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Capítulo 8

Snape não se sentia à vontade com Walkyria. Ficava constrangido só de lembrar o que acontecera na festa. Passou a evitar jantar no salão principal, pois teria que sentar ao lado dela. Cada vez que ele lembrava daquelas cenas entre os dois... aquele momento que foi só deles... ele sentia seu corpo vibrar... pedir... implorar pelo dela...

Passou uma semana e Dumbledore chamou Snape para uma conversa em sua sala.

— Sente-se, Severus. Aceita um chá?

— Não, obrigado. – Ele sentou na cadeira próxima à mesa de Dumbledore. – Algum problema, Albus?

— Eu gostaria que você me respondesse... – ele ajeitou os óculos – tenho notado a sua ausência na hora do jantar...

— Bem, eu... – O diretor olhou para ele por cima de seus óculos de meia-lua – estou ocupado corrigindo os trabalhos dos alunos.

— Você parece um pouco tenso...Tem dormido bem à noite, Severus? Alguma coisa está perturbando sua mente? Se quiser, podemos conversar a respeito...

— Não se preocupe, Albus, está tudo bem.

Snape não queria falar nada para Dumbledore. Não queria expor nem sua vida pessoal, muito menos a de Walkyria. Também, nem tinha certeza do que exatamente estava sentindo, só sabia que queria mais uma vez poder sentir o corpo dela...

À noite, Snape foi até o Salão Principal para o jantar. Não poderia continuar inventando histórias para Dumbledore.

Ele, quando o viu, deu um sorriso.

Snape sentou-se no lugar de sempre, ao lado de Walkyria.

— Boa noite.

— Olá Snape. Há quanto tempo!

Ele olhou para ela e não disse nada.

— Você trabalha demais, Snape. Precisa...relaxar um pouco – falou com um sorriso discreto nos lábios.

— Talvez. – Ele respondeu meio sem pensar.

Era uma noite agradável de outono. Walkyria resolveu aproveitar. Colocou um vestido leve e, por cima, uma capa e foi passear pelos jardins da escola.

Caminhou até o lago e sentou-se numa pedra. Ficou ali contemplando a lua, o céu estrelado, sentindo o vento frio bater em seu rosto. Ela gostava de escutar os sons da madrugada, o cheiro da grama molhada...

Não demorou muito e ela começou a sentir um outro aroma e pensou: "eu conheço esse cheiro...". Subitamente virou-se para trás e confirmou o que seu olfato aguçado de vampira já havia lhe informado:

— Snape!

— O que faz uma vampira no jardim da escola a essa hora da noite? Será que procura...alimento? – disse com um sorriso sarcástico.

Ela se levantou e fitou-o nos olhos.

— E o que será que um comensal da morte faz numa hora dessas no jardim da escola? Será que está voltando de algum ataque?

Ele ficou sério. Seus olhos pareciam estar pegando fogo. Ela sorriu e se aproximou dele.

— Sabe, Snape... – ela falou num tom suave, com seus lábios bem próximos do ouvido dele – eu já matei um bruxo por muito menos que isso que você disse... – Afastou-se e virou de costas.

— E...por que não o faz agora?

Ela se voltou e disse:

— Bem...primeiro porque isso estragaria meus planos e...segundo porque... – olhou para ele de cima a baixo e sorriu maliciosamente – bem, deixa prá lá... – e virou-se – vou voltar para o castelo.

Ela seguiu andando, deslizando sua capa pela grama úmida do jardim. Snape foi logo atrás dela. Ela logo percebeu a presença dele, mas não olhou para trás. Chegando à masmorra...

— Snape, está me seguindo? O que quer?

— Primeiramente, gostaria de lhe dizer que não estou seguindo-a, mesmo porque meus aposentos também se localizam na masmorra. – Mas...aproveito para lhe perguntar qual seria o segundo motivo pelo qual não quis me...matar? – sorriu friamente – Bem, acredito que...talvez...não tenha coragem... Teria que enfrentar depois o Lord das Trevas...

— Você não deixa mesmo de agir como um comensal...é ridículo! – sorriu – Bem, existe sim outro motivo, só que não falarei agora...talvez...

— Talvez? – levantou uma sobrancelha.

— Uma outra noite conversaremos. Você vem aqui, tomamos uma taça de vinho, eu lhe falo o que quer saber e você me diz que comentários houve entre os comensais e o Lord a meu respeito após a festa, certo?

— E quando pode ser?

— Qualquer outra noite que você não esteja com um humor tão insuportável. Boa noite!

Capítulo 9

Passaram dois dias. Snape não tinha como prorrogar mais a conversa com Walkyria. Decidiu ir até o quarto dela logo após o jantar.

Já era quase meia-noite quanto ele bateu na porta do quarto dela.

— Olá, Snape, entre.

Ele entrou. Estava sério. Tentou não olhar muito para ela...

— Perdoe-me, mas eu não estava lhe esperando... — Ela estava vestida com uma roupa bem à vontade. Era um vestido de um tecido fino, levemente transparente.

— Tudo bem, eu não me importo.

— Sente-se. – ela sorriu. – Vinho?

— Sim, obrigado.

Ela se sentou próxima a ele, no sofá.

— Sobre o que queria conversar?

— Eu quero saber o que o Lord das Trevas comentou sobre a festa.

Ele respirou fundo e se encostou no sofá, relaxando um pouco. Ela estava sentada bem confortável, com as pernas cruzadas, olhando fixamente para Snape, enquanto segurava sua taça de vinho.

— Ele ficou muito satisfeito. Elogiou nossa conduta como... casal principal da festa.

— Mesmo? Isso me tranqüiliza. Confesso que fiquei com receio de que algo não desse certo ou que ele desconfiasse de alguma coisa...

— Deu tudo certo, não se preocupe.

— E você, o que achou? Divertiu-se?

Ele sentiu seu sangue gelar por um segundo.

— Eu acho um pouco difícil se divertir numa festa daquele tipo...

— Você é um comensal, achei que gostasse...

— Tive razões para tornar-me um comensal. Mas não gosto de torturas. E você? Acredito que tenha saído da festa bem satisfeita...

— Confesso que duas coisas me agradaram na festa...

Ele olhou nos olhos dela com expressão de curiosidade. Ela entendeu.

— Sou uma vampira e ... fazia tempo que eu não me alimentava com sangue fresco... você não entende...é simplesmente maravilhoso.

Ele respirou fundo, aliviado.

— Mas... não foi só isso que me agradou... – Ela olhou para ele com uma expressão de malícia - ele tentava parecer frio e insensível.

Ela se levantou.

— Um pouco mais de vinho, Snape?

— Sim, por favor. – Ele precisava relaxar, estava muito tenso. Ela notava cada olhar disfarçado que ele lançava.

Walkyria retornou com as duas taças cheias e sentou-se um pouco mais perto de Snape. Ele já conseguia sentir o perfume do corpo dela...

— Bem...então agora, juntando com a nossa conversa do outro dia, me deve duas respostas... – sorriu com ironia.

Ela riu.

— Sim, eu sei, mas...a resposta das duas é a mesma...

— Estranho...um motivo para não me matar e algo que lhe agradou na festa ser a mesma coisa? É, no mínimo, interessante. E então, vai me contar?

— Bem... o motivo é que...seria um desperdício matá-lo... Você tem excelentes... qualidades... Transformá-lo sim, seria o ideal...

— Qualidades? Do que exatamente está falando?

— Sabe...você dança muito bem... – disse Walkyria se encostando no sofá e olhando para o corpo dele e, logo após para sua boca e para os olhos. – Foi uma pena a...música...ser tão...curta...

"O que ela está querendo?" – Snape pensou. Tomou um grande gole de vinho.

— Está ficando tarde... – ele disse se levantando.

— Por que tanta pressa? Amanhã é sábado, fique mais um pouco. – Não quer saber a resposta?

— Onde está querendo chegar? – tentou parecer sério. Queria ter certeza.

— Ora, Snape... você sabe... – ela não parava de olhar para ele um só segundo.

— Mas, não podemos... você é ...

— Esqueça desses detalhes...quero continuar o que começamos na festa... – Ela apontou a varinha para uma caixinha da qual começou a sair uma música suave.

Ele largou a taça na mesa e se aproximou dela. Olhava para os lábios dela e se lembrou de que ainda não havia beijado. Aquilo que fizeram na festa, apesar de ter sido bom, foi algo quase que mecânico, não podia expressar todos os seus sentimentos.

Ele se aproximou ainda mais, quase encostando seu corpo ao dela. Suavemente sua mão foi segurando-a pela cintura e, assim, ele a puxou para mais perto de si. Olhou profundamente nos olhos dela, sentindo sua respiração, seu perfume. Ele estava com seus lábios quase encostando nos dela.

— É isso mesmo que você quer?

— Quero isso e muito mais...

Ele sorriu com o canto da boca, puxou o corpo dela contra o seu com força e a beijou. O beijo foi longo, intenso. A mão de Snape começou a percorrer o corpo de Walkyria, sensualmente. Sentia a maciez do vestido que cobria o corpo dela. Ele continuava a beijá-la sem parar. Ela abraçava-o e colava seu corpo no dele.

— Quero apreciar cada parte de seu corpo. – ele disse com a voz rouca.

— Então...vamos para um lugar mais...aconchegante. – Ela segurou na mão dele e o conduziu para o quarto, que ficava ao fundo.

Ele abraçou-a por trás e começou a beijar o pescoço de Walkyria. Sua mão percorreu novamente o vestido dela e, com suavidade, abriu o zíper, deixando-a nua...

Já eram quase cinco horas da manhã e Snape ainda estava deitado, ao lado de Walkyria na cama dela. Ele, ao se levantar, acordou-a, sem querer.

— Você já vai?

— Durma, já vai amanhecer. Eu tenho que ajudar a organizar os alunos para irem a Hogsmeade.

— Depois você volta?

— Só posso voltar após o jantar... Não podemos deixar que sequer desconfiem de algo.

— Tem razão, melhor que ninguém saiba...

— Perto da meia-noite estarei aqui, então.

Capítulo 10

O Natal estava próximo. Os alunos de Hogwarts já estavam se organizando para irem passar suas férias em casa. Alguns professores iriam aproveitar a ausência dos alunos para viajar e rever os parentes. Walkyria decidiu passar o Natal na escola, tinha motivos para isso.

Snape e Walkyria ainda estavam se encontrando à noite. A atração entre os dois crescia cada vez mais. Eles se viam quase todas as noites...sempre que ele não tinha reunião com os comensais. Mas...será era só atração que eles estavam sentindo? Eles já não sabiam o que estava acontecendo, mas o desejo de ficarem juntos, de sentirem seus corpos colados um no outro, aumentava a cada noite...

Na hora do jantar, Walkyria recebeu uma coruja. Snape estava ao seu lado e ficou curioso com o que ela recebeu, mas tentou não demonstrar. Ela rapidamente retirou o envelope do pé da coruja, deu um biscoitinho para ela e foi ver o que dizia a carta.

"Querida Wal,

Conversei com Albus e ele permitiu que eu passe as férias de inverno aí na escola com você, já que não poderá vir para casa. Chegarei na noite da véspera de Natal.

Com amor,

Klaus"

Walkyria ficou séria. Fechou o envelope e guardou. Snape não resistiu:

— Alguma notícia ruim?

— Não...só uma coisa que eu não esperava... – ela estava com uma expressão desanimada.

— O que é?

— Klaus vem passar as férias aqui em Hogwarts. Chegará na noite da véspera de Natal.

Snape ficou um pouco pálido e surpreso. Ela olhou para ele séria, mas não quis comentar mais nada. O salão principal não era o local ideal para conversarem sobre esse assunto.

Já era quase meia-noite e Snape estava em seu quarto, pensativo em frente à lareira. Estava tentando decidir se iria ou não até o quarto de Walkyria. Sentia seu coração apertado... "O que está acontecendo?" Ele se perguntava. O fato de o marido dela chegar...e ele não poder estar com ela...estava machucando... Ele se serviu de uma dose de whisky e voltou a se sentar em frente à lareira.

Alguém bateu à porta. Ele sabia quem era. Largou o copo e foi atender.

— Você não apareceu, o que houve?

Ele se virou, pegou seu copo e sentou-se no mesmo lugar.

— Severus! – Ela fechou a porta e se aproximou dele.

— Você tem que se preparar para esperar seu...marido...

— Ele só chegará na próxima semana. Até lá podemos ficar juntos...

Ele olhou para ela e bebeu mais um gole de whisky. Ela sorriu.

— Eu não acredito...você...eu poderia imaginar qualquer coisa vindo de você, mas não isso...

— O que?

— Você está com ciúmes, Severus!

— Ciúmes eu? Você está louca! – Ele bebeu mais um gole — Estou somente preocupado com seu... marido... Ele pode desconfiar de alguma coisa...Ele pode...decidir vir antes, sem avisar...melhor...me afastar de você para não causar maiores problemas.

— Sei... – ela sorria com ironia. – Klaus só chegará na noite da véspera, principalmente por causa das aulas, não há motivos para você se preocupar. Vamos aproveitar cada minuto, pois teremos que passar um tempo separados.

Ele não parecia nem um pouco satisfeito. Ainda estava sério e não sabia o que fazer. Queria ficar com ela todo o tempo... Ficou parado, olhando novamente para o fogo. Walkyria ainda insistia.

— Severus...olha prá mim! – Ela estava linda, seus cabelos soltos e um vestido leve cobrindo seu corpo. Snape olhou para os olhos dela, logo após para seus lábios vermelhos que imploravam por um beijo. Ainda assim resistiu.

— Eu quero você, Severus...fica comigo...

Ele se levantou, largou o copo, e, olhando fixamente para ela, foi se aproximando, até estar com seu corpo praticamente unido ao dela. Ficaram por alguns segundos se olhando, um nos olhos do outro, sem dizer nada. Então Snape, gentilmente a abraçou e lhe deu um longo e ardente beijo.

Capítulo 11

Snape estava visivelmente angustiado. Os alunos de Hogwarts já haviam embarcado no trem e deram "graças a Deus" por estarem de férias, pois nem um sonserino seria capaz de aturar aquele humor. Ele tinha vontade de fugir de lá, não queria ter que cruzar com Klaus (na verdade ele queria era torcer o pescoço dele!). "E se eu passasse uma semana na enfermaria? Assim não teria que comparecer à ceia de Natal" – pensava.

No início da noite, na sala de Dumbledore, ele (o diretor) e Walkyria estavam esperando por Klaus, que deveria chegar a qualquer momento pela rede flu.

Klaus Beneczky era um homem alto, com um corpo bem definido, aparentando, no máximo, uns 30 anos de idade. Tinha cabelos louros, encaracolados e compridos, presos num rabo-de-cavalo com uma fita preta. Seus olhos eram brilhantes de cor castanho-esverdeado e sua pele era extremamente branca.

Não demorou muito e Klaus chegou todo sorridente:

— Querida Wal, que saudade! – deu um abraço bem apertado em sua esposa.

— Eu senti muito sua falta, Klaus. – deu um beijo comportado nele.

— Boa noite, Albus. – disse Klaus.

— Seja bem vindo à nossa escola. Walkyria lhe explicará como funciona tudo aqui. Sinta-se à vontade.

— Obrigado.

O salão principal estava decorado com motivos natalinos. Guirlandas foram colocadas nas paredes, o teto estava coberto de neve, uma árvore de Natal gigantesca estava num canto repleta de luzes piscantes, fadas e enfeites e também estava cheia de presentes. Uma mesa foi colocada no centro, enfeitada com arranjos de flores com bombons dourados e iluminada por velas.

Apenas um pequeno grupo de alunos ficou para passar a semana de Natal na escola. Eram três alunos da Grifinória (Harry, Rony e Hermione) e mais dois da Cornival e dois da Lufa-Lufa. Não ficou nenhum aluno da Sonserina. Dos professores, apenas três viajaram: a professora de Estudo dos Trouxas, a de Aritmancia e a de Runas Antigas. Os outros todos ficaram.

Eram 10 horas da noite, horário marcado para a ceia de Natal. Snape foi o último a chegar no salão principal. Sentou-se ao lado da Profª. McGonagall, em frente a Walkyria. Ainda não havia se encontrado com Klaus, mas imediatamente ao entrar na sala, avistou seu "rival".

— Boa noite. – disse Snape seriamente.

— Bem...como todos já chegaram, podemos dar início à nossa ceia de Natal. – falou o diretor — Antes de mais nada, quero apresentar-lhes o nosso ilustre convidado: Sr. Klaus Beneczky, marido da Profª. Walkyria.

Klaus se levantou e cumprimentou os presentes, sempre com um sorriso nos lábios. Dumbledore fez ainda um pequeno discurso antes do jantar.

O jantar seguiu tranqüilo. Snape estava totalmente em silêncio. Algumas vezes dava alguns olhares para o casal vampiro na mesa, mas logo ele abaixava a cabeça e continuava a comer. Klaus era a atração da mesa. A Profª. Sibilia não poderia deixar de se manifestar...ela levantou, erguendo um pouco as mãos, com os olhos semicerrados e disse:

— Estou sentindo uma...vibração...

— O que está havendo, Sibila? – perguntou McGonagall.

— São as forças do além...avisando...cuidado! – Ela abriu repentinamente os olhos. Os presentes tentavam se conter para não rir. Fechou os olhos novamente. – Tenham muito cuidado, pois...irá acontecer uma tragédia aqui em Hogwarts... E...será com alguém aqui desta sala... Uma morte!

Walkyria sorriu e disse:

— Estou livre dessa, graças a Merlin! – deu uma gargalhada – Já estou morta! – olhou para Klaus – E você também, querido! – Ele sorriu.

Mesmo com a brincadeira de Walkyria, Dumbledore ficou sério e disse para Sibila:

— Professora, estamos na noite de Natal! Não é nada agradável fazer esse tipo de previsão... Poderia ter dito em outro momento...

— Desculpe... — Ela sentou-se, ajeitando o cabelo. – Eu...só quis ajudar...

— Bem...continuemos então com nossa ceia. Vamos à sobremesa! – Os pratos de comida sumiram e logo após surgiram uma infinidade de doces maravilhosos. – Sirvam-se!

A única pessoa que não ficou com os olhos "brilhando" para os doces foi Snape. Ele não agüentava mais ter que ficar ali, em frente àquele "casal apaixonado". Assim que terminou de comer, se levantou.

— Já vai dormir, Severus? – perguntou McGonagall.

— Tenho coisas para fazer...

— Não me diga que pretende trabalhar na noite de Natal!

— Não – sorriu com ironia – vou mandar cartões e presentes para meus fãs e familiares. Tenham uma boa noite.

Dumbledore olhou para Snape como se entendesse tudo que se passava na mente dele, mas não disse nada...

Já era três horas da madrugada e Snape não conseguia dormir. Bebeu um pouco e resolveu caminhar pelos corredores do castelo.

Quando estava voltando, a porta em frente ao seu quarto abriu. Ele tentou parecer normal e foi entrar em seu quarto, quando Klaus saiu por aquela porta.

— Boa noite... – ele tentava buscar em sua memória qual era o nome daquele professor que estava à sua frente.

— Snape, Severus Snape. – disse num tom sério.

— Ah, sim... desculpe-me. É que são muitos nomes para lembrar...eu me atrapalho um pouco.

— Claro... – Snape esboçou um falso sorriso.

Klaus observou que Snape já havia aberto a porta em frente à sua.

— O que há nessa sala?

— Este é o meu quarto.

— Sim, claro... – Klaus ficou sério e pensativo por uns instantes. – Bem...se me der licença...

— Boa noite.

Klaus voltou para seu quarto. Walkyria observou-o notando um olhar um tanto diferente.

— O que houve, Klaus?

— Você sabe de quem é o quarto aqui em frente ao seu?

— Sim. É do Prof. Snape.

— Não lhe parece estranho, num castelo desse tamanho, colocar seu quarto bem em frente ao dele?

— Klaus... – ela sorriu – Eu vou lhe explicar. O quarto que geralmente era ocupado pelos Prof. de DCAT fica no segundo andar... – ela explicou tudo calmamente.

— Entendo, mas não gostei nada da idéia.

— Qual o problema?

— Ele é homem e... me pareceu estar sozinho...

— Você está insinuando que eu e ele...

— Não, mas bem que ele pode tentar...afinal, você está tão perto...

— Ora Klaus, querido! Você precisa conhecer Snape. Com uma pequena conversa você vai descobrir que nem uma mosca atura a presença dele por mais de cinco minutos. Se quiser, pergunte aos alunos... eles vão lhe dizer como é o humor diário dele... – ela riu.

Capítulo 12

No outro dia, pela manhã, ao chegar em sua sala, Snape viu na mesa uma pequena caixa preta decorada com uma fita prateada. Ao lado, havia uma rosa vermelha e um cartão.

Primeiramente pegou o cartão e leu:

"Querido Severus,

Isso é uma lembrança de Natal que escolhi especialmente para você.

Gostaria de ter entregue pessoalmente, mas...infelizmente não foi possível.

Espero que tenha sido do seu agrado.

Com saudades,

sua

Walkyria"

Depois pegou a caixa e abriu. Dentro havia um saquinho de veludo preto. Derramou o conteúdo do saquinho em sua mão: era um par de abotoaduras de ouro branco com esmeraldas. Ficou estático por uns instantes. Não acreditava ter recebido um presente tão valioso... Colocou-as e se admirou em frente ao espelho, estufando o peito, se achando elegante. Por um momento até esqueceu do triângulo amoroso em que estava envolvido...

Logo sua mente voltou ao "estado normal" e ele voltou para seu quarto. Pegou uma pequena maleta, separou alguns pertences e saiu.

À noite, estavam todos reunidos numa única mesa no salão principal. Dumbledore deu ordem para que fosse servido o jantar. A Prof. Minerva, estanhando a ausência de Snape, perguntou:

— E Severus...não seria melhor esperarmos por ele?

— Ele não virá. – respondeu o diretor – Foi a Londres.

Walkyria tinha notado a falta de Snape, mas não quis perguntar nada, não seria de bom tom. Ao escutar o que Dumbledore disse, ela se deu conta que aquela viagem era uma maneira de evitar a presença de Klaus. Não era nada agradável, nem para ela, esta convivência a três.

Capítulo 13

A semana passou quase que "voando". Snape chegou pela manhã, bem cedo. Passou o dia inteiro trancado em sua sala arrumando o seu estoque de ingredientes que havia comprado durante a viagem.

Na hora do jantar ele foi até o salão principal. Viu que os outros professores também já aviam voltado de viagem, bem como os alunos. Observou também que Klaus já havia ido embora. Respirou aliviado. Agora tudo iria voltar ao normal.

Sentou no seu lugar de sempre, com Walkyria ao seu lado. Voltou a sentir aquele perfume doce e inebriante. Olhou para ela discretamente, esboçando um sorriso.

— Boa noite, Walkyria.

— Boa noite, Severus...senti sua falta – disse baixinho.

— Precisamos conversar...

— Você pode vir até meu quarto esta noite, no horário de sempre.

— Prefiro que seja no meu...

— Entendo. — Ela deu um sorriso de leve.

Walkyria saiu de seu quarto pronta para deixar Snape paralisado. Colocou um vestido de cetim vermelho, completamente colado ao seu corpo. Tinha um decote extremamente ousado e uma fenda lateral que mostrava boa parte de sua perna direita.

Apesar de conhecer a senha do quarto dele, resolveu bater na porta antes de entrar. Ele, ao escutar a batida, imaginou que deveria ser ela.

— Olá, Snape, posso entrar?

Ele abriu a porta e deixou-a entrar, sem falar nada. Depois fechou a porta.

— Ele já foi? – Snape estava totalmente sério.

— Sim, na noite passada. Agora tudo volta a ser como antes. – se aproximou dele e abraçou-o.

— É melhor não continuarmos com isso... – disse se afastando dela.

— Você não me quer mais?

— Não é isso...

— O que é então?

— Bem... eu não acho seguro... parece que seu marido...

— Klaus? Não...

— Nós nos encontramos e...penso que ele não gostou nem um pouco do fato de nossos quartos serem tão próximos.

— Ele me comentou, mas não acredito que tenha dado importância para isso. E, de qualquer forma, pouco me importa! Eu quero você, Severus... – se aproximou dele – preciso sentir seu corpo...

Ele não resistiu mais, abraçando-a fortemente pela cintura, beijando e mordendo seu pescoço de leve. Sua mão foi alisando o corpo dela, descendo até a parte da fenda do vestido. Sentia a textura da pele dela e colou seu corpo ainda mais ao dela.

— Ah...Severus... eu senti tanto sua falta...

Ele olhou no fundo dos olhos dela e beijou-a com desejo, abraçando-a ainda mais. Pegou Walkyria no colo e carregou-a até sua escrivaninha. Colocou-a sentada e depois, com a mão, jogou tudo que havia ali em cima para o chão. Abraçava, alisava-a sem parar de beijá-la. Abriu o vestido dela pela parte de trás e assim ficaram os seios dela a mostra. Então ele desceu seus lábios até encontrá-los. Sorveu e mordeu-os com desejo. Walkyria gemia e segurava os cabelos dele. Ele subiu a parte da saia do vestido dela e, por casualidade, ela não havia colocado nada por baixo. Ele sorriu maliciosamente ao perceber isso. No minuto seguinte já estava encaixando seu corpo ao dela quase que com fúria. Ela gritava, gemia, suava. Ele aumentou o ritmo, segurando-a fortemente pelos quadris e empurrava com mais força. Ela sentia cada parte dele preenchendo-a por dentro, deixando-a louca de prazer. Ele suava e estava com os olhos vidrados no corpo dela, hipnotizado com as sensações que estava sentindo. Snape pressionou ainda mais uma vez seu corpo com toda força e apetite que tinha, soltando um gemido alto. Walkyria sentiu o líquido de Snape preenchê-la por dentro. Então, Snape, sentindo suas pernas cambalearem, deitou seu corpo por cima do dela, ainda com a respiração ofegante.

— Severus...você foi incrível! – Walkyria estava sentada no sofá ao lado de Snape. Seus olhos estavam brilhando.

Ele sorriu de leve. Levantou-se, foi até o canto da sala e pegou uma caixinha preta.

— Isto é seu presente de Natal...um pouco atrasado.

— Obrigada. – Ela pegou a caixa, mas antes de abrir, olhou para Snape.

— Você não me disse se gostou...

— Você nem prestou atenção...olhe para o meu casaco...

Ela riu.

— Eu estava...bem...nem havia reparado mesmo...

— Agora você parece mais calma... – sorriu com malícia. – Abra, quero ver se gosta.

— Vamos ver...

Ela abriu com cuidado a pequena caixa. Dentro havia um cordão de prata com um pingente. Era uma pedra diferente, na forma de uma estrela. Parecia refletir todas as cores do universo.

— Que pedra é essa, Severus? Eu nunca vi nada igual!

— É uma espécie de cristal muito raro. Ele tem poderes especiais. Poucos bruxos conhecem. Chamamos de "life-crystal".

— Que tipo de poderes ele tem?

— Bem... – ele fez uma expressão irônica – eu penso que uma prof. de DCAT deveria conhecer...mas...

— Ah, Severus...

— Não se tem conhecimento de todos os poderes que ele tem, mas, sabe-se que protege seu portador de muitos tipos de ataques, inclusive contra as maldições.

— E...será que funciona com vampiros?

— Confesso que nunca li nada a respeito.

— E porque deu para mim? Você não precisa dele?

— Quero vê-la bem protegida. Principalmente quando estiver na presença de você-sabe-quem.

Capítulo 14

A primavera já havia chegado. O aroma das flores e a euforia dos alunos com a aproximação dos testes preenchiam o ambiente do castelo de Hogwarts. Aquela noite havia sido especial. Após um maravilhoso jantar a dois no quarto dela, eles tiveram uma noite extremamente ardente. Sem perceber, já exaustos, os dois adormeceram nus na cama, lado a lado.

De repente ouviu-se um barulho vindo da sala de Walkyria. Snape, que tem o sono leve, abriu os olhos. Pensou em se levantar, mas não o fez. Imaginou que deveria ser algum elfo doméstico arrumando a sala. Virou para o lado, abraçando-a e fechou os olhos, tentando voltar a dormir.

A porta do quarto se abriu.

— Wal, querida, cheguei! – Klaus havia entrado sorridente mas ao perceber o quadro que estava pintado a sua frente, deixou a maleta que segurava cair.

Walkyria e Snape já haviam acordado. Snape cobriu-se com o lençol preto que estava na cama. Walkyria vestiu seu roupão.

— Eu sabia que isso acabaria acontecendo! Estava tudo muito fácil! – Klaus estava visivelmente perturbado.

— Klaus... você sabe que eu não gosto de surpresas... – Walkyria falou com firmeza.

— Deste tipo de surpresa eu confesso que também não gosto... Você sabe que tipo de pessoa eu sou, Wal...

— E você? Sabe como eu sou? Você se esqueceu que quis casar com uma vampira?

— Eu também...

— Você era um aborto, esqueceu? – Ela estava perdendo o controle.

— Por favor, – ele olhou para Snape com desprezo. – peça, ao menos para ...esse...senhor...se retirar. Não quero discutir assuntos conjugais na frente dele.

Ela olhou para Snape.

— Severus...depois conversamos, pode ir.

— Tem certeza, Wal?

— Sim, fique tranqüilo.

Snape saiu meio contrariado. Logo que ele bateu a porta, Klaus continuou a falar.

— Como você pôde, Wal? Como pôde fazer isso comigo?

— Klaus... – ela se aproximou dele – você sabe que eu às vezes "bato as asas" fora de casa...mas...no final sempre volto. Você é meu marido, é meu companheiro, é tudo! E eu sou sua, Klaus, por toda a eternidade...

Ele respirou fundo, tentando controlar suas emoções. Ela se aproximou ainda mais e abraçou-o com ternura. Ele parecia estar se acalmando. Ela beijou-o suavemente.

— Viu? Eu estou aqui agora, com você...só nós dois...

Capítulo 15

O dia estava quase raiando. Snape estava em seu quarto, em frente à lareira com um copo de whisky na mão. Andava de um lado ao outro e voltava a sentar no sofá. Estava nervoso, ansioso. Queria fazer alguma coisa, mas não sabia o que. Não conseguia dormir, estava muito preocupado com o que estava ocorrendo entre Walkyria e Klaus.

Ficou olhando o crepitar do fogo e deixou-se levar por pensamentos e lembranças. Estava distraído quando ouviu um grito. Era um grito que parecia vir das profundezas. Com certeza deve ter sido escutado por toda extensão do castelo de Hogwarts.

Imediatamente ele se levantou, largou o copo e correu em direção ao quarto em frente, abrindo a porta sem pensar duas vezes. Paralisou logo que viu uma cena terrível.

Klaus estava em pé, olhando com fúria para Snape. Sua roupa estava toda respingada de sangue. Walkyria estava deitada na cama, com o corpo todo ensangüentado e com uma estaca cravada em seu peito.

Snape sacou a varinha e apontou-a em direção a Klaus. Estava pronto para lançar uma maldição mortal, quando chegaram Dumbledore e McGonagall.

— Severus, não faça isso! – gritou o diretor.

— Esse...ser...ele...

Dumbledore viu o que Klaus havia feito e respirou fundo. Com a mão abaixou a varinha de Severus.

Filch também veio logo e ficou no corredor tentando acalmar os alunos que não paravam de chegar para saber o que havia acontecido.

Klaus encarou Snape, olhou para Albus e depois para Walkyria. Ela respirava com dificuldade, tentava ainda juntar todas suas forças para ter alguns minutos a mais de vida (ou de morte!). Klaus, depois de ficar por alguns segundos observando-a, saiu correndo para fora do quarto. Dumbledore saiu logo atrás.

— Klaus, venha cá. Fique calmo, vamos conversar.

— Não há o que conversar, Albus. – continuava correndo em direção ao saguão de entrada.

Hagrid também escutou aquele grito e estava entrando no castelo para saber o que houve.

— Hagrid, me ajude! Não deixe Klaus sair...

— Nem tente! – Klaus gritou apontando a varinha para Hagrid.

— Mas...Klaus... – falou o diretor – está quase amanhecendo...

— Deixe-me em paz! – ainda correndo, saiu em direção ao jardim do castelo. Parou e ajoelhou-se na grama ainda molhada pelo orvalho. Lágrimas de desespero caíam de seu rosto.

Em questão de segundos, o sol surgiu no horizonte. Assim que os primeiros raios entraram em contato com seu corpo, Klaus urrou de dor e desespero ao se ver incinerado na frente dos presentes, estupefatos.

Logo que Klaus saiu, Snape ajoelhou-se ao lado da cama onde estava Walkyria.

— Severus... – ela falou com dificuldade, esboçando um sorriso.

Snape acariciou os cabelos dela e segurou sua mão.

— Eu vou tirar isso e você ficará boa... – disse ele tentando parecer firme e forte diante do sofrimento em que seu coração se encontrava.

— Você...sabe...isso...é quase...impossível...

— Eu quero tentar... Você sentirá muita dor, pode suportar?

Ela fez um sinal positivo com a cabeça.

Snape com uma mão segurou o corpo de Walkyria e com a outra a estaca. Delicadamente, e muito devagar, foi puxando para fora do corpo dela. Lágrimas de dor rolavam pelo rosto pálido de Walkyria.

— Agüente firme...falta pouco...

Ela respirava com dificuldade, tentando suportar a dor.

— Pronto... saiu... – Snape levantou-se e entregou o objeto cheio de sangue para McGonagall, que assistia a tudo em silêncio.

Snape voltou a se ajoelhar ao lado de Walkyria. Ela havia fechado os olhos e sua respiração estava cada vez mais fraca. Snape segurou novamente a mão dela e olhou para o ferimento, que era muito profundo. Voltou a olhar em direção ao rosto dela e notou que sua respiração havia parado...

— Wal...não! – Ele pegou sua varinha para tentar utilizar algum feitiço de cura. Tinha consciência que era em vão, pois não funcionavam com vampiros. Apontou para o ferimento e uma pequena luz começou a brilhar em sua varinha quando aconteceu algo inusitado.

O cristal que pendia no pescoço de Walkyria começou a brilhar intensamente. O brilho era tão forte que tomou conta de todo o corpo dela. Snape afastou a varinha e ficou observando o que estava acontecendo. De repente, a ferida começou a fechar e, em menos de cinco minutos, já havia cicatrizado totalmente. A luz do cristal, logo que o ferimento fechou, voltou ao normal, mas Walkyria ainda permanecia totalmente imóvel.

Snape segurou novamente a mão dela, alisou o rosto, implorando mentalmente para que ela voltasse. Lentamente a respiração dela começou a voltar. Walkyria abriu os olhos como se estivesse acordando de um sono profundo. Ao ver que Snape estava ao seu lado, sorriu.

— Você conseguiu, Severus! – a voz dela ainda estava enfraquecida.

Ele sorriu.

Dumbledore já havia retornado ao quarto, junto com Hagrid. Walkyria olhou para o diretor.

— Albus...e Klaus...onde está?

— Descanse...ele vai deixá-la em paz agora. Quando você estiver melhor, conversaremos. Ela sorriu agradecendo.

Olhou novamente para Snape.

— Eu ainda não acredito que estou aqui...como foi possível?

— O cristal que lhe dei...ele devolveu-lhe a vida...

Ela sorriu.

— Esse realmente foi o melhor presente que já ganhei... – Ela fez uma cara de séria e olhou no fundo dos olhos dele. – Só...que agora você me deixou com um problema sério...

— O que?

— Estou lhe devendo minha vida e...por toda eternidade não terei desculpa nenhuma para lhe morder. – Ela sorriu e ele abraçou e beijou-a.

FIM