-Retiro o que disse. – Duo murmurou, empunhando a sua espada e acertando o primeiro vampiro que apareceu na sua frente. Esse rapidamente desfez-se em pó. O pequeno grupo formou um círculo, um ficando de costas para o outro e empunhando as suas armas enquanto viam os vampiros virem em sua direção. –Os distraiam até que o feitiço de Quatre esteja pronto! – ordenou e todos assentiram com a cabeça, desfazendo o círculo e partindo para o ataque.
Relena recuou vários passos, até que as suas costas bateram contra a parede de pedra da caverna. Dois vampiros vieram na direção da garota, que apertou com força o cabo de sua espada. Não estava acostumada a usar algo tão pesado como isso. Não tinha força suficiente para empunhar uma espada daquele estilo. Viu quando o primeiro demônio aproximou-se dela, desferindo um golpe com os seus dedos finos e de garras afiadas, querendo retalhíla. Conseguiu bloquear o braço do vampiro e o empurrar para trás, usando o peso do seu corpo e assim conseguir sair daquela pequena emboscada. Girou uma perna e acertou o rosto do outro vampiro, quase dando um pulinho de alegria por ter conseguido executar um dos golpes que a Hilde a ensinou. Quando conseguiu se livrar do demônio, desencostou rapidamente da parede a as suas costas chocou-se contra outra. Virou-se bruscamente para poder atacar quem estava atrás de si, mas a pessoa agilmente bloqueou a sua espada com uma das lâminas curtas que usava para lutar.
-Hilde. – suspirou a garota com alívio, mas logo o seu rosto ficou com expressões mais carregadas. –Não consigo usar essa espada, é muito pesada. Eu não tenho a mesma força que vocês. – resmungou e Hilde olhou a sua volta, vendo que não era bem o momento para correr e arrumar para Relena uma outra arma.
-Toma. – a caçadora entregou para ela as duas espadas orientais de lâmina curta. Relena piscou aturdida. Aquelas armas eram os xodós de Hilde, como ela havia descoberto há pouco tempo. –Talvez elas te dêem tanta sorte quanto deram a mim durante todos esses anos. – e ambas trocaram as armas. Relena rodou as espadas na mão, sentindo a leveza delas e o modo como elas pareciam cortar com sutileza o ar, e abriu um sorriso. Agora sim, pensou, partindo novamente para o ataque e cortando fora a cabeça do primeiro vampiro que apareceu na sua frente. Estava pegando o jeito da coisa.
Trowa rolou pelo chão quando viu o punho do vampiro descer contra sua cabeça, desviando-se poucos segundos antes de receber o golpe e não se abalando em ver que a mão do demônio tinha afundado no chão de pedra, devido à força do impacto. Com a sua agilidade de acrobata, apoiou as palmas no chão e impulsionou o corpo para trás, dando uma cambalhota inversa e pondo-se de pé. Seus olhos mais uma vez foram para o medalhão em seu peito, querendo saber quanto tempo levaria para o feitiço de Quatre entrar em ação. A essa altura o eclipse estaria entrando em seu auge. Os orbes verdes viraram-se em direção ao demônio apocalíptico e viu que ele já se mexia, livrando-se dos últimos resquícios de pedra que o prendia. Fechou o punho fortemente, acertando um soco violento no vampiro que achou que conseguiria atacílo. Rodou a estaca na mão e cravou no peito da criatura, livrando-se de mais uma. Isso estava ficando pior a cada minuto que passava, pensou.
Duo rodou a espada, arrancando a cabeça de mais um e sorriu, sentindo uma presença familiar as suas costas. Virou-se, os olhos violetas brilhando com a excitação da batalha, e viu o mesmo sorriso malicioso refletido no rosto bonito do vampiro oriental. Estendeu a sua mão para ele, que a segurou com força. Usando apenas um braço, Heero rodou Duo pelo ar, que usou as suas pernas para poder acertar os rostos dos vampiros que rodeavam os dois. Quando se pôs de pé novamente, deram as costas um para o outro, enterrando ao mesmo tempo as estacas no vampiro mais próximo da cada um. Ainda de costas um para o outro, viraram, trocando de posição e desferindo socos nas criaturas. Puseram-se lado a lado e chutaram mais um dos vampiros que os rodeava. Novamente voltaram as costas um para o outro, mas dessa vez Heero abaixou-se e Duo usou o namorado como apoio, dando uma cambalhota sobre ele e assumindo a posição que estava inicialmente. Heero ergueu-se e sacudiu o braço. De dois dispositivos escondidos sob os punhos do seu longo sobretudo negro surgiram duas estacas, que encontraram o seu destino no peito de dois vampiros que vinham atacílo de cada lado de seu corpo. Um pouco distante dali, Wufei apenas riu. Aqueles dois realmente foram feitos um para o outro, pois a sincronia com que eles lutavam era impressionante. Era quase como ver uma dança, era… perfeito. Virou-se quando viu a caçadora com problemas e correu para ajudíla. Não poderia se distrair ou acabaria morto. E aquela lá com certeza preferia morrer antes de pedir ajuda, ainda mais dele.
Sally bateu contra a parede fortemente, sentindo a sua coluna protestar diante do impacto. Dedos finos a seguravam pela garganta enquanto as suas próprias mãos seguravam os pulsos do dono daqueles mesmos dedos. Com dificuldade conseguiu afastar aquela garra de seu pescoço, que sangrava com os ferimentos causados pelas unhas afiadas. Em um movimento brusco, afastou as mãos do vampiro de sua traquéia, ainda as segurando firmemente entre seus dedos, e ergueu a perna, acertando a criatura bem entre os olhos. Essa se afastou, atordoada, e Sally fechou o punho com força, desferindo um golpe no abdômen do vampiro, que o fez recuar alguns passos. Ergueu a estaca, pronta para dar o golpe final, quando um brilho prateado cruzou o ar e a última coisa que ela viu antes do vampiro virar pó, foi à cabeça dele se desprendendo do corpo e, logo depois, o sorriso escarninho de Wufei.
-Precisando de ajuda? – perguntou jocoso e a mulher soltou um resmungo, dando as costas para ele e voltando para a luta. Chang não se abalou, apenas sorriu e a seguiu.
-Eclipse total! – Une gritou e todas as cabeças voltaram-se para o demônio no fundo da caverna e para o fato de que mais vampiros vinham na direção deles. Eram tantos que eles não conseguiam segurar todos e alguns estavam conseguindo passar pelo pequeno grupo armado que eles formavam.
-Que… - Duo começou, incerto. Mas, no momento, era a única, e a melhor coisa, que lhe vinha à mente. -… Deus tenha piedade de nós. – e apertou a sua arma com mais força, se preparado para o que viria a seguir.
Zechs observou atentamente o ambiente a volta dele começar a mudar. As luzes das velas oscilavam e um vento começava a uivar dentro da sala, derrubando mesas e cadeiras. Dentro do símbolo mágico, Quatre parecia inabalado ao que acontecia ao seu redor. Seus lábios ainda recitavam as palavras do feitiço enquanto uma luz esbranquiçada começava a envolver o garoto. Os olhos azuis se abriram, ganhando um tom estranhamente prata, para depois se converterem para duas esferas negras. Os cabelos loiros eram remexidos pelo vento e obtinham, a cada segundo, um reflexo azulado, convergindo para o branco.
-Quatre? – chamou, mas ele parecia alheio a tudo isso. A expressão dele, em vez de ser de medo, parecia extasiada e Zechs realmente poderia ver o poder percorrendo os braços do jovem bruxo e indo para a arma aos pés dele. Os Deuses estavam se manifestando e, pelo visto, estavam atendendo aos apelos do loirinho.
Repentinamente o vento deu mais um assobio até que cessou e as luzes pararam de oscilar na sala, assim como os cabelos e olhos de Quatre voltaram ao normal, junto com todo o resto. Os orbes azuis ergueram-se e as mãos trêmulas seguravam a foice, agora devidamente abençoada.
-V�! Vá Zechs! – disse em um sussurro. –Entregue ao Duo. – Zechs pegou a arma entre os dedos, ainda olhando incerto para o garoto a sua frente.
-Tem certeza? Você vai ficar bem? – perguntou preocupado, mas Quatre apenas deu um sorriso sereno ao sentinela.
-Eu vi. Eu os vi nascendo em cada canto do mundo. Caçadoras… caçadores. Duo deixará de ser o único. Mas para isso precisamos evitar o pior. Vá Zechs! Eu vou ficar bem. Boa sorte. – o homem assentiu com a cabeça e levantou-se, saindo correndo da sala com a foice segura nas mãos. O jovem árabe viu o homem sumir pela porta e sorriu, deixando o seu corpo cansando e extasiado cair no chão. Iria descansar um pouco e depois se juntaria aos amigos para ajudílos.
Entrementes, Zechs ia a toda velocidade pelos corredores da escola, dobrando uma esquina e parando abruptamente quando viu Noin, Treize e Padre Maxwell lutando para poder segurar os vampiros que conseguiram escapar da Boca do Inferno. Noin, que tinha visto o movimento do loiro, rapidamente gritou para ele:
-Conseguiu? – Zechs deu um aceno positivo de cabeça, indeciso sobre o que fazer. –Então o que está esperando para poder entregar a arma a Duo? – disse em um tom incisivo e o homem não pensou mais, continuou correndo, soltando a besta que estava presa nas suas costas e mirando em um dos vampiros que veio em sua direção, disparando contra ele, nunca parando de correr para ver se realmente tinha acertado. Tinha uma missão a cumprir no momento.
Noin viu o rapaz, amigo de infância, sumir pelo corredor e voltou a sua atenção para os demônios que vinham como em um arrastão em direção a saída, querendo rapidamente alcançar as ruas e aproveitar aquele auge do eclipse para conseguir fugir. A Boca do Inferno estava em seu poder total e pronta para disparar. Ergueu o arco na altura dos olhos, catando uma flecha na aljava em sua cintura. Era uma arma um pouco arcaica, mas que ela adorava, sem contar que era muito mais fácil de armar do que uma besta. Disparou a primeira flecha, que encontrou o seu alvo rapidamente no peito de um vampiro. A partir daí foi flecha atrás de flecha, nunca parando, nunca permitindo o seu braço cansar. Quando as flechas finalmente acabaram, ela usou o arco para bater no primeiro demônio que partiu para o ataque e grunhiu de dor quando algo começou a queimar em seu ombro. Ele havia conseguido acertíla. Ignorando o ferimento sangrando, soltou a longa faca presa em sua perna e começou um combate corpo a corpo, usando tudo que aprendeu de seu pai. Afinal, não foram apenas os treinamentos de sentinela que ela recebeu. Assim como Zechs, ela foi educada para batalhar como uma caçadora. E assim ela o faria.
Treize sacudiu a cabeça para poder desanuviar a visão. A criatura o tinha acertado forte e o golpe tinha doido, mas não poderia pensar nisso agora. Levantou-se, cuspindo o sangue que tinha se acumulado em sua boca. Apertou mais os dedos em volta do punho da espada e caminhou com firmeza em direção ao primeiro demônio que procurava a saída da escola. Desferiu um soco contra ele e depois, aproveitando o fato de que ele ficou um pouco surpreso com o golpe, cravou a espada na barriga dele. Puxou a lâmina de voltou e a rodou sobre a cabeça, decepando o vampiro.
Padre Maxwell já tinha visto e ouvido muitas coisas na vida, mas nada se comparava a isso. Quando ouvia as histórias de seu sobrinho sobre as criaturas da noite, às vezes achava que ele fantasiava um pouco sobre elas. Mas, infelizmente, viu que estava enganado ao mirar esses demônios. Eles eram feios, sedentos por sangue e extremamente perigosos. Sua cruz e sua fé os afastavam de si, mas por quanto tempo? Teria que batalhar, por mais que não apreciasse a idéia de lutar contra um ser vivo, mesmo que esse ser vivo estivesse querendo lhe matar e não se importasse nem um pouco com a sua vida.
-Para trás! – bradou, empunhado o crucifixo como se fosse um escudo, mas parecia que eles o ignorava.
-Isso não vai ser o suficiente Padre! – Noin gritou para ele, golpeando mais um vampiro.
-Eu sei. – respondeu Padre Maxwell, jogando um frasco que água benta que se quebrou na cabeça de um deles, que começou a pegar fogo aos poucos. Hesitante, empunhou a arma que lhe foi dada, disposto a começar a levar essa batalha a sério. Partiu em direção ao primeiro demônio e rapidamente foi derrubado no chão, com um corte no abdômen. Gemeu um pouco, tentando se levantar, mas recebeu outro golpe, que fez sangue sair de sua boca. O vampiro riu, seus dentes afiados e finos tornando a cena ainda mais macabra, junto com o barulho grotesco da risada. Ainda no chão, Padre Maxwell rodou as pernas, conseguindo dar uma rasteira na criatura que caiu surpresa diante da investida do homem. Lentamente o Padre ergueu-se se apoiando na espada, quando sentiu braços prenderem os seus ombros, os fazendo estalar de dor.
-Treize! – Noin gritou para o companheiro do outro lado do corredor, quando viu o tio de Duo ser preso por um vampiro. Alguém tinha que ajudar o homem com problemas, mas ela estava muito ocupada com a sua própria cabeça e parecia que Treize também. –Oh meu Deus! – ofegou quando viu o demônio aproximar seus caninos afiados do pescoço dele. Não poderia ver isso, não poderia ver a única família de Duo virar um ser da escuridão. Tentou a todo custo se livrar de seus adversários para poder impedir o pior, mas parecia que eles sabiam o que ela pensava e mais surgiam para impedi-la de fazer alguma coisa.
Padre Maxwell debateu-se dentro do aperto do vampiro. Não poderia deixar-se ser derrotado. Não poderia! Havia prometido as crianças e a irmã Helen que os encontraria em Los Angeles. Sentiu as garras afiadas enterrarem na carne de seus ombros e fechou os olhos, rezando para que Deus tivesse misericórdia de sua alma. Quando os dentes pontiagudos aproximaram-se do pescoço dele, ele relaxou, aceitando o seu destino com pesar.
-Não tão cedo! – a voz jovial soou atrás dos dois e de repente Padre Maxwell viu seus braços serem libertos. Voltou-se, querendo saber quem era o seu salvador e viu o rosto sério de Quatre atrás dele. O loiro empunhava duas espadas árabes de lâminas curtas e parecia saber muito bem como usílas. –Precisam de ajuda? – perguntou, olhando para a confusão que estava ao redor deles, de armários destruídos a pilastras quebradas e demônios ensandecidos. Bem, pensou com divertimento, apesar de ser um bom aluno, ele era como qualquer outro adolescente: não muito fã de escola e não sentiria nenhuma falta dela. Rapidamente partiu para o ataque para poder ajudar os outros, movendo as espadas com maestria e mostrando que havia muito mais do que as pessoas pensavam sobre Quatre Raberba Winner.
Zechs correu, deslizando na esquina de um corredor e disparando mais uma vez a sua besta em direção ao vampiro que apareceu. Mais deles estavam surgindo à medida que ele alcançava a entrada da Boca do Inferno. Freou rapidamente, usando a parte de trás da deathscythe para poder acertar o queixo de um outro vampiro. Novamente não esperou para poder lutar com ele, continuou correndo, abaixando o corpo e derrubando outro que tinha vindo para cima dele, o tirando do caminho. Alcançou o porão, pulando os degraus e caindo de joelhos no chão. Rapidamente se ergueu e correu em direção a entrada da outra dimensão. Aproximou-se da tampa aberta e nem parou mesmo quando mais vampiros apareceram em seu caminho.
-Argh! – rosnou enfurecido. Odiava essas criaturas, elas eram nojentas e irritantes, sempre aparecendo nos momentos mais inoportunos. Novamente disparou a sua besta e pulou, dando um chute giratório em duas delas. – Saiam da frente! – socou mais outra, ouvindo com prazer algo estalar no queixo do demônio, e o tirou do caminho, pulando dentro da Boca do Inferno.
Hilde ergueu a espada pronta para acertar o intruso, quando viu os cabelos loiros e a face rubra de Zechs, caindo ao lado dela. Ele tinha arranhões e hematomas pelos braços, rosto e pescoço, mas não parecia estar se importando muito com isso.
-Duo! – o sentinela gritou, chamando a atenção do caçador, que virou-se para ele. Zechs lançou a foice para o rapaz, que sorriu ao pegar a sua estimada arma entre as suas mãos.
-Okay! Quem vem comigo? – perguntou, olhando para o demônio apocalíptico que tinha acabado de despertar, no fundo da caverna. Como se renovada as energias diante dessa pergunta do rapaz, prontamente os outros se livraram dos vampiros restantes e começaram a acompanhar Duo, que descia pelo caminho de pedra até o fundo da caverna, abrindo passagem entre os vampiros que tentavam sair enquanto eles tentavam se aprofundar ainda mais dentro da Boca do Inferno.
Pouco a pouco eles iam conseguindo atravessar a horda de vampiros e chegar ao fundo da caverna. Quando tocaram novamente o chão plano foram cercados por centenas de demônios que ainda tinham ficado para proteger o seu mestre contra os intrusos. Novamente eles deram as costas uns para os outros, formando um círculo de proteção. Hilde segurava com firmeza a espada que tinha trocado com Relena, ignorando o latejar que estava na sua perna, que sangrava fracamente graças ao pedaço apertado de pano que a envolvia. Ao lado dela Relena segurava as espadas curtas com firmeza, mesmo que seus braços apresentassem vários cortes. Os olhos azuis estavam semi cerrados, observando seus inimigos atentamente, assim como os cabelos loiros estavam soltando da trança. A morena sorriu. Se tivesse sido escolhida, com certeza ela teria dado uma grande caçadora, pois espírito de guerreira ela tinha.
Sally respirou profundamente, tentando recuperar o fôlego diante dessas lutas ininterruptas. Ao seu lado Wufei parecia tão cansado quanto ela. Sorriu um pouco. O meio demônio era a criatura mais arrogante e orgulhosa que tinha conhecido em toda a sua vida, por isso desde que tinha chegado na cidade e o conhecido, não parava de discutir com ele. Mas tinha que admitir que ele era um grande lutador.
-Chang? – chamou em um sussurro.
-O que é onna? – sorriu mais ainda diante do tom presunçoso dele.
-É uma honra lutar ao seu lado. – falou e Wufei a olhou de esguelha, dando um sorriso torto.
-O mesmo digo eu caçadora.
Une suspirou profundamente. Já tinha se esquecido como era estar em uma batalha de vida ou morte, mesmo que ainda estivesse em forma. Porém havia jurado a si mesma, mesmo que não fosse mais uma caçadora na ativa, que jamais esqueceria o que tinha sido e a sua missão. Tinha visto muito da vida noturna dessa cidade para poder simplesmente ignorar os acontecimentos só porque não era mais uma caçadora. Olhou para Duo que segurava firme a sua arma e encarava decidido o demônio a poucos metros à frente dele. Esse menino teve algo que ela, nos tempos de caçadora, nunca teve: amigos. Amigos que estariam dispostos a ir para o inferno com ele se fosse preciso. Era um rapaz de sorte. E que as forças divinas o protegesse. Porque, aqui na terra, ela faria o seu máximo para que ele vencesse.
-Será que é para ele que você tem quem entregar algo, Heero? – sussurrou o caçador, sabendo que o namorado o tinha ouvido perfeitamente. A tensão em volta deles aumentava cada vez mais, e o cerco se fechava a cada segundo. Os vampiros não atacavam, pois pareciam esperar alguma ordem do mestre, que mirava seus profundos olhos vermelhos diretamente no caçador.
-Sinceramente, no momento, não quero saber.
-Eu estou apenas curioso. Porque, eu quero saber se ele precisa estar vivo para a sua profecia se completar.
-Duo… - Heero virou-se para o namorado, prendendo olhos azuis em violetas. -… não me importa mais. Não quero saber mais de profecia…
-Mas Heero é a sua humanidade.
-Humanidade é apenas uma palavra. Eu aprendi a ser humano com você, Duo. No dia que eu passei a amar você. E agora, a única coisa que me importa é de sairmos vivos daqui. – o americano inspirou longamente, o coração descompassado diante dessa declaração do japonês.
-Certo. – ergueu a sua foice, seus olhos se voltando para o demônio que era muito maior e aparentava ser muito mais forte que ele. Sentiu um bolo prender em sua garganta. Será que conseguiria? Percorreu os olhos pelas pessoas ao seu lado. Todos eles estavam dispostos a darem a sua vida para impedir o pior. Até mesmo Relena, que ele achava que não passava de uma menininha mimada e fútil, o estava surpreendendo diante da sua garra e determinação. Não iria desapontílos. Nunca! Era o escolhido e essa era a sua missão. E a completaria com êxito. –Prontos! – gritou para todos que formavam o círculo de proteção. Os vampiros começaram a se mexer, indicando que estavam preparados para atacar. O Apocalipse deu um sorriso torto e maldoso. A sua volta, os companheiros do caçador davam respostas positivas, dizendo que estavam prontos para o que der e vier.
-Ataquem! – ordenou ao mesmo tempo em que o demônio gritou:
-MATEM-OS! – e assim a batalha final começou.
Continua...
