Este vai ser o último capítulo. É, não é fácil actualizar uma fic quando a imaginação está em falta e temos escola. Quero agradecer a todos aqueles que me apoiaram e que leram a minha fic, em especial à minha querida hobbit, Giby e à SadieSil. Espero que gostem do último capítulo da "Floresta Mistério". Mas antes disso queria pedir desculpa por este grande atraso (que foi de meses) tanto a escrever como a ler as vossas fic's, foi tudo devido a escola e cansaço. Peço desculpa.

E a noite passou rapidamente. Todos os que ouviram a história de Passo de Gigante sonharam com Gilraen e imaginaram-na de muitas formas, todas elas mais belas que as estrelas. E o dia se seguiu e todos estavam curiosos e ansiosos pela noite. Quando esta chegou correram para o Garrano Empinado.

Lá encontraram muitas cadeiras que circundavam uma mesa cheia de cerveja e comida. Havia também uma cadeira maior, que seria para Passo de Gigante. Sentaram-se e esperaram. Esperaram horas, várias horas, posso afirmar. A cerveja havia se esgotado e os pratos encontravam-se vazios e nem sinal do caminhante.

O silencio pairava no ar e todos os olhos se concentravam na porta. Foi então que o Sr. Carrapiço veio a correr com um bilhete na mão.

- Ele deixou-nos! – dizia – Ele foi para longe, para muito longe. E voltará daqui a meses, anos quem sabe! Ele quer o quê? Encontrar-nos todos mortos de curiosidade, aqui à volta da mesa quando chegar? E logo hoje que preparei tudo muito bem preparado. Olhem só o que ele escreveu no bilhete. "Parti, peço desculpa mas foi necessário. Espero regressar em breve para vos contar o resto da história." Inadmissível!

E pela sala ecoou o som de muitos "ohhh" frustrados. Desanimados, os ouvintes levantaram-se. Gorducho ficou tão mal-humorado que deitou a cadeira ao chão, saíndo e batendo a porta sem a colocar de novo direita.

Todos os outros foram saindo de cabeça baixa e olhos tristes, de tão curiosos que estavam em saber o resto da história.

Passaram-se cinco meses e eles continuavam a visitar o Garrano Empinado, como faziam desde que começaram a andar. Mas desta vez centravam o seu olhar única e exclusivamente na porta e mantinham-se silenciosos enquanto bebiam.

Foi numa noite em que o vento soprava com tanta força que as próprias árvores eram obrigadas a curvar-se perante ele, que a chuva atacava tudo e todos como se estivesse numa guerra. Foi numa noite em que as nuvens cinzentas taparam as estrelas e a lua que viram a porta abrir-se e passar por ela um caminhante, vestido de negro e com as roupas encharcadas, com a capa rasgada e coberto de lama. E por entre a escuridão que tapava a sua face, brilhavam dois olhos azuis como gemas. Levantaram-se todos repentinamente.

- Passo de Gigante, à muito que te esperava-mos. Quase que não consigo dormir a pensar na tua história e na bela senhora. Quero saber tudo o que aconteceu, quero saber o que lhe sucedeu! – disse o Sr. Gorducho.

Passo de Gigante fitou-o por uns momentos e depois disse sorrindo:

- Hoje não, Sr. Gorducho. Foi uma longa e cansativa viagem até aqui. Preciso de descansar.

E dito isto pediu ao Sr. Carrapiço um quarto e foi deitar-se. Todos os que lá o esperaram ansiosamente bufavam de frustração e um por um foram saindo. Não tardou até que a noite seguinte chegasse. Desta vez o Sr. Carrapiço não tinha preparado nada. A estalagem estava como todos os dias esteve, pois ele não queria ter tanto trabalho para depois o caminhante desaparecer outra vez. Mas não foi o que aconteceu. Lá estavam todos, reunidos numa mesa a beber e a comer não muito esperançados em ouvir a história naquela noite quando Passo de Gigante entrou.

Dirigiu-se à mesma cadeira onde se tinha sentado à cinco meses atrás, junto da lareira acesa.

Os ansiosos ouvintes olharam para ele, agora com a esperança estampada no rosto.

Passo de Gigante já não se encontrava no estado lastimável do dia anterior. Os seus cabelos estavam secos e limpos, assim como as suas roupas, apesar de muito esfarrapadas.

E como se eles ali não estivessem, o caminhante sentou-se na cadeira que apesar de estar perto da lareira encontrava-se na mais completa escuridão.

Pegou no seu cachimbo, aquele cachimbo preto e delgado que já estavam habituados a ver e acendeu-o.

Começou a fumar, lenta e calmamente. E de vez em quando deixava escapar alguns anéis de fumo que iam engrandecendo, passando pela luz do fogo e cintilando até se esvanecerem.

E assim ficaram os ouvintes durante uma hora, a olhar para o seu cachimbo e para os anéis de fumo. Mas uma hora, e nem um minuto a mais. O Sr. Carrapiço acabou por perder a paciência, tinha trabalho para fazer e em vez disso estava ali sentado.

O caminhante apercebeu-se e sorriu.

- Estão prontos para ouvirem o resto da história? – perguntou.

- Claro que estamos. Espera-mos isso há cinco meses. – queixou-se o dono da estalagem. E fechando a estalagem sentou-se perto de Passo de Gigante – Então, vai conta-la hoje?

O caminhante riu mais uma vez.

- Sim, vou. Mas precisam de me reavivar a memória. Onde é que eu parei? – perguntou.

- Na Cidade Perdida. A bela dama ousou em espreitar o futuro. – respondeu prontamente Gorducho.

- Já me lembro. – disse Paço de Gigante sorrindo – Ela olhou-me com os seus olhos profundos. Tão profundo como são os oceanos, mais brilhantes que qualquer gema que padeça em Arda. Parecia pela sua cara que me havia visto na visão.

» "Não te preocupes." Disse-me "A amizade é o laço mais forte que pode existir."

» E depois destes anos todos ainda não entendi aquelas palavras.

» " A noite já vai muito alta, as próprias estrelas estão a sentir-se cansadas e a lua anseia por dormir. Pois acho que é isso que devemos fazer agora. Durmamos aqui depois de tantos séculos, nesta cidade que nos trás memórias muitos más e memórias muito boas. Pois para mais longe não podemos ir, e aqui estaremos seguros."

» E foi isso que fizemos. Dormimos na Cidade Perdida à luz da lua. Não demorou muito para adormecer nem tão pouco para acordar. O pio inesperado de uma coruja acordou-me. Não tinha dormido nem duas horas. Levantei-me e olhei em volta. À minha frente encontrava-se Gilraen. Nunca tinha visto tão bela visão, a bela senhora repousava junto ao rio e a luz da lua iluminava os seus traços perfeitos. No vestido negro brilhavam os reflexos do rio e os seus cabelos reluziam como ouro puro. Ela dormia um sono leve, notava-o nos seus olhos suavemente fechados.

» Voltei a sentar-me, não quis ousar produzir um som que a acordasse. Mas foi escusado pois a coruja voltou a piar, desta vez com mais força. A senhora acordou sobressaltada e puxou da sua espada. Esta cintilava como pedras preciosas com a luz que recebia.

» "Foi só uma coruja…" suspirou "Que fazes acordado a esta hora?" perguntou-me sorrindo.

» "Também fui acordado pelo pássaro da noite."

» "Deves dormir para recuperar as forças."

» " Tem razão. Mas eu não sou o único que deve descansar."

» A senhora levantou-se e veio sentar-se ao meu lado. Levantou os seus olhos na direcção das estrelas. "Belas são as estrelas, é pena surgirem durante a noite enquanto dormimos para não as podermos admirar." Fechou então os olhos como se admirasse na sua mente a imagem do céu estrelado. Depois olhou para mim e sorriu. Colocou um braço à volta das minhas costas e encostou a minha cabeça no seu ombro. "Dorme…" disse-me "Descansa pela última vez na Cidade Perdida."

» A sua voz soou como o correr do rio, suave e bela. Senti as minhas pálpebras a ficarem cada vez mais pesadas até que adormeci completamente.

» Era muito cedo quando acordei. O sol ainda estava meio adormecido e erguia-se lentamente atrás das montanhas. Gilraen já estava acordada e sentara-se junto do rio. Levantei-me e fui caminhando entre as pedras caídas e agora cobertas por heras, até ao seu lado e sentei-me.

» "Que dia lindo este que vai nascer. E nós temos que nos por a caminho. Que se passa?"

» "Foi uma grande pena tanta beleza ter sido destruída e com ela levar a felicidade da mais bela dos mais belos."

» "Não levou só a felicidade como o amor e a vontade de viver."

» "A tristeza invade o seu coração e a floresta torna-se cinzenta. Tão bela alma não se deve render à dor."

» "Foi aqui… neste mesmo local que o meu rei caiu e me deixou só e desde esse momento que espero o reencontro."

» "Esta cidade só lhe traz más memórias… apesar de bela transmite um medo irreconhecível."

» "Um medo que ganhará nome daqui a longos anos e que será um desafio para ti e para os teus nobres amigos. Serás aquilo que todos querem que sejas e render-te-ás ao amor. Aquilo que te tornaste não vai passar de uma recordação…" A senhora parecia falar sozinha, remexendo os pensamentos e aquilo que vira anteriormente.

» "Não entendo…" Gilraen olhou para mim, não parecendo surpreendida por aquilo que eu dissera. Sabia muito bem que dentro da minha mente a confusão reinava.

» "Um dia entenderás, Passo de Gigante, se não o queres entender agora."

» Preparava-me para lhe perguntar o porquê de ter dito aquilo quando um dos soldados da Senhora apareceu a correr, bastante cansado e assustado.

» "Gnomos…" dizia com dificuldade "Um grande bando… e estão a dirigir-se para aqui."

» Gilraen levantou-se e deu a ordem de acordar todos para se prepararem para um combate. E assim foi, em menos de cinco minutos já todos os elfos se encontravam acordados e muito atentos. Preparavam-se para a batalha afincadamente, com espadas afiadas e flechas finas e fáceis de manejar. Tempos depois, quando os gnomos estavam a uns a uns poucos metros da cidade esconderam-se todos nas árvores, rápida e silenciosamente.

» As repugnantes criaturas entraram na cidade. Olhavam para todos os lados, abanando a cabeça rapidamente e farejando o ar. Um deles conseguiu ir mais além e observou atentamente as árvores.

» "Elfos!" gritou "Elfos escondidos nas árvores! Atirem, subam, abatam, MATEM-NOS!" parecia ser o comandante pela maneira como ordenava e como lhe obedeciam. E em fracções de segundo os gnomos começaram a atacar com salvas rápidas, trepando às árvores e atirando punhais pequenos e pesados.

» Os elfos ripostaram e desceram das árvores, começando a lutar também matando muitos com as suas belas e afiadas espadas ou com as suas leves flechas. Ambos os lados sofreram muitas baixas, mas foram os gnomos quem perderam mais soldados e por isso retiraram-se gritando e fugindo.

» Os seres da luz sentaram-se estafados e aliviados, chorando a perda dos seus companheiros. Mas eles não tinham notado na falta de alguém que muito amavam devido a toda a agitação e a toda a surpresa.

» Num canto mais escuro e escondido da cidade, no interior da única câmara que se manterá de pé, escondida pelas grandes árvores Gilraen estava cercada de Gnomos, segurando contra eles a sua espada.

(A conversa aqui relatada foi contada pelos animais aos elfos. Foram os animais que avisaram Paço de Gigante e os soldados do cerco feito à Senhora, contando assim a história aqueles que ficaram a vigiar a entrada da cidade. A história foi narrada por eles então aos restantes.)

» "Quem encontramos nós aqui?" questionou-se ironicamente o comandante dos Gnomos " Se não é a grandiosa Senhora, mais bela e forte que se conhece. E eu terei o prazer de a matar."

» "Nenhum Gnomo me matará a mim!"

» "Também o disse o seu esposo e não restam dúvidas de que não estava ciente da verdade. Foi um prazer matá-lo, cravar aquela espada no seu coração tão profundo e fortemente e ver toda a sua dor expressada no seu rosto luminoso. Terei agora um prazer igual."

» "Nenhuma criatura maligna como tu terá o prazer de me matar. Nenhum da vossa espécie cravará uma espada no meu coração, pois apenas eu posso por termo à minha vida." E dito isto desembainhou o seu punhal e cravou-o no peito.

» O comandante olhou para ela frustrado e zangado e ouvindo os passos próximos dos elfos fugiu com os restantes da sua espécie.

» Quando entramos na câmara deparamo-nos com uma visão devastadora. A Senhora estava deitada no chão, ainda vida, com o sangue a jorrar-lhe lentamente do coração. Agarrava fortemente o punhal ensanguentado e mirava a sua ponta (pois já o havia retirado a muito custo do seu corpo). Os elfos baixaram a cabeça e as lágrimas começaram a correr pelos seus rostos.

» "Não choreis, pois esta foi a minha decisão. Fui eu quem cravou este punhal com a intenção de acabar com a vida. Há muito que era este o meu desejo." E dito isto fechou os olhos e abandonou Arda para se juntar ao seu rei. E eu parti, saí da floresta com a ajuda dos elfos e nunca mais lá voltei. E este é o fim da história.

Paço de Gigante estava com a cabeça baixa não reparando nos ouvintes. Demorou algum tempo a recompor-se e notou então que todos estavam a chorar.

- Porquê? Porquê? Porque tanta beleza desapareceu assim! – gritou Gorducho chorando – Estava até com vontade de me atrever a procurar essa floresta.

- Se me dão licença – disse Paço de Gigante – Vou para o meu quarto.

Todos consentiram com a cabeça e o caminhante retirou-se.

Sentado numa cadeira perto da janela, olhando para a rua lá em baixo enquanto fumava o seu cachimbo começou a pensar numa parte da história que não lhes pudera contar, uma conversa com a senhora na hora da sua morte.

» " Paço de Gigante…" Chamou a senhora " Aragorn…"

» O caminhante ficara paralisado por esta saber o seu verdadeiro nome.

» "Eu sei quem tu és… e quem tu estás destinado a ser. Não te esqueças de que a amizade triunfará e o amor falará mais alto. Tudo o que recusas agora será o teu destino. Isto é para ti." Disse entregando a Aragorn o seu fio com uma estrela feita em diamante, aquele que lhes iluminara o caminho na noite anterior "Que seja para ti uma recordação minha."

» "Mesmo sem esta jóia eu lembrar-me-ia de si. Era impossível esquecer-me…"

» A Senhora sorriu e fechou os olhos.

» "Aiya Gilraen Elenion Ancalima" disse Aragorn (Salve Gilraen, a mais brilhante das estrelas.)