Entramos ainda em silêncio. Ao contrário do que eu pensava, a casa não estava muito diferente. Os mesmos móveis, mesma cortina. Apenas alguns eletrodomésticos a mais, como a TV gigante na sala. Fiquei meio sem jeito. As coisas mudam quando nós estamos no "território delas". Ela foi até a cozinha e abriu a geladeira.

"Pra variar, nada pra comer..."- bateu a porta e veio pra sala novamente, ligando a TV- "que horas são?"

"1:30..."- eu olhei no relógio antes de responder.

"Nossa, tarde..."- ela parecia desconfortável mesmo estando na sua própria casa.

Eu me sentei no canto do sofá olhando tambem pra televisão. Eu não sabia nem o que deveria falar com ela naquele momento, talvez o melho mesmo seria dormir, mas isso eu não queria fazer.. pesar do meu corpo estar implorando por uma boa cama quente.

"Você ainda esta com febre!" – ela quebrou o silêncio vindo até onde eu estava, colocando sua mão na minha testa.

"Acho que não..." – eu me deixei ser "examinado" por ela.

"Espere.." – ela saiu da sala e voltou trazendo um termometro. – "Coloque embaixo do seu braço."

Eu olhei pra ela e pro termometro. Porcaria de febre. Eu peguei o termometro e coloquei por dentro a blusa mesmo.

"Assim não né Carter.." – ela se aproximou me ajudando a tirar minha camisa. – "Parece criança..." – ela colocou o termometro no canto exato que deveria estar.

Eu estava sem forças pra ficar falando. Eu me encostei no sofá e ela sentou-se ao meu lado enquanto olhava pro relogio esperando o tempo exato de retira-lo.

Alguns minutos se passaram quando ela veio de novo perto de mim. Eu podia jurar que ela estava olhando pro meu corpo enquanto tirava o termometro de baixo do meu braço.

"Ainda está com um pouco...Você quer Tyl"- ela parou um pouco de falar e deve ter se lembrado do "detalhe" de anos atrás- "quer tomar um banho?"

"Banho? E por a mesma roupa? Que nojo" - eu a olhei e ela riu da minha expressão.

"Pra tudo da-se um jeito, Carter" - ela levantou entrando numa porta depois do corredor. E aquele "Carter" que não parava de me perseguir!

Eu fiquei olhando para o filme que passava na TV. As pessoas começaram a se empolgar e eu não pude deixar de olhar para o filme. As cenas começaram a ficar mais "calientes" e eu achei melhor mudar de canal. Procura, procura, procura. Achei! Achei o controle!

Desliguei rapidamente segundos antes dela entrar na sala de novo.

"Pronto, já arrumei tudo lá no banheiro. Abra mais o da direita, não tome banho muito quente..."- ela estava ensinando o padre a rezar a missa?

"Eu sei, Dra. Lockhart...".- eu fui indo em direção ao corredor. Olhei para os dois lados, na dúvida se o banheiro que eu deveria usar era o dela ou o do outro quarto.

"Esquerda, Carter!" - eu quase dei um pulo quando vi que ela tinha me flagrado. Finalmente entrei na suite dela vendo a porta aberta e a luz acesa no banheiro.

Entrei, vendo uma toalha em cima da pia. O que eu ia vestir? Bom, deixei isso de lado e tomei "aquele" banho. Ouvi as recomendaçoes da minha médica particular e tomei um banho morno, apensar de preferir um mais quentinho. Sai do banho, me enrolando na toalha. Abri a porta e sobre a cama estavam um short, uma camiseta e uma cueca. Todas as peças eram minhas. Eu rapidamente as vesti. Talvez seria melhor não tocar naquele assunto. Mas eu fiquei feliz ao saber que ela guardava algumas coisas minhas. Será que ela sempre esperou, ou sempre soube, que algum dia, que de alguam forma nós ainda voltariamos! De repente eu ouço batidas na porta.

"Pode entrar.." – eu coloquei a tolha em volta dos ombros antes de vê-la entrando.

"Me arranja essa toalha.." – ela se aproximou e eu a entreguei. – "Fiz algo pra você comer.. esta na mesa.'

"Eu não estou com fome." – e realmente não estava.

Ela ficou olhando pra mim, abriu mais a porta do quarto, cruzando os braços.

"Se é pra ser assim.. por livre e espontanea pressão, eu estou indo." – eu ando até a cozinha e me sento à mesa. Ela se sentou ao meu lado enchendo o meu copo de suco de laranja e me dando algum tipo de sopa.

"É de que?" – eu não podia deixar de fazer careta, sopa nunca foi o meu prato preferido.

"Coma..." – ela empurrou o meu prato – "e deixe de fazer careta. É pro seu bem."

"Só se for mesmo.." – eu coloquei um pouco na boca. Ate que não estava tão ruim.- "Desde quando você sabe cozinhar?"- eu não podia deixar de pentelhar a vida dela. Ela pegou o pacotinho em cima da pia mostrando " Sopa Pronta". Eu não pude deixar de sorrir.

"É só por água, não tem como errar..." - ela sentou de novo perto de mim.

"É" - eu dei uma colherada – "Cozinha nunca foi seu forte. Mas até que é boa, olha..."- eu enchi a colher e com uma mão por baixo levei até a boca dela.

"Não, não quero. Odeio sopa!" - ela fez uma careta que deivia estar parecida com a minha

"Coma!" - eu disse, no mesmo tom que ela tinha feito antes, fazendo-a abrir a boca e engolindo o caldo.

"É gostosinha..." - ela fazia aquela carinha de quem não estava gostando.

"Não precisa mentir, também" - eu voltei a colher na minha boca, antes de coloca-la na sopa. Colheres com o gosto dela já estavam virando uma obcessão pra mim. Eu tomei a sapo quase toda, dei alguns goles no suco, até que o cansaço invadiu meu corpo. Eu comecei a bocejar incontrolavelmente e ela fazia o mesmo.

"Com sono!" – ela perguntou ao meio de um bocejo.

"Muito.." – eu esfreguei meus olhos.

"Você vai dormir no meu quarto.." – ela levou as coisas pra pia.

"E você?"

"Não se preocupe comigo."

"Mas você vai dormir nesse sofa! Você esta morta de sono, vai acordar quebrada. Eu estou bem, eu posso dormir no sofá."

"Nada disso. A Susan mandou eu cuidar de você.. ela me mata se souber que eu o mandei dormir no sofá duro."

"Viu! Ate você acha ele duro. Você vai pra sua cama."

"Shhhh! Ta bom." – ela coçou a cabeça antes de falar. – "Nós dois dorminos na cama."

Voto de confiança! Eu evitei sorrir muito pra que ela não intepretasse mal a minha reação.

Ela desligou a TV, coisa que a fez lembrar de um fato ocorrido há minutos atrás.

"Por que você desligou a TV aquela hora?"- eu não sabia se ela estava me testando ou era só curiosidade. Me livrei da pergunta da melhor forma que encontrei.

"Ninguém ia assistir mesmo..."- nós fomos indo para o quarto e chegando lá, ela fechou a porta. Eu, Abby, quatro paredes, uma porta trancada e muita, muita, muita vontade de ficar com ela. Ficar junto, beija-la do jeito que eu queria...Mas eu tinha que me controlar...estava em "território inimigo".

Ela foi até o banheiro e eu me vi na mesma situção que ela havia passado em casa.

"Tem uma escova ai?"- eu tremi a idéia de se se ela ainda tinha minhas roupas, poderia ter a minha velha escova de dentes amarela.

"Deve ter alguma dentro do armario..." – ela gritou do banheiro. – "Você quer rosa ou roxinha!" – ela trouxe as duas pra que eu escolhesse. Tudo bem, quase dois anos guardando uma escova de dentes, eu ja estava querendo demais.

"Tem cores piores não!" – eu falei analisando as duas.

"Deixa de ser exigente e escolhe algum antes que eu te dê um esfregão pra você escovar seus dentes."

"Imagine se eu não estivesse doente." – eu falei escolhendo a roxa e andando até ao banheiro. – "Me empresta tambem um pouco e pasta!"

"Pode pegar.." – ela falou enquanto passava alguns cremes no rosto.

"Se quiser eu posso esperar você terminar.. e depois faço isso."

"Não se preocupe comigo, esteja vontade pra fazer o que quiser."

Esses "o que quiser" que me matavam, se eu os levassem ao pe da letra nós ja estariamos sem roupa dentro desse banheiro.

Eu fiquei escovando os dentes, um pouco pra trás, deixado-a usar o espelho mais a vontade. Eu terminava a escovação quando ela se abaixou pra pegar alguma coisa. Eu não sabia o que era, mas...SANTA coisa que me deixou com a melhor visão dos últimos tempos. Eu continuei a escovar os dentes com mais rapidez, pra aliviar a "tensão". Era bom ela levantar logo dali antes que eu... Tarde demais

Eu fui pro quarto correndo tentando me concentrar em alguma coisa que me "desisteresasse" dela. Eu quis muito que ela não estranhasse a minha atitude. Milagres não acontecem.

"Que foi que aconteceu?"- ela olhu a minha boca cheia de pasta- "não vai sujar o tapete!"

"Nhadha nhaum".. – eu falei com a boca cheia de pasta, me sentando de pernas cruzadas na cama dela.

"O que?"

O que fazer? Parece que cada segundo que passava ele ia aumentando mais e mais. Porcaria! Eu estou doente! Porque tanta disposição! Eu corri meio de lado pro banheiro, cuspi a pasta e quando eu fui fechar a porta, ela me impediu. Ela olhou pra mim de cima a baixo. Não sei se eu estava com mais vergonha do que ela. Ela sorriu levemente e eu não sabia aonde enfiar a minha cara.

"Acho que o remedio surtiu efeito contrario" – ela riu saindo do banheiro. Ufa! Eu me sentei no sanitario, pelo menos ela não interpretou mal a minha manifestação involuntária.

Fiquei lá por alguns minutos. Minha vontade era tomar outro banho, desta vez bem gelado e esquecer o "mico" que havia passado. Mas não. Eu tinha que sair dali uma hora e enfrentar a "fera", de novo. Molhei meu rosto, enxugano-o na toalha. Quando decidi sair, respirei fundo e destranquei a porta. Bem que ela poderia estar dormindo. Caminhei perto da cama e vi que ela não estava no quarto. Será que eu a tinha assustado e ela foi dormir no outro quarto? Não, acho que não. eu sentei na beirada da cama, não queria ir deitando assim na cama dela, mesmo que se o fizesse, não seria a primeira vez. Mas eu tenho que entender que tudo mudou. Meus pensamentos são interrompidos quando eu a vejo entrar pela porta e a fechar novamente. ela traz um copo nas mãos, que acredito estar cheio.

"Pensei que não ia sair mais do banheiro" – ela falou colocando o copo no criado-mudo e tirando a chinela, colocando-a do lado da cama.

Eu sorri, era a unica coisa que eu podia fazer, se falasse sabia que poderia acabar falando bobagem.

"Se você quiser agua eu trouxe aqui pra você" – ela falou apontando pro copo. – "E..." – ela tirou o seu hobby, deixando-o em uma cadeira. – "Qual o lado da cama que você quer!"

"Eu?" – eu não pude deixar de ficar reparando no decote de sua camisola. – "Qualquer um esta otimo... "

"Fique do lado que você está então.." – ela puxou o edredom de cima da cama, entrando por baixo dele.

"Tá com frio?" -eu a vi tremer, esfregando as mãos.

"Um pouquinho...'- ela agarrou mais o endredom. Minha vontade era soltar algo como "eu te esquento" ou "chega mais perto", mas eu me contive em dizer:

"Eu também..." - e olhei para assistir a reação dela.

"Será que sua febre aumentou?" - ela virando, colocando a mão sobre a minha testa. Eu não pude deixar de notar e deixar claro com o meu olhar que tinha notado a proximidade do corpo dela com o meu.

"Acho que não..."- ela continuava apalpando minha cabeça e eu me deslumbrando com a visão na linha dos meus olhos. Santo decote! Os meus olhos não conseguiam se desviar dali e nem quando ela saiu "de cima" de mim, eles voltaram ao lugar.

"Tá boa a visão?" - ela perguntou, ironicamente, fechando um pouco a blusa.

"Ahn?" - eu me fiz de desentendido o mais rápido possivel.

"Nada, nada..." - ela levantou e foi em direção ao espelho da luz – "posso apagar a luz?" - eu acenei com a cabeça- "só liga o abajur ai do lado se não eu caio no caminho..."- nós sorrimos e eu rapidamente tratei de ligar aquilo para que ela finalmente, pudesse apagar a luz.

Aquele escurinho me fez estremecer. eu a senti chegar perto da cama, caindo nela pesadamente.

"Qualquer coisa que você precisar, me chama, tá?"- eu podia senti-la olhando pra mim- "se passar mal ou alguma coisa, me acorda."

"Não se preocupe. Eu estou bem.. durma com os anjos..."

"E sonhe comigo." – ela completou se virando pro outro lado.

"Não se preocupe quanto a isso..." – eu resmuguei baixinho antes de desligar o abajur. Eu queria dormir mais o meu corpo não deixava. Uma força me empurarava pra abraca-la, mas eu tinha que me controlar, então eu me virei pro outro lado e fechei os meus olhos tentando dormir.

Depois de algum tempo eu finalmente caio no sono. De repente, eu abro meus olhos e posso constatar qua ainda era noite. Que horas deveriam ser? Eu estava sentido o meu corpo todo molhado de suor e uma sensaão terrivel no meu estomago. Eu ia acendendo o abajur, mas não queria preocupa-la. Então eu me levanto tateando as coisas e vou ate o banheiro, fechando a porta e acendendo a luz.

Mais uma vez naquele dia enfiei minha cara na agua gelada pra ver se melhorava, mas parece que fez foi piorar. Corri pra cima do sanitario jogando fora tudo o que eu tinha comido nas ultimas horas. Porcaria. Como eu fui ficar tão doente! Limpo minha boca, escovo meus dentes mais uma vez, desligo a luz e abro a porta do banheiro, onde eu percebo que a luz do abajur estava acesa. Droga, eu a acordei!

"Que foi? Você tá bem?" - ela estava sentada na cama, encarando a porta do banheiro com o olhar carregado de preocupação.

"Calma, eu só fui no banheiro..."- eu sorri a preocupação dela.

"Eu não pedi pra você me acordar se passasse mal?"- ela ficou de joelhos na cama, pondo as mãos da cintura. Ai! Isso me matava aos poucos. Essas poses que ela fazia de vez em quando...Aqueles olhares "bravinhos"...

"Quem disse que eu tava passando mal, mocinha?"- eu engatinhei pela cama, ficando frente a frente com ela, também de joelhos.

"Eu conheço você, Carter..."- e aquela "Carter" maldito! Eu queria ter nascido sem sobrenome!

"É sério.. eu só fui ao banheiro porque estava coma a bexiga cheia..."

"Será que eu vou ter que ir lá conferir tudo?" – ela se levantou da cama seguindo até ao banheiro. Eu me sentei e fiquei esperando lá, com medo de ter sido flagrado.

"John Carter!" – Xii.. agora ela estava furiosa, mas eu não fiz nada demais! Ela se reaproximou, tocou de novo na minha testa (nesses momentos eu queria que se conferisse a temperatura em outros locais), andou ate alguma gaveta, pegou o maldito termometro, tirou minha camisa, e colocou em mim, ficando em pé na minha frente segurando o meu braço.

"Está frio..." – eu resmunguei.

"Aguente só um pouquinho..." – ela tentou sorrir – "o senhor por acaso vomitou!"

Eu fiquei calado na minha e abaixei minha cabeça. Eu odiava ser descoberto. Meu silêncio consentiu. Ela fazendo o papel de "mamãe preocupada" e eu de "filhinho desobediente". Que lindo! Ela tirou o termômetro de mim olhando com "aquela cara". Eu nem precisei perguntar o que marcava no termômetro, a cara dela denunciava tudo.

"Que cara é essa!"

"38.3º..." – ela falou mostrando o termometro.

"Febre é bom que aumenta as defesas do corpo..." – eu a vi ficar mais seria – "Essa febre é psicologica.. olha, eu ja estou bem melhor!" – eu falei sorrindo.

"Engraçadinho"- ela fez uma cara de poucos amigos- "não é melhor você tomar outro banho?"

"Não, não" - eu baixei a camiseta- "já tomei, vamos dormir, vai."

"Dormir com você assim?" - ela cruzou os braços mais uma vez.

"Pelo menos pode ter certeza de que eu não vou te agarrar..." - eu sorri vendo-a sorrir.

"Também não é assim, né?" - ela finalmente foi indo em direção a cama. – "Eu estou preocupada com essa sua febre que não passa..." – ela se sentou ao meu lado.

"Amanha eu vou estar melhor prometo..." – eu me encostei no travesseiro.

"Se dependesse do que você quisesse." – ela se encostou de lado, olhando pra mim passando a mão no meu cabelo. Eu fiquei olhando pra ela e ela olhava fixamente pra mim sorrindo. "Não faça isso comigo Abby". Eu tentei desviar o olhar, mas ela continuava a passar a mão pelo meu rosto, com o seu rosto a um so palmo do meu.

"Vamos dormir?'- eu achei melhor cortar antes que eu parrasse de responder pelos meus atos.

"Aham" - ela pegou a coberta e nos cobriu- "apaga a luz."

Eu virei, desligando o abajur e voltando o meu corpo frente a frente ao dela. estava uma escuridão só, eu não podia ver nada. Eu só sentia a respiração dela, quente, intensa. Eu achei que nossos rostos estavam bem perto, e não me policiei antes de chegar um pouco mais próximo. Aquela sensação de bem-estar ultrapassou limites quando ela me deu outro beijo na testa dizendo "boa noite". Ela parou ali por alguns segundos e eu, ali, achei a chance de "roubar" um beijo decente dela. Eu me aproximei lentamente. Seria o que Deus quisesse.

"Você esta com frio?" – ela me interrompeu, logo agora!

"Não muito..."

"Quer que eu pegue algum cobertor!"

"Não precisa.. você já esta de bom tamanho.." – eu voltei a me aproximar dela e surpreendentemente ela me abraçou, passando suas mãos pelas minhas costas.

"Melhor assim?" – ela falou no meu ouvido. Ela estaria me testando?

"Muito melhor"- eu fiquei encolhido nos braços dela- "100..."

Eu não podia a deixar escapar. Eu fui procurando a boca dela.. Não via nada. Com um cachorrinho faminto eu ia pelo cheiro, pela vontade e pela necessidade. Eu não pensei mais eu encostei nossos lábios. No início, pensei que ela fosse fugir. Mas não. Ela respondeu abrindo um pouco a boca, me dando livre acesso. Um beijo quente, urgente. Quando eu comecei a me empolgar um pouco, tormando mais frenético e desesperado ela tratou de me cortar, com aquele velho papo chato.

"Sua febre aumentou..." - ela, ainda dentro do nosso beijo, tentava dizer.

"Também" - eu parei um pouco e a "olhei" no escuro- "o que você queria?"- eu sorri e ela também, me dando a entender que tinha captado a mensagem de eu estar falando sobre a temperatura do nosso beijo.

"Acho melhor você tomar um remedio ou outro banho antes de dormir.." – ela fugiu do assunto, mas não saindo do nosso abraço.

"Um abraço, um beijo.. eu ja estou ficando curado.. não precisa se preocupar tanto comigo."

"John.." – "John?" – "eu estou falando serio.. eu não estou gostando dessa sua febre que não passa, nem diminui..."

"O que você quer que eu faça! Esta muito frio pra um banho... eu não consigo nem colocar meu pé dentro d´agua.. e remedio.. acho que só daqui à duas horas eu posso tomar de novo."

"Tudo isso é preguiça de entrar debaixo d´agua?" – ela falou se separando de mim. – "Eu não acredito que eu vou ter que te jogar deibaixo do chuveiro ne!"

"Você vai ter!" – eu perguntei surpreso.

Ela cruzou os braços pela milésima vez naquela noite e acenou positivamente pra mim. A idéia dela me dar um banho não soava nada mau no meu ouvido.

"Eu não vejo problema algum" - eu não pude deixar de sorrir e ela entedeu minha malícia, pela expressão que usou.

"Vai, Carter" - não! De novo não! – "banho!" - ela acendeu a luz do quarto, apontando pra porta do banheiro.

"Ah, não!"- eu me esparramei na cama.

"Carter, Carter! Pára de fazer manha e entra nessa droga agora"- eu adorava quando ela falava comigo nesse "tom"- "eu não tenho filho desse tamanho, não!"

"Tem de outro tamanho?"- eu sorri com minha própria brincadeira vendo-a vir depressa para a cama, tentando me arrastar- "eu sou mais forte que você"- eu mostrei a língua pra ela, deixando ainda mais furiosa.

"Mas eu tenho uma arma que te arranca num instante dai.." – ela falou se aproximando com aquele olhar maligno.

"Não se esqueça que eu estou doente!" – eu ri vendo-a se aproximar de mim. Ela se sentou na cama e eu fiquei abraçado ao seu travesseiro me agarrando sem olhar pra ela. Ela pulou em cima de mim, fazendo cócegas. Droga! – "Isso não vale!" – eu falei me contorcendo sentindo ela por cima das minhas costas fazendo cócegas em mim. – "Para!" – eu me virei e ela aumentava a intensidade das cocegas. – "Eu não vou, não adianta!" – eu busquei forças, fugindo dela e correndo pro canto do quarto.

"Banheiro!" – ela se levantou da cama toda assanhada e eu não me controlei e comecei a rir o mais alto que eu pude.

"O que tem de tão engraçado aqui!" – ela falou se aproximando ajeitando os cabelos.

"Faz assim não.. que eu me apaixono.." – eu falei no meio de uma tosse.

"Apaixono? Pensei que já fosse..."- eu a cortei, com meu sorriso.

"Mais ainda por você" - eu sorri, me sentindo o maximo – "você nunca espera eu terminar as minhas frases..."

"Muito engraçado"- ela cruzou os braços de novo. Dessa vez eu não podia deixar de pegar no pé dela.

"Essa sua cruzada de braço faz parte de um processo de sedução?"- eu morria de rir.

"Que?" - ela descruzou.

"Você acha que pode qualquer coisa, so cruzando os braços, né?" - eu imitei ela cruzando-os.

"Eu não..".-ela olhou com descaso.

"E quer saber?" - eu fiquei de pé- "consegue mesmo" - entrei no banheiro, encostando a porta de leve. Deu uma olhadinha pra trás, vendo-a incrédula. Ainda a vi dizer algo como "bom saber" antes de entrar no chuveiro.

Continua...