(Capítulo Cinco)- Fogo...
Os poucos raios de sol adentraram no quarto da jovem facilmente naquele dia, pois a mesma havia esquecido de fechar as pesadas cortinas.
Sango revirou-se na cama, tentando tampar-lhe o rosto com o travesseiro, mas nada do que fazia conseguia deixar de a claridade incomodar seu sono. Já havia acordado, não? Então a melhor coisa que podia fazer era se arrumar e ir para a escola.
A garota se despiu e entrou no box, deixando a água morna lhe cair corpo a baixo, de forma que a proporcionasse uma sensação calma e relaxante. Desligou o chuveiro, enrolou-se na toalha e saiu para o quarto, deixando um rastro de pegadas encharcadas por todo o piso de tábua corrida.
A jovem vestiu seu uniforme e escovou os longos e sedosos cabelos negros, procurou por seus brincos, relógio e posseira. Já havia terminado de se arrumar, quando viu o cordão... Aquele cordão que começara a mudar sua vida. Aquele cordão que guardava um segredo só dela, e de um anjo.
Sango sorriu, lembrou-se que em sua infância pedia aos céus para que seu pai ganhasse na loteria, há como antigamente aquilo seria ótimo! Compraria mais e mais brinquedos, de tudo quantas formas e cores. Mas agora, aquilo era tão fútil... Ficou feliz, sabia que seus pedidos de agora eram de coração, e não mais bobagens como de antigamente.
Pegou o cordão e colocou-o em seu pescoço, se Sesshou era seu anjo da guarda, como poderia protege-la se estivesse longe? Daquele dia em diante não iria a lugar nenhum sem o cordão!
Estava pronta para descer, girou a maçaneta, mas a porta não se abriu... Oras! Havia se esquecido... Trancara a porta no dia anterior. Mas, e se seu pai ou seu irmão tivessem tentado abrir a porta? Certamente aquilo havia de se tornar um pequeno alvoroço, ainda mais porque ela quase nunca a trancava.
Ignorou o ocorrido, era agora torcer para que ninguém tivesse percebido. Desceu as escadas, esperando ver a mesa de café pronta, com seu pai e seu irmão já a espera, mas o que viu foi um homem de hobie castanho tomando uma xícara de café.
-Caiu da cama, filha? –perguntou ele, estranhando o fato de sua primogênita ter despertado tão cedo.
Sango olhou para o relógio da sala, ainda eram seis e quinze! E agora, o que faria? Na certa não agüentaria ficar ali, até as sete horas esperando seu irmão acordar... Iria para a escola.
-Mas sem tomar café?
-Estou sem fome. –respondeu ela, já acenando para seu pai.
Sango fechou a porta e seguiu para o colégio. A rua estava calma, sem muito movimento naquela hora da manhã, o caminho percorrido seria até bem calmo, se não fosse por uma estranha agitação que tomava conta da menina.
Chegou no colégio, e ainda eram seis e meia. Atravessou a quadra, onde alguns garotos jogavam a costumeira "pelada matinal", e sentiu o rosto queimar quando ouviu alguns assobios.
O pedido que fizera no dia anterior já estava se realizando: agora saberia com quem deveria tomar cuidado e quem realmente gostava dela. Subiu na arquibancada para juntar-se com algumas garotas do segundo ano, que conversavam animadamente.
Sentiu-se sozinha, as garotas ali a haviam cumprimentado educadamente, mas não puxaram papo com a jovem da oitava série. Até que viu ao longe, uma cabeleira ruiva que reconheceu: Ayame.
Mas o que ela estava fazendo ali? Normalmente chegava quase batendo o sinal... Mas não importava, ao menos teria uma amiga para conversar.
-Ayame! –chamou Sango, fazendo a garota ir até ela.
-Sango? O que faz aqui? –perguntou ela, sentando-se ao lado da amiga.
-Madruguei... E você?
-Idem... –disse a jovem pousando os olhos no jogo que ocorria na quadra.
As duas conversaram por algum tempo, mas Ayame estava cansada e Sango achou que deveria parar de falar, mas reparou a tamanha atenção da garota no jogo. Aliás, não exatamente no jogo, mas sim em um dos jogadores, que era bem ágil pelo visto.
Os cabelos negros, presos em forma de rabo de cavalo agitavam-se ao que o rapaz driblava os oponentes, chegou perto do gol e chutou, mas a bola não entrara na rede.
Kouga. Esse era o nome daquele garoto, era do segundo ano, não? Sango não sabia muito bem, o conhecia de vista, pois arrumara um problema com o namorado de Kagome há algum tempo. Em falar no namorado da outra amiga, não era ele o goleiro que defendeu o chute de Kouga?
Era, ela tinha certeza! Quantos garotos tinham os cabelos na altura dos ombros e brancos? Além dos olhos cor de âmbar... InuYasha era o único, ao menos humano, pois o seu anjo também tinha cabelos prateados...
O jogo transcorreu da seguinte forma: Kouga driblando todos e chutando para o gol, que era defendido por InuYasha, e assim o sinal tocou, anunciando que agora podiam entrar nas salas.
-Não vem, Sango? –perguntou Ayame, já indo em direção ao grande prédio do colégio.
-Já vou, só darei uma passadinha no banheiro...
A ruiva concordou, e assim se separaram, indo cada uma para uma direção oposta. Sango chegou na parte onde ficava o vestiário, estava vazio. Ao menos foi o que achou, mas viu que estava enganada ao ouvir uma voz:
-Vejam se não é a ex do Miroku?
A jovem voltou-se para ver quem dissera, e o que viu não a agradou nem um pouco. Era um rapaz, alto de pele alva e cabelos negros ondulados, os olhos amendoados faiscavam: Naraku.
Ela tratou ignorar, sabia da fama daquele garoto do terceiro ano e não queria comprovar se era verdade. Continuou andando, e continuaria se Naraku não a tivesse provocado:
-Miroku disse que você era fácil... Com menos de uma semana você foi para cama com ele...
Sango parou de andar e arregalou os olhos. Como Miroku podia ter dito aquilo, se era mentira? O máximo que chegaram a fazer foi o simples: beijos e abraços! Naraku tinha de estar mentindo.
-Retire o que disse... Sabe que é mentira! –grunhiu ela, virando-se para encarar o rapar que sorria maliciosamente.
-E como eu vou saber? Bem, existe um jeito: passe na minha casa hoje à noite, daí saberei se você realmente é boa ou não.
-Sabe que eu nunca faria isso. Se não fiz nem com meu namorado, eu faria com você, um completo estranho?
-Como não fez? Ele mesmo disse que você quase o matou lá, na cama dele. –provocou o rapaz.
Sango se descontrolou, ergueu a mão no ar que só foi parar ao ouvir um baque, sinal que havia atingido em cheio a face do garoto.
A marca vermelha da mão da jovem parecia realmente ter-lo machucado, mas ele parecia nem ligar, pois um grande sorriso se alastrou em seu rosto.
-Isso só comprova que é a verdade.
-Cale a boca! –gritou ela.
-Vem calar então. –opinou ele, aproximando-se de Sango.
Em um relance, Naraku já estava empresando a garota na parede, segurou os dois pulsos dela sobre sua cabeça com apenas uma mão, e a outra livre, tocou o rosto da jovem.
-Eu tenho uma alternativa, para você me calar. Que tal essa? –perguntou ele levando seus lábios até os de Sango.
A jovem se debateu, tentando evitar de ele conseguir empurrar a língua para dentro de sua boca, mas foi em vão. Naraku era mais forte e conseguiu, com agressividade penetrar a língua na boca da jovem. Os movimentos bruscos e rápidos iam conquistando a garota, que ainda negava o beijo, mas acabou por aceitar.
Era difícil acompanhar a agilidade da língua do rapaz, que a devorava mais e mais. A mão do jovem desceu do rosto para a cintura de Sango, que agora retribuía ardentemente. Naraku parou, soltou a jovem e se retirou após lançar-lhe um sorriso de conquista.
Sango arfava, o rosto vermelho não escondia que desejava por mais, mas o jovem nada fez a não ser seguir para a sua sala de aula.
Espera... Como assim? Ele a beija forçadamente e quando ela se rende ele a deixa? Isso estava errado. Sango tentou correr atrás do rapaz, mas já estava tarde e caso não se apresasse não poderia entrar em sala.
E foi assim que se passou o dia: vendo quem realmente a prezava e quem não ia "com a sua fuça" , como a própria Ikny do segundo ano B, havia dito. Mas realmente algo estava incomodado a garota, e era o beijo de Naraku. Não que ela queixasse-se dos beijos de Miroku, mas, era diferente... Enquanto o do mesmo era somente ágil, o de Naraku era envolvente, e Sango tinha de admitir: picante também...
Ela fechou os olhos, tentando relembrar do ocorrido, do gosto da boca daquele garoto que havia tirado-lhe do sério. E quando percebeu, o sinal anunciando o horário da saída havia tocado.
Tentou se acalmar, mas estranhamente naquele dia um fogo parecia ter-lhe tomado conta, fazendo com que ela pensasse e fizesse o que seu íntimo guardava... Respirou fundo, normalmente isso bastava para se acalmar, mas aquele parecia ser um dia diferente, e o ecoar de um timbre forte, só ajudou àquele fogo queimar mais ainda.
-Sango, e então? Gostou do meu beijo?
A garota estremeceu, sentiu o coração pulsar e a boca desejar por mais um dos beijos daquele que a falara. Sango voltou-se para responder, mas de seus lábios apenas saiu um gemido, deixando-os entreabertos.
-Vou considerar isso como um sim. –ele respondeu, aproximando-se da garota, que andou para trás.
-N-não se aproxime. –ela pediu, em um gaguejo que não foi atendido, pois logo o garoto já estava com o rosto próximo ao dela.
-Suas palavras pedem isso, mas seus olhos não... –e mais uma vez pousou seus lábios sob os delas, penetrando a língua ágil, só que dessa vez, a garota em um pulo se desvencilhou.
Sango correu, o coração estava disparado e o corpo parecia pegar fogo, e agora com aquele início de beijo não só ela, mas como seu espírito estava em chamas.
Entrou em casa, jogou rápido as coisas no chão e sentou-se em sua cama. Segurou o cordão entre as mãos e chamou:
-Sesshou!
O anjo mal teve tempo de aparecer, quando a garota envolveu suas mãos por entre a nunca do rapaz e puxou-o para perto de si, beijando-o. Mas, diferentemente do normal, que era apenas selar de lábios, ela conseguiu fazer sua língua adentrar pela boca do garoto, explorando com agilidade, assustando-o.
Mas o problema é que quanto mais o beijava, mais as chamas ardiam e pareciam nunca cessar, até que ela parou. Ou as mãos na borda de sua blusa, pronta para retira-la quando Sesshou exclamou:
-Agora, já chega Sango...
Continua...
Nota: Aê!
Hum... Caliente, non? Huahahua! Água fria na Sango, gente! Mas, pq isso?
Quer saber? Ótimo, leia os próximos cap e descubra!
Bjux e FELIZ NATAL!
Teella
