(Capítulo 4)- Anjos Existem...
O sol começara a adentrar pelas frexas das pesadas cortinas de veludo indo tocar de leve, na face de uma jovem adormecida. Sango agitou-se na cama, e com esforço semiabriu os olhos ainda sonolentos.
Em fim pôs de pé, caminhando até a cortina e afastando-as, deu lugar a claridade para esbanjar-se no local até então sombrio. A jovem sentiu o calor do dia envolver seu corpo, dando-lhe uma gostosa sensação de tranqüilidade. A brisa suave remexia em suas madeixas escuras, fazendo-as bailarem.
Sango ancorou-se junto à porta da varanda, colocando suas mãos por trás de suas costas, ela lembrou-se da noite anterior... Ouviu um miado junto aos seus pés, e quando viu, uma pequenina gatinha de cor amarela, com detalhes negros arranhava-lhe as pernas.
-Kirara. –a garota sorriu, pegando sua amiga de quatro patas e pondo-a defronte ao seu rosto, para contar-lhe:- Sabe, ontem tive um sonho estranho... Sonhei que um anjo veio visitar-me, para conceder as minhas mais puras felicidades... E o mais estranho, Kirara, era que ele saiu de dentro de... –a garota interrompeu-se ao ver, ainda na cama, o cordão que ia referir-se.
Depositou com cuidado sua gata no chão e pegou o precioso objeto, olhando firme para a gota de cristal que estranhamente reluzia uma luz prateada.
-Será, que então não foi um sonho? -ela perguntou em um sussurro, mas logo lembrou-se que para ela, nenhuma entidade divina existia desde o incidente com Miroku.- Bobagem...
A jovem deixou o cordão junto a sua penteadeira, e foi arrumar-se para o colégio, e assim que pegou Kirara para leva-la junto de si para a sala, viu algo preso em seus pelos: uma felpuda pena...
Sango tirou-a agilmente e tratou de afastar a idéia de tudo aquilo ter sido não um sonho, mas sim realidade, e pôs-se a descer escada a baixo, em direção a sala.
Chegando lá, seu pai e seu irmão já a esperavam, assim como um reforçado café da manhã que a jovem devorou com prazer.
-Até, papai! –disse ela, saindo de casa junto a seu irmão.
-Irmã... –disse ele, virando-se para o belo rosto da jovem que o acompanhava - Você ainda está triste, não é?
A garota deu um triste sorriso, afirmando com um sacolejo de cabeça, mas assim que viu a face de seu irmão transformasse em uma expressão preocupada, ela logo continuou:
-Mas eu entendo que a hora dele havia chegado, e mesmo que ele não esteja entre nós, eu sei que ele está aqui...
-Aqui? –perguntou Kohaku.
-Sim, aqui... –Sango apontou para seu coração, fazendo seu irmão entender.
O resto do caminho continuou calmo, e o jovem não arriscou mais nenhuma pergunta, não queria deixar sua irmã mal.
Finalmente separaram-se, pois a entrada do primário era diferente da do colegial em diante, os dois se despediram com estalados beijos e alguns "até", apara em fim seguirem a suas salas.
Mal Sango chegara, e logo foi recepcionada por seus amigos, perguntando se estava bem, se havia algo que podiam ajudar, afirmativas de nunca a deixariam... A atenção fora tanta, que chegou a deixar a garota assustada. Até as pessoas que ela achava considera-la apenas uma colega, demonstraram preocupação. A jovem só foi ter paz assim que a professora adentrou na sala, e mesmo assim, a própria foi perguntar se ela estava bem...
O recreio chegara e as coisas pareciam ter voltado ao normal assim que ela disse mil e uma vezes que estava tudo bem, que ela havia se recuperado do choque da morte de Miroku.
Sango sentou-se junto a uma árvore, acompanhada de suas amigas Kagome e Ayame, que ainda estavam preocupadas.
-Tem certeza de que está tudo bem? –Kagome perguntou, ainda duvidosa.
-Acho que você está triste... –Ayame afirmou, colocando o dedo indicador junto a sua bochecha.
-Triste -começou Sango- eu estou... Nós estávamos namorando há apenas um mês... Mas isso não significa que eu não vá melhorar, não se preocupem!
As duas outras garotas se entreolharam, mas acabaram por concordar. Seria melhor assim.
As outras aulas se passaram rapidamente, assim como o almoço e logo deu três e meia da tarde. O sinal que todos esperavam havia batido, finalmente... Agora todos os estudantes do Menji Hingh Scholl podiam encaminhar-se para suas casas e descansar...
No caminho de volta, Sango refletiu sobre o estranho comportamento de seus amigos e colegas... E foi aí que a imagem de Sesshou veio-lhe a mente...
"Que meus amigos me consolem... E que nunca me deixem...". Esse fora seu pedido! Mais é claro! Então, fora tudo verdade... Ele existia... Sesshou realmente existia!
O pouco que faltava para chegar em sua casa, Sango percorreu às pressas, quase correndo. Adentrou pela sua casa adentro e rapidamente estava em seu quarto, trancando a porta para caso seu irmão chegasse mais cedo do curso de natação.
Procurou o cordão, estava no mesmo lugar, junto a sua caixinha de jóias. Colocando-o entre as mãos, ela chamou, quase que alto demais:
-Sesshou!
Novamente aquela luz prateada preencheu o lugar, e de um pequenino círculo cor de prata, logo o esbelto anjo apareceu à frente da garota que sorria, alegremente.
-Anjos... Eles, você... Os anjos existem! –exclamou ela, confiante.
Agora fora a fez do anjo sorrir, mais tranqüilo por saber que finalmente a garota acreditava em sua existência.
-Hum... Acreditas agora, criança?
Sango fez um gesto afirmativo, mas logo sua face tornou-se interrogativa:
-Por que me chamas de criança? –ela fez um muxoxo - Não sou mais... Sou quase uma mulher... Tenho dezesseis anos...
-Pois para mim é uma criança! –riu-se ele – Tenho quatrocentos e setenta e cinco anos!
A garota arregalou os olhos, abismada com o que o anjo lhe dissera, ele parecia tão novo...
-Ta brincando?! –ela falou – Você não parece ter mais de dezoito anos!
O anjo deu uma gargalhada baixinha, fazendo uma reverência:
-Agradeço pelo elogio... Mas, e então? Seu desejo se tornou realidade?
-Como se você não soubesse... –disse – Todos se preocuparam comigo! Até quem eu pensei que nem fosse com a minha cara!
O anjo nada fez, apenas alargou o sorriso em sua delicada e albina face.
-E agora? Qual será o seu desejo?
Sango ficou pensativa, e então lembrou-se do acontecimento recente, respondendo em seguida:
-Que os verdadeiros sentimentos que as pessoas tem por mim sejam revelados!
-Que assim seja... –disse ele, aproximando-se da garota.
Sango estava de pé junto ao final da cama, e como se esquecera do ritual, levou um susto quando Sesshou pôs seu rosto próximo ao dela, fazendo-a cair sentada no cômodo.
O belo anjo debruçou-se sobre ela, encurvando sorrateiramente as costas para fazer seus lábios tocarem-se. E mais uma vez um filete de luz apareceu perante os olhos de Sango, e como o ruído de asas batendo... Mas a sensação era de tanta calma, que ela fechou os olhos.
-Amanhã, seu desejo se tornará realidade... –sussurrou ele ao pé do ouvido de Sango, um pouco antes de ela cair na cama, sonolenta e ele desaparecer... Mas a tempo de ela dar uma pequena palavra de agradecimento:
-Obrigada...
Continua...
Nota: Oi!
Desculpem a demora, de novo... Mas é que eu to atolada de provas, e os únicos dias que eu tenho para escrever são os finais de semana... Mas, prometo me esforçar para adiantar o quanto puder! Há, e aí? Tão gostando? Mas... O que será esse filete de luz? E pq a Sango fica tão exausta? Pq tem que ser um beijo justo nos lábio? E pq não pode ser um beijo mesmo? Buááááá! Mas isso e outras coisas vcs descobrirão em breve...
Bjão da Teella
