Certo tempo depois, não sei quanto, ouço vozes de mulheres perto de mim, mas eu continuo fingindo que estava dormindo.
"Coitadinho Abby.. você esta vendo o que fez com ele!"
"Imagine você então como eu estou..."
"Mas foi bom, não foi?"
"Maravilhoso.. indescritivel.. a muito tempo que eu não tive uma noite como a de ontem."
"Você não vai acorda-lo não!"
"Eu não.. quero deixa-lo disposto para hoje a noite..."
Opa! Outra já tão de repente? Melhor continuar ouvindo a conversa. Porque eu nunca fiz isso antes?
Eu percebi que elas haviam se sentado no sofá e continuei com os olhos fechados. Não perderia essa oportunidade por nada.O tom de voz delas começou a baixar e eu me controlei para não chegar com o ouvido mais próximo delas.
"Mas me diz uma coisa"- isso, Susan! Pergunta!- "você tá levando a sério, acha que dessa vez vai?"- eu senti um silêncio momentâneo. Por que ela pensava tanto?
"Agora eu tenho certeza, Sue"- o tom dela parecia calmo e com a voz embargada ela começou falar as coisas que eu mais queria ouvir no mundo- "agora é pra sempre, Susan. Você sabe que eu nunca deixei de ama-lo e agora que nós tivemos a oportunidade de consertar os erros, eu não vou pensar duas vezes. Passei dois anos tendo medo de uma relação com ele, e a única coisa que eu sei é que perdi dois anos de alegria com ele. Não vou me permitir fazer isso de novo... Não mesmo."
A medida que eu ia escutando aquilo, um sorriso queria pular no meu rosto. Eu percebi a reação de Susan, pasma com aquilo tudo. Ela que sempre deu a maior força pra gente, via agora o resultado disso tudo. Eu queria ouvir mais, queria saber mais do que ela pensava. Eu tinha que amar justamente a mulher mais tímida e fechada de Chicago. Só assim mesmo pra saber o que ela pensava e queria. Susan começou a falar algumas coisas... Droga, por que ela não fala mais alto? Eu só escutava um cochicho. Com a vontade de escutar, crescia também em mim uma enorme vontade de...espirrrar. Droga, logo agora? Eu tentei segurar o meu nariz, pra ver se passava a vontad,e mas se eu fizesse um movimento brusco elas se calariam na hora. Eu tinha que "acordar" seri ao unico jeito, mas eu ja estava satisfeito com o que tinha ouvido. Eu balancei meus braços, levantei minha cabeça rapidamente e espirrei olhando pro lado.
"Hu?"– eu fingi que havia acabado de acordar.
"Que é isso Carter? Acordando com um espirro? Eu nunca vi dessas."– Susan falou gargalhando e Abby acompnhava seu riso.
"Eu espirrei?"– eu me diz de sonso.
"E que espirro!"
"Eu pensava que foi um sonho..."
"Hum.."– Susan olhou pra Abby – "om o que você estava sonhando?"– eu vi Abby bater na perna de Susan com força repreendendo-a.
"Hum.." - eu sorri malicioso- "depois eu conto pra Abby sozinha...você não tá podendo com essas coisas, Susan..."- eu a provoquei, levantando o corpo e arrumando as fichas que não tinham andado quase nada.
"Ai, Carter"- ela levantou do sofá olhando pra Abby- "eu só não te dou uma resposta a altura porque..."- ela me encarou e voltou o olhar a Abby- "eu sou uma boa menina, mas vai com calma, viu? Você não tá podendo tanto assim..."-eu assisti a piscada que ela deu a Abby.
"Ok, ok"- eu me fiz de vencido- "vou fingir que aceito"- eu sorri vendo que Abby se preparava pra ir embora também- "você quer uma carona?"- eu perguntei, esperando que ela tomasse a iniciativa. Ela sorriu e foi Susan mais uma vez que deu o empurrão.
"Como você tá lerdo, John...carona?"- ela fez uam cara engraçada- "esperava um pouquinho mais de você."
"Eu não revelar minhas intimidades pra você não Susan."
"Eita.." – Abby falou rindo.
"E a senhora só sabe ficar rindo ai no canto ne!" – Susan falou cruzando os braços.
"Eu mesma não.."
"Aceita logo a carona dele antes que ele dê pra trás..."
"Eu não sei.". – só me faltava essa,ela adorava ser adulada.
"Eu vou fazer aquela comidinha que você adora..." – eu soltei sorrindo, eu sabia que ela amava comer das minhas gororobas.
"Vai fazer comidinha ou vai.." – Susan deixou no ar e começou a assobiar.
"Shiu, Susan" - Abby a calou ntes que as coisas ficassem mais embaraçosas – "pronto, já aceitei, viu?"- ela pegou a bolsa no sofá e me deu a mão, me puxando pra porta.- "tchau" - ela deu um beijo em Susan e nós fomos indo pro carro.
Eu abri a porta pra ela. Nunca mais esqueceria. O sorriso tímido no nosso rosto apontava o que nós íamos aprontar. Aquela sensação de novo, o friozinho na barriga. O silêncio só era interrompido por alguma buzina de algum maluco que passava em alta velocidade.
"Por que você não me fala as coisas?"- eu soltei no vácuo. Eu não iria revelar a ela que tinha escutado, mas eu tinha necessidade de que ela me falasse as coisas. Não adiantava eu saber, eu preciva saber da boca dela, pra mim.
"Como assim? Que coisas?"- ela me encarou.
"O que você tá sentindo, sobre isso, sobre nós..."- eu alternava meus olharem entre o trãnsito e ela.
"O que espcificamente você quer que eu fale? Tudo já não foi dito..?"
"Eu não sei o que esta se passando na sua cabeça agora.. se eu estou agindo certo com você.. se eu estou errado em alguma atitude, se deveria mudar alguma coisa. Como foi ontem a noite.. nós não falamo sobre isso."
"Eu pensava que estava subentendido"
"O que!"
"Que..." – ela começou a falar e parou de repente.
"Abby... para que nós conseguirmos subir um nivel na nossa relação, eu vou precisar que você confie mais em mim, me fale mais o que você esta sentindo.."
"Sentindo?"- ela parecia confusa com a pergunta de surpresa- "eu to feliz, Carter. Não sei, acho que to no caminho certo...Mas se não tiver também, logo vou saber. A gente já errou bastante, eu já cometi muitos erros. Cansei de errar"- ela disparou a falar com um certo nervosismo- "e agora"- ela parou e olhou pra fora, fugindo um pouco de mim – "você me parece a coisa mais certa...Eu esperei por você todo esse tempo, não te ter agora, só se eu fosse burra"- ela sorriu e eu a acompanhei pra quebrar o gelo.
Já tinha escutado mais do que o suficiente. Assim como ela tinha tido antes, eu também achava que agora era pra sempre. A gente não ia mais errar.
Naquela conversa toda, a gente já tinha chegado ao meu apartamento. Eu olhei uma última vez pra ela antes de sair do carro. Eu não contia meu sorriso. Deus, ela era linda. Ela era minha.
"Vai querer comer o que?"- eu disse, descendo do carro e indo até o outro lado.
"Não sei" - eu abri a porta e dei a mão pra ela sair- "talvez só..café e torta..."- ela riu pra mim, me dando a mão enquanto eu fechava o carro e andava com ela pra dentro do apartamento.
CONTINUA.. Um Homem de Família – parte 3.
