- Por acaso, a família dele tem idéia dessa personalidade? Dessas atividades? – indagou Justin, impressionado com um segredo tão bem guardado.

Mizar soltou uma risada pelo nariz, como se debochasse de toda a situação.

- Albireo é uma personalidade muito conhecida por todo o mundo bruxo... É quase como um exemplo, tenho certeza que o Ministro da Magia deseja ser um pouco como Albireo, o único mestiço que procura resolver os problemas e unir as comunidades, ainda que por baixo do pano, sem que a população descubra toda a verdade, o que seria uma devastação – respondeu o velho. – Certamente, a família dele deve ter conhecimento de parte de suas atividades, ao menos a mulher, Vittoria, e o filho mais velho, Nicolas. As duas meninas mais novas, Athena e Juno, não devem ter idéia.

A jornalista deixou que um suspiro escapasse de sua garganta e dirigisse seu olhar para Synatis, sentado em sua poltrona, levemente destacado da moradia, como se ele não fosse "ele".

- E como vamos nos infiltrar nisso? Porque, duvido que nessa Conferência saia muitas informações sobre Albireo e seu jogo sujo. – questionou Justin, atrapalhando os pensamentos da jovem.

- Após a Conferência da Divisão de Relações Inter-Bruxos, haverá uma festa na mansão de Albireo. Uma festa que há o nome de vocês dois incluídos, certamente... – quando Justin quis indagar sobre como ele sabia disso, Mizar prosseguiu. – Caso não saibam, sou parente de um dos assessores de Albireo e logo que saírem daqui, irei requisitar que coloque seus nomes na lista – Justin ficou sem palavras. – Cortesia minha, favor meu a Nicholls.

- Então... Nós somente devemos... – iniciou Williams.

Mizar ergueu sua mão e pediu que ele não falasse mais, o sorriso nos lábios ainda, de maneira vitoriosa.

- Devem apenas entrar na festa e fazer o que têm que fazer. Nada mais.

Algumas informações a mais e Justin e Hermione resolveram deixar o lugar. Synatis Mizar pareceu ligeiramente agitado com os olhares da jornalista, incomodado. Justin logo iniciou seu caminho até o carro, enquanto Hermione agradecia todo o suporte e a ajuda do senhor.

- Senhor Mizar, muito obrigada pela ajuda. O senhor facilitou muito nosso trabalho – disse ela, apertando a mão do velho. – Apenas gostaria de perguntar-lhe uma última coisa. O senhor acha que as atividades de Albireo estejam ligadas aos recentes ataques e renascimento de grupos defensores dos ideais de Voldemort?

- Talvez, não seria uma surpresa posso lhe garantir – respondeu Mizar, a mão quase suada, unida a de Hermione.

O senhor aproximou-se dela e deu-lhe um beijo no rosto delicadamente, dizendo em seguida.

- E sobre seu agradecimento, à noite a senhorita poderá fazê-lo melhor.

E saiu, dando as costas, o sorriso pleno ainda no rosto. Hermione ficou estarrecida, chocada demais para palavras de resposta ou de questionamento, mas notando que, ao último pronunciamento, Synatis possuía uma voz diferente, seu perfume era reconhecível e o olhar permanecia ali. Ela o conhecia de algum lugar, definitivamente.


A Conferência fora uma grande perda de tempo para Hermione, ainda que Williams dissesse o contrário. "Se bem que, analisando melhor, de fato foi uma boa chance de conhecermos Albireo em público". Albireo era certamente um dos políticos mais carismáticos que Hermione já conhecera. Respondia a todas as perguntas, até mesmo as mais pessoais e desconfortáveis, sempre um largo sorriso no rosto e uma gracinha atrás de suas frases de conclusão. Esse sim era um homem que nascera com um dom: lidar com o público. Hermione sabia da existência da oposição naquela Conferência, mas nem mesmo estes conseguiam evitar o baile que Albireo dava em qualquer um. Era quase admirável.

Debaixo do chuveiro, a água escorrendo pelo seu corpo exausto e quente pela alta temperatura ambiente, a jovem voltou seus pensamentos para o velho do píer. Synatis Mizar possuía algo de diferente e quase constante que provocava uma intensa curiosidade em Hermione. Reconhecia o jeito de olhíla, como suas mãos tocavam o queixo levemente rugoso, como a idade passara de modo quase imperceptível. Talvez fosse paranóia sua, mas a semelhança com alguém que lhe era conhecido era muito forte.

E então as palavras da noite anterior encheram sua cabeça. Como Harry poderia ser tão insensível e bruto a ponto de pedir-lhe sua demissão? Hermione não daria o gosto doce a ele, resistiria naquelas próximas três semanas com toda sua força de vontade e autonomia. Ingênuo ele, que assumiu uma postura tão superior perante ela, achando que poderia largar o emprego. Há

Fechando a torneira, pisou no chão frio do banheiro e envolveu a pele molhada em uma fofa toalha champagne. Pela janela do cômodo, podia detalhar o pôr-do-sol irresistível. O brilho azulado da noite mesclava com o alaranjado, quase avermelhado, do dia. Hermione perdeu-se em alguns minutos, observando a paisagem, imaginando como sua vida poderia ser após aquela missão no Ministério. Ganharia dinheiro o bastante para aplicar em seus estudos sobre feitiços e sua paixão pela escrita. Decerto, não demoraria até que o dinheiro rendesse e sua vida seguisse calmamente, que pudesse finalmente exercer tempo para procurar paz e completa dedicação ao conhecimento.

Porém, poderia seguir a vida sem um grande amor?

A idéia pareceu aterrorizante a princípio, e a jovem sentiu um calafrio percorrer sua espinha até alcançar o topo de sua cabeça. Uma vida sem amor não é vida, já não dizia um ditado? E como poderia ir contra isso, se esta fosse uma das maiores verdades já existentes? Até mesmo os servidores de Deus eram "apaixonados" por Cristo e sua religião, havia um amor que os empenhava a seguir suas convicções.

Tornando-se para o espelho da pia, Hermione passou os dedos contra a superfície e carregou as gotículas de água em sua mão, enquanto sua imagem turva formava-se. De alguma maneira, encontrar-se daquela maneira, o rosto vermelho pelo calor do banho, a boca entreaberta como se tivesse levado um susto, e o cabelo molhado em seu pescoço e ombros, não era agradável.

Não haveria ninguém a entrar no âmbito, tomar-lhe nos braços e abraçar-lhe contra a pia, unindo seus rostos e sorrindo para a imagem distorcida. Isso era algo bastante característico de Rony. Ou então, dirigir o olhar para a porta e encontrílo ali, apoiado no batente, os braços cruzados e um grande sorriso, enquanto sussurrava "você é perfeita". Algo que Harry fizera nos curtos meses em que moraram Rony, ele e ela no mesmo apartamento. Recordar daquela frase tão carinhosa que o amigo costumava fazer, mesmo que Rony estivesse adormecido em sua cama e podendo ouvi-los completamente.

Repentinamente, quebrando sua seqüência de raciocínio, o telefone do dormitório tocou. Hermione abriu a porta do banheiro com rapidez e foi deixando um pequeno rastro de água pelo carpete do quarto do hotel. Irritou-se pela atitude displicente e enrolou-se mais fortemente na toalha antes de sentar-se na cama, sentindo a água do cabelo solto nas costas.

- Srta. Hermione Granger? – indagou o recepcionista com leve sotaque.

- Sim, é ela quem está falando...

- Uma ligação para a senhorita de Synatis Mizar, deseja atender?

Hermione enrolou mais a toalha felpuda contra o corpo e sentiu o acolchoado leve da cama começar a ser tomado por umidade.

- Sim, sim, pode passar – concordou, logo ouvindo a troca de ligação pelo telefone e um ronco do outro lado da linha. – Sr. Mizar?

- Senhorita Granger? Aqui é Synatis Mizar, nos falamos à tarde...

- Eu me lembro senhor Mizar. Mas diga, qual é o problema? – indagou, pensando como aquele senhor havia conseguido seu telefone e número de quarto no Hilton.

- Só estou ligando para avisar que os nomes estão na lista e que a festa inicia à meia-noite em ponto... – Hermione pretendeu interromper, mas Mizar prosseguiu. – A comemoração será no subsolo do seu hotel, senhorita, é só falar com o recepcionista.

- No meu próprio hotel! Isso é estranho demais, Sr. Mizar...

- Imaginei que fosse pensar isso, senhorita. Mas Nicholls providenciou as reservas neste hotel exatamente por essa razão. E os nomes com que a senhorita e o senhor Williams entrarão são Adria Stanfiel e Mitchel McConnor. Serão escoceses da missão de espiões. E o traje é social.

Hermione rapidamente anotou em um pedaço qualquer de papel os nomes, procurando não esquecê-los – "Adria Stanfiel... Mitchel McConnor" –, e pensou em perguntar sobre como o estranho senhor tinha conseguido descobrir seu paradeiro, o número de seu dormitório, porém o senhor logo desligou.

- Boa sorte, Srta. Granger. Até logo. – e bateu o telefone.

A jornalista soltou uma exclamação pela tamanha má educação e bateu o gancho igualmente. Era quase como se ele fosse misterioso e irritante como seu velho desafeto. Suspirando, ergueu-se, percebendo a pequena mancha molhada no acolchoado, e voltou para o banheiro. Paralisou a frente do espelho mais uma vez.

O cabelo lentamente foi preso num coque, a jovem procurando abrir as janelas do banheiro para arejar e secar o espelho da forma correta. E ficou ali, assistindo seu rosto voltar à forma normal no reflexo, a mente ocupada por lembranças do passado, e os braços envolvendo a si mesma, num instante de fragilidade e saudades de um tempo que nunca mais voltaria.


Justin e Hermione pediram o jantar pelo serviço de quarto, devido ao horário tarde da tal comemoração. Estavam tentando assistir ao canal de notícias, mas toda a falação em grego não agradou a nenhum deles. A BBC estava noticiando algo sobre um ataque ao Oriente Médio, e Hermione suspirou. E eram os bruxos que possuíam problemas?

Terminando seu prato, a mulher ergueu-se da mesinha e foi até a varanda, descansando o corpo da posição ruim para alimentar-se. Aquele sábado estava sendo um tanto quanto calmo, e não tinha idéia do que esperar da noite. O que aconteceria nesta festa? E quem iria a ela? Albireo certamente não faria uma festa com os principais ajudantes seus em planos ilícitos, correto?

Exatamente as onze e quinze, iniciou sua produção. Como o traje seria social, de acordo com as informações de Mizar. Hermione separou um vestido preto seu, de alças que prendiam atrás de seu pescoço e descia colado até a altura do quadril, onde abria levemente num tecido como balançam as ondas do mar. Algumas pedras negras completavam a produção na altura do colo do vestido, até a cintura, delicados e esparsos. Hermione pendurou-o na alça do armário e observou-o enquanto fazia sua maquiagem.

Tinha comprado aquele vestido para o aniversário de vinte e um anos de Rony, quando conseguiu seu contrato com o Cannons, após a passagem pelo Puddlemere United. Todos foram comemorar em um famoso pub de Londres, e depois, os dois saíram para um encontro a dois... Aquela noite havia sido tão linda. E ele havia dito que estava maravilhosa naquele vestido.

E Harry, por sua vez, que nunca a vira tão deslumbrante em toda a vida dele.

E foi como se seu coração tivesse parado completamente.

- Pare com isso, Hermione! – disse para si mesma, olhando o vestido e batendo contra a testa a mão esquerda, que carregava a caixa de sombra.

Quando o relógio soou quinze para a meia-noite, Hermione olhou-se pronta à frente do espelho, um ligeiro e tímido sorriso nos lábios. Incrível como ele ainda cabia perfeitamente em seu corpo, como a deixava mesmo muito bonita. Um sapato preto acompanhava a produção, e um par de brincos, longos e finos, compostos por pequeninas pedras de cristais. Por fim, uma pulseira que combinava com os brincos, discreta, mas elegante.

Em poucos minutos, Justin tocou na porta e Hermione permitiu a entrada. A reação boquiaberta e sem palavras adicionais, sem comentários idiotas tão típicos dele foi o melhor elogio que poderia receber pelo visual. Esperaram mais alguns minutos e desceram pelo elevador. Trocaram um olhar antes de deixílo para trás, desejando que tudo corresse bem. E que Albireo finalmente mostrasse sua verdadeira cara.


Com toda a certeza, aquela comemoração era especial e apenas para convidados vip. Logo na entrada, dois grandes rapazes, os famosos 'leões de chácara' para os trouxas, possuíam trajes negros, sobretudos, e cintos reluzentes que traziam duas armas de cada lado do quadril – calibre 38. Para aquela temperatura da Ilha do Mediterrâneo, Hermione apenas pôde sentir pena.

Ao centro dos rapazes havia uma mesa e uma jovem sentada sobre uma bancada, daquelas altas de pub's, as pernas torneadas e bem bronzeadas. Hermione não pode deixar de reparar nos olhos de Justin recebendo um leve toque brilhante.

- Nomes, por favor. – pediu, a voz aveludada, em inglês.

- Mitchel McConnor e Adria Stanfiel – respondeu Justin, passando o braço direito pelas costas de Hermione, como se para protegê-la dos olhares dos rapazes.

Os olhos escuros da jovem ali sentada correram pela lista dos convidados. Com uma pena, seguia pelos sobrenomes, sussurrando "McConnor, Stanfiel...", e adicionando algumas palavras em grego que nenhum deles entendia. E então, seus olhos arregalaram-se e ela levantou a cabeça, abrindo um grande sorriso para ambos.

- Oh! Por que não disseram logo que eram os convidados de honra do Sr. Albireo! – questionou a jovem, como se aquele fosse o maior segredo já revelado no mundo. – Por favor, acompanhem-me. O Sr. Albireo os espera.

Hermione e Justin trocaram um olhar temeroso. "Convidados de honra?", ela sibilou para Justin, que deu de ombros, parecendo tão confuso quanto ela. Mas, decidiram seguir a jovem e ver qual seria o final da tal festa.

O salão do subsolo era visivelmente espaçoso. As janelas eram compridas e finas, como em antigas construções góticas, e o fundo era também fabricado, já que se localizava debaixo do solo. O Cyprus Hilton era admirável. Entretanto, o espaço físico fora tomado por uma decoração um tanto...

- Sanguinária e de um toque sexual? – arriscou Justin, sussurrando a ela, enquanto andavam junto da recepcionista.

Hermione geralmente não concordava com as opiniões de Williams, mas desta vez ele estava certíssimo. Do teto do salão até o piso de mármore seguiam longas cortinas de seda de inúmeros tons terracota e vermelhos. Elas movimentavam-se de acordo com o andar dos convidados, que tinham de desviar daquele quase labirinto de seda avermelhada. As luzes eram circulares e triangulares, flutuando suavemente entre as pessoas, alaranjadas e amareladas. Logo à frente, uma grande escadaria apresentava-se, denunciando a grande pista. Justin e Hermione paralisaram ali. Correntes medievais, de grandes nós de ferro, estendiam-se do teto até o piso, como as cortinas da outra sala. A iluminação era avermelhada e arroxeada, um grande caminho de tapete negro circundando a pista, lotada de gente.

Os convidados usavam máscaras que cobriam apenas os olhos, como o famoso carnaval de Veneza, e todos carregavam grandes taças de cristal, tomadas por um líquido quase esverdeado. Absinto.

Nos cantos da pista existiam sofás do mesmo tom das cortinas, em que parte dos convidados acomodava-se ali. Pouco adiante, após o final da pista, havia uma outra escadaria, semelhante àquela que estavam parados sobre. E no topo da escadaria, estavam três pessoas, dois homens e uma mulher, sentados em volta de um grande tabuleiro de xadrez. E um telão logo atrás deles passava um vídeo, no mínimo, sugestivo. Eram cenas sensuais de homens e mulheres juntos, todos nus.

Os jornalistas tinham certeza que, no topo daquela escadaria, estava sentado ao lado do tabuleiro o grande Albireo. Pena que, aparentemente, não havia um trono. Assim seria o mais ridículo daquele visual todo.

- Viemos parar em uma festa sadomasoquista? – indagou Hermione, quase divertida, enquanto seguiam os passos da jovem pelo meio da pista.

Claramente havia pessoas de toda parte do globo. Viam-se latinos, norte-americanos, asiáticos, europeus, escandinavos... Enquanto Hermione e Justin circulavam atrás da recepcionista, olhavam à volta, impressionados com a quantidade de gente e de bebida por metro quadrado. Nos cantos, olhando mais de perto, casais aproveitavam para beijarem-se com furor. E varinhas eram erguidas no ar, exigindo mais e mais taças de absinto. A taça enchia-se automaticamente do líquido. Todos pareciam bruxos, ao menos. Mas ainda, aquele bendito Mizar poderia ter avisado a ela o tipo de comemoração, o que ainda parecia nebuloso para ambos.

Sentindo-se levemente quente por andar naquela multidão, notando que mãos tentavam tocíla no caminho, em suas costas, em suas pernas, em seus braços, Hermione irritou-se e tornou-se para trás. Olhando para os lados, profundamente aborrecida, enquanto Justin parava igualmente, ela encontrou algo que chamou sua atenção. Um brilho diferente dentre aquelas máscaras que lhe lançavam olhares de lasciva e luxúria. Um brilho quase esverdeado, que se destacava dentre tanto avermelhado. Talvez fosse uma taça mais cheia de absinto.

Justin tocou sua mão esquerda e pediu que ela continuasse. De fato, não gostaria de perder-se dele. Suspirou, esquecendo o motivo de ter virado para trás, e prosseguiu.

A segunda escadaria estava logo à frente. Hermione e Justin subiram os degraus, e ambos estavam suando frio. Por que seriam convidados de honra, afinal?

O rosto envelhecido e rugoso de Albireo apresentou-se, um sorriso tão calmo e reconfortante em seus lábios, os olhos brilhando de compaixão. Entre seus dedos, uma taça como a de todos naquele salão, o tom esverdeado da bebida destacando-se de sua roupa marrom e negra. Ao tornar-se para aqueles que arriscavam subir até onde estava presente, Albireo olhou quase que severo para a jovem que os levara até lá.

- O que está acontecendo? – perguntou, a voz seca, erguendo a mão direita e chamando a jovem até sua posição.

A morena caminhou até Albireo e colocou-se no nível do velho político, agachada, e sussurrou algo em seu ouvido, olhando de esguelha para Justin e Hermione. Rapidamente, os olhos de Albireo não continham mais nenhum rastro de severidade ou secura, e foram tomados novamente por um delicioso sentido de carinho. Contraindo os olhos num sorriso para os jornalistas, as rugas formando-se com maior intensidade ao redor deles, ergueu-se do sofá. A jovem levantou-se igualmente e, quando deu a volta, foi puxada pelo braço por Albireo e arrebatada por um encostar de lábios.

A primeira coisa que veio na cabeça de Hermione foi sua mulher, Vittoria. Como o homem podia simplesmente puxar a moça e dar-lhe um beijo como aquele, quase inocente, mas ainda nos lábios, e carregado de visível desejo? Ao terminar, a jovem sorriu levemente para o político e deu as costas. A expressão seguinte era de completo nojo.

- Finalmente um encontro tão esperado! Depois de todos esses meses, posso conhecê-los! – exclamou Albireo, caminhando até ambos e estendendo a mão para Williams. – McConnor, meu belo rapaz! Um prazer reconhecer o rosto daquele que tanto me ajudou com sua destreza! – Justin deixou que um sorriso quase inseguro escapasse de seus lábios, e agradeceu pelos elogios. Albireo deixou que o riso fosse maior ao colocar os olhos em Hermione. – E Stanfiel! Não pensava que pudesse ser tão graciosa essa escocesa! Deslumbrante!

Beijando o rosto de Hermione, Albireo deixou seus lábios permanecerem um tempo maior que o necessário, permitindo um leve toque de sua língua na superfície do rosto dela. Uma repentina tomada de terror tomou a mulher. Como um toque de alguém pudesse causar-lhe tanta repulsa assim? Afastando-se, notando que ele não o faria tão cedo, Hermione suspirou e sorriu para o político.

- Por favor, acomodem-se conosco – disse ele, mostrando os assentos. – Ambos são meus convidados de honra desta noite gloriosa... Veremos seus resultados e exporemos para todos assistirem à tamanha competência dos escoceses. – um brilho de malícia despontou em seus olhos, e Hermione nada gostou daquilo.

Assim que sentaram nos sofás avermelhados, como os existentes na pista de dança, duas taças vazias apareceram diante de Hermione e Justin. Albireo deu um estalar de dedos e as taças encheram-se de absinto.

- Sirvam-se da nossa bebida predileta – sorriu Albireo, indicando as taças. – Absinto, não há nada melhor. Nem mesmo suas famosas cervejas.

Hermione não lançou olhar algum para Justin, mas realmente desejou. Sempre fora fraca para bebidas, três canecas nos famosos pub's da Inglaterra e Hermione ficava corada e as palavras vinham com maior freqüência, assim como a risada. Como seu organismo reagiria a absinto! Nunca tinha tomado antes sequer um gole daquilo, e sabia que Justin também não.

No entanto, não poderia recusar. Aparentemente, Albireo havia pedido serviços para os tais McConnor e Stanfiel, os verdadeiros. E eles certamente não iriam recusar um gole do mais famoso drinque das festas do político. Então, ela tocou a taça diante de si, e a trouxe para mais perto, ao mesmo tempo em que olhava Justin fazê-lo também.

O líquido era diferente, a coloração dele. Absinto poderia ser considerado um líquido transparente como água, e dependendo de seu ponto de visão, de fato parecia cristalino. Contudo, girando a taça entre os dedos, podia-se perceber a mudança de coloração da bebida, tomando um tom esverdeado claro. "Quase como os olhos de Harry", pensou instintivamente. O brilho atingiu os olhos de Hermione e ela passou então a cheirar o composto alcoólico. Na maioria das bebidas alcoólicas, o cheiro de álcool sempre é forte, ou então no mínimo presente. Entretanto, naquele líquido, o cheio presente era de outra substância conhecida, o anis.

Levando a taça aos lábios, devagar e gentil, Hermione tomou um gole leve do líquido. Assim como o perfume, o gosto característico daquele tipo de absinto era o anis. Primeiramente, ao tocar de sua boca com a bebida, os lábios levemente formigaram e a língua denunciou o álcool do composto. Forte e consistente, o líquido desceu pela garganta deixando um rastro de anis gostoso e quase despertador, para ao final rachar seu estômago por ser uma bebida pouco mais intensa. Pessoalmente, Hermione nunca fora fã de anis, nem mesmo daquelas balas de goma com o gosto, mas o drinque era bastante agradável.

Ao terminar o gole, Hermione tomou outro e mais outro, desejando economizar a conversa com Albireo, sem levar em consideração o teor alcoólico da bebida. Justin, por sua vez, estava enchendo a taça uma segunda vez.

- Então... – iniciou Albireo, enquanto balançava os pés no som da música. – Digam-me, o trabalho fora muito complicado? Se bem que, por recomendação de seu chefe, soube que eram amplamente capacitados para o trabalho.

Hermione estava com a boca ainda ocupada pelo absinto, assim provocando que Williams respondesse pelos dois.

- Percalços em todos os trabalhos são existentes, Sr. Albireo – disse Justin, num tom quase admirável. Hermione sabia que estava interpretando alguém bastante perspicaz. – Claramente o senhor deve saber disso. Mas não tivemos muitos problemas. Todas as dificuldades foram superadas.

A mulher que acompanhava Albireo lançou um sorriso largo para Justin e cruzou as pernas de modo sensual. Hermione tentou não rolar os olhos, sabendo que aquela deveria ser uma das 'ajudantes' de Albireo – seus casos com a prostituição eram notáveis para aqueles que sabiam da sua verdadeira personalidade. A jovem tinha idade para ser filha do bruxo, quanto mais estar ali, acompanhando-o.

- Postura um tanto confiável, meu jovem – respondeu o velho, o mesmo sorriso nos lábios. – E presumo que o Ministério Escocês não tenha sido problema muito grande para vocês, correto?

Williams ajeitou-se no sofàtomando uma postura de totalmente por dentro do assunto.

- Tenho certeza que nenhum de nossos superiores no esquadrão tem conhecimento de nossas atividades secretas para o senhor, acredite. – assegurou Justin, o sorriso alargando-se ao notar a predisposição da jovem ao lado de Albireo. Mulheres sempre foram, e sempre seriam, o seu fraco.

- Hum! Muito bom saber disso, McConnor – Albireo tornou-se para a jovem e deu-lhe outro beijo, idêntico ao dado na recepcionista. – Infelizmente, agora temos de fugir e desviar dos ímpetos do maldito Potter...

Hermione estava ordenando para que a taça fosse preenchida uma segunda vez com outra dose de absinto, quando ouviu o sobrenome tão conhecido. Seus músculos do corpo inteiro paralisaram e os olhos tornaram-se, estarrecidos, na direção de Albireo.

- O senhor quer dizer... Harry Potter? – questionou, o temor visível em sua voz.

As sobrancelhas de Albireo arquearam-se por um momento, surpreso pela reação da mulher, e as rugas em sua testa intensificaram-se.

- Claro que estou falando de Harry Potter, Stanfiel! Há outro? – perguntou quase como se debochasse dela, tomando um gole de sua taça. – Aquele maldito inglesinho anda se metendo nos meus negócios. Auror desgraçado. Mas eu também preparo surpresas ótimas para ele... Não perde por esperar...

Porém, ainda que Albireo falasse com certo tom de desprezo, Hermione ficara intensamente curiosa por aquele assunto, e prosseguiu. Colocando a segunda taça de absinto sobre o grande tabuleiro de xadrez que os dividia de Albireo, Hermione indagou:

- Mas, Sr. Albireo, como exatamente Harry Potter está em seu caminho?

Hermione sentiu o olhar de Justin sobre ela, quase temeroso, aborrecido por ela estar levando aquele assunto à frente, quando deveriam evitar falar qualquer coisa com o político. Ao menos não coisas que envolvessem as atividades dos tais McConnor e Stanfiel.

- Muito simples, minha cara – disse Albireo, os olhos escurecendo. – O inglesinho metido a auror resolveu trancafiar Hale naquele Ministério da Magia... Só que ele não tem idéia de que Charles poderá sair de lá quando quiser. E quando ele o fizer, Potter será sepultado a sete palmos debaixo da terra!

Desejando afastar o tenso clima que se formou entre todos ali presentes, Williams soltou uma risada divertida, como se apreciasse aquela atitude de Albireo. O velho político adorou a expressão de Justin, e resolveu acompanhílo na risada. Hermione decidiu que seria mais seguro seguir o exemplo de Justin, e colocou-se a rir atrás da taça de cristal, enquanto deixava-se levar pelo álcool presente na bebida e seus pensamentos. "Não posso acreditar que Albireo está ligado com Charles Hale! Imagine quando Harry descobrir isso! Não posso acreditar, estão guardando uma bomba-relógio nos porões do Ministério! Precisamos fazer alguma coisa!", sua mente começou a fervilhar enquanto notava que seus sentidos iniciavam uma diferença de noção. A bebida começava a fazer efeito.

Imediatamente, sua cabeça foi levada até a pista, olhando para as pessoas se divertindo, dançando de acordo com a música alta, beijando-se e agarrando-se no centro e nos cantos da pista, bebendo absinto como se fosse água... Hermione suspirou, o coração batendo mais forte, temerosa pelo final que poderia ter aquela noite. Correndo os olhos até a escadaria em que entraram, onde as correntes eram substituídas pelas cortinas avermelhadas, podia notar que havia pessoas nuas ali. Juntas. Realmente juntas.

Piscando duas vezes seguidas, chocada pela cena tão aberta a todos os convidados, Hermione passou a imaginar se não era a bebida mesmo. Estava entrando na terceira dose de absinto, e bebia aquilo como se fosse bem mais leve do que realmente era. Olhando de esguelha para Williams, que se divertia aparentemente a observar a prostituta que acompanhava Albireo, Hermione sabia que ele estava disfarçando, assim como ela. Voltando-se para o político, a imagem de um casal acariciando-se intimamente no telão a deixou corada. Nunca sentiu tão enojada em um lugar antes.

E, no meio de toda aquela multidão enlouquecida, Hermione esqueceu toda a sua repulsa e concentrou-se em uma única pessoa. Dentre os convidados que dançavam e esfregavam-se na pista, alguém a chamou sua atenção. Harry. Olhando diretamente para ela.


Depois da terceira dose de absinto, Hermione pediu licença para Albireo, a prostituta, o segundo homem, calado, e Williams. No momento em que o salto a ergueu do sofá avermelhado, o equilíbrio de seu corpo vacilou. Uma tontura repentina a tomou, e sabia que a causa era a bebida em excesso, tomada sentada. Enquanto tentava recuperar a estabilidade, ouviu Albireo dizer que precisava se retirar para providenciar o show, deixando Justin e a prostituta sozinhos. Ao menos sabia que para ele ficar como ela, muita bebida era necessária.

Descendo a escadaria com ligeira dificuldade, a tontura indo e voltando, Hermione fixou os olhos em Harry. O moreno estava paralisado no meio da pista, enquanto todos a sua volta dançavam sem controle algum, ao som de uma canção entorpecente e sensual. Vestido em negro e azul escuro, Hermione mordeu o lábio inferior, tentando conter sua divisão de desejos: o primeiro, querendo mais do que tudo estrangulílo e torturílo até que revelasse o porquê de sua presença no Chipre, na mesma festa que ela e olhando diretamente; o segundo, transbordando de algo quase incontrolável... Talvez fosse a bebida, mas nunca o vira tão irresistível. Nem mesmo quando paralisado no balcão na noite anterior, no Ginger's Bolls.

Ultrapassando as pessoas presentes na pista, a jornalista mantinha os olhos sobre ele, o mesmo que ele fazia. A expressão visivelmente aborrecida. Ele, divertindo-se. O sorriso malicioso, o olhar sedutor, a postura – os braços cruzados e as pernas espaçadas levemente –, tudo levando ao maior do ódio e do desejo que ela sentira desde o início daquela semana.

Parando a centímetros dele, Hermione pensou em cruzar os braços da mesma maneira, porém os braços dele logo a envolveram, puxando-a para ele e levando-a dali. Hermione ainda tentou relutar e gritar com ele, mas com o som naquela altura, nada poderia ser ouvido ou falado. Os braços de Harry tocavam suas costas com certeza e força, diferente das outras vezes, em que havia certa relutância ali. O corpo dele encostava lateralmente no seu, tentando ultrapassar a multidão dançante, e não fazia bem a ela. Calafrios a enchiam de dúvida, sabendo que aquilo era metade ela, metade absinto. Nunca achou que o efeito da bebida provocaria um desejo tão repentino por ele. Quase incontrolável.

Olhando de esguelha para o homem, podia reparar no rosto obstinado e sério com que Harry circulava. Hermione esquecera de reparar, estranhamente, na máscara que cobria parte de seu rosto. Mas, afinal, como não reparara antes? Será que os olhos dele penetravam em sua alma de forma tão entorpecente que não podia lutar contra? Será que era esse seu fim?

Logo notou que Harry a levou até o banheiro. Um ambiente comprido, com pias que pareciam infinitas, rodeadas por espelhos longos e mármore. Logo depois das pias, os boxes inúmeros que se espalhavam por duas fileiras, portas de madeira trabalhada que iam do chão até cerca de dois metros de altura. Hermione não tinha idéia do que passava pela cabeça de Harry, mas a única coisa que ela foi capaz de fazer foi acompanhar o andar de suas pernas velozes. O banheiro era unissex. E não ficou espantada de ver dezenas de casais agarrando-se ali também.

E então, ele puxou Hermione para um dos últimos boxes da fileira do lado esquerdo, jogando-a dentro do pequeno espaço e fechando a porta fortemente. Hermione arregalou os olhos, diante da atitude tão repentina e grudou na parede ao lado do vaso sanitário.

- Você ficou maluco! – questionou, ainda encostada na parte oposta a ele, tirando o cabelo da testa. – Por acaso anda me perseguindo, procurando saber para onde vou ou deixo de ir, seu doente! Não acredito que me seguiu até o Chipre! Como você pode ser tão imbecil!

Harry colocou o dedo indicador direito nos lábios, pedindo silêncio, os olhos e todo o rosto contorcido em pavor e raiva. Por que ela tinha de ser tão escandalosa quando não podia? Percebendo que ela não calaria a boca, aproximou-se dela e encostou sua fronte na de Hermione, divina naquele vestido preto que Harry tanto adorava. Imediatamente, ao encostar de seu corpo no dela, Hermione perdeu a fala e soltou a respiração com uma dificuldade tremenda, não respirando uma segunda vez enquanto estivesse com uma parte de seu corpo colada na dele. Harry notou a certa fragilidade da mulher e sorriu por dentro, desejando que aquele não fosse apenas efeito da bebida. Dava para sentir de longe o perfume dela misturado ao cheiro de anis que exalava de seus lábios entreabertos, o aroma inebriante do absinto.

Retirando o dedo indicativo da boca, Harry colocou as duas mãos nos ombros de Hermione delicadamente e notou que sua pele se arrepiou debaixo de seus dedos. Como desejou que aquilo acontecesse pelo resto de sua vida, por um simples momento. Por mais absurdo que pudesse parecer, Harry nunca desejou estar com ela tão fortemente desde o dia em que começaram a trabalhar juntos. Talvez fosse a aparência deslumbrante naquele vestido que ela usara com Rony, talvez o olhar completamente embevecido nele, talvez a simples ação de não respirar enquanto estivesse colado a ela.

- Granger, antes de tudo, controle-se, por favor... – disse baixinho, para que somente Hermione ouvisse suas palavras.

Hermione soltou a respiração finalmente, ainda observando completamente entorpecida aqueles olhos verde-esmeralda por trás daquela máscara. Entretanto, optou pelo silêncio.

- Escute... Albireo planeja eliminar você e o Williams hoje... – falou pausado, esperando que Hermione continuasse quieta, mas ela interrompeu-o.

- O que quer dizer com isso, Potter! Como você sabe de tudo isso! E como você tem interrompido os planos de Albireo! Ele citou o seu nome, sabia? O maldito velho está envolvido com Charles Hale, e disse que ele pode escapar quando quiser dos porões do Ministério! – reclamou a mulher, sem controle, apesar de tentar diminuir o volume de sua voz.

Harry aumentou a força de seus dedos nos ombros nus de Hermione, tentando fazer com que ela o escutasse, de uma forma de outra.

- Não, Hermione! Fique quieta, pelo amor de Deus! – pediu, erguendo a voz por instinto, enquanto a mulher tentava se desvencilhar de suas mãos, rebelde. – Que merda! Se eu te coloquei nessa porra de festa é para você perceber com quem está se metendo! – disse profundamente de saco cheio. – Os serviços dos espiões escoceses por quem você e o Williams estão se passando não são mais necessários e ele pretende eliminar vocês dois no meio da festa! Malfoy foi atrás dele, e eu vim tentar te convencer a fazer o mesmo, a sair daqui, você já tem a matéria, então vamos embora sua cabeça-dura! E não pense que eu estou fazendo isso porque quero, é porque fui obrigado por Lupin! Por mim, você poderia apodrecer com essa sua sabedoria irritante que acha que possui!

Hermione parou de se mexer e tentar se soltar do domínio dos braços de Harry, olhando-o com tremenda surpresa e raiva, tudo misturado. Repentinamente, era como se tudo tivesse sentido para ela.

- Era você! – gritou, apontando o dedo para o rosto do moreno. – Você era Mizar! Eu sabia! Eu sabia! – repetiu, tomada pela irritação e ira.

Soltando um suspiro, derrotado, Harry abriu os braços e retirou a máscara, cansado de lutar contra ela. Hermione tinha os olhos cheios de fúria, e começou a surrar seu peito, batendo os punhos contra seu tórax, na ânsia de fazê-lo pagar por tentar enganíla. E afinal, por que ele a perseguia com essa maldita obsessão de tentar destruí-la o tempo todo, em qualquer oportunidade! Hermione viu-se tomada por uma raiva tão grande e crescente, também consciente que o absinto estava ajudando muito para que os punhos não tivessem a força necessária para machucílo. E enquanto ela tentava, dizia enfurecida:

- Por que você não me esquece! Por que tem que me seguir até uma maldita ilha da Grécia, se passar por alguém que não é e colocar-me numa festa em que eu posso ser morta! Por que tem essa necessidade de me ver longe, de me destruir, de me ver no meu pior! Eu te odeio, Harry! Odeio!

Foi então que Harry cansou. Cansou de ter que fazer o quê os outros mandavam, de correr atrás de uma pessoa que não resistia ficar perto por um minuto, de tentar salvar algo que já estava perdido há tempos. Cansou de vê-la naquele vestido tão maravilhoso e não poder demonstrar aquele maldito desejo que começava a crescer dentro dele. Cansou de relutar à vontade de esmurríla por ser tão teimosa e tão turrona, sempre achando que tinha razão. Cansou de sentir seus punhos atingirem seu peito, gritando que o odiava por persegui-la, sendo que, infelizmente, seus destinos insistiam em encontrar-se toda vez. Cansou de lutar contra as lembranças e de lutar contra um sentimento que não podia ser evitado, por mais que desejasse. Cansou de passar uma única semana vendo seu rosto tão amargurado em sua direção. Cansou de tentar fazer o certo e afastar-se. Cansou de tentar convencê-la de que o melhor para ambos era que ela largasse o emprego e mudasse para bem longe. Mas, pior do que tudo isso, Harry cansou de resistir a Hermione. E decidiu por um instante, acabar com isto.

Puxando os punhos de Hermione para longe de seu peito, Harry empurrou bruscamente Hermione contra a parede ao lado do vaso sanitário e tomou seus lábios. Hermione imediatamente sentiu todo o corpo amolecer, todas as suas terminações nervosas aliviarem com o efeito absinto e o efeito dos lábios de Harry nos dela. O impacto de seu corpo contra a parede foi facilmente diminuído, quando as mãos de Harry abandonaram seus punhos e guiaram sozinhos até suas costas e sua cabeça, puxando-a pela nuca na direção dele, enquanto passeava com os lábios de maneira quase irritante de tão deliciosa e sensual, obrigando-a a calar a boca. Os punhos de Hermione caíram da parede e colocaram-se primeiramente contra a cabeça de Harry. Os fios escuros e macios de seu cabelo entraram em contato com os dedos de Hermione e ela sentiu derreter-se. Nunca havia se sentido daquele jeito antes, em toda sua vida.

Suas respirações uniram-se por um instante, as bocas unidas, enquanto Hermione abria seus lábios e Harry, enfurecido, colocava a língua na abertura e executava um beijo totalmente incontrolável e sensual, um beijo do tipo que Hermione jamais esperou receber. Notou o movimento de pernas dele, quando seus joelhos bateram com os dele no momento que Harry pressionou seu corpo totalmente contra a parede, forçadamente, juntando seu quadril com o de Hermione, provocando o levantar sutil de uma de suas pernas. A mão dele deixou suas costas e se juntou com a outra, em seu rosto, acariciando-a com a ponta dos dedos, permitindo que criasse ali um calor jamais sentido por ela mesmo quando estivera naquela pista lotada. As mãos de Hermione caíram de seu cabelo e rumaram para as costas, a cintura, desenhando os músculos bem torneados das costas dele, do melhor auror da Inglaterra.

Beijílo era como se tudo voltasse à tona, tudo que acontecera naquela maldita noite, tudo que passaram juntos. Sentir suas mãos tão possessivas em seu rosto era quase amedrontador, mas era de uma maneira arrebatadora que somente Rony a tocava enquanto estavam em seus momentos mais íntimos. Era como penetrar em um mar gelado do norte, mas encontrar abrigo na pele daquele que caíra junto com você. Era encontrar o lugar mais erótico e mais sensual que já conhecera, e possuir aquele que deseja por toda a existência, ali, presente junto de você. Reconhecer os lábios de Harry contra os seus, reconhecer o movimento sutil e experiente de sua língua contra a dela, reconhecer o toque que a deixava arrepiada apenas com um pensamento... Conhecer uma segunda vez como era beijar Harry Potter, como era ter o corpo dele pressionado contra o seu, faminto por amor e por desejo, como era saber que, por um instante, ela parecia ser a única no mundo. Mesmo que fosse naquele cubículo, apertados um contra o outro, sabendo que aquela poderia ser o último ímpeto de fraqueza nos próximos anos.

Beijíla era como se apaixonar novamente, sentir aquele frio na barriga, recear, desejar, sofrer, amar. Tê-la, por um momento sutil que fosse, em seus braços novamente era torturador e quase impossível. Senti-la puxar seus lábios entre os dentes, ansiando por maior contato em um único beijo, senti-la colocar toda sua força no simples instante e nada mais. Perceber o gosto de anis do absinto em sua boca e parecer tão entorpecido pela bebida como ela. Saber mais uma vez que ela estava com ele, somente com ele, e pensando nele. Imaginar que aquela poderia ser a última vez que tocariam um ao outro, que deixariam seus desejos mais impuros serem colocados e expostos para ela, ter a certeza de que ela desejava fazer amor com ele naquele banheiro chique daquela festa enlouquecida, tão longe de casa e tão longe da realidade. Permitir que aquele primeiro impulso físico seu transformar-se em um desejo apaixonado. E tentar colocar naquele único beijo o quanto a desejava, ainda que ela decidisse odiílo pelo resto da vida.

E antes que pudesse, uma vez mais, envolvê-la e amíla de maneira animal e incontrolável, que pudesse beijíla sem pesar e apenas respeitando os mais antigos desejos humanos, Harry separou-se dela. E deu um passo para trás, como se continuar perto de seu corpo provocasse impulsos elétricos dolorosos. Hermione estava tão chocada quanto ele, tão sem palavras, tão carregada de temor como ele. E nunca um olhar doeu tanto nele, nunca sentiu tanta vontade de abraçíla e demonstrar o tamanho de seu arrependimento. O absinto ainda persistia em seus lábios, o cheiro dele ainda estava nas mãos e na extensão corporal dela. Harry paralisou, Hermione também. Trocando olhares... Cúmplices no erro e no desejo. Era como relembrar a besteira que cometeram quase dois anos atrás.

Assim, Harry colocou a mão direita para trás e abriu o trinco da porta do boxe, sem tirar os olhos dela, dizendo:

- É melhor sairmos daqui.

Na saída do banheiro, de braços cruzados, estavam encostados na pia Draco Malfoy e Justin, olhando odiosos um para o outro. Quando Harry e Hermione apareceram, o jornalista e o espião observaram ambos, os olhares assassinos.

Harry e Draco subiram com Justin e Hermione para o apartamento e esperaram que ambos pegassem suas bagagens. Logo que saíram dos dormitórios, Harry, encostado na parede, com as pernas cruzadas e os braços também, olhou diretamente para Hermione, e ela simplesmente respondeu.

- Nunca mais toque em mim, Harry. Eu odeio você por ter me tocado mais uma vez.

E seguiu, silenciosamente, ao encontro de Draco e Justin, com destino ao aeroporto de Larnaca e Inglaterra novamente.


Nota da Autora (3): Aham! Primeiro beijo deles na fic! Deixem reviews falando o quê vocês acharam ok! Quero só ver a reação de todo mundo aqui! Risos... Espero que tenha sido a altura. Mas agora, as coisas tendem a esquentar... O Hale e o Albireo estão juntos nisso tudo, podem imaginar o que vem de coisa ruim por aí! E os dois ainda terão de se suportar depois disso! Vixi...

Nota da Autora (4): Respostas à todas as suas reviews! E obrigada novamente pessoal!

Mione G. Potter RJ: Risos... Sim, muitos percalços no caminho, mas essa fic tem final feliz sim! ;)

Dani Potter: Opa! Tensão é! Depois desse capítulo o que você acha de tensão! Risos... Pois é miguxa, pode puxar muito minhas orelhinhas porque eu demorei mesmo. Mas agora ta atualizado aqui! ;) E mais... Esquizofrênicos? Por aqui! Vai saber né? rolando os olhos Ti doluuu!

tlw-veronica-e-ned: Pois é né... E imaginar que eu tive muitos dias parecidos com esse nesses últimos meses, terrível não! Mas não precisa bater no Harry! Risos...

Raquel: Ai que bom! Tomara que você não tenha desistido por causa da demora! Beijinhus!

Isa Potter: Bellinha, você pode ver que desistir ela não vai mesmo né! Risos... E se vai ser D/G! Quem sabe né olhando para longe, disfarçando... Hum... E mais uma pergunta... Como está esse capítulo como romance? Se bem que romance não é muito isso, mas ta bom né! Risos... É alguma coisa ainda... Ti adoro!

-X: Puxa... boquiaberta Fiquei chocada por ler o seu comentário viu! Chocada! Nossa, eu não mereço tanta coisa! Não mereço mesmo viu! Mas ainda assim, fico muito contente de alegrar alguém, de fazer sair um pouquinho que seja da realidade! É o que eu mais desejo! Espero que continue lendo com todo esse entusiasmo viu! Obrigada mesmooo! ;)

Karen Farallinha: Risos... Então fica Ka mesmo! E sobre o tamanho dos capítulos, de fato, são bem pequeninos mesmo, em comparação com os da série né... Mas esse ficou maiorzinho! Beijocas!

XianyaRisos... No mesmo quarto? Na mesma cama também é! Risos... Mas olha, isso já é alguma coisa não é! Beijos! ;)

Luiza Potter: Chocada Jura que você é H/G, mas está lendo a fic! Fico sempre tão chocada quando leio que pessoas adoradoras de outros shippers estão lendo a fic! To mesmo muito impressionada minina! Mas, olha, espero que você continue lendo mesmo que seja H/H viu! Mil beijos!

J: Hum... Talvez não demore tanto não viu! Bijos! ;) E desculpa meeeeesmo a demora viuuuu!

Ligia Maria Araki: Ai dio... Isso sim é me deixar lisonjeada né! Ainda mais porque é alguém que eu admiro pra caramba! Essa mina escreve que é um absurdo! Aliás, acho que já esclarecemos a dúvida... ou não! Não lembro! Risos... E nosso encontro tem que tá de pé hein! Ti adorooo amigaaaa! Beijos!

Fernanda Mac-Ginity: Nossa senhora! Você e seu irmão eram assim! Minha nossa, que medo hein! Risos... Mas espero que esse fds regado a muito absinto tenha sido bom!

M. Sheldon: Minina, preciso te passar o capítulo pra você betar né.. que vergonha! Risos... Putz, que péssimo esse negócio do vírus hein! Mas eu também não posso falar muita coisa por causa do meu pc, ele sempre pega vírus, é terrível! E olha, eu AMEI o seu trabalho, você beta bem demais minina! Juro pra vc, ficou bom demais, adoreeeii! E obrigada pelos elogios seus né! Brigada mesmooo! ;)

Batata: Manaaa! Você por akiii! Passa mais vezes, to com saudades suas viuu! ;)

Fl Que bom que você tem gostado dos capítulos! Valeu mesmo hein! Continue lendo e desculpa a demora!

Ca-cacazinha Oiii minina! Poxa, valeuzão pelos elogios! E falando em "pegação", aqui está um pouquinho não é! Espero que tenha aprovado! ;)

Fluora: Oi Fé! 'Brigadaaaaa por ter lido e espero que continue ok! Beijocas! ;)

Bruxa Luna: Jura! Uma das melhor fics! Minha nossa senhora! Risos.. Poxa, assim você me deixa envergonhada minina! ;) Mas aqui está mais da fic, respondendo ao seu pedido! Espero que esteja à altura! Beijos!

Nota da Autora (5): Espero meeesmo que tenham gostado! E mais... Deixem reviews sobre a ceninha hein! Amo vocês! E caso vocês gostem de H/H, tem a minha outra fic, Nunca Esqueça Veneza, que ganhou o concurso do primeiro desafio H/H! Beijos!