Rendição

Foi a dor na voz do garoto que fez Severus agir.

Ele arrombou a porta com um feitiço para ver, aliviado, que Harry estava sentado no chão, abraçado aos próprios joelhos, com o rosto escondido.

Enquanto se abaixava junto ao garoto, Severus pensou em todos os possíveis cursos de ação. Ele podia negar, podia tentar explicar que não podia ser, podia tanta coisa! Mas um cansaço maior que o mundo se abateu sobre ele, e Severus se viu sentado ao lado de Harry no chão do banheiro.

—Eu não sei quando eu me apaixonei por você, Harry. Só sei que agora você está no meu sangue, e por mais que eu tente evitar eu não consigo deixar de querer você. – Severus sentiu o garoto ficar tenso, como um gato esperando para saltar, mesmo que ele não tivesse movido um músculo. – Eu não me lembro do que disse ontem, mas em uma coisa você tinha razão. O álcool aniquilou meu juízo e liberou meus sentimentos.

Severus viu Harry erguer lentamente a cabeça, nos olhos do garoto uma expressão desconfiada.

—Mas você esqueceu o que aconteceu.

—Esqueci. Álcool é uma porcaria.

—Não se lembra de nada?

—Só sensações que vêm e vão.

—Tem uma coisa que você vai ter de lembrar. – Em um movimento rápido Harry colou os lábios nos de Severus.

"Poderes da Luz! A boca dele é perfeita!" Severus assumiu o controle do beijo invadindo a boca de Harry com a língua e trazendo-o para o colo, enquanto enfiava as mãos por baixo da camisa do pijama. Harry gemeu, despertando a memória de outros gemidos ouvidos durante a noite, e a consciência de Severus.

—Harry...

—Sh... não fala. Por favor, não fala.

Severus o abraçou, escondendo o rosto do garoto no seu peito, e tentou recuperar um pouco de juízo.

—Harry, eu já sei onde estamos. Lá embaixo tem uma cozinha; vamos comer alguma coisa e conversar.

Com relutância, Severus soltou o garoto, que também parecia relutar em se afastar.

Juntos desceram para cozinha, onde, a um gesto da varinha de Snape, surgiu um café da manhã reforçado. Nenhum dos dois tinha fome, mas Severus fez Harry comer um pouco.

O silêncio estava ficando tão sufocante que Snape agradeceu aos céus quando Harry largou o prato e perguntou:

—Onde estamos, afinal de contas?

—Na Casa de Descanso. É um lugar escondido magicamente na escola, e que só pode ser encontrada com um tipo de Pó de Flu especial. Na realidade quando entramos aqui ficamos presos por vinte e quatro horas, enquanto lá fora o tempo quase não passa. Depois dessas vinte e quatro horas seremos automaticamente devolvidos à lareira de onde saímos, doze minutos depois de termos entrado. – Até aos próprios ouvidos a voz de Snape soava triste. – Harry, nós precisamos conversar.

—Eu sei.

—Nós precisamos esquecer o que aconteceu aqui, e seguir nossas vidas.

—NÃO.

—Harry, pense com a cabeç...

—NÃO!

Harry se ergueu e foi para o outro cômodo. Uma sala de estar com um único sofá, onde o garoto deixou-se cair.

Severus o seguiu.

—Harry, nós dois sabemos que não pode ser.

—Por quê?

—Você ainda pergunta, garoto.

—Não me chama de garoto.

—Mas você é um garoto, e essa é só uma das razões porque não pode ser.

—Eu não sou garoto, Severus. Há muito tempo eu não tenho mais esse direito.

A expressão cansada no rosto de Harry não parecia a Severus realmente a expressão de um garoto, mas de um homem muito mais velho. Ele sabia bem que Harry vira e sofrera coisas em seus dezessete anos que muitos não vêem a vida inteira.

—Eu sei, Harry. Mas há muitas outras coisas.

Severus recebeu um olhar triste antes de prosseguir:

—Eu sou muito mais velho, sou seu professor...

—Por pouco tempo. Falta menos de um mês para eu terminar a escola. E eu não ligo para nossa diferença de idade.

—Não é só isso, Harry. E você sabe que não pode ser. – Snape gostaria de sacudir o garoto, de beijá-lo e arrastá-lo de volta para o quarto e enfim fazer o que seu corpo e sua alma tanto pediam.

—Isso é besteira, Severus. Diz que não me quer. Só isso me convence que não pode ser. Mas só diz se for a verdade.

Com os olhos de Harry fixos nos seus com uma expressão tão séria e tão concentrada que chegava a ser assustadora, Snape não conseguiu negar o que sentia, e desviou o olhar.

—Você me quer, Severus?

—Harry, por favor!

—Só me responde.

—Eu quero você mais do que tudo. Eu preciso...

Sentir novamente o corpo de Harry colado ao seu e os lábios do garoto na sua boca acabou de vez com a resistência de Severus. Ele deitou Harry no sofá, colocando-se sobre o bruxo mais novo e, sem parar de beijá-lo, enfiou as mãos por dentro da blusa do pijama de Harry, ansioso por mais contato.

Um movimento de Harry, e Snape viu-se deitado de costas no chão, com o outro por cima, e ouviu o barulho de suas vestes sendo rasgadas.

—Então foi assim que elas se rasgaram antes? – A voz de Snape estava rouca e soava abafada pela boca de Harry.

—Você usa botões demais.

Os lábios de Harry agora percorriam o peito de Severus levando o mago mais velho a um patamar de excitação que ele nunca experimentara. Quando Harry voltou a beijar sua boca ele inverteu as posições, ficando novamente sobre o garoto e, arrancando a parte de cima do pijama dele, cobriu o peito do jovem amante de beijos enquanto afastava as calças do garoto expondo a membro de Harry totalmente ereto.

Snape tomou o pênis de Harry em uma mão e o encarou. Vendo a expressão de deleite do outro provocou:

—Gosta disso?

—Muito.

Severus começou a masturbar Harry, que arqueava o corpo na direção do dele.

—E disso?

—Adoro. Não pára! Por favor, não pára.

—Mas eu tenho uma idéia melhor!

Em um único movimento, Severus abocanhou o membro de Harry e o reteve entre os lábios.

—SEVERUS! Oh Grandes Magos!

Severus sorriu e limitou-se a passar a língua da base à pontinha úmida da ereção de Harry.

—Por favor, Severus!

—Por favor o que, Harry? Diz o que você quer. Eu quero ouvir.

—Me chupa, me chupa agora, ou eu vou morrer.

Atendendo ao pedido, Severus concentrou-se em sugar Harry enquanto acariciava o peito do garoto com as mãos. Ele sabia que Harry não conseguiria conter-se por mais tempo, mas ver o jovem bruxo naquele estado era quase o paraíso, e Severus continuou até sentir o sêmen do amante em sua boca.

Severus abraçou Harry e, dando pequenos beijos no seu pescoço, esperou que ele se recuperasse do orgasmo.

Quando ele sentiu o toque de Harry no rosto, olhou-o nos olhos, recebendo um pequeno e travesso sorriso de volta:

—Agora você, Severus.

O mago mais jovem fez o mais velho deitar-se e, com uma lentidão proposital, foi abrindo sua calça.

—Mau. Você é muito mau, Harry. – Mesmo fingindo reclamar, Severus tinha uma expressão de tesão no rosto que o desmentia, e não fez nada para apressar o garoto.

Quando, enfim, libertou o membro ereto de Severus, Harry gastou um tempo admirando-o.

—Você tem um pau lindo, Severus.

—Desbocado!

—Gostoso!

Lentamente, Harry foi subindo a língua pela ereção de Severus, que fechou os olhos e se entregou nas mãos do jovem amante.

Assim... ah Harry! Isso é perfeito.

continua