OS PERGAMINHOS DE NOSSA EXISTÊNCIA
Autora: Angela Miguel
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Shipper: Harry/Hermione
Spoilers: 1 a 5 livros
Sinopse: Pós-Hogwarts. Hermione é uma jornalista famosa do Profeta Diário e é designada para uma reportagem especial com o Departamento de Espionagem e de Aurores do Ministério da Magia. Porém, pior do que pisar onde prometera não mais pisar é reencontrar alguém que não se esquece. Para voltar a ter sua vida de volta, Hermione só precisará realizar esta matéria. Mas, quando o passado reabre feridas e sentimentos, não há vida que volte a ser a mesma.
Disclaimer: Esta história não tem ligação com J.K.Rowling ou qualquer empresa ligada a série e marca Harry Potter. Não há fins lucrativos.
Resumo do capítulo anterior: O caso Chipre que Hermione comandava no Profeta Diário a mandou para a ilha do mediterrâneo em seu primeiro final de semana do mês de dezembro. Mas, o político Albireo tinha outros planos para Justin e ela, e Harry foi "obrigado" a salvá-la. O beijo? Só uma conseqüência, claro...
Nota da Autora (1): Consegui! Estou tentando há um mês finalizar este capítulo, mas a faculdade deixa cada vez mais difícil a continuidade tanto desta fic quanto da série... Mas dei um jeitinho e aqui estou eu, no meu domingo de junho, atualizando a PDNE pra todo mundo! Como sempre, sem correção prévia ainda, mas assim que a M-Chan betar, eu o recoloco, ok! Espero que gostem dele!
Nota da Autora (2): Aliás, para quem não sabe, além de faculdade, eu estou trabalhando, estou fazendo estágio, então as atualizações podem ficar ainda mais espaçadas... Mas vamos ver o que eu consigo nas férias!
CAPÍTULO OITO - AS ÚLTIMAS HORAS
Harry costumava esperar ansioso o início de todo domingo. Aquele dia de descanso, mas o mesmo que precipitava mais uma semana difícil. Ainda que Voldemort já tivesse sido derrotado anos antes e muitos focos do terror destruídos, ser um auror era assinar em 'profissão perigo', sem dúvida. Quantos sábados ou sextas-feiras perdera por estar em serviço? Os momentos eram compensados, ao menos, pela presença de Gina, também auror. Agora, nem isso mais. Um movimento quase mecânico, ainda que fosse um apaixonado pelo que realizava dia após dia.
Mas aquele não era um domingo comum. O homem tinha o corpo esticado em sua cama, os lençóis enrolados entre suas pernas e braços, a coberta acompanhando. O aquecedor estava ligado na temperatura média e emitia um ruído baixinho ― Harry nunca fora o melhor em feitiços de aquecimento, então optou pelo modo trouxa. Dezembro era geralmente daquela maneira. Nebuloso, escuro e úmido. Não havia neve ainda, mas o frio mostrara que viera para chacoalhar as peles e casacos dos ingleses e europeus.
Os olhos entreabertos estavam direcionados na janela. Os vidros e a cortina fechados permitiam que somente parte da claridade do dia nublado adentrasse no dormitório. O relógio em sua parede indicava que o dia entrava vagarosamente na noite, quinze para as sete da noite. A camisa de botões de seu pijama aberta deixava à mostra todas as marcas de anos de luta e perseverança. Os cortes que não puderam ser cicatrizados com totalidade destacavam-se suavemente no desenho do tórax delineado e bem torneado do auror. Estava bem daquele jeito, confortável, gostoso... Um domingo como outro...
Não. Fechou os olhos e soltou a respiração devagar, o peito subindo e descendo, as pernas movendo-se entre os lençóis, o aquecedor emitindo o mesmo som repetitivo. Você deveria estar feliz. Engolindo em seco, imaginou se haveria algum modo de calar os próprios pensamentos. Como poderia estar feliz quando fez a última coisa que deveria? Aquele dia estava sendo nebuloso demais para o primeiro domingo do último mês do ano.
Você beijou Hermione, não era isso que queria desde que a encontrou de novo? Harry bufou e levou a mão esquerda, esquecida até então entre os outros travesseiros de sua cama, até o topo da cabeça. A testa levemente suada, ainda que a pele continuasse fria. A volta de Nicósia tinha sido tão pior do que imaginara no momento em que cogitou a idéia de beijar Hermione no banheiro daquela festa. Ainda que ele não tivesse planejado nada. Lógico, acredito perfeitamente no que diz, assim como não disse nada quando você começou a investigar essa história do Albireo. As mãos dele correram pelos olhos e os fecharam logo, como se ardessem. A cabeça latejava sem parar, talvez fosse a bebida da noite anterior.
Logo que chegara do Chipre, Harry não acompanhou Hermione e Williams do aeroporto até suas residências, como propusera de muito mau agrado Malfoy. Dirigira-se direto para seu apartamento, querendo esquecer da expressão da mulher assim que deixaram o hotel. Aquela expressão já conhecida de decepção e mágoa e repulsa não ia embora. Então, por que ficar no mesmo ambiente que ela?
Retirando os dedos de seus olhos, voltou-os para a cabeceira de sua cama e à garrafa de absinto. Pessoalmente, preferia outros líquidos como uísque ou vodca, mas o gosto daquela maldita bebida insistia em instalar-se na sua boca. E a sensação de estar beijando ela outra e mais outra vez quando bebe isso não tem nada a ver, eu presumo. Harry rolou os olhos, concentrando-se na garrafa pela metade. Bebera absinto somente em uma ocasião passada, há alguns anos, e a garrafa estava praticamente inteira.
A madrugada demorara a passar, mesmo que os goles da bebida fossem cada vez maiores e mais famintos. Exatamente como o quê você tem sentido por ela. Soltando um grunhido de insatisfação, ergueu o tronco da cama e sentou-se rápido demais, voltando levemente para trás pela dor na cabeça. Já tivera ressacas piores, portanto não dera muita importância. Precisava colocar as idéias em ordem, nunca analisar porque somente o faria se sentir pior, mas tomar algumas decisões em relação às atitudes da festa de Albireo.
Afastou os lençóis do corpo e levantou da cama, pisando antes no copo caído ao lado do leito ― não que ele tivesse usado, já que direto do gargalo parecia mais apropriado. O quarto ficou, assim como a cama, e caminhou para o banheiro. O espelho sobre a pia revelou a imagem cansada e confusa do auror. Os olhos verdes estavam escuros e envolvidos numa leve coroa marrom, a boca inchada e vermelha, o cabelo desgrenhado como desde muito criança. O dia tinha passado e não via a hora daquele mês de dezembro acabar. Nunca mais veria Hermione, não cruzaria com sua figura mandona pelos corredores ou toparia com seu rosto belo, que antes carregava preocupação por ele, e agora somente rancor.
― Você precisa resolver isso, cara. ― disse a imagem do espelho para ele.
Harry abriu a torneira, molhou o rosto e voltou a olhar-se o reflexo no espelho. Possivelmente, se não tivesse bebido durante a madrugada o resultado não fosse tão negativo e desanimador. Dando as costas, abriu o box do chuveiro e ligou-o. Alguns segundos depois, o âmbito ficou repleto pelo vapor da alta temperatura da água. Harry despiu-se, por mais que quisesse enfiar-se de roupa e tudo, e ficou. A água escorreu pelo corpo, a cabeça continuava doendo, e tudo que passava pela cabeça era o tamanho do erro que tinha cometido no dia anterior.
Como havia conseguido, em apenas dois dias, acirrar a raiva existente entre ele e sua velha melhor amiga, exigir de forma nada justa a desistência do trabalho da jornalista no Ministério, além de colocá-la numa bela enrascada com um dos maiores políticos corruptos da Europa, não esquecendo, logicamente, a atitude, no mínimo estúpida, de beijá-la no banheiro de uma festa na qual pretendiam esquartejá-la para um show coletivo?
O vestido preto que ela usou para Rony. O desenho simples e charmoso do traje negro que correu pelo corpo da mulher. As alças que se prendiam no pescoço, o cabelo em cachos longos, a sandália alta e o andar sério... Era como se ela tivesse vinte e um de novo, mas muito mais bonita. Encostando o corpo na parede gelada do banheiro, Harry ergueu a cabeça, a água correndo pelo seu pescoço e abaixo. Será que se esquecera o tanto de mágoa e quase ódio que carregara por ela durante os últimos dois anos? Tudo pelo quê? Por uma atração passageira, por excitação ou... Pela simples constatação da verdade?
― Que merda de verdade! ― perguntou-se a si mesmo, irritado.
Que talvez, durante esses dois anos que vocês não se falaram, beijá-la tenha sido o seu desejo mais profundo, e que você odeia isso. Essa vulnerabilidade que se submete inconscientemente e que não pode evitar, por mais que aja como um canalha com ela.
Harry pegou o frasco do xampu e atirou-o contra a parede à frente, estourando-o. O líquido espalhou-se pelas paredes do box do chuveiro, escorrendo devagar, enquanto os pedaços do frasco caíram no piso e eram levados para o ralo pela correnteza suave da água. Meia hora depois, deixou o chuveiro, secou-se e tratou de colocar uma roupa qualquer. Precisava ocupar a mente de qualquer maneira, tudo que o fizesse não pensar em Hermione. Não que ele conseguisse.
Carregando uma pasta na mão esquerda e a varinha na direita, ele subia até seu andar, encostado na parede do elevador, sem noção alguma do que deveria fazer. Tinha os olhos semi-abertos, timidamente, pensando no quanto estava perdido. O Ministério da Magia praticamente vazio, os recepcionistas e seguranças sonolentos, desejando que aquele domingo acabasse de uma vez por todas. O auror parecia desleixado, a camisa cinza por fora da calça jeans escura, o tênis trouxa confortável nos pés. De certa forma, era como se não houvesse razões para arrumar a aparência, não depois das últimas setenta e duas horas.
Dispondo a varinha entre os dedos, levou a mão direita aos olhos e os coçou, suspirando e deixando que toda sua cansativa condição fosse colocada para fora. Não sabia se aparecer no Ministério faria alguma diferença, mas tentaria a todo custo tirar as lembranças do erro da noite passada de sua cabeça. A porta do elevador abriu-se e Harry saiu quase cambaleante. Sua consciência simplesmente não concordava com todos os máximos princípios de sua existência. Era óbvio que ele desejava há muito tocar os lábios de Hermione uma vez novamente, porém isso era uma completa loucura. Não, nunca ficaria feliz de beijá-la outra vez, não carregando aquelas palavras, não se torturando daquela maneira, sobretudo não tendo aqueles repentinos acessos sentimentais desde o início da semana – e isso não queria dizer que todos eram bons.
Adentrou no Departamento de Espiões e Aurores, procurando observar ao redor, esperando não encontrar qualquer presença por ali. Se bem que, quem poderia estar no Ministério da Magia, às quatro horas da tarde de um domingo? As janelas estavam fechadas, e toda a escuridão sequer incomodou-o. Harry foi levando seu corpo quase que por inércia até sua sala. Desviou de todos os possíveis obstáculos no chão, sabendo que sua sala nunca fora um exemplo de organização, como a de Malfoy.
Sentando em sua cadeira, soltou o ar, inflando as bochechas, os olhos desejando fechar rapidamente. E não era sono, era desespero, de certa forma. Harry ficara afetado demais pelo que acontecera horas atrás, no Mediterrâneo. Ainda no completo escuro, a visão acostumando-se com a falta de iluminação, mordeu o lábio inferior, como se tudo voltasse à mente e ele pudesse quase tocá-la, parada ali à frente dele, à frente de sua mesa.
Você tocou sua pele, soube que ela te desejou também.
Suas palmas das mãos estavam repentinamente suadas, tendo a sensação daquela superfície delicada e macia debaixo de seus toques. Como poderia resistir a alguém tão divino, alguém que escrevera sua história junto com a dele, alguém que arriscou sua vida pela dele? Passando as mãos pelas próprias pernas, Harry imaginou Hermione parada ali, imaginou que pudesse apenas levantar-se e tocá-la. Tocá-la com simplicidade e, ao mesmo tempo, uma faminta onda de incontrolável necessidade física. Parecia que queria sua presença como se fosse o próprio oxigênio.
A imaginação do auror começou uma viagem tortuosa e dolorosa pelas memórias. Memórias dele e de Hermione. Como quando voltava dos intensos treinamentos, logo depois que saíram de Hogwarts, e a encontrava no Ministério, trocavam sorrisos, e saíam para jantar. Os curtos meses em que moraram juntos, os três, e que precisava fingir como não se incomodava com as carícias gentis entre ela e Rony, mesmo que fosse aquele ciúme besta de irmão. Ainda que não possuísse qualquer tipo concreto de desejo por ela, acordava todos os dias e tinha de ir até o dormitório, sabendo que Rony ou estava adormecido ou já teria ido para o trabalho, apenas para cruzar seu olhar com o dela e desejar-lhe um ótimo dia de trabalho.
"Porra, eu vim aqui para esquecer dela e só o que fiz desde que cheguei foi pensar em como o quadril dela se encaixaria bem no meu!", pensou ele, transbordando de nervosismo nesse ponto. Abrindo sua pasta, encontrou a garrafa de absinto mais uma vez, e ela nunca pareceu tão apelativa quanto no momento. Nem mesmo durante toda a madrugada em claro. O relógio começou a dar as badaladas, indicando que eram oito horas da noite. O céu estava quase totalmente escuro, e Harry realmente refletiu em dormir ali, caso conseguisse. E quanto seus dedos rodearam o topo da garrafa, seu telefone do escritório tocou.
Despertando de seus devaneios, tomando um leve susto, largou a garrafa na mala novamente e pegou o telefone.
― Potter. ― numa voz decidida.
"Harry! AI! Graças a Merlin te achei! Estou tentando falar contigo na sua casa, mas acho que você já estava aí... Sabia que ia te encontrar aí! Onde é que se meteu o Malfoy hein? Porque, escute, eu preciso dele e de você..."
― Gina, hey, respire antes, ok! ― Harry ajeitou-se na cadeira, procurando olhar por uma fresta da cortina o lado de fora e iluminar levemente a sala. ― Que é que houve?
"Você não vai acreditar quanto te disser!" Harry notou que a voz da auror não era de excitação ou alegria. Havia aquele temor que ouvira diversas vezes. Aquilo não era bom sinal. "Encontre o Malfoy e venha aqui para o porto de Southampton, o mais rápido possível. Mas mantenha sigilo."
― Southampton? Tudo bem. Estarei logo aí com o Malfoy. Mas, Gina, o que aconteceu? ― questionou uma vez mais, o corpo inteiro tenso.
A voz de Gina tremeu suavemente e ele ouviu alguém gritando atrás dela. "A coisa tá feia, Harry, muito feia mesmo."
'A quem está tentando enganar', ele me perguntou. Mas o que poderia responder? Enganar não era a palavra apropriada. Eu estava procurando alguma desculpa, algum motivo muito sério para tirá-lo da minha cabeça... Tirar o que as minhas desconfianças provocavam. Nunca poderia dar o braço a torcer a Harry, as coisas já estavam complicadas demais entre nós dois. E eu escolhi não insistir mais, colocar um ponto final em tudo que nos envolveu nesses últimos anos e duas semanas atrás. Nunca entenderia se dissesse as razões da minha implicância com essa amizade entre Rony e Lilá, não agora, não depois de tudo que passamos naquela noite terrível. Mas mulher nunca se engana, eu nunca me enganei, até aquele dia. Até duas horas atrás, até Rony pisar naquele chão. E ali estava o meu noivo, perguntando o porquê da minha relutância. Na verdade, era ele que estava tentando enganar. Enganar sua namorada de todos esses anos. Como pude ser tão cega?'
Hermione largou o pergaminho no chão ao lado do sofá e tomou um gole de seu chá. Tinha a sensação de que fazia anos desde que passara por aquilo. Toda a enganação de Rony, a traição com Lilá, debaixo de seu nariz... Era difícil acreditar que tinha sido tão burra a ponto de não perceber todos os sinais. Os horários nunca mais cumpridos, o estado cansado dele todos os dias, a impaciência, as brigas tornando-se sérias demais e... Aquele olhar. O olhar de culpa. De alguma maneira, Hermione sempre soube quando Rony ou qualquer outro estava mentindo ou omitindo algo a ela. Como pôde deixar isso passar?
Hermione largou o pergaminho no chão ao lado do sofá e tomou um gole de seu chá. Tinha a sensação de que fazia anos desde que passara por aquilo. Toda a enganação de Rony, a traição com Lilá, debaixo de seu nariz... Era difícil acreditar que tinha sido tão burra a ponto de não perceber todos os sinais. Os horários nunca mais cumpridos, o estado cansado dele todos os dias, a impaciência, as brigas tornando-se sérias demais e... Aquele olhar. . De alguma maneira, Hermione sempre soube quando Rony ou qualquer outro estava mentindo ou omitindo algo a ela. Como pôde deixar isso passar?Pigarreou e ergueu o corpo no sofá, ajeitando a coluna nas almofadas. Como deixou passar o olhar de Harry ontem? Sim. Deixara passar o tom de súplica do homem, daquele olhar já conhecido. Harry sempre teve olhar tão característico, fosse quando eram adolescentes e ele gostaria de colocar para fora seu sofrimento pela perda de Sirius, fosse para elogiá-la um pouco mais todas as vezes que aparecera de surpresa, fosse para exigir sua desistência do trabalho no Ministério da Magia. O mesmo olhar que dirigiu a mim antes de me beijar. Aliás, Hermione imaginou que Harry era muito ingênuo ao achar que abandonaria o Ministério. Ainda mais agora que tinha a certeza absoluta de que sua presença incomodava muito mais a ele do que a ela.
Tomando outro fole do chá, olhou para o relógio. Cinco e quinze da tarde. Voltou o olhar para os pergaminhos jogados no chão, as folhas amarradas por um cordão. Depois de todo o final de semana, ela estava recordando algumas passagens de suas anotações, e para quê? Seus dedos procuravam informações sobre Harry, o vestido da noite anterior pendurado na porta do armário de seu dormitório, como se a observasse, e a música de fundo uma da dança que tivera com o antigo amigo no casamento de Gui Weasley. Tudo que me cerca lembra Harry Potter. O que eu faço da minha vida, droga!
O som da batida em sua porta a exaltou de seus pensamentos, e a jovem caminhou até ela, não antes passando pela porta e abaixando o som. Do outro lado estava Gina, os cabelos úmidos, assim como o casaco escuro até os joelhos.
― Hey, Mione! ― cumprimentou a mulher, adentrando no apartamento de Hermione, dando um beijo no rosto da amiga antes. ― Não imagina o frio que está lá fora! E agora começou a garoar, pensei, por que não ir fazer uma visitinha à minha melhor amiga?
Enquanto Gina agitava o casaco úmido e colocava-o no mancebo da sala, Hermione caminhou até a cozinha para servir uma xícara de chá para a amiga. A auror aproximou-se do som de Hermione e olhou com dúvida, torcendo o nariz.
― Não entendo porque essa mania de coisas trouxas nas casas de vocês... Humpt!
Hermione voltou da cozinha com a chaleira e a xícara, apoiando-os sobre a mesinha da sala. A música ainda estava baixinha, mas martelava com insistência na cabeça da jornalista.
― Vocês...?
― Sim, você e Harry ― Hermione ergueu o corpo rápido demais para Gina, assustada. ― Durante todo o namoro, tentei entender como mexer num desses, ou naquele refecedor dele...
― Aquecedor ― corrigiu Hermione, pigarreando outra vez e disfarçando para que Gina não entendesse o olhar desanimado em seu rosto. ― Acho que alguns costumes infantis nossos nunca passarão.
Servindo-se do chá, rodeando as mãos na xícara, querendo esquentar-se, Gina observou Hermione e notou que a mulher tinha olheiras debaixo dos olhos. A expressão cansada e toda a figura desleixada identificavam uma Hermione que Gina encontrara poucas vezes na vida.
― Perdi alguma coisa? Ou você não dormiu ou foi vítima de algum furacão... ― Hermione olhou de esguelha para a amiga e sorriu sorrateira. ― Está acabada, Mione, que é que houve?
Hermione deu de ombros.
― Acho que a viagem muito rápida até o Chipre me deixou cansada ― deu outro gole. ― Justin deve ter te falado como foi...
― Não, na verdade não conversamos ontem... ― respondeu Gina, as bochechas coradas repentinamente.
― Mas, nós o deixamos ontem na sua casa...
― Nós não conversamos ontem, Hermione ― retrucou a auror, rapidamente, as bochechas tomando uma coloração rósea mais forte. ― Ele disse qualquer coisa sobre uma festa de orgia pública, mas não deu pra entender...
― Hum... ― Hermione imaginou a situação de Justin logo que chegou à casa de Gina, a necessidade de tornar todas aquelas pessoas e a acompanhante de Albireo realidade. ― É, fizemos algumas revelações sérias de atividades, no mínimo, ilícitas de Albireo. Você deveria ter visto, tinha gente se agarrando por todos os lados e filmes adultos explícitos em telões, era...
― Merlin, que tipo de festas você e Justin freqüentam hein! ― riu Gina, enquanto Hermione dava outros detalhes da festa do político grego.
― E como se não fosse o suficiente, Potter ainda me diz que Albireo está unido a Charles Hale...
Enquanto Hermione falava, Gina assoprava o chá com delicadeza, mas então assoprou forte demais e parte dele caiu para fora, no pires. A morena notou que a amiga ficou repentinamente nervosa.
― Harry foi até o Chipre?
― Foi sim, e ainda disse que Justin e eu seríamos mortos no centro da festa, como um showzinho particular para todos os convidados ― respondeu, ainda incerta pela reação de Gina. ― Mas por que a surpresa?
Gina olhou obtusa para Hermione, porém logo respondeu, sem muito hesitar:
― Bom, Harry me pediu alguns arquivos sobre o Chipre e a Grécia no início dessa semana e eu não entendi direito, mas ele também não quis me dizer o porquê... ― E ontem, tínhamos uma reunião marcada para as três da tarde com o Lupin e ele não deu as caras, Malfoy e eu tivemos que decidir umas coisas sérias sobre a transferência de Hale para Azkaban...
― Quer dizer que Harry andava investigando assuntos relacionados a Albireo e abandonou uma reunião com o chefe de vocês para ir até Nicósia e me avisar de que corria perigo de vida? ― recapitulou Hermione, no mínimo confusa com as informações da auror. ― Isso não tem a menor coerência, Gina. Harry transfigurou-se em uma fonte do meu chefe do Profeta e depois invadiu, não sei como, a festa de Albireo para tirar Justin e eu de lá... Isso é impossível!
― O que eu sei é que lá pelas sete da noite, quando fazíamos os últimos preparativos para a transferência de Hale, Malfoy recebeu uma ligação do Harry e ele teve que ir embora. Nós nem transferimos Hale para Azkaban...
― Sim, os dois apareceram para...
Da antiga coloração avermelhada, o rosto de Gina ficou pálido. Hermione já estava intrigada pela atitude de Harry no dia anterior, e agora a reação de Gina deixou-a ainda mais duvidosa.
― Justin e Malfoy se encontraram no sábado? Ontem? ― Hermione confirmou, recordando até o mal estar entre os profissionais. ― E não aconteceu nada?
― O que poderia acontecer, Gina? ― questionou Hermione, e antes que a amiga pudesse responder, Hermione emendou. ― Hey, você não me disse o que aconteceu na noite de sexta no Ginger's Bolls! Pode ir falando agora, quem que queria encontrar contigo...?
― Ah, isso... ― suspirou Gina, o rosto ainda pálido e a voz em quase um gemido. ― A história do bilhete é bem diferente do que imagina, Mione, por incrível que pareça. Tinha um cara do Departamento de Relações Inter-Bruxos, o Jones, que costumava passar lá no DEA para os trabalhos em conjunto e informações que iam além dos bancos de dados de Espionagem ― explicou, deixando a xícara de chá sobre a mesa. ― Foi ele que me mandou o bilhete, disse que andava de olho em mim desde o ano retrasado, mas nunca tinha tentado nada por causa do Harry, todos sabiam que namorávamos há muitos anos.
Hermione ajeitou-se no sofá, incomodada subitamente. O namoro de Harry e Gina era um dos mais comentados em toda a imprensa bruxa, assim como todos os relacionamentos do auror desde que dera seu primeiro beijo.
― O problema foi que, quando disse que não queria nada de sério ou que fosse com ele, de uma maneira suave, obviamente, Jones não aceitou muito bem ― Gina entrelaçou os dedos, tímida. ― Jones tentou me beijar, veio para cima, eu fiquei completamente sem saída e pedi que ele desistisse... Sabe Mione, tentei ser o máximo possível cuidadosa, mas o cara não ajudou. Acho que as bebidas até àquela hora tinham afetado seu senso de perigo... ― Gina riu e olhou para longe de Hermione. ― Só sei que ele me encurralou na parede e quando estava preparada para reagir, o Malfoy chegou.
O rosto de Gina voltou a corar levemente, e Hermione ficou com a pulga atrás da orelha. Estava acostumada a ouvir Gina falar de Malfoy sempre do pior jeito, mas sempre soube do modo galanteador que o espião costumava usar com as mulheres. Hermione o conhecera bem o bastante para saber que nunca se aproximaria dele, mas Gina talvez, mesmo que conhecesse da mesma maneira que ela, não fosse tão decidida a este ponto.
― Ele veio perguntando se tinha alguma coisa de errado, acho que notou pela minha expressão, no mínimo, furiosa com Jones ― Hermione sabia que Gina nunca fora do tipo tolerante com homens. ― Ele se virou pro Malfoy e disse que não tinha acontecido nada e que nem aconteceria se ele continuasse ali. Acho que o seboso não aceitou muito bem a piada.
― Então ele partiu para cima do Jones? ― indagou Hermione, achando engraçada a expressão de Gina ao falar de Draco Malfoy como seboso.
― Na verdade, Malfoy cruzou os braços e esperou que Jones fizesse alguma coisa, em se moveu do lugar. O cara se enfureceu e então tentou socar o Malfoy. Mas, você deve imaginar, espiões como aurores têm grande destreza em lutas corporais. Malfoy não deixou que Jones encostasse um dedo nele e revidou. Só sei que o cara saiu de cabeça baixa e nem olhou para trás...
― Imagino que Malfoy deva ser bastante persuasivo quando quer...
― Você nem imagina o quanto... ― murmurou Gina para si, ainda que Hermione tivesse ouvido muito bem. ― Só sei que, quando Jones saiu, Malfoy veio para cima de mim, adorando a cena e rindo da minha cara, ele não perde a chance, é um nojento ― o rosto dela corou ainda mais. ― E quando ele estava se divertindo com tudo, acabou chegando perto demais para falar sobre o che... ― e Gina abaixou o volume da voz até que a jornalista não pudesse mais ouvir o que dizia.
― O quê! Não ouvi direito. ― disse Hermione, divertindo-se com aquilo.
Gina rolou os olhos e bufou.
― Ok ok, Hermione ― concordou, a face contrariada. ― Acho que ele tinha tomado mais do que devia de qualquer maneira. Ele, como sempre, veio comentar do meu cabelo... Quer dizer, do cheiro dele ― Hermione arregalou os olhos e quis rir ainda mais. ― E ficou perto demais...
Notando o visível desconforto de Gina, Hermione completou:
― E como Justin também não tinha tomado poucas, viu e achou que Malfoy estava dado em cima de você também... E partiu para a agressão física...
― Agressão física é o mínimo, convenhamos. Se você fosse capaz de ouvir o que eu ouvi daqueles dois, Merlin...!
― Mas, cá entre nós... ― iniciou Hermione, a voz maliciosa e o olhar furtivo.
― Você adora o assédio do Malfoy quando...?
Entretanto, antes que Hermione concluísse a pergunta, o comunicador de Gina tocou. A auror procurou-o dentro dos bolsos do casaco e logo o encontrou. A voz de Malfoy encheu o ouvido de ambas. O rosto de Gina corou de forma envergonhada. O transmissor estava no viva-voz.
― Weasley, quero você e Potter aqui. ― o tom autoritário de Malfoy estava ali.
― Ai, Malfoy, por favor, será que nem num domingo você me dá paz? ― irritou-se Gina, enquanto fitava Hermione de esguelha. A mulher tinha a expressão maliciosa ainda no rosto. ― Nem sei onde que o Harry está!
― Eu lamento muito atrapalhar o seu intenso domingo, pobretona, mas preciso de vocês dois. Em Southampton, agora! ― Gina tentou intervir, mas Draco continuou. ― Hale está agindo. De novo.
Pisando naquela areia escura, Draco Malfoy pensava em como precisava dar um novo rumo para sua vida. Aquele era o dia de descanso, de não combater o estigma que o perseguiu durante todos os dias de sua existência, de fugir de lutas e disputas, por mais que desejasse fazer aquilo até o último suspiro em seus pulmões. Ser um espião já era gratificante, era fazer o jogo duplo, ação que realizou por boa parte da vida. Mas, ser o chefe da sessão de Espionagem do Ministério da Magia era demais para sua paz. Draco sempre fora do tipo introspectivo, ainda mais com suas atitudes em relação ao trabalho. Agora, nem mesmo depois do fim da Grande Guerra, tinha os domingos livres.
Vou dar um jeito nisso mais cedo ou mais tarde, acabar com essa escravidão. Porém, Malfoy sabia que nunca pararia. Não enquanto existissem focos de violência, de maldade e de sede pelo poder absoluto. Era claro que nenhum outro bruxo teria o poder de persuasão que um dia Voldemort tivera, mas certamente tentariam chegar a tanto. E, para isso, o chefe da Espionagem teria de estar sempre pronto para enfrentá-los.
Subindo em uma das rochas da praia em Southampton, Draco teve uma visão geral do que acontecia. Absolutamente nada. Será que Lupin está tentando me fazer de idiota? A brisa marítima era muito mais fria do que a costumeira em terra firme, e Malfoy enrolou o casaco ao redor de seu corpo com maior intensidade. Os lábios bateram um contra o outro, denunciando a temperatura baixa demais para sua proteção de roupas. O sol estava se pondo, a coloração azulada, amarelada e avermelhada característica daquele período do dia pintava o horizonte, e desejou por um momento ter uma casa na praia, somente para ter aquela vista. O tom avermelhado do céu o fez lembrar de alguém...
Um feixe de luz chamou sua atenção. De longe, na beira do mar, o feixe negro atingiu os olhos e Draco soube que Lupin estava alertando-o do caminho. Dando uma última olhada para o belo horizonte, relembrando da vista de sua casa na Mansão Malfoy e do tom avermelhado do céu, Draco aparatou.
Segundos depois reapareceu perto do feixe de luz negra. Uma vela mágica tinha sido enterrada na areia. Dirigindo a visão para o mar, nada encontrou. À frente, tomando forma, uma onda baixa e calma vinha atingir seus pés na areia escura. O inverno deixou a praia densa e feia, em comparação aos dias de sol do verão delicioso. Não que Malfoy gostasse, inverno era muito mais sua cara.
― Malfoy ― chamou a voz de alguém e o espião tornou-se para trás. ― Desculpe pelo chamado, mas não tive escolha, sei que aprecia os domingos...
Draco ergueu as mãos, quase impaciente.
― Não esquente, Lupin. Diga-me logo o que aconteceu. Você parecia aflito. ― respondeu, o tom seco na voz.
― Prefiro mostrar a você... ― retrucou o chefe, andando para longe de Draco mais uma vez.
Ele pediu que o seguisse. Para dentro da praia, afastando-se do mar, Draco e Lupin caminhavam em silêncio. As rochas formavam o caminho a ser seguido para sair da praia, e a leve escuridão do início da noite não ajudava aos homens. Acendendo suas varinhas, ambos continuaram seriamente o percurso arenoso. Draco, ao passar dos segundos, sentia-se levemente incomodado, tanto pela localização ― a praia estava escura, a areia marrom e as rochas não permitiam que tivessem qualquer tipo de iluminação ― quanto pela situação ― seu corpo estava cansado pela súbita proposta de Potter para acompanhá-lo até a ilha mediterrânea de Chipre.
Aos poucos, o som de vozes atingia seus ouvidos, assim como o de instrumentos ou quaisquer outras coisas sendo movidas. O caminho ia vagarosamente estreitando, até que não podiam mais andar um ao lado do outro. A sensação de claustrofobia não seria surpresa, aquilo parecendo uma caverna. Olhando para trás, Draco não podia ver nada. Um odor desagradável atingiu suas narinas e teve de começar a respirar pela boca. Quando estavam chegando perto do final da caverna, ou então do fim daquele caminho estreito demais para Lupin e Malfoy, ouviu um grito desesperado:
― Pelo amor de Merlin, deixem-me passar! DEIXEM-ME PASSAR!
A voz era claramente de um homem, um jovem, e Draco acelerou o passo junto com Lupin, ambos no mesmo ritmo. As varinhas começavam a balançar ao correr de seus passos, na esperança de logo chegarem ao final do percurso. Os gritos persistiram, a pessoa desesperada para sair logo dali, para que pudesse passar. As vozes eram abafadas pelos gritos incessantes do rapaz, e Draco procurou correr um pouco mais rápido, os pés afundando naquela areia escura da praia. Poucos segundos depois, sua varinha raspou de leve numa das paredes da caverna, e Malfoy pôde ver com maior precisão por onde estava passando.
Nas paredes rochosas da caverna existiam marcas de mãos e dedos, corridos contra a superfície, manchadas de tinta vermelha. Sangue. Malfoy engoliu em seco, notando que algumas marcas prolongavam-se por um longo período, como se a pessoa estivesse tentando lutar contra alguém, contra ser empurrada para dentro da caverna. A luz à frente, além da varinha de Lupin, começava a despertar em seus olhos, e imaginou que estivessem chegando perto do fim. O odor ruim, que antes era fraco, tornava-se insistente e forte. Ainda que respirasse pela boca, Malfoy sentia o cheiro penetrando em suas narinas por mais que relutasse. As imagens do sangue pelas paredes ficavam mais evidenciadas a cada passo, até que cessaram.
Adiante, um espaço aberto e arejado. Ou quase. Draco pôde observar o rapaz que gritava, pedindo para sair dali desesperadamente. Era um dos aurores júnior recrutados pelo Ministério da Magia em treinamento. Preciso lembrar de dizer a Potter para começar ele mesmo a administrar esses treinamentos. O rapaz olhou em profundo choque e desamparo para Malfoy, encontrando seu semblante arrependido e enojado com o do espião, e saiu em disparada, a varinha entre os dedos. Observando a figura do jovem correr pelo caminho que viera, Draco suspirou e voltou-se para a frente.
Primeiramente, levou a mão direita na boca, tampando os canais respiratórios. Depois, deixou-se impressionar com tamanho terror. O espaço da caverna era de aproximadamente trinta metros quadrados, e estava decorada de um modo nada convencional. Vacilando levemente, recordando de imagens que o perseguiram por muitos anos, Malfoy observou a situação do lugar. Havia sangue para tudo que era lado. Na areia, no teto, nas rochas, nas paredes, tudo. Para onde se podia olhar, estava sujo daquele líquido tão visto por ele, fosse na sua infância, fosse na sua adolescência.
Mas, era ao centro daquele espaço que reservava a maior atenção e perplexidade de todos ali presentes. O corpo de um homem, pendurado por ao que pareciam cordas avermelhadas, suspenso no ar, balançando levemente. O rosto estava ensangüentado, o nariz possivelmente quebrado, e a cabeça pendida para frente, enquanto gostas do sangue caíam contra a areia. Entretanto, não somente do rosto caía sangue. Os membros superiores que sustentavam o corpo no ar estavam em angulações, no mínimo, estranhas. As pernas paralisadas não possuíam os pés, ambos arrancados bruscamente dos membros.
O tórax então... Merlin, quem é que fez isso? E quem é esse coitado?
Como se tivessem aberto o peito com bisturi cirúrgico, a pele abria caminho, como uma janela, para o interior do corpo humano. As costelas, os pulmões... Os órgãos do sistema digestivo pareciam ali, mas ainda alguns estavam faltando, como o coração. Até a altura da cintura, pouco abaixo dela, o corte foi contundente e certeiro, sem dúvida. Draco tossiu, as moscas e outros mosquitos voavam ao redor do corpo, o odor da decomposição forte demais para que pudesse ser suportado.
O transe momentâneo de Draco passou assim que ouviu o som de um grunhido e, logo depois, vômito. Olhando de esguelha, uma das representantes do Ministério não agüentara, e colocava para fora todo seu almoço e talvez o jantar. Sentindo o estômago instável, Draco deu alguns passos para trás e observou como todos estavam completamente perdidos diante daquela cena. Os tempos de Voldemort eram assim, infestados de cenas como aquela, na intenção de assustar e dar avisos aos integrantes da Ordem da Fênix e também de qualquer um que se metesse no caminho dele.
Não obstante, a Grande Guerra acabara. Como que isto está acontecendo! Voldemort está morto, ele e todos os outros! É impossível! Os pensamentos de Malfoy voavam incontrolavelmente, chocado com a expressão do terror depois de todos aqueles anos, até que Lupin tocou-o no ombro.
― Entende agora o porquê de ter te chamado no domingo? ― Draco simplesmente olhou perplexo para o chefe. ― Achamos que Hale tem dedo nisso...
― Mas o filho da puta está agora mesmo nos porões do Ministério, Lupin, como que alguém pode fazer isso! ― os indícios mágicos da cena estavam por todos os lados, aquele não seria trabalho de trouxas maníacos.
― Somente ele tem a capacidade disso, você sabe Malfoy ― assegurou Lupin, o rosto denunciando o nervoso. ― Os nossos censores saberiam das atividades negativas, e nada foi demonstrado a uma semana, desde que Hale foi preso. E ele é o único que conseguia despistar nossos censores!
Draco grunhiu, por sua vez, e olhou para longe, descontente e preocupado. Onde que falhamos, merda? Ferrou... Saindo de perto de Lupin, que teve de conversar com os outros representantes do Ministério, Malfoy pegou o comunicador dentro de seu casaco e respirou fundo. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo, era sério demais, e além do que podia agüentar, suportar naquele departamento. A questão não era mais de salvar sua própria pele, e sim de salvar a imagem do DEA e, não somente isso, de salvar mais inocentes. Não dá nem pra saber quem é o cara!
Discando o número, um que já sabia de cór, esperou até que a voz de Gina Weasley tomasse seus tímpanos:
"Weasley".
― Hey Weasley, quero você e Potter aqui.
A voz da ruiva auror veio profundamente irritada.
"Ai, Malfoy, por favor, será que nem num domingo você me dá paz? Nem sei onde que o Harry está!".
Eu lamento muito atrapalhar o seu intenso domingo, pobretona, mas preciso de vocês dois. Em Southampton, agora!
Gina ainda tentou protestar, mas Draco estava no limite de sua paciência.
― Hale está agindo. De novo.
E desligou o telefone. Apertando os olhos, os dedos friccionando-os com força, suspirou, esperando que a auror fosse capaz de encontrar Harry logo. Aquilo pedia medidas drásticas e imediatas. Olhando de volta para aquele terrível toque de maldade, para a pintura de sangue, notou a apreensão de Lupin. O rosto do chefe do DEA estava pálido e aborrecido, como se a lua cheia estivesse se aproximando mais uma vez.
O olhar de Lupin cruzou com o de Malfoy. O chefe saiu da roda em que estava localizado, os aurores e outros iniciando a análise de toda a cena do crime, e encontrou o chefe de Espionagem de seu departamento. Puxando Malfoy para o canto, Lupin suspirou e disse:
― Eles querem meu pescoço, que acha?
― Como assim? Nós, nem eu, nem você ou o Potter podemos controlar tudo nessa porra de mundo! ― protestou Draco, não contendo seu nervosismo.
― Deram ao departamento até o final de dezembro para capturarmos o assassino ― os olhos de Lupin perderam o brilho ambicioso que carregava desde a vitória do cargo no DEA. ― Com certeza, Hale deverá ter alguma informação. E nós vamos resolver isso, de qualquer jeito Malfoy, com todos os nossos departamentos e divisões, e logo. Quero calar a boca desse bando de burocrata imbecil...
Até o final de dezembro. Malfoy deu uma última olhada para o chefe aflito e para o corpo estampado como uma pintura fantasmagórica e de péssimo gosto na caverna de Southampton. A boca de seu estômago denunciou que a situação era muito pior do que imaginava. E sua intuição nunca o enganava. Até o final de dezembro...
Nota da Autora (3): Não ficou muito forte... Era para dar muito mais impacto, mas... Vamos dizer, terei novas chances para demonstrar isso! P Espero que tenham gostado... Agora Hale e Albireo começam a mostrar do que são capazes, e todos vão ter se de unir para procurar esse assassino tão misterioso... Quem vocês acham que possa ser ele? Ou a próxima vítima?
Nota da Autora (4): Agradecimentos...
Céfiro: Ah! Perfect? Será hein! Hihihihihi!
Letih Granger: Nossa, demorei demais para atualizar né.. peso na consciência E agora demorei de novo, mas tentei dar um jeitinho de ser mais rápido, é que a faculdade sufoca mesmo, ainda mais com trabalho... Sem condições! Poxa, fico muito feliz de ver que você também está lendo esse shipper sabia! Acredito que o leitor tem que diversificar, pois acaba perdendo muita coisa boa simplesmente pelo casal da história. Mas olha, não pára de ler R/H não! R/H também é legal! puxando a sardinha pra série que é R/H Beijinhus!
Taty M. Potter: Nunca se envolveu tanto com uma fanfic! Gente, que responsabilidade a minha! medo E se você gosta de D/G, quem sabe ainda há esperanças hein! Porque, por enquanto, quem tá ganhando a Gina é o Justin... Torce pro Draco dar uma reviravolta, se ele realmente quiser maligna! Ele já gosta de mesmo do perfume do cabelo dela... Beijos!
Ca-cacazinha: Opa! Mais uma que gostou do beijo! 'Brigada viu! E dá pra ter uma idéia do que aconteceu sim, não é difícil... Mas a questão é COMO aconteceu... suspense Beijocas!
Tlw-veronica-e-ned: AH! Fiz você mudar de idéia! Poxa, o Harry não merece um soco... De vez em quando, talvez, mas ele tem seus motivos! Espero que eu não tenho demorado muito pra esse novo capítulo ah, não, 'magina Angela! Beijus!
Windy Potter: Olha, somos duas, eu também me calaria rapidinho viu! ai ai 'Brigada por ler a fic! Beijos!
Vanessa Castanho: Valeu pela review minina, o beijo eu me empenhei um pouquinho, afinal sempre tem que ficar o gostinho de quero mais! P Beijinhus e continue lendo a fic hein!
Isa Potter: Ahhhhhhhhhh! Bellinhaaaaaaaa! PARABÉNS PRA BELLINHA, PARABÉNS PRA BELLINHA, PARABÉNS PRA BELLINHA, PARABÉNS PRA BELLINHA! Mininaaa, um novo super PARABÉNS viuuu! Tudo de mto bom nessa vidaaaa, vc merece miguxaaaaa! E olha, de agarração no banheiro é pouco ainda pelo que vem pela frente... corada E o beijinho, só uma prévia do que vem por aí... O Albireo é nojento mesmo né! Mas, acredite, tudo ficará pior ainda... Se não, não seria fic minha né! Beijinhus linda e ti amooooo!
Caaarol: Você leu todos os capítulos de uma vez! Gente, que coragem hein! Se bem que essa fic tá pequenininha ainda! Espero que tenha esperado para este oitavo! Beijos!
Srta. Granger Potter: Ai que bom ver que você tem acompanhado a fic desde o início... E nem parece que ela já tem um ano de vida! lindo Mas espero que continue acompanhando, mesmo com a demora das atualizações! vergonha E você gostou da NEV é! Que fofo! 'Brigadinha e beijossss!
Karen: Oi Kaka! Preciso dizer novamente: PARABÉNS PELO FIC AWARDS! Eu tenho tanto orgulho da minha miguxa! fofa Você mereceu e merece muito mais ainda viu! E JULHO TÁ CHEGANDO! Nosso final de semana vai ser divertidíssimo! P E aliás, sobre sua review da PDNE, já te respondi, mas de qualquer maneira: SIM, O HARRY É GOSTOSO, NÃO A TRAMA SÓ PARECE COMPLEXA, MAS SERÁ UM POUQUINHO OBSCURA, O BEIJO FOI UMA GRACINHA MESMO E DE PALAVRÃO, VÊ QUANTOS O DRACO FALOU EM TÃO CURTO ESPAÇO DE TEMPO! Hahahhahahahhahaa! O resto já te falei né! Tô morrendo de saudadix, quero mto te ver pra gente rir bastante! Ti amo miguxa! Beijões!
Gilly: "Fodasticamente foda" foi mto bom minina! De qualquer maneira, espero que você também continue lendo a fic, mesmo com a demora viu! E espero também que você continue gostando tanto da fic assim! P Beijos!
Ana Jully Potter: Obrigada pelos elogios Jully! Continue lendo a fic viu! Espero que prossiga a altura! Beijos!
Dani Potter: TENSÃO TENSÃO TENSÃO! Hahahahahaahha! Adorei a sua review fofa! Aliás, to com saudadix e espero que você leia esse capítulo também... E nunca se esqueça que você também arrasa mtooooo! Li umas fics de desafio por aí e já vi que tu tá fodônica demais hein! Que orgulho que eu tenho dessas minhas amigas viu! Beijos e ti amooo!
Mila-: Nossa, apostou todas as suas fichas! 'Brigada fofaaaaa! 'Brigada mesmo! Espero que continue a altura! Beijoosss!
Lulu Potter: Eles são "fogosos" na fic, você acha! são sim Hahahaahahahaha! Poxa, valeu pelos elogios minina, valeu mesmo! Continue acompanhando a fic então, ok! Beijosss e valeu!
Bruna Granger Potter: A cena dos dois no banheiro deu o que falar hein! Obrigada por ler e continue acompanhando! Beijos!
Gaby: Atualizei! Continue acompanhando! Valeu pelo elogio viu! Beijos!
Nota de Autora (5): Capítulo novo VAI DEMORAR, como disse antes... Quem sabe eu não consigo atualizar nas férias, mas não prometo nada, então... Curtam esse e deixem reviews! OBRIGADA POR TODOS OS LEITORES, ADORO VOCÊS! Beijos!
