O dia amanheceu e eu pulei da cama assim que percebei que ela já não estava lá. Eu pude perceber as roupas ainda jogadas pelo quarto. e a porta do banheiro fechada.

"Abby?"- eu chamei, mas ninguém respondeu. Fui indo em direção a cozinhas, vendo que nada estava mexido. Ela deveria não ter passado por lá ainda.

Sentei no sofá da sala, que tinha se tornado meu grande companheiro naquela estadia. A televisão, minha ídola, começava a ligar quando eu escutei Abby atrás de mim.

"O senhor pensa que é quem pra ja ir se apossando assim do meu sofá!" – ela veio sorrindo na minha direção. Ainda bem que ela não tinha mudado de humor de repente, mais uma vez.

"O seu futuro marido!" – eu tentei brincar com ela, mas ela franziu a testa sentando ao meu lado.

"Certo.." – certo! acho que ela não acreditou muito em mim.– "vamos comer!"

"Comer?" – eu olhei pra ela com "aquele olhar".

"Café, torradas, ovos... eu tenho plantão daqui a pouco."

"Tudo bem!" – eu falei estendeu meus braços pro céu e rindo– "eu não falei nada demais, não precisa ser grossa..."

"Quem esta sendo grossa aqui?" – ela ia começar com a sessão cócegas que ela sabia que eu detestava.

"Comer, comer.. comer comer.. é o melhor para poder crescer" – eu me levantei cantando antes que ela encostasse a mão em mim, indo em direção a sua geladeira.

"Ah, cansei...já disse que não tem nada aqui"- ela bateu a porta com força.

"Quer comer lá em casa?"- eu coloquei a mão no queixo vendo-a ficar nervosinha- "acho que deve ter algo mais saudável..."

"O que você está insinuando?"- ela colocu a mão na cintura e me encarou- ops! Arrume essa situação.

"Que eu preciso ir pra casa, trocar de roupa e arrumar umas coisas antes de trabalhar e poderia oferecer uma café da manha decente pa você."

"Ah, sim...Então tá bom" - ela aceitou?

"Isso é um sim?" - eu perguntei na dúvida.

"Não, é um "to morrendo de fome, anda logo"."

"Eu já estou pronto.. você não vai tomar banho antes não!"

"Esta dizendo que eu estou fedendo? Eu acabei de tomar banho.. só não lavei o cabelo."

"Euuuu.. eu não sabia.." – eu me aproximei pra beija-la mas ela se esquivou.

"Eu não vou beija-lo enquanto você não tomar banho." – ela falou sorrindo.

"Mas..." – eu ia reclamar, mas ela saiu correndo pro seu quarto. Eu fui até la e ela havia se trancado no banheiro. Vesti alguma roupa minha, peguei as chaves do meu carro e quando eu ia batendo na porta do banheiro ela saiu.

"Ja vamos?"

"Humrum.." – eu acenei com a cabeça, a abracei por tras e fui conduzindo-a ate a porta da sala.

Nós decemos que eu cometi o maior erro da minha vida me preocupando em abrir logo o carro e esqueci de abrir a porta para ela.

"Ah, sabia..."- ela disse quando eu entrei no carro- era só você passar a noite comigo que nem a porta do carro se vai mais abrir pra mim- então eu me toquei do erro fatal.

"Descuuuulpa, bebê" - eu fui me aproximando pra beija-la mas ela me parou.

"Não, não. Erro imperdoável" - ela sorriu, enquanto eu dava partida no carro.

Fui indo em direção a minha casa, o sol fazia com que a temperatura subisse. O tempinho mais maluco! Cheguei na porta do prédio e antes de desligar o carro, eu já estava indo abrir a porta pra ela.

"Perdoado" - ela me sorriu, olhando o outro lado da rua.

"Vamos?" - eu abri a porta de vidro que dava para as escadas, mas ela continuou encarando o outro lado da rua.

"Vai subindo, eu já vou" - ela tirou a carteira de dentro e meu deu a bolsa- "leva pra mim" - ela disse, antes de olhar por dois lados da rua e atravessar em seguida.

Eu já podia imaginar o que ela tinha ido fazer na farmacia. A neura sobre engravidar não tinha passado totalmente. Ela ia se certificar, eu tinha certeza do que ela ia comprar. Primeiramente eu pensei que ela devia ter pedido a minha companhia, afina, eu estava junto nessa. Mas..bom, vou deixar ela fazer do jeito que acha melhor. Eu fiquei um pouco parado na escada, queria espera-la.

Entrei em casa e coloquei a mesa. Queria que quando ela chegasse, eu tivesse alguma coisa decente pra servir. Minha geladeira não estava muito diferente da dela, mas eu sabia como disfarçar. Coloquei as coisas mais diferentes que eu tinha. A intenção era impressiona-la.

Olhei ao redor e a casa estava limpa, ainda bem que eu havia contrarado uma faxineira. Fui ligar o som quando eu vi aquela caixinha ainda onde tinha ficado, resolvi guarda-la pra outro momento. Coloquei uma musica ambiente, indo ao meu quarto escolher uma roupa pra poder ir ao trabalho. Quando eu vou entrando no banheiro, ela bate na porta.

"Porque você não entrou logo?" – eu falei enquanto abria a porta.

"A casa não é minha.. e depois você estava escondendo a amante." – ela entrou deixando a bolsa no sofa e levando a sacola da farmacia até a cozinha.

"Poxa.. como você descobriu?" – eu fiz uma cara de assustado.

"Intuição feminina." – ela falou me dando um selinho.

"Senta aí na mesa que já tem suco, leite, café... pra você tomar com o remédio..."

"Uau... desde quando você está tão prendado assim?"

"Desde que eu decidi reconquistar a minha amante preferida" – eu me aproximo dela, beijando-a.

Ela se senta à mesa, tira o comprimido da caixinha bebendo-o com um gole de suco. Eu me sento ao seu lado e observo ela pegando algumas torradas e passando requeijão nelas.

"Vai comer não?" – ela questiona mordendo a torrada.

"Eu ainda tenho que tomar banho... "

"Se você comer agora, ainda dá tempo de eu te ajudar em um banho..." – ela piscou pra mim e eu me apressei pegando qualquer coisa pra comer. Eu não podia desperdiçar essas oportunidades de quando ela acorda bem humorada.

Eu fui engolindo as torradas e ela me olhava assutada.

"Espero que tudo isso não seja fome..."- ela riu, colocando mais suco no meu copo e no dela.

"Pode apostar que é"- eu fiz mais um trocadilho. Ela iria entender...

Eu comi mais alguma coisinha eu falei a ela que iria tomar banho. Ela parecia ter se esquecido do comentário de pouco tempo atrás de me dar um banho, pro meu desespero. Bom, fazer o que? Eu fui pro quarto e comecei o banho. Quando eu estava mais ou menos na metade, olhei pra porta levando um susto. Ela estava lá, paradinha, me encarando.

"Não quer tomar uma ducha?"- eu disse, o mais sério que pude. Ela sorriu pra mim, me entendo perfeitamente.

"Se eu entrar nesse banheiro, não saio tão cedo...".- ela disse, dando meia volta e entrando no quarto de novo.

"Pois você não sabe o que esta perdendo" – eu gritei passando o shampoo. Eu estava pensando em apressar o banho, mas decidi deixa-la esperando, quem mandou não cumprir as promessas? Fiquei ensaboando a cabeça por um longo tempo, passei o sabonete, tudo isso sem entrar debaixo d´agua. Não adiantou, tirei tudo e passando a mão no rosto senti a barba por fazer. Seria uma boa hora de demorar mais ainda. Passei creme de barbear e peguei a gilete, fazendo a barba no box do chuveiro mesmo. Finalmente eu vejo a porta se abrindo.

"Morreu!" – ela entra abrindo o box.

"Isso é modos de entrar no banheiro enquanto as pessoas estão tomando banho!"

"Quando um banho dura meia hora, é modo sim."

"Eu estava fazendo o meu banho de beleza para você."

"De beleza?"- ela arqueou as sobrancelhas- "entrou na escola de magia, foi?"- ela riu, indo até a frente do espelho, ajeitando a alça do soutien que estava aparecendo.

"Soutien preto, é?"- eu limpei o box e a encarei- "é alguma indireta?"- eu voltei a atenção para o meu banho novamente.

"Não, Carter"- ela debruçou de costas na pia, me encarando- "você está sugestionado. Só pra você saber, metade das minhas lingeris são pretas..."

Eu fiz um cara de espanto.

"Meu Deus! Eu vou casar com umas mulher viciada em sexo...estou perdido!"- eu fui dramático ao ponto dela começar a rir.

"Está?"- ela tirou alguma coisa da bolsa e passou nos lábios. Era um daqueles batons sem cor... que elas chamam de...Como é mesmo? Gloss! Isso, gloss. Eu terminei de fazer a barba e dei mais uma enrolada, enfim percebendo que ela não ia entrar mesmo. Desliguei o chuveiro e peguei a toalha que estava pendurada no cabide, envolvendo-a na cintura. Me aproximei do espelho, passando desodorante e dei um chega pra lá nela pra ficar de frente ao espelho.

"Hei.. isso é coisa que se faça!"

"Sim..." – eu sorri abrindo o armário e pegando minha escova de dentes.

"Você tem uma escova ai pra mim?" – ela se reaproximou de mim.

"E eu te dei liberdade pra ja ter uma escova de dentes no meu banheiro?"

"Eu faço o que eu quiser aqui.." – ela falou abrindo o meu armario pegando uma escova nova que estava guardada.

"Não esta mais aqui quem reclamou.. por mim..." – eu ia falar mais parei o meu pensamento pra deixa-la curiosa.

"Por você?" – ela pediu que eu continuasse.

"Deixa pra lá..." – eu falei escovando os dentes.

"Agora fale!" – ela se impôs colocando as mãos na cintura, mais uma vez.

"Calma, nervosinha"- eu disse, quando cuspi a pasta na pia- "eu só quis dizer que não me importo que você queira fazer tudo, o que quiser, tudinho"- eu comecei a rir mas ela parecia não me entender.

"Tudinho?"- ela franziu a testa. Às vezes ela tinha uma inocência...

"É, tudinho" - eu ri da nossa repetição – "por exemplo" - eu a puxei pra mais perto de mim- "se você quiser"- eu dei um beijo na nuca dele, senti-a arrepiar-se toda.

Fui intensificando os meus beijos nela, sentindo sua resistência.

"Eu acho que captei a mensagem"- ela foi se devencilhando de mim, mas eu a puxava de volta- "Carter, Carter..."

"Acho que você não entendeu, não. Vem cá" - eu puxei o braço dela.

"Mas.." - ela ia começar, mas eu a calei com mais um beijo. Ela queria aquilo, mas não sei porque estava se controlando tanto. Eu pecorri minhas mãos pelas suas costas, enquanto ela fazia o mesmo. Ela colocou a mão na minha toalha. Eu parei de beija-la e ela sorriu pra mim quando soltou a toalha da minha cintura, me deixando completamente nú.

"Para quem não estava querendo isso..." – eu falei baixinho enquanto trabalhava pra tirar sua camisa.

"Você fica me tentando..." – eu tirei sua camisa, e ela de repente parou de me beijar. – "mas eu tenho plantão em 1 hora, é melhor pararmos aqui."

"De jeito nenhum... agora vamos ter que terminar o que começamos..."

"Mas... nós vamos ser repreendidos pela Weaver..." – ela falou e eu comecei a tirar seu soutien.

"Eu adoro o perigo e qualquer coisa a gente se demite e passa a viver disso aqui..."

"De sexo?" – ela falou no meio de um beijo.

"De amor Abby.. somente de amor.." – eu continuei beijando-a e quando eu finalmente consegui soltar o fecho maldito do soutien que não queria abrir, ela pegou a minha mão, soltou dali e o fechou novamente.

"Não, não"- ela vestiu a blusa de novo- "agora não" -. Ela foi indo pro quarto e eu não poupei a minha cara de decepção – "chorão!" - ela disse, enfrentando a minha cara forçada de "magoado".

Eu finalmente me conformei e me troquei rapidamente. Não queria dar motivo pra Kerry bricar comigo, muito menos com ela.

Nós fomos indo a direção ao County no meu carro. No caminnho, só conversamos sobre trabalho. Eu estava tão feliz... Chegamos rapidamente e já fomos inconscientemente de mãos dadas até a SDM, cumprimentando normalmente todo mundo que eu sinto que nos olhava de maneira estranha. Deixamos nossas coisas nos respectivos armarios e cada um segiu o seu caminho. Trabalhei grande pate do plantão sem revê-la mas me sentindo observado por todos. No meu intevalo eu fui procura-la pra um café mas não a encontrei e decidi ir ao Ikes sozinho. Quando eu estou pedindo o meu velho e bom café, sou surpreendido com um abraço por trás. Seria ela?

"Eu estou tão orgulhosa de você!" – definitivamente não era ela.

"Orgulhosa?" – eu olhei franzindo a testa.

"Conseguiu domar a fera e ainda deixa-la com o maior sorriso do mundo."

"Eu te disse que eu iria reconquista-la mais cedo ou mais tarde.. ninguém resiste ao charme de um Carter."

"Hum..."- ela virou os olhos- "já vi que a noitada foi boa, hein?"- ela se juntou a mim, pedindo um café.

"Se foi boa pra ela eu não sei"- eu sorri, sendo modesto- "mas pra mim...Uh lá lá"- nós sorrimos a minha expressão.

"Bom, quanto a ela, eu não posso dizer muito...segredinhos de mulher...mas pelo sorriso que ela ta trabalhando hoje, você pode ter uma idéia, não? Ela nem se importou quando o Sr. Began vomitou nela..".- ela riu maliciosa.

"Tadinha" - eu me derreti.

"Tadinha?"- Susan deu o ultimo gole no café- "quem dera eu ter uma história de amor dessas...ai Carter, eu devia ter fisgado você quando você era um bebezinho!"- nós rimos e ela ia pagar o café quando eu me ofereci pra pagar.

"Opa! To vendo que o bom humor ta no casal...que coisa boa, já ganhei o café. Agora eu vou entrar e vejo se consigo extorquir alguma coisa dela também. Até logo"- ela foi indo até a porta- "e não demora, hein?"

Eu terminei o meu café também e paguei a conta logo em seguida. Atravessei a rua e e encontrei um hospital bem mais calmo do que eu tinha deixado. Paz! Me sentei na recepção olhando pro relógio esperando que o meu plantão terminasse. Parecia que o tempo tinha parado o ponteiro do meu relógio não andava nunca e alem disso Abby havia desaparecido. Eu aviso ao Frank que caso "alguém" me procurasse, eu estava vendo uns relatórios dentro da SDM. Fui ate lá com a pilha de papeis atrasadas e me sentei proto pra encara-los. Alguns minutos depois aquelas letras e números me fizeram capotar de sono ali mesmo.

Continua..