Ao mesmo tempo que Hermione deixava a sede da AD, o Harry deixava a sala de Dumbledore e os dois inevitavelmente se encontraram no corredor a caminho da sala comunal, depois de um momento de constrangimento Harry afirmou que precisava falar com ela e aquele momento pareceu para ambos o mais apropriado. Pararam ali mesmo no corredor e começaram a conversar:

Hermione, eu sei que eu te devo uma explicação.

Que bom que você sabe! – ela queria parecer grossa, tanto quanto ele fora.

Eu não queria que acabasse assim, e nem de qualquer outro jeito, porque apesar de minhas atitudes não mostrarem isso, eu te amo e o que eu fiz foi pensando no seu bem.

Então precisamos conversar muito até você me fazer acreditar nis... – antes que ela completasse a palavra nisso, Harry a empurrou para trás de uma porta a fim de escondê-los, já que Filch apareceu do nada no inicio do corredor que eles estavam e caso fossem encontrados conversando a essa hora levariam uma bronca e talvez perdessem pontos para a grifinória que naquele momento era a casa com menor pontuação.

Ele caiu sobre ela e a porta bateu fazendo um barulho que atraiu a atenção do zelador, que se dirigiu até lá, isso ocorreu tão rápido que não houve tempo para Hermione usar um Alorromorra para impedir que ela e Harry fossem flagrados deitados no chão numa posição constrangedora. Mas não foi necessário o uso de um feitiço pois porta trancou-se sozinha impedindo que Filch os encontrasse e o mesmo contrariado e desconfiado continuou seu caminho.

Ufa! Essa foi por pouco – disse Harry, ainda jogado sobre Hermione. – estamos com sorte.

Eu não chamaria de sorte estar trancada numa sala que nós nem sabemos qual junto com meu ex namorado.

Sabe, eu estou na mesma situação, porém não acho tão horrível.

Talvez seja pelo fato de você não ter uma pessoa de pelo menos 50 quilos jogada sobre você.

Ah, desculpa! – Harry se levantou e ajudou Hermione a fazer o mesmo – E a respeito de estar trancado aqui, acho que deve ter um jeito de sair. Não é possível que não tenha!

Acho que dá pra sair pela janela. – Ela apontou para uma janela aberta que iluminava a sala parcialmente escura – Mas será difícil sair por lá sem ser percebido por ninguém.

Talvez dê para sair abrindo a porta – Harry foi até a porta e abriu- a com facilidade deixando Hermione de boca aberta. – Acho que você nunca ouviu dizer em salas que apenas q pessoa que entrou consegue abrir a porta e sair. Minhas aulas adicionais de DCAT estão sendo úteis sabe.

Interessante. Agora que você descobriu como sair, acho que podemos ir embora! – ela caminhou até a porta, mas foi impedida de sair quando ele a segurou pelo braço.

Você ainda não foi dispensada! Achei que eu tinha dito que precisávamos conversar.

Talvez você tenha dito algo assim, desculpa, mas não costumo mais levar a sério o que ouço de você, alias nem mesmo presto muita atenção. Assim fica mais fácil de descobrir depois que era tudo uma grande mentira.

Hermione... – ele perdeu qualquer entusiasmo que antes estava contido em sua voz – Eu não queria te magoar, era a única coisa que eu não queria, eu juro!

Poxa, não foi o que pareceu!

Pelo menos escuta o que eu tenho a dizer! – ela fez um sinal de afirmação com a cabeça, os dois sentaram-se em duas poltronas que estavam na sala e ele continuou – Primeiro, quero agradecer por me substituir hoje, na verdade eu queria falar com você antes para te dispensar da aula já que disseram que você estava mal desde que eu terminei contigo, mas quando Dumbledore me chamou para falar com ele eu tive que pedir pra você me substituir porque só você está a altura...

OK Harry, eu agradeço quaisquer elogios da sua parte, mas não é isso que você queria falar e eu ficaria grata se você fosse direto ao ponto.

Certo, tudo começa na noite em que Sirius morreu. Dumbledore me chamou na sala dele para me contar qual era a tal profecia – Hermione arregalou os olhos na menção da profecia, ele notou o quão curiosa ela estava e se antes disfarçava seu interesse no que ele dizia, mudou sua postura e passou a prestar toda a atenção nas palavras que se seguiram, quando Harry explicou detalhadamente o que Dumbledore lhe contara, finalizou com a seguinte frase – Ou seja, haverá uma batalha na qual eu e Voldemort lutaremos e um de nós morrerá, caso seja eu, não existe outra pessoa no mundo que possa acabar com ele...

Que responsabilidade... – foram as únicas palavras que saíram da boca de uma surpresa e quase indignada Hermione.

Hermione, você tem noção do perigo que corre sendo minha namorada? Fora o fato de quase todos os casais formados entre membros da ordem serem desfeitos pela morte de um deles, todas as pessoas mais próximas a mim e que eu mais amava foram mortas por ele: meus pais, Sirius. Acho que ele pensa que dessa forma me enfraquece. – ele diz antes de uma breve pausa – Talvez esteja certo... E não há quem garanta que ele não te machucaria pra me chantagiar. Não posso te expor a todos estes riscos. Eu não tenho esse direito.

Harry, isso é realmente sério! Você precisa acabar com Vodemort pois só você conseguiria, é a vida de milhares de pessoas que está em risco... É quase que um dever... É por isso que você está sendo tão preparado! Tantas aulas, tantos reforços... – ela raciocinava e falava ao mesmo tempo, a gravidade da situação sendo esclarecida em sua mente em casa frase.

É. E isso vai aumentar, meu tempo livre vai ser quase nenhum, hoje Dumbledore sugeriu que eu intensificasse meu treinamento para que eu possa derrotar Voldemort o quanto antes e possa ter uma vida normal. Eu vou ser membro da ordem ainda esse ano.

Hermione olhou para ele com um olhar que misturava carinho, compreensão, pedido de desculpa e principalmente amor. Ele não pode distinguir todos aqueles sentimentos, mas aceitou o abraço que ela deu nele, deixando sua cabeça descansar nos ombros dela, que derramou uma lagrima, que precedeu tantas outras que vieram em seguida num choro compulsivo. Não era justo tanta responsabilidade nos ombros de um único garoto. Não era justo que um garoto tão especial para ela tivesse prioridades tão mais importantes do que um simples namoro que eles mantinham. Mas de uma coisa ela tinha certeza: não queria privar-se do amor que sentia por ele, e se era insensato que os dois continuassem juntos, ela iria pela primeira vez na vida contrariar a sensatez!

Hermione – ele disse afastando-se dela, secou com o dedo uma lagrima que escorria pela sua bochecha – Hoje na minha conversa com Dumbledore ele disse que alguns riscos valem a pena. Estar com você sentindo medo que você se machuque é horrível, mas pior do que isso é estar longe. Agora que você já conhece a minha situação quero que você decida se quer ficar comigo apesar de tudo ou se prefere que eu me afaste.

Ainda chorando, ela segurou o rosto do garoto e o trouxe para perto de si, permitindo que ele a abraçasse forte, encostou os lábios nos dele e beijaram-se ardentemente, a saudade que ela sentia dos beijos dele fazia-a arrepiar-se a cada toque da língua dele na sua, quando se afastaram ela disse: "Eu estarei com você pra sempre! Se você se afastar minha vida acaba!".

Os dois ficaram juntos pelo resto da noite, não cansavam da companhia do outro, afinal, seu tempo juntos seria reduzido e pensar nisso era quase insuportável.