NO MEIO DO CAMINHO TINHA UM TREX...

(...Tinha um Trex no meio do caminho)

Capítulo 2

Autor: Lady RR, TowandaBR

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (perdoem qualquer omissão).

AGRADECIMENTOS: Obrigada Nessa Reinehr, Aline, Maga, Cris, Di Roxton.


Água e óleo não se misturam. Mas às vezes são obrigados a ficar juntos (Uma aventura M&V...Marguerite & Verônica)


"Droga, Verônica... Eu não disse que você podia desmaiar ou qualquer coisa assim. Vamos, vamos!" – Marguerite tentava acordar a moça, chacoalhando-a. – "Vamos, vamos... Olha o trex vindo aí!"

"Deixa ele... me deixa descansar mais um pouco..." – após a brusca queda de pressão, Verônica estava com o corpo todo mole.

"Só me faltava essa!" - Marguerite respirou aliviada quando mais uma vez a loira murmurou algo incompreensível. Percebeu que seria inútil tentar reanimá-la naquele momento. Da forma mais delicada que pôde, apoiou-a em suas costas.

"Mais uma vez faço uma coisa boa e não tem ninguém pra ver!"

Caminhou devagar, sustentando o peso das duas, enquanto se concentrava em seguir a trilha sem tropeçar até chegar a cerca elétrica, tentando imaginar como abri-la.

"Marguerite?"

"Finalmente! Pensei que fosse me fazer de burro de carga para sempre. Você poderia pelo menos abrir a cerca, já que eu estou segurando o peso de nós duas?" – a herdeira estava profundamente irritada – "Ou você pode andar sozinha? Assim posso abrir o portão."

"Tá." - Verônica tentou se apoiar na perna boa, liberando Marguerite para abrir o portão. Esta percebeu que tinha ido longe demais, e tentou melhorar a situação.

"Venha, apóie-se em mim, agora falta pouco... logo você vai estar no conforto da sua casa e eu vou te dar alguma coisa para diminuir a dor."

No curto trajeto que separava a cerca do elevador, Verônica não emitiu nenhum som, o que deixou Marguerite ainda mais preocupada e apreensiva. Talvez fosse bem mais que uma torção, e começou a imaginar como cuidaria da amiga.

Quase deitou à saída do elevador, mas percebeu que se fizesse isso também ela não levantaria dali por um bom tempo. Então, arrastou-se mais alguns metros, deitando a loira no sofá.

Foi até a cozinha, onde refrescou o rosto e bebeu água. Pegou um copo d'água para Verônica, e no caminho de volta aproveitou e pegou uma garrafa de vinho branco que estava em cima da mesa, tomando um gole diretamente no gargalo.

"O que está fazendo?"

"Nada... bem, me diga, o que temos para dor?"

"No laboratório, o pote vermelho, acho que na segunda prateleira. Uma colher diluída em água."

"Já volto." – Correu para o laboratório. Depois foi até a cozinha onde dissolveu o pó na água, não sem antes perceber o cheiro ruim da mistura. Pegou um pedaço de pão e voltou para o sofá.

"Tome!"

"Para que esse pão?"

"Para ajudar depois do remédio, óbvio!"

"O que?"

"Toma logo e não reclama."

Marguerite tinha razão, e no primeiro gole a moça fez uma careta e estendeu a mão tentando pegar o pão que estava com a herdeira, que foi mais rápida e impediu.

"Primeiro vai tomar tudo."

A loira obedeceu. A morena pegou mais um pedaço do pão e dividiu entre elas, afinal, após horas na selva, estavam famintas.

"Quer comer mais alguma coisa?"

"Acho que não..." – fez uma expressão estranha.

"O que foi?"

"Estou ficando enjoada."

"Nem pense nisso. Respire fundo. Se você vomitar vai ter que tomar o remédio novamente."

Marguerite pegou um pano e começou a abaná-la.

"Pense em outra coisa."

"O que?" – a loira lutava contra a náusea.

"Deixa ver... ahhhh... ahhh... em como era lindo aquele gigante... quer dizer, antes de virar um monstro, claro."

"Acho que vou realmente vomitar!"

"Ahhh... ahhh... acho que Assai vai querer ter filhos muito em breve. O que você acha?"

"Não posso falar."

"Ok... só respira... bem ela casou faz um tempo e Jarl é muito bonito... para quem gosta de selvagens."

Verônica ergueu a sobrancelha, olhando para a companheira, que concluiu:

"Acho que você já está melhor." - fez uma pausa – "Pronta para vermos o estrago?"

"Acho que nunca vou estar pronta."

"Você nasceu pronta!"

Afrouxou os cordames da bota o máximo que pôde, e depois se agachou em frente à loira.

"Vou puxar de uma vez."

Verônica assentiu, já apertando a borda do sofá. Marguerite respirou fundo, mas não se atreveu a falar mais nada.

"Pára!" – gritou a loira, já na primeira tentativa. A morena ainda continuou por mais alguns instantes, até perceber a outra muito pálida e suando frio.

"Calma, respire."

"Isso não vai dar certo."

"Tem razão."

"Acha que quebrei o tornozelo?"

Marguerite desviou o olhar, levantando-se.

"Claro que não. Só torceu um pouquinho."

Marguerite torcia para que a moça acreditasse. As coisas não estavam nada boas, e ela mataria para que os outros estivem lá para ajudar.

"Não estou gostando do som destas palavras." - Verônica olhava desconfiada.

"Lembre-se que eu não minto sobre coisas importantes." – Depois prosseguiu – "Não vou conseguir tirar sua bota, então vou cortá-la."

Correu até a caixa de costura onde pegou uma tesoura. Lentamente foi cortando o couro macio do calçado. Depois tirou com muito cuidado.

"Ah, meu Deus!" – suspirou a morena ante a visão do ferimento. Estava inchado, com hematomas no pé e tornozelo.

"Como está?" – Verônica tentou levantar a cabeça.

"É melhor você não olhar."

"Ruim assim?"

"Pior. Pode mexer os dedos?"

A moça mexeu ligeiramente o pé, enquanto o rosto se contraía ainda mais.

"Parece que está tudo solto. Ok, ok. Eu já volto."

Correu até a pequena reserva de gelo que Challenger conseguira produzir, e que ajudava a suportar o calor do platô. Quebrou em pedaços e colocou em uma toalha que usaria para envolver o pé da loira, que ergueu com ajuda de várias almofadas.

"Ainda vai preparar o meu jantar?" – sussurrou a moça.

Marguerite riu.

"Você já não está sofrendo o suficiente?"

"Estou com fome."

"Eu também."

"O que está pensando em fazer?"

"Que tal uma sopinha?"

"Uma sopinha não vai acabar com a minha fome."

"Não se preocupe, vou fazer uma bem substanciosa e com um sabor inesquecível."

"Eu não queria ofender Marguerite, mas isso me preocupa."

"O que?"

"O sabor inesquecível."

A morena dirigiu-se para a cozinha, concentrando-se em separar e cortar o que ia precisar. Batata, cenoura, chuchu, mandioquinha, pedaços de raptor, e todos os temperos que pode encontrar, afinal Summerlee sempre deixava tudo saboroso usando aqueles temperos.

"O que você está fazendo?"

"A sopa."

"É porque ainda não vi nada no fogo."

"Vou colocar assim que terminar de cortar tudo." – A herdeira continuou seu trabalho, tentando fazer o melhor que podia.

"O que você está fazendo?"

"Verônica, acabei de falar."

"É porque ainda não vi nada no fogo."

"Pare de frescura. Para quem está morrendo de dor, você está muito falante."

"Não está mais aqui quem falou."

Alguns minutos depois...

"Marguerite?"

"O que foi agora?"

"O gelo descongelou. Está escorrendo água."

Marguerite trocou a compressa de gelo, enxugando o sofá e o chão. Já ia voltando para a cozinha quando...

"Marguerite?"

"O que é?"

"Ainda não tem nada no fogo."

"Não enche!"

A mulher estava no limite de sua paciência. Foi até o fogão, onde colocou uma panela com água no fogo, na vã esperança de que a loira ficasse quieta.

"Você lavou direitinho os ingredientes?... Corte em cubos bem pequenos... a água já está fervendo?... não se esqueça de colocar a tampa e ..."

"Cala a boca!"

Verônica ficou quieta por alguns minutos.

"Estou com sede."

A herdeira contou até dez e ainda pensou em dar uma resposta, mas depois se compadeceu da situação da amiga. Pegou um copo de água fresca e levou até ela. Já ia voltando para a cozinha quando...

"Marguerite?"

"O que?"

"Preciso ir ao banheiro."

"Não, não, não. Você não vai a lugar nenhum. Você vai ficar aí quietinha enquanto eu termino o jantar."

Após permanecer quieta por mais alguns minutos, a loira murmurou, um pouco sem jeito.

"Eu realmente preciso ir."

"Tá, tá, tá." – Marguerite sorriu, finalmente entendendo que aquela era uma situação tão desconfortável para ela quanto para a amiga – "Mas vai prometer ficar quieta quando voltarmos."

Verônica assentiu timidamente. Levaram bastante tempo até conseguir ir e voltar. Marguerite tornou a acomodar a loira no sofá. Depois voltou sua atenção para o jantar.

"O que você está fazendo, Marguerite?"

"Seu delicioso jantar, é claro! Se você parar de me interromper, ficará pronto logo."

Finalmente a sopa ficou pronta e Marguerite ajudou Verônica a conseguir uma posição mais confortável. Depois pegou seu próprio prato e sentou-se junto a ela. Quase simultaneamente, serviram-se de uma colherada. Marguerite parou ao sentir o sabor, ficando na dúvida se deveria engolir ou não. Levantou os olhos, observando Verônica que tinha a mesma expressão, decidindo finalmente engolir de uma vez. Depois sorriu desanimadamente.

"Está uma delícia."

"Droga." – Marguerite levantou, mais irritada do que nunca, tomando o prato da loira e levando para a cozinha, junto com o dela mesma – "Ficou um lixo."

"Marguerite. Não está tão ruim assim. Sério." – a moça tentou consolar.

"Está horrível e você sabe." – a morena já jogava tudo no lixo. Depois colocou as mãos nos quadris – "E eu continuo faminta."

"Que tal uma salada?"

"Sou capaz de estragar isso também."

"Marguerite?"

"O que é?"

"Pegue os vegetais e o restante das coisas e traga para cá. Eu ajudo."

"Não."

"Ou isso ou passamos fome." – riu a loira. A herdeira pegou as coisas e juntas finalmente prepararam o jantar. Salada e frutas.

Após comerem, Marguerite trocou as almofadas, colocou mais velas na sala, e óleo nas lamparinas, verificou a cerca elétrica e o elevador. Verônica ainda insistiu para que ela jogasse o lixo e limpasse a cozinha, por acreditar que as formigas invadiriam a casa. Na ocasião a herdeira estava exausta demais até para argumentar.

Examinou o pé e o tornozelo da moça, notando que se o inchaço não havia diminuído muito, também não havia aumentado, e decidiu improvisar uma tala com o auxílio de pedaços de madeira e algumas bandagens para que permanecesse imobilizado, principalmente durante o sono de Verônica. Finalmente decretou.

"Ok. Hora de dormir."

"Vamos jogar cartas."

"Você não gosta de jogar cartas."

"Vamos jogar."

"Verônica, você não está cansada?"

"Não!"

"Tem certeza de que não quer dormir?"

"Tenho. Quero jogar."

"Uma vez então."

Marguerite mal conseguia ver as cartas.

"Você perdeu. Acorda!"

"Acordar? Faz idéia de que horas são? Faz idéia de como estou cansada? Você deveria estar satisfeita por eu ainda não ter batido na sua cabeça para poder ir dormir."

"Experimenta!"

"Cuidado, porque falta muito pouco para eu perder a cabeça."

"Você está me ameaçando dentro da minha casa?"

Marguerite já ia revidar, mas decidiu parar, respirar fundo e acalmar-se.

"Verônica, essa não é você!"

A reação da herdeira pegou moça desprevenida.

"O que você quer dizer com isso?"

"Tente ficar calma. Você não costuma agir assim, você normalmente é mais ponderada. Pense comigo." – A loira deu um olhar fulminante – "Calma, só me escute. Não é possível que você não esteja cansada, como você pode não estar com sono?"

"Marguerite, quanto daquele remédio você misturou na água?"

"Uma colher, como você mandou."

"Que colher? Eu quero ver."

Indignada a morena foi até a cozinha voltando em seguida.

"Marguerite!"

"O que?"

"Isso é colher de sopa. Era uma colher de sobremesa do composto vermelho."

"Ops! Você disse vermelho?"

"O que quer dizer com 'eu disse vermelho'?"

"Nada... absolutamente nada..." - Marguerite fez uma careta, já se afastando para se manter a uma distância segura.

"Que diabos você me deu?"

"Exatamente o que você mandou. Uma colher do pó rosa misturado na água. Não fugi um milímetro das suas instruções. E você não disse o tamanho da colher."

"Rosa? Eu vou te matar!"

"Primeiro vai ter que andar."

"Marguerite!" – a loira estava enfurecida.

"Com certeza você está bem. Já está gritando, gesticulando, comeu bem... nada demais vai acontecer..."

"Mas vai acontecer com você assim que eu puder levantar!"

"Isso ainda vai demorar!"

"Marguerite, eu te pego...vem cá!"

"Nem morta! O que foi exatamente que eu te dei?"

"Alguma droga... eu estou dopada!"

"Por quanto tempo isso vai fazer efeito?"

"Não faço idéia."

"Você ainda está muito... muito... como posso perguntar... muito acesa?"

"Estou."

"Pense no lado bom."

"Que lado bom?"

"Você quase não sentiu mais dores, mesmo quando coloquei a tala. Se bem que sempre ouvi falar que quando alguém está dopado fica feliz e animado, você fica brava e irritável."

"Fique longe de mim."

Marguerite achou melhor nem responder. Fez um chá calmante misturando cidreira, camomila e um pouco de canela que deu para amiga, um pouco menos agitada após algum tempo. Acendeu um incenso. Pegou um pouco de óleo, e massageou os ombros e braços da moça, tentando fazer com que relaxasse. Depois a acomodou confortavelmente.

"Pronto."

"E agora?" – Verônica estava desconsolada.

"Agora você dorme... pelo amor de Deus, você dorme!"

"Não consigo."

"Então você fica aí olhando para o teto, porque eu vou dormir. Boa noite."

A herdeira levantou-se furiosa, indo em direção ao quarto. Jogou-se na cama de roupa e tudo. Fechou os olhos, rolou para um lado, rolou para o outro, até finalmente levantar-se, resmungando.

"Droga, droga, droga, droga..."

Foi até a sala e encontrou a loira deitada no sofá, com os olhos bem abertos e a expressão triste.

"Você não consegue dormir mesmo, não é?"

Verônica meneou a cabeça.

"Então feche os olhos e relaxe, porque Lady Marguerite Krux vai-lhe contar um pouco sobre as maravilhas da civilização."

Sem que a herdeira pudesse imaginar o efeito de suas histórias, em cinco minutos Verônica já dormia profundamente e sonhava com o ar puro do platô.


Ainda era muito cedo quando Marguerite acordou com Verônica chamando por ela.

O dia anterior havia sido interminável e ela não acreditava que teria que levantar apenas algumas horas após ter ido para a cama.

"O que foi?" – amarrando o roupão, já foi entrando na sala com o tradicional mau-humor que a perseguia todas as manhãs.

"Desculpe acordar você, mas meu tornozelo está doendo muito!" - Verônica realmente parecia incomodada por perturbar tão cedo, afinal na noite anterior havia estado muito irritadiça e até mesmo impertinente.

"Há quando tempo está esperando para me chamar?"

"Quase uma hora."

"Ok, Verônica, a perna realmente vai doer."

"Você poderia pegar o remédio?"

"Mas não tem nenhum pote vermelho naquelas prateleiras."

"Challenger deve ter colocado em outro lugar."

"Vou procurar."

Marguerite procurou por certo tempo. Para um cientista Challenger poderia ser um pouco mais organizado. Finalmente achou o pote e subiu para preparar a mistura, diluindo uma colher de sobremesa em um copo d'água. Ofereceu um pedaço de fruta à Verônica, comendo o restante.

Ficaram quietas por algum tempo. Finalmente Marguerite quebrou o silêncio.

"Está melhorando?"

"Hum, hum. Obrigada."

"Está confortável? Precisa de mais alguma coisa?"

Verônica riu. A herdeira replicou, alterando-se ligeiramente.

"Você está rindo de mim?"

"Não. Desculpe. É que de repente me lembrei de uma pessoa."

"Quem?"

"Summerlee. A essa hora, certamente estaria afastando todos para que você pudesse dormir um pouco mais, e quando acordasse já teria um café fresquinho a sua espera. Ele era tão gentil e carinhoso..."

"E prestativo. Com certeza ele daria o remédio certo e você não precisaria ficar com dores até que eu lhe atendesse."

"Você me atendeu. E ontem a noite não conseguiu me deixar sozinh..." – disse Verônica já pegando no sono.

"E se você contar isso a alguém, vou negar até o fim dos meus dias." - Marguerite levantou-se e voltou para a cama, onde aconchegou-se para finalmente ter direito ao sono dos justos.

CONTINUA...

R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W!