O Kit Fic:
- Saint Seiya não me pertence, o que é uma injustiça!
- É a primeira vez que reúno os douradinhos numa fic, então por favor, não me matem por erros de OCC ou de consenso com anime ou mangá!
- Desculpem o cap meio nonsense, mas eu TINHA que parar nessa parte... a boa vem depois ok?¬¬ o q aliás vai transformar a minha fic de rate +6k pra um pouquinho mais que isso... censurado!
O Mu só responderá a quaisquer perguntas com a presença de um advogado.
Enjoy Minna!
Tsuki Koorime
Capítulo 5.
"Calling out
Can you hear me? yea
So come my way"
"Estou chamando
Você consegue escutar? Sim
Então venha em minha direção."
Come - Namie Amuro
"Vai ser um inferno, Deba."
"Pare de resmungar, ariano, e vamos logo."
Mu suspirou fundo, dando de ombros. Aquela semana já não havia sido horrível o bastante? Kiki estava cada vez mais impaciente com as difíceis lições sobre teletransporte... Saori, ou melhor, a deusa Athena havia lhe sorrido uma proposta 'não-oficial' para um cargo que, é claro,ele jamais teria habilidade de exercer... os novos cavaleiros de prata eram idiotas e quebravam as armaduras o tempo todo... e... Olhou rapidamente para seu reflexo na bacia de bronze, na parede do corredor em direção à segunda saída da casa de Áries. Como conseguia enganar tanta gente com aquelas olheiras!
"Anda, Mu."
O cavaleiro da primeira casa se vira para o amigo, já na porta.
"Talvez ele nem vá..." - tentou Aldebaran, sorrindo.
"De quem foi a idéia infeliz de chamá-lo para assistir Macbeth?"
"Do Miro, oras."
Aldebaran abriu um largo sorriso, fechando os olhos sobre as bochechas cheias. Mu respirou fundo, dando de ombros. Xingou mentalmente o escorpiano, enquanto passava as costas da mão na face reluzente do bronze.
Não bastava ter que ouvir todas as noites os suspiros melancólicos de Shaka, entre risos e relatos sobre a volta de Ikky a seus braços, ele ainda tinha a sorte de ser obrigado a encontrá-lo mesmo nos dias em que se reservava um descanso merecido!
No mesmo instante, Mu se recriminou por seus pensamentos. Claro que gostava de ver o amigo feliz! E se Ikky o fazia sentir assim, o ariano faria de tudo para aceitá-lo de bom grado. Mas havia alguma errada no virginiano. No suave tom de voz que tremia vez ou outra. Nos passos mais apressados com que ele caminhava no Santuário. Na tristeza pungida que ele não fazia questão de esconder do ariano.
Talvez, um pouco de descontração fizesse bem a Shaka.
E foi com esse pensamento, que o ariano passou mais uma vez a mão na gola da camisa, cruzando a porta de mogno em direção da larga escadaria.
oOo
"Então, Miro? E os ingressos!"
Miro soltou uma risada sem graça, despejando centenas de beijinhos nos lábios apertados de um Kamus extremamente irritado.
"Eu simplesmente não acredito numa criatura como você."
Enquanto Escorpião retribuía o insulto com todo o calor de seu corpo, os outros cavaleiros se viam sem muita alternativa. A peça agora estava fora de cogitação. O que mais podiam fazer? Afrodite, Carlo (vulgo Máscara da Morte) e Aldebaran nem sequer cogitavam voltar para o Santuário. Afinal, era noite de sábado, e como o próprio Aldebaran dizia, havia uma sabedoria popular em sua terra que dizia que "todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite." Mino - porque a amazona de Águia decidiu que alguém tinha que tirar essa menina de casa - Shina, Marin e Aioria pensavam num cinema, o que logo foi descartado pelos demais. Kamus queria beber. Carlo queria pedir pizza e jogar baralho. Afrodite já pensava numa boate agitada e cheia de música alta. E começaram a andar a esmo pela cidade, procurando qualquer lugar que lhes apetecesse o paladar.
E agora vocês perguntam: mas se essa fic é sobre Shaka e Mu, onde estão eles!
Alguns passos à frente, conversando calmamente, como sempre.
"Aldebaran e Mino? Você tem certeza disso?"
Mu olhava para o amigo, que continuava a caminhar um pouco mais acelerado que os demais, atento aos ruídos da rua noturna à sua volta.
"Você está lerdo hoje, Mu."
"Eu sabia que já havia alguns olhares mas..."
"Não percebe como ela está se movendo para perto dele?"
Mu se virou ligeiramente, observando a jovem se afastar do grupo das amazonas, sorrindo em direção ao cavaleiro de Touro. Sorriu por dentro, feliz em ver dois amigos seus dando-se tão bem. Havia pouco tempo que Marin trouxera a amiga para o grupo de amigos. Com a partida de Seiya e os outros meninos para diversos cantos do mundo, ela havia andado muito sozinha. Ouviu as risadas fortes do taurino, logo atrás deles, então seguidas pelas da moça e dos outros cavaleiros.
Certamente, ela não estava mais sozinha.
Mu voltou o olhar para sua frente, onde um silencioso cavaleiro caminhava com passos agora mais lentos. Ia dizer alguma coisa, quando uma luz lhe chamou a atenção. O letreiro em néon fez com que o ariano segurasse a respiração por um segundo, como se pudesse impedir que as memórias lhe voltassem num raio fulminante sobre seus pensamentos.
Saga.
"Ei, vamos parar aqui e comprar alguma coisa pra comermos?"
Mu se virou rapidamente, fitando um sorridente Afrodite.
"Vamos beber. Eu conheço um bom lugar." - respondeu num tom mais sério que gostaria.
Não demorou para que todos concordassem com a idéia, seguindo um ariano um pouco mais aliviado pela avenida.
"Tudo bem, Mu?"
O ariano se virou com um leve sorriso para o amigo.
"Sim, claro. Não sou eu que estou triste aqui, Shaka."
A arte de transformar a pergunta em seu próprio perguntador é tão delicada - e secreta - que apenas os arianos mais assíduos e distintos conseguem dominar. E não que Mu seja o melhor exemplo disso, mas às vezes aquele carneiro até que sabe como se sair bem.
Caminharam mais um pouco, em leve silêncio, ouvindo a conversa atrás de si.
O tempo perfeito para fazer o jovem Buda falar.
"Eu tenho tudo, não tenho, Mu?"
"Você acredita ter?"
"Eu tenho tudo para ser feliz. Honra, amor, amizade. Mas não sou feliz. Não me sinto feliz. Por que, Mu?"
"Talvez a razão seja algo dentro de você. Alguma coisa em você está errada, você sabe disso, eu sei disso. E a menos que você encontre, nada do lado de fora parecerá bom o bastante."
"Mas não é..."
"Nada nesse mundo passa sozinho. Você sabe disso melhor do que eu."
"Eu sei."
"Então sabe que, se há algo errado dentro de você, é claro que algo fora vai espelhar isso também. Pode ser um detalhe, ou pode ser tudo de uma vez. Mas só você vai saber."
Eles pararam no meio do quarteirão, sem a menor intenção de seguir até o farol. Esperaram alguns carros passarem para atravessar as duas vias da avenida.
Ao pisarem no canteiro central, Áries inclina levemente o olhar para Virgem, esperando.
"E se eu não achar nada dentro de mim, ariano?"
O último carro passou, mas Mu não se moveu. Shaka permanecia com o rosto virado para a segunda avenida, esperando que um novo vento lhe desafiasse o rosto. Mas não veio algum.
"Então essa seria a resposta mais cruel que você poderia encontrar sobre si mesmo, Virgem."
O som dos outros cavaleiros caminhou até próximo deles. Um único carro passou veloz na segunda via, dando vazão à trupe dos guardiões de Athena em direção ao bar que Mu escolhera.
oOo
Passava um pouco das dez horas. Entre copos de vinho e risadas, a noite passava como uma carruagem dentro de um carrossel, indo de alto a baixo, seguindo o mesmo ritmo lento, e quando mal se percebe, uma volta e meia já se passou...
Marin e Aioria já haviam se despedido, e partiram dando carona para Shina. Afrodite e Carlo já haviam tomado um chá de sumiço típico do fogo daqueles dois, e Kamus e Miro estavam para fazer o mesmo quando deram de cara com Shura e, entrando apressado no bar.
Mu olhou para o amigo que chegava um pouco afoito, olhando em volta. Kamus e Miro deram uma risadinha sem graça, murmurando alguma coisa antes de voltarem para a mesa.
"Shura!" - Aldebaran levantou-se, cumprimentando o amigo.
Não demorou para que todos na mesa - Mino, Mu, Shaka e novamente, Kamus e Miro - também o fizesse. Mu deu um olhar sorridente para o amigo. A sorte não parecia estar do lado dele, definitivamente! Shura olhou em volta, compreendendo o gesto do ariano, e sorriu de volta, largo.
"Por que demorou tanto, Shura!" - Miro indaga sem muita paciência.
"O que vocês queriam? Alguém tinha que cuidar da senhorita Kido!"
Deba deu uma larga risada, sendo logo acompanhado pelos outros. Era inevitável, embora Saori não fosse mais, em absoluto, uma menina, que eles deixassem de tratá-la como tal.
Ainda mais os antigos 'espectros'.
Resolveram pedir alguma coisa para comerem, enquanto discutiam assuntos do santuário, política, safras de vinho e até mesmo futebol.
"Amanhã tem uma reunião com Athena, você foi convocado, não foi, Mu?"
Miro sequer olhava para o ariano, que ficara sem resposta. A última coisa em que queria pensar era nessa reunião. O que faria? Se Athena realmente quisesse que ele ocupasse aquele posto... se ela achava que era esse o melhor caminho... quem era ele para discordar?
"Ah, sim, eu fui."
"Aioria, Kamus e eu também fomos. É só mais uma reunião administrativa."
Shaka deu um leve sorriso, se servindo com um pouco mais de vinho. Mu respirou aliviado, ouvindo o assunto agora passar entre Miro e Kamus. Virou o olhar para Deba e Mino, entretidos na pequena discussão entre os dois. Shura também se entretia, ora ou outra com algum comentário maldoso sobre o escorpiano.
De repente, sentiu uma respiração em seu ombro, e um braço esticando-se atrás de si. Respirou um pouco mais fundo, reconhecendo aquele ar tão perto de si. Virou o rosto, dando com um virginiano de sorriso inocente, puxando um pedaço de pão da bandeja que ficava do outro lado do ariano.
"Você podia ter pedido, Shaka." - Mu arriscou um tom mais sério, sendo quebrado logo quebrado pela infantilidade do rosto do cavaleiro.
"Desculpe."
Respirou uma vez, voltando sua atenção para qualquer outro lugar da mesa.
"Eu tenho mesmo que ir, Miro. Amanhã a Saori me quer antes que o Sol nasça."
"Mas e eu!"
O ariano viu-se contendo uma risada. Afinal quem imaginaria o poderoso Cavaleiro de Escorpião fazendo um bico daqueles para Aquário?
"Fique com o pessoal. Sei lá! Por que vocês não vão pro apartamento jogar um truco, beber mais, se divertir?." No fundo, o próprio Kamus também achava certa graça na situação. Quem não acharia? E quem condenaria?
"Hum... pode ser." - Miro fez uma voz emburrada, arrancando um riso de Kamus.
Kamus rindo? Miro emburrado? Mu começava a achar que tudo era efeito do vinho...
Alguns beijos e mimos depois, Kamus se levantou, se despedindo. Miro olhou para os cinco restantes na mesa, já com seu jovial sorriso no rosto:
"Então, preparados para perder?"
"Ah, sem papo, Miro! Eu sempre ganho de você! Já está até ficando chato!"
"Chato seu..."
Discutiram até a saída do bar, onde todos esperavam que eles decidissem parar de brigar. Mas foi Miro quem primeiro interrompeu seu discurso de campeão, batendo com a mão na testa. "Droga! Esqueci! As fichas estão na casa de Gêmeos. Faz o seguinte:" - revirou o bolso, pegando um molho de chaves e entregando a Shura. - "Vão indo pro apê, que eu vou correr rapidinho até lá."
"Certeza?"
"Vai logo."
"Eu vou com você." - a voz soou mais ríspida que o normal, se afastando do grupo em direção de Escorpião.
Mu sequer tivera tempo de perguntar se Shaka não preferia ir de carro, junto a ele, Shura, Deba e Mino, e os dois já estavam longe na avenida.
Sorriu para Shura, um pouco sem graça, caminhando até o carro.
Atrás deles, o som estalado de um beijo entre Touro e a jovem parecia se fazer ouvir por todo o quarteirão. Mu esgueirou seu olhar para eles, com certa vaidade. Afinal, fora ele que ajudara o casal a se conhecer melhor! E ficavam definitivamente tão bem juntos...
Virou-se, já para entrar no carro. A visão pareceu um pouco mais lenta que o normal, e quando deu por si, uma risada desaforada saltou de sua boca sem permissão.
Vinho foi a única palavra que lhe veio à mente.
Quando enfim sentou-se no banco macio do passageiro, notou o olhar discreto de Capricórnio sobre si, com uma leve linha a lhe fazer sorrir os lábios.
