Juntos

Severus deitou-se ao lado de Harry na cama. Eles olhavam um para o outro sem falarem, apenas as mãos se tocando. Depois da explosão passional no banheiro, uma paz singular caíra sobre os dois.

—Você está bem, Harry?

—Estou ótimo, Severus. – Harry pronunciava o nome do amante com deleite, apreciando o direito recém-adquirido de chamá-lo assim.

—Nem um pouco dolorido, garoto?

—Ah! Isso? Um pouco, sim. Na realidade quando eu me movo dói bastante. Mas eu não me importo.

—Tolo. Amanhã vai estar pior. Vou fazer chegar às suas mãos uma poção para aliviar essas dores.

—Você me dá quando eu for ao seu quarto.

—Você não vai.

—O quê? – Harry sentiu-se chutado do paraíso sem razão e sem aviso, e sentou-se na cama abruptamente.

—Eu não vou deixar você continuar a se arriscar assim, Harry. – Severus sentou-se também, aborrecido com a teimosia do garoto.

—Mas, Severus...

—Escuta. Nós vamos ter de agüentar esse mês que falta separados.

—Eu não quero.

—E acha que eu quero, seu tolo? Mas é preciso. Depois do fim das aulas nós seguimos com seu plano maluco. Mas na escola não.

Harry fitou Severus com olhos tristes:

—Severus, você realmente gosta de mim?

Sentindo a insegurança do garoto, Severus o abraçou.

—Gosto. Gosto de você muito mais do que é seguro para nós dois. Por isso mesmo vou abrir mão de você por esse mês. Para não te expor. – Severus beijou-lhe os lábios longamente, como se gravasse o gosto do garoto na sua alma. – O Diretor provavelmente exigiria isso, então é mais sensato que nós mesmos nos prontifiquemos a fazê-lo.

—Por que temos de dizer a Dumbledore? Eu não quero que ele fique dando palpite entre nós dois. E se ele tentar nos separar em nome dessa maldita guerra, Severus?

—Ele não vai fazer isso. Eu não vou deixar. Agora se acalme.

—Eu não quero ficar longe de você todo esse tempo.

—É perigoso, Harry. Alguém na escola pode te ver. Se descobrirem que você vaga pela escola toda noite, você vai estar correndo risco, E EU NÃO ACEITO QUE VOCÊ CORRA AINDA MAIS RISCOS. FUI CLARO?

—VOCÊ NÃO MANDA EM MIM!

—INFERNO, POTTER.

—É HARRY, SEVERUS. ENTRE NÓS DOIS É SEMPRE HARRY E SEVERUS.

—ENTÃO ME OUÇA, DROGA.

—Só não desista da gente.

—Harry, eu não estou desistindo, estou protegendo você.

Harry fechou a cara e deitou-se na cama fitando o teto.

—Harry.

—Tudo bem.

—Harry.

—Já disse, Severus. tudo bem. Está tudo bem.

Severus deitou-se ao lado dele e também encarou o teto:

—Merda, garoto!

Depois de algum tempo realmente zangado, Severus acalmou-se e, deitando-se sobre o garoto, começou a beijar o pescoço do mago mais novo.

—Pára, Severus. – A voz de Harry não tinha convicção nenhuma.

—Tem certeza de que quer que eu pare? – A voz de Severus era cheia de sedução.

—Droga. Você é um trapaceiro.

—Me responde. Quer que eu pare?

—Não, seu sacana. Quero que você faça amor comigo de novo.

—Não pode ser, Harry. – Severus distribuía beijos pelo pescoço e peito do garoto. – Eu acabaria machucando você.

—Eu não ligo.

—Mas eu sim. – Severus agora beijava o peito e a barriga de Harry.

—Severus, você está me deixando louco. Faça alguma coisa.

—Quer bancar o chefe mandão, Harry?

—Ahhhhh... – Harry quase berrou de prazer ao ter seu pênis lambido por Severus. – Por favor, Severus.

—Eu gosto mais assim. – Severus pegou a mão direita de Harry e lambeu a palma. – Eu não vou fazer amor com você.

—Severus... – Harry gemeu sentido seus dedos serem lambidos e sugados pelo amante.

Severus beijou a boca de Harry, invadindo com a língua cada cantinho dela, e mordendo os lábios do garoto antes de interromper o beijo e esclarecer:

—Você vai usar essa língua gostosa primeiro, depois esses dedos molhadinhos, e vai me preparar direito. E depois, garoto, depois você vai me comer bem forte. É você quem vai fazer amor comigo, Harry.

O jovem mago perdeu o ar ao ver o amante colocar-se de quatro e chamar:

—Vem.

Harry seguiu as instruções de Severus, preparando-o enquanto o cobria de beijos e derretia de desejo ao imaginar-se possuindo Severus.

Quando viu que o amante estava pronto, ele lentamente foi introduzindo seu pênis no corpo dele, e delirou ao ser acolhido dentro daquela entradinha estreita.

—Mais forte, Harry. Assim... ah...

Severus movia-se de encontro a Harry e deixava o garoto louco com o espetáculo de seus gemidos e do movimento do quadril, que ele empinava para aprofundar cada vez mais a penetração.

Quando se viu inteiro dentro do amante, Harry pensou por um instante que ia se morrer de prazer; à medida que o ritmo aumentava, ele perdia completamente a noção de lugar e tempo.

Sua mão moveu-se até a ereção de Severus de forma inconsciente, e ele masturbou o bruxo mais velho de forma rude.

—Ahhh, Harry... Mais forte. Céus, Harry. Isso mesmo.

Harry continuou bombeando, cada vez mais forte, até sentir Severus gozar em sua mão. Então, segurando Severus pelos quadris, Harry gozou, inundando o corpo do amante com sua semente.

Ficaram abraçados por um tempo. Suas respirações alteradas eram o único som no cômodo.

—Severus! Isso foi... eu nem sei o que isso foi.

—Foi bom. Muito bom. Mas acho que eu também vou precisar daquela poção quando voltarmos a Hogwarts.

Harry sufocou o riso no peito de Severus. O senso de humor do amante era definitivamente negro.

Conseguiram ficar sem discutir o resto do tempo que ainda tinham, e Severus remendou como pôde as roupas rasgadas quando seu tempo ali estava acabando.

Quedaram-se de pé em frente à lareira esperando o correr dos últimos minutos. Harry abraçou Severus, que acariciou os cabelos do garoto.

—Assim que sairmos, Harry, você vai para seu quarto dormir. Sua coruja entregará a poção logo pela manhã, junto com as instruções de uso.

—Está certo. E quando eu vou ver você?

—Na aula à tarde. Eu vou providenciar uma detenção para você, e então eu lhe digo o que conversei com Dumbledore.

Harry limitou-se a suspirar, exasperado, mas feliz e saciado demais para discutir.

Segundos antes da lareira se abrir, Severus lembrou-se da fantasia de Harry sobre banho.

—Você não me contou a origem daquela história no banho.

—Lembra daquela detenção logo depois do Natal?

—Lembro.

—Lembra que nós discutimos muito no final dela?

—Lembro que isso lhe valeu outra detenção.

—Pois é. Quando voltei ao meu quarto depois da briga, eu estava furioso e fui tomar um banho para me acalmar.

—Sim?

—Foi a primeira vez que eu me masturbei pensando em você.

A lareira abriu antes que Severus pudesse dizer qualquer coisa. No Salão Comunal da Grifinória, eles se separaram. Pelo menos até que pudessem voltar a ficarem juntos.

Deitado na cama de casal no centro do quarto, Severus sentia os dedos de Harry percorrendo cada traço do seu rosto. As sobrancelhas, o nariz comprido, o desenho da orelha, o contorno dos lábios finos.

Quando sentiu que o toque de Harry ia abandonar seus lábios, Severus capturou os dedos do amante.

—Cinco.

—Eu sei, Harry.

—É maravilhoso, não?

—Não se empolgue, garoto. Ainda pode dar tudo errado.

—São cinco, Severus. Não um, nem dois, mas cinco.

—Você está fascinado por esse número.

—É um número importante, você não acha? Cinco.

—Grande Salazar, Harry! Cinco. O número que vem depois do quatro e antes do seis!

—Acha que chegaremos ao sexto?

—Eu não esperava chegar nem ao primeiro, garoto.

—Mas Sevvie...

—NÃO ME CHAMA ASSIM!

Severus enfim sentou-se na cama, a tempo de receber Harry nos braços e ouvir seu riso baixinho.

—Mas Sevvie, cinco anos juntos é um bom tempo. Eu gosto da idéia de estarmos fazendo o nosso quinto aniversário.

—Se continuar me chamando assim não vai ter o sexto.

—Mentiroso.

Harry beijou Severus. Depois de cinco anos, ele confiava totalmente no que eles tinham.

Juntos, eles haviam visto mortes, o fim de uma guerra e a reconstrução do mundo bruxo. Juntos, eles haviam enfrentado boatos, intrigas e inveja. Juntos, eles brigaram e brigariam contra o que fosse preciso para ficarem juntos.

FIM