– Quem olha?
De volta à Mansão malfoy, a voz de Lillith quebrou o silêncio que pairava sobre as comensais. Viviane respirou fundo.
– Eu olho... – disse, finalmente. – Tenho boa memória... Vou decorar a profecia e, quando voltar, mostro tudo a vocês.
Ela puxou a penseira para si e observou a superfície por um tempo. Com uma expressão confusa, ela se voltou para Lana.
– Estas lembranças são do Snape!
Lillith e Lola voltaram-se imediatamente para Lana, mas ela não parecia ter se alterado nem um pouco.
– Bem... Não me admira. Ele vem treinando o Potter em Oclumência, não vem?
– Mas ele sempre foi muito reservado. – argumentou Lillith. – Não acredito que deixaria suas lembranças aí, para qualquer um ver.
– O último treino deve ter sido recentemente. – Lana deu de ombros. – Lillith, sua família tem alguma penseira?
– Tem, sim... Uma bem velha...
– Esta deve servir...
Lillith sacudiu a varinha – Accio Penseira! – Uma penseira antiga um pouco suja voou escada abaixo e pousou na mesinha, com um baque surdo.
– Não é usada há anos... – disse ela, mostrando as pequenas teias de aranha que pendiam das bordas da penseira. – Mas para que você precisa dela?
– Para isto... – Lana pegou sua varinha e tocou a superfície da penseira de Dumbledore, puxando uma lembrança e depositando-a na outra penseira. Ela fez isso até o padrão das imagens que apareciam na superfície mudar. Quando o Snape adolescente deu lugar a um jovem Dumbledore, Lana empurrou a penseira de volta para Viviane, com um sorrisinho maroto e zombeteiro no rosto. – Agora você só precisa encontrar a profecia.
Após viajar através de diversas lembranças, Viviane já não agüentava mais ver o rosto de Alvo Dumbledore quando o ambiente ao seu redor mudou novamente e ela se viu num quarto mal-iluminado que parecia ser de uma pousada. Ela fez uma careta quando viu Dumbledore parado à porta. Sentada na cama, estava a falecida professora Trelawnay. Viviane sorriu.
"Estou no lugar certo! Finalmente!"
Viviane impulsionou o corpo para cima, retirando a cabeça da penseira. Tudo girou por um momento e a profecia ainda ecoava em seus ouvidos.
"Aquele com poder para destruir o Lord das Trevas se aproxima... nascido daqueles que três vezes o desafiaram, ele nasce enquanto o sétimo mês morre... e o Lord das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá poderes que o Lord das Trevas desconhece..."
"Harry Potter... Ele pode destruir o Lord? Mas que poderes aquele fedelho incompetente tem?"
"E um deverá morrer pelas mãos do outro, pois nenhum pode viver enquanto o outro sobreviver..."
"Então é por isso que o Potter tem atacado o Lord tantas vezes! Ele quer cumprir logo a profecia... Tolo!"
– E então? – perguntou Lola. – Encontrou?
Viviane fez que sim com a cabeça. Ela pegou uma pena e um pedaço de pergaminho e copiou a profecia que continuava se repetindo em sua mente. As três leram a profecia e, pelas expressões em seus rostos, estavam se perguntando as mesmas coisas que ela.
– O que acham? – perguntou Viviane?
– Bem... É óbvio que o Potter sabe da profecia. Dumbledore deve ter contado a ele. É por isso que ele tem atacado tanto o Lord.
– Eu concordo! – continuou Lillith. – Ele quer tentar matar o Lord, aproveitando que ele desconhece a profecia.
– Eu também acho. – Viviane acenava afirmativamente com a cabeça, como se falasse sozinha. – Mas ele a desconhece por pouco tempo... – ela sorriu, maliciosamente.
– É melhor nós levarmos isso para o Lord agora mesmo... – disse Lana, levantando-se de sua poltrona e arrumando a roupa.
As outras três concordaram. Lillith escondeu as duas penseiras e elas aparataram mais uma vez. O sol estava nascendo e a verdadeira missão delas estava apenas começando.
O céu estava começando a clarear quando as comensais saíram do refúgio do Lord. Após receberem os parabéns pelo sucesso, elas receberam mais ordens dele e se retiraram. Já no 'Três Vassouras', as amigas permaneceram caladas, olhando-se nos olhos, enquanto tentavam encontrar uma resposta para seu problema. O Lord queria que elas atraíssem o Potter para uma cilada, de modo que ele pudesse acabar logo com a profecia.
– Não vai dar certo! – esbravejou Lana.
– É claro que vai dar certo! – Viviane bateu com o punho na mesa. – Por que você tem sempre que ser contra?
– Dá pra vocês fazerem silêncio? – sibilou Lillith. – Estão chamando atenção para nós!
– Escutem... – disse Lola em voz baixa. – Isto é sério. E nós precisamos entrar num acordo. Não adianta brigarmos dessa maneira!
Viviane baixou a cabeça e respirou fundo.
– E o que vocês sugerem que façamos?
– Eu concordo quando a Lana diz que o nosso objetivo é matar apenas o Potter... – começou Lola. Viviane abriu a boca para falar, mas ela continuou. – MAS eu também concordo quando você diz que ele não irá a lugar algum sem levar aqueles amiguinhos dele...
– Não está ajudando... – Lana fechou a cara.
– Eu sugiro que façamos o que temos que fazer... – Lola olhava para Lillith e Viviane, ignorando Lana. – Vamos matar o Potter. Se teremos que matar mais alguém para isto, não é problema nosso.
– Já que você vão decidir tudo sozinhas, podem ao menos me dizer como pretendem atrair o Potter?
Viviane olhou fixamente para Lana. Então, virou-se para Lola.
– Lola... faz um favor? – ela colocou um punhado de galeões na mesa. – Paga nossas bebidas pra a gente poder ir?
Lola pareceu contrariada, mas levantou-se e foi em direção ao balcão. Lillith levantou-se também, entendendo o recado. Ela foi caminhando vagarosamente até o banheiro. Viviane voltou a olhar nos olhos de Lana. Após alguns segundos, falou:
– Escuta... Nós não temos nada contra você. Mas não costumamos confiar em ninguém, além de nós mesmas. Nós somos cínicas, sim. Muitas vezes somos grossas também. Mas isso é apenas porque conhecemos você ontem à noite. Relaxe... Eventualmente isso melhora. Quando soubermos que podemos confiar em você.
Lana continuou olhando para Viviane, sem dizer uma palavra. Lillith voltou e sentou-se novamente. Então, Lola voltou.
– Vamos. – disse ela, ainda em pé. – Não temos tempo a perder.
