Descobrindo Virginia Weasley

É no silêncio, nas palavras que você nunca diz
Vejo em seus olhos, sempre começa do mesmo jeito
Parece que todos que conhecemos estão se separando
Será que alguém ainda se apaixona?

Lá estava Draco de novo. Olhando aquela floresta desconhecida. Parecia que já sabia o que ia acontecer. Olhou para a flor de pétalas azuis que sempre estava ali.

Olhou na direção que a flor sempre estivera. O vidro continuava ali. A flor também. Porém, não havia gotas de orvalho. Havia gotas de sangue. Draco não entendia o porquê daquela mudança.

Os pássaros voaram. Ele já sabia o que aconteceria. A mulher com seu longo vestido azul-anil apareceria. Sempre bela.

Mas a visão que teve foi horrível. A mulher apareceu, porém, com uma aparência horrível.

Ela usava o mesmo vestido mas agora sem brilho, rasgado em várias partes e desfiado nas pontas. A pele parecia suja, e alguns arranhões se espalhavam pela sua pele branca. Seus cabelos continuavam cumpridos, mas não trazia a beleza que ela tinha de volta.

Dessa vez não foi ao encontro de Draco, o olhava de longe. Apreensiva.

Draco não agüentou vê-la daquela forma. Correu para ajudá-la, mas ela recuou. Tinha medo dele?

por que você fez isso comigo Draco? – ela disse em tom choroso, seus olhos molhados de lágrimas. – Você me prometeu Draco! Me prometeu!

O que? O que eu te fiz, Virginia? – Ele perguntou, assustando-se com o nome que havia pronunciado. Não se lembrava de ninguém com esse nome.

Por que você os prefere? Por que sempre vai para o lado deles, se eu que te amo? – as palavras dela fizeram o coração dele sangrar.

Draco correu para ficar junto dela. De repente sentiu uma força muito maior dentro de si. Uma força...Jovem?

Draco estendeu suas mãos. Estavam jovens. No sonho ele sempre se sentira mais velho. E agora sentia um fôlego jovem dentro de si.

Ergueu os olhos para a mulher diante de si. Novamente levou um susto.

Não havia mais mulher alguma na sua frente. Havia uma garota, se seus 15 anos. Cabelos longos e ruivos, sardas espalhadas pelo seu rosto, olhos castanhos brilhantes. E ela sorria. Estava extremamente feliz.

Oh, Draco! Ficaremos juntos! – ela disse, girando com seu vestido azul-anil brilhante.

Draco ficou atônito olhando-a.

Ela veio ao seu encontro, sorrindo.

Seremos felizes. – ela disse acariciando o rosto dele. – Eu sempre irei te amar. E você nunca ira me deixar. E sabe por que?

Por quê?

Não houve resposta.


É a Weasley! – Draco disse assim que acordou de seu sonho.

Alguns companheiros de quarto se mexeram em suas camas, mas ninguém acordou.

"A garota do sonho é a Weasley!" Draco pensou, esfregando a testa com a mão direita. Mas o que aquele sonho queria dizer? Será que a Weasley sonhava a mesma coisa? E se sonhava será que já havia identificado que era ele, Draco Malfoy? "Talvez por isso tenha me beijado." Draco olhou a janela, o sol já estava querendo aparecer. Não iria voltar a dormir. Iria desvendar aquilo tudo.

"Ela me beijou na Ala Hospitalar. Mas por que então não em disse a verdade? Por que ela me diz tudo aquilo no sonho? Por que estava daquele jeito? Por que ela mexe tanto comigo no sonho? Por que disse que me ama?" Draco suspirou. Precisava de um bom banho.


Ginaa! Giiiina! – Megg berrava ao lado do dossel de Gina.

Ahn? – a ruiva resmungou cobrindo a cabeça com o travesseiro.

Carta para você! Deve ser importante, por que nem esperou irmos para o salão principal! – Megg estava realmente aflita para abrir aquela carta.

Gina arregalou os olhos, a cabeça ainda de baixo do travesseiro.

Me dê isso aqui! – gritou, abrindo o dossel rapidamente.

Megg se afastou a carta sacudindo em cima de sua cabeça.

Vai me deixar saber o que diz?

Não! A carta é minha Megg! Devolva-me! – Gina gritou, correndo atrás da loirinha de óculos grossos.

Ah, Gina! – a outra bateu o pé irritada, estendendo o envelope pardo para a menina – Por favor! Não confia em mim!

Gina olhou para ela com cara de poucos amigos.

Quer mesmo minha resposta Megg? Ou prefere uma azaração?

Eiii, já não esta mais aqui quem falo.

ótimo.

Megg saiu do quarto, parecendo aborrecidíssima.

Gina sentou na cama. "De quem pode ser?" Não havia remetente, nem nada escrito no envelope. Ponderou se era uma boa abrir, mas a curiosidade falou mais alto.

"Preciso falar com você urgente. Me encontre no mesmo corredor da ultima vez.

Malfoy."

Gina não entendeu nada. Ele a achava maluca, mas ele também não era nenhum pouquinho normal! Primeiro a rejeitava e agora marcava encontros? E, puxa! Como ele era sem educação. "Nenhum 'oi', nenhum 'bom dia'!".

Mesmo assim a menina se arrumou correndo. Queria saber o que ele queria com ela.


O corredor estava vazio. "Ah! Gina sua idiota! Malfoy deve estar rindo de você agora!".

Maldito Malfo...

Antes que terminasse uma mão lhe puxou para...dentro da parede?

É. Gina foi puxada para dentro da parede.

Ai! – gritou, batendo com o ombro na parede paralela a parede que havia atravessado.

Olá, Weasley.

Gina se recompôs. Respirou fundo, arrumou o uniforme e se preparou para falar algo com Malfoy, mas o sonserino foi mais rápido.

Não precisa me agradecer por te dar a minha ótima – e cara - companhia. - "A modéstia existe, sabia?" Gina pensou.

Humpfth. Se o conheço bem, Malfoy, você quer alguma coisa. Anda, diga o que é, pois tenho que tomar café ainda.

Nenhuma menina em sã consciência diria isso. – e como se levasse um choque de memória completou. – eu disse sã? Ah, pois bem, normal essa sua atitude então...

Gina andou até a parede por onde havia entrado.

Esta me prendendo aqui? – ela disse descrente, alisando a superfície da parede e não encontrando nada que pudesse fazer abri-la.

Não exatamente. – Gina reagiu com uma careta. – Ok, é exatamente isso.

Tá, o que quer, Malfoy?

Só explicações.

Explicações? – Gina repetiu – Que hilário. Nunca imaginei isso.

Nem eu. – Draco respondeu tão simplesmente e sem demonstrar seu cinismo que Gina se assustou.

O que você quer saber, Malfoy?

Seu nome é Virginia? – ele perguntou sem delongas, a olhando nos olhos. "Só pode ser ela".

Gina bufou.

Ah, que engraçado Malfoy. Agora quer tirar com meu nome?

É? – ele insistiu. Gina percebeu que ele não estava brincando.

Virgínia Weasley. – ela disse mordendo os lábios. – O que foi que houve? – ela perguntou nervosa.

Draco ficou a encarando. Ela era a mesma de seu sonho. Era ela. Os mesmo cabelos, as mesmas sardas, o mesmo olhar.

"Oh, Draco ficaremos juntos! Seremos felizes" ele se recordou das palavras dela em seu sonho.

Draco se aproximou de Gina, acariciou seu rosto, a pele branca colorindo-se de rosa. Fechou os olhos e se aproximou dela. Tocou seus lábios docemente. Ela era a garota mais linda que já havia conhecido.

Ela se entregou completamente ao beijo. Aquele beijo era muito diferente dos outros que já havia dado nele. Ele era tranqüilo. Era um beijo sem cobranças. Um beijo que poderia fazer os dois se conhecerem em fração de segundos.

Draco percorreu a mão pelas costas de Gina. A outra segurando o rosto dela.

"Por que você fez isso comigo, Draco?" As palavras percorreram a cabeça do loiro "Você me prometeu, Draco! Me prometeu!"

O loiro se afastou devagar dela, a respiração acelerada igualmente a dela.

Eu não quero te fazer mal. – Draco disse, estranhando a própria franqueza.

Gina fechou os olhos novamente, e eles voltaram a se beijar. Dessa vez de uma forma diferente, mais sensual.

Ela não conseguia entender o que estava acontecendo, o que aconteceu e o que iria acontecer. Havia sido tudo tão confuso. O que estava sentindo naquele momento era confuso também. Uma mistura de tudo.

Isso – ela sussurrou no ouvido dele enquanto ele mordiscava seu pescoço. – Vai ser o maior erro que eu vou cometer.

Me beijar? – ele perguntou, sem olhá-la, sem parar de beijá-la.

Não. – ela se afastou um pouco dele, forçando ele a olhá-la nos olhos. – Gostar de você.

Draco não respondeu nada. Não era aquilo que queria ouvir. Ou era?

Não iria dizer o mesmo. Ou iria? 'Claro que não. Gostar de uma Weasley? Posso ter batido a cabeça alguma vez quando criança, mas não tão forte a ponto de dizer que gosto de uma Weasley"

"Você não espera que ele diga o mesmo, espera? Ele não vai dizer. Eu espero ele gostar de mim".Gina pensou acariciando o rosto dele. Não esperava realmentente ouvir ele dizer que gostava dela. Se dissesse isso no mínimo teria sido mentira. "Melhor esperar para ouvir uma verdade."

Eu tenho que ir. – Gina disse, arrumando sua blusa.

Você não precisa ir. – ele disse, puxando-a para mais perto de si.

Ah, preciso sim! – ela se afastou mais ainda dele.

Finite Incantatem – Draco murmurou nem um pouco animado.

Gina já estava saindo quando o sonserino a puxou.

Que horas?

Ahn?

Que horas a gente pode se ver de novo?

Gina sentiu uma vontade incontrolável de sorrir de orelha a orelha. Draco queria vê-la mais vezes? Era isso mesmo?

Hum – Gina fez. Estava com o dedo indicador sobre o lábio, o olhar vago como o de consulta uma agenda imaginaria e confere os compromissos. Ela não tinha nenhum compromisso importante, mas não perderia a chance de se fazer de difícil para Draco Malfoy.

E então? – Draco perguntou impaciente. – Oras, Virginia, não me venha com essa. Você não deve ter compromisso algum.

E como você sabe? Tenho sim! E Muitos! – ela disse sorrindo ao mesmo tempo em que franzia o cenho.

Ah é? Diga-me um.

Harry – Draco fez um barulho muito estranho – ele me convidou para ver o treino do time da Grifinória.

E você só aceita se for louca. – ele disse, fazendo um sinal com a mão, olhando as próprias unhas com muito interesse.

Por quê? Os treinos da Grifinória são sempre muito legais.

Não a ponto de alguém trocar Draco Malfoy por um treino de retardados.

Gina torceu os lábios. Ela não iria trocá-lo mesmo. Só se fosse louca. "Louca eu sou por estar fazendo isso!" Pensou.

Sem pensar em mais nada saiu do esconderijo. Draco pareceu levar um baque.

Ei – ele chamou – Não me deu a resposta.

Vou pensar no seu caso, Draco.

E quando vou ter a resposta?

Tchau, Draco. – Gina disse quase cantarolando.


"Eu não acredito que isso tá acontecendo comigo! Não acredito, não acredito e não acredito!" Gina pensou apertando seu travesseiro enquanto a lua a iluminava.

Incrível pensar que jamais imaginara aquilo. Apesar de ter uma imaginação muito boa, jamais lhe passara pela cabeça gostar de Draco Malfoy!

"Mas o que será que ele quis dizer com aquilo de não querer me fazer mal?". A ruiva sentia que havia algo a mais naquele beijo. Algo inexplicável e terrivelmente conhecido. Era como se aquilo já tivesse acontecido.


Draco corria a pena sobre o pergaminho rapidamente. Precisava de respostas. Respostas urgentes. Estava formulando uma hipótese em sua cabeça que lhe parecia um tanto maluca. Mas era a única que encontrava para entender tudo aquilo.

A flor azul intocável. A mulher com quem sempre sonhara. As pétalas azuis usadas no dia em que se tornara comensal. Draco já havia participado de reuniões o suficiente para saber que aquelas pétalas não eram comuns naquele ritual. Só haviam sido usadas nele.

Mansão Malfoy. – Draco disse a coruja negra, em seguida abriu a janela e observou a coruja se perder no negro céu.

"Preciso das respostas essa noite."