PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM
Capítulo 5
AUTHOR: TowandaBR, Thysbe, Cris Krux
DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions.
4ª temporada.
PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM: Não retorne às suas origens.
Dedicado a todos aqueles que mantém TLW vivo, escrevendo e/ou lendo fics.
Obrigada Cris, Maga, Di Roxton, Cláudia, Kakau, Fabi K Roxton, Nessa Reinehr, Jess.
O percurso de Londres a Avebury não havia sido nada fácil.
A todo instante algum passageiro reconhecia o rosto do notório aventureiro que havia figurado nas primeiras páginas de todos os principais jornais do continente. Tanta atenção por parte de desconhecidos não era nenhuma surpresa, ter saído ileso de uma expedição perdida por três anos era um grande feito.
Mas a fama era o sonho de outra pessoa, alguém que não havia sobrevivido para realizá-lo.
Ileso? Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, e a delícia de sua existência havia se extinguido. Havia sido ceifada pelas forças incompreensíveis que regem o platô, enquanto a dor lancinante da perda permanecia, retornando cada vez mais intensa a cada recordação daqueles grandes olhos azuis, do riso sarcástico que iluminava sua agora apagada existência.
Mas todos sabemos que nada é tão ruim quanto parece, tudo pode ser muito pior e essa era uma idéia que vinha sendo inculcada em seu cerne.
Os acontecimentos em Londres não tinham sido os melhores, e o recado de sua mãe pedindo seu retorno à Avebury certamente não contribuíra em nada para melhorar seu estado.
A entrada do solar dos Roxton continuava a mesma. O grande portão de ferro retorcido, a estradinha ladeada por pinheirinhos com a imponente escadaria ao final, os pilares, a varanda, a grande porta.
Ali havia passado toda sua infância e parte da juventude, ali sobrevivera a grandes perdas e tivera grandes alegrias, mas entrar sem bater não lhe parecia apropriado.
Respirou fundo, levantou a aldrava e a deixou cair sobre a porta em um baque surdo e tímido, como se temesse ser atendido. A porta lhe foi aberta por um rosto querido, triste e envelhecido que há muito não figurava em suas lembranças.
"John, que bom que atendeu nosso chamado. Lady Roxton não está nada bem."
E se viu sendo guiado ao segundo andar da casa onde crescera por aquele a quem considerava um pai, Coburn, fiel mordomo dos Roxton há quase meio século.
Coburn se deteve em frente à porta do quarto principal e em voz velada preparou John para a cena que se seguiria.
"Lady Roxton piorou muito nos últimos dias. Sua saúde nunca mais foi a mesma desde a tragédia que nos afetou. A tuberculose fugiu ao controle dos médicos. Seus dias estão contados... Nada pode ser feito... Sinto muito, menino!"
Roxton sabia da doença contra a qual a mãe lutava há anos. Sempre fora otimista quanto a isso, pois Lady Roxton sempre foi muito forte e lutava bravamente contra sua infecção. As notícias não poderiam ser piores.
"Menino, sua partida e desaparecimento foram demasiadamente duros para sua mãe. Achávamos que o havíamos perdido até termos notícias pelos jornais. Vê-lo agora a afetará, esperamos que seja de forma a apaziguar seus últimos instantes entre nós."
E com estas palavras, abriu a porta do quarto escuro e se deparou com a grande cama de dossel onde se encontrava sua mãe, magra, pálida, com uma expressão de profunda dor. Aproximou-se.
"Mamãe." – disse tomando-lhe a pequena mão, cuja temperatura acusava seu estado febril.
"Meu filho! Você está bem? Pensei que não chegaria a tempo."
"Mamãe, a senhora está bem? O que estou dizendo? Posso ver que não. Me perdoe por abandoná-la, eu sei que fui um péssimo filho, mas minha dor era muito grande, não podia suportar os olhares acusadores. Todos me culpavam pelo acidente de William e pelo ataque de papai, eu..."
Lady Roxton o interrompeu.
"John, tudo foi um terrível acidente, você não tem culpa de nada. Sinto muito que tenha passado todo esse tempo atormentado por esses sentimentos..." – Tossiu, tossiu vigorosamente a ponto de expelir sangue pela boca – "Perdê-los foi muito difícil, e pensar que tinha perdido você foi mais ainda. Você é o último de nós. Tenho um pedido..." – e continuou a tossir, assustando Roxton, que nunca havia visto sua mãe em tal estado.
"Mamãe, nos falaremos mais tarde, preciso chamar o médico. Descanse enquanto ele não vem. Nos falaremos quando se sentir melhor."
"Não, meu filho, meu tempo com você se extingue. Logo estarei com seu pai e William. Não chore, querido, estou feliz em poder reencontrá-los, um dia você virá também." – Disse ela enquanto tossia, tossia, suava e ardia em febre – "Você é o último, precisa assumir seu título... os negócios... as propriedades... se casar com uma boa moça... ser feliz na... na... Inglaterra..." – De repente emudeceu, se entregou a espasmos cada vez mais fortes que assustaram Roxton mais ainda.
"Mamãe!"
"Por... favor, diga... que o fará!" – disse em um fio de voz que logo se extinguiu.
Roxton tomou sua mão mais uma vez e disse maquinalmente.
"Sim, eu o farei."
A mulher continuou tossindo, se contorcendo de forma assustadora, até que parou. Suas forças pareciam ter se extinguido.
Coburn mais do que depressa veio ao encontro dos dois, mas nada mais podia ser feito.
Lady Roxton havia partido.
CONTINUA...
R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W!
