- Todos os personagens pertencem à tia Miwa Ueda, e toda e qualquer conduta estranha que eles possam vir ter provavelmente é culpa minha e não da Ueda-sensei. Essa não é minha primeira fic, mas digamos que faz alguns anos que eu não escrevo tirando a poeira do teclado. Sem fins lucrativos nem intenção de ferrar ninguém com exceção de Tojigamori-o-sem-sal.
Os fatos narrados nesse texto encaixam-se mais ou menos nos mangás 14-15, nos quais Toji, chantageado por Sae devido às fotos que ela tem de Momo com Gígolo, termina com a namorada e cede à Sae.
Seja bonzinho e, caso tenha paciência de ler, deixe um comentário depois, por favor-
As Melhores Decepções1. Amor Armações
Kairi Otariuzu, FIQUE LONGE DE MIM!
- Mas Momozinha, eu gosto de ficar perto de ti - respondeu Kairi, abraçando a garota de pele bronzeada e cabelos descoloridos pelo cloro, que sempre reagia de maneiras semelhantes - socos, chutes, cotoveladas ou tapas.
Não daquela vez. A escuridão do armário embriagava os pensamentos de Momo - raiva, dor, ciúme, posse entrelaçavam-se num coquetel extremamente perigoso e insano. Estava novamente presa nas teias de Sae. Literalmente. Foi possuída por uma intensa vontade de chorar, não por ódio da falsa amiga ou do pervertido incorrigível com o qual estava amarrada e trancafiada, mas por decepção. Era fraca, e agora tinha plena consciência disso. Já dissera inúmeras vezes que cortaria relações com Sae, mas não conseguia. Sempre acabava caindo na mesma história da corsa ferida e da leoa, e daquela vez não acreditava que iria poder evitar que a corsa devorasse seu leão. Ou talvez não desejasse que isso acontecesse...
- Momo- Kairi, ligeiramente encolhido, estranhou a falta de reação ao abraço, e via-se ainda com a garota em seus braços. Soltou-a e tentou afastar-se, lembrando então que estavam presos por uma corda amarrada em ambas cinturas - ao menos haviam conseguido descer as amarras dos ombros até a cintura - mesmo assim, um afastamento tão grande não era possível. Franjas ligeiramente mais claras que o resto das mechas do cabelo cobriam os adocicados olhos da garota-pêssego, quando uma lágrima teimosa escapou, sendo seguida por várias outras. Relativamente acostumado com tal reação, o garoto abraçou-a novamente.
- Ouça, Momo. Ela não vai conseguir o Toji. Não conseguiu até agora, não tem porque consegu...
- Não, Kairi- gritou ela, interrompendo-o - ela provavelmente conseguirá. Sabe, já... - ela hesitou por alguns instantes - já... Estamos... Cansados. Não conseguiremos nos livrar da Sae.
- Não! Não seja assim tão pessimista- Kairi mal permitiu que ela terminasse a frase - Eu... eu tenho um plano.
- Quem diz 'não' sou eu, seu idiota! Lembra-se do resultado do teu último plano? Acabei tendo de salvar a pilantra com as minhas próprias mãos daquele velho pervertido!
- Sim... Naquela vez, agimos mal querendo fazer com Sae o mesmo que ela fez contigo. Dessa vez, vamos jogar o jogo dela.
- ... O jogo dela- Momo não parecia entender.
- Deixemos o Toji com ela. Termine com ele de uma vez, ou melhor... Aceite o fora que ele já te deu.
- Mas... Lutamos tanto para chegarmos até aqui... Para acabarmos nisso? Fazendo exatamente o que ela quer- as lágrimas da garota cessaram.
- Não acabará nisso. Mas... - numa breve pausa, ele segurou as mãos dela, fazendo-a fitar os seus olhos de forma tão intensa que até a meia escuridão na qual estavam já não fazia diferença para se enxergarem - você terá que confiar um pouco em mim...
Momo corou com a intensidade do olhar que pousava sobre ela. Ouviu as últimas palavras dele como se fossem resmungos distantes, estava visivelmente fascinada com a estranha austeridade da tão comumente hilária figura - uma austeridade que lhe lembrara por um momento... Toji.
Toji... Aquele que certa vez cortara os cabelos em sinal de penitência por tê-la feito sofrer... Que lhe levara ao parque de diversões... Que lhe apoiara quando fora violentada por Gígolo... Que fizera compras com ela...
Um suspiro em seu pescoço adicionou uma estranha verdade aos seus devaneios: a pessoa que lhe levara às compras fora Kairi, e não Toji! Toji havia dado-lhe o fora e a deixado plantada à porta de sua casa num dia frio. Kairi estava sempre lá para animá-la quando Toji machucava-lhe.
E era Kairi quem tinha o rosto tão próximo ao dela. Um estranho desejo de depositar sobre aqueles lábios um beijo de agradecimento percorreu seu corpo, intensificado pela lembrança de Toji dizendo-lhe que estava de saco cheio de tudo.
Seu corpo já agia por conta própria, e sua mente estava adormecida na dor de ter perdido seu primeiro amor. As mãos brincavam com os cabelos ligeiramente compridos do amigo, e os lábios encontravam-se aos dele, numa dança gentil. Apesar de ter os olhos fechados, sentiu quando a claridade do local estranhamente aumentou.
Kairi, no entanto, encontrava-se demasiadamente surpreso com a reação de Momo - mal notou a luz que entrava no armário recém-aberto. Amava a garota que o beijava com uma intensidade que não julgava ser capaz - fora capaz de armar para que ela pudesse ser feliz com Toji apenas para poder ver, mesmo sem que ela percebesse, aquele lindo sorriso que ela só exibia quando estava ao lado do outro. Mas naquele momento, os mesmos lábios cujo sorriso invadia sua mente diariamente estavam pousados sobre os dele, e não como no dia em que se conheceram, quando roubara o primeiro beijo dela - ela agia por livre e espontânea vontade. "Deve apenas estar confusa, não me ama de verdade", pensava, quando ouviu um grito e sentiu a garota repelindo-o por instinto.
- TOJI, VEJA ISSO! Momo e Kairi estavam se beijando quando abri o armário- Sae, vestida com roupas parecidas com as de Momo, como sempre, gritava, extasiada - Mal termina com um e já está se esfregando com outro nos cantos escuros da escola.. Sempre disse que essa vadia não prestava, Toji... Toji?
Apesar dos chamados, o garoto atrás de Sae não esboçava reação alguma - parecia não acreditar no que vira, ou talvez não querer acreditar. Um clima pesado e constrangedor pairou pelo local por alguns instantes. Todos ali sabiam exatamente que o fato de Momo e Kairi estarem presos e amarrados era culpa unicamente de Sae, porém ela não poderia ter feito os dois beijarem-se.
É isso mesmo, Toji. Você mesmo disse que está com a Sae, Momo não tem mais nada contigo e está comigo agora - disse rapidamente Kairi, abraçando forte a garota junto de si, escondendo as lágrimas que ela provavelmente derramaria, enterrando-a no próprio peito.
Sae exibia um sorriso vitorioso e fitava o suposto namorado, esperando algum tipo de reação, quando ele finalmente esboçou algum tipo de pronunciamento.
- ... Er... Eu... Eu não me importo. - num gesto rápido, agarrou o braço de Sae e saiu pelo corredor no qual haviam vindo, após muita insistência de Sae, que jurava haver sido informada de que a mochila que perdera havia sido guardada naquele armário de vassouras e produtos de limpeza.
Ainda abraçado a Momo, Kairi espantou-se - estranhamente, não sentia a camisa molhada com as lágrimas da garota.
