PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM
Capítulo 7
AUTHOR: TowandaBR, Thysbe, Cris Krux
DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions.
4ª temporada.
PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM: Não retorne às suas origens.
Dedicado a todos aqueles que mantêm TLW vivo, escrevendo e/ou lendo fics.
Obrigada Maga, Cris, Nessa Reinehr, Di Roxton, Kakau, Fabi K Roxton.
Roxton quase foi atropelado ao atravessar rapidamente a rua movimentada. Correu pela calçada, tentando alcançar aquela que nunca deixara de povoar seus sonhos.
Lá estava ela. Andar imponente, cabelos escuros descendo em cascata ao longo dos ombros e costas.
Segurou levemente seu braço direito, murmurando:
"Marguerite!"
Quando ela se virou, o caçador pôde ver os olhos castanhos. Era seguramente a mulher mais bonita que já vira em toda a vida, mas não era sua Marguerite.
"Perdão." – Disse, desconcertado – "Pensei que fosse outra pessoa."
A princípio ela esboçou reação irritada, porém, ao perceber a decepção e tristeza estampada no rosto do homem, apenas meneou ligeiramente a cabeça em sinal de aceitação das desculpas e continuou seu caminho.
Após alguns segundos, ele procurou recompor-se. Levantou a cabeça e estufou o peito, ajeitando o paletó do terno de tecido espinha-de-peixe preto feito sob medida no melhor alfaiate de Avebury, assim como a camisa branca de algodão e a gravata de seda pura ornada com um prendedor de ouro com o mesmo desenho das abotoaduras. Os sapatos pretos também eram feitos à mão.
Querendo ou não ele era um lorde, e seus fantasmas deveriam ficar escondidos sob essa proteção. Na maior parte das vezes ele preferia que assim fosse, principalmente por evitar perguntas inconvenientes sobre coisas que não desejava partilhar.
De todos os lugares que visitara, e foram muitos, em apenas um deixara de ser Lorde John Roxton para ser simplesmente...
"Roxton! John Roxton!" – ouviu alguém gritar. Virou-se e não resistiu abrir um sorriso.
"Edward Malone." – Deram-se um longo e caloroso abraço. Roxton afastou o amigo, segurando-o pelos ombros.
"Deixe-me olhar para você." – Disse, observando o jornalista que trajava uma calça marrom de flanela, camisa branca, gravata e suéter claro, comprados em algum mascate, mas muito limpos e bem passados. Calçava sapatos de couro marrom impecavelmente engraxados. Os cabelos estavam cortados e a barba escanhoada – "Está mais magro, garoto."
"Estou muito bem, Roxton. O que você anda fazendo?"
"Eu? Fazendo as coisas de sempre: cuidando dos negócios da família, comparecendo aos compromissos usuais, caçando um pouco, e me divertindo quando posso. E você?" – antes que o rapaz pudesse falar alguma coisa foi interrompido - "Não me responda isso agora. Está ocupado?"
"Na verdade, eu estava voltando para casa."
Roxton deu um sorriso maroto.
"Alguém lhe esperando?"
Ned riu.
"Não."
"Já almoçou?"
Malone mostrou o saco de papel e a pequena garrafa de vidro com suco.
"Vou fazer isso no trem."
John tirou os objetos das mãos dele.
"Hoje você é meu convidado, Ned."
Roxton escolheu um pub antigo, mas pequeno. Pediu uma mesa afastada do burburinho onde pudessem conversar mais à vontade.
Foram servidos de batatas e um suculento rosbife, regados à tradicional cerveja inglesa ale.
Comeram com prazer, partilhando como há muito não faziam da companhia um do outro, e conversando banalidades.
Influenciado por alguns goles a mais de bebida, Roxton falou um pouco de sua vida. A morte de sua mãe semanas antes e a promessa que fizera a ela de arranjar uma moça para desposar, como mantinha os cada vez mais rentáveis negócios da família, agora reduzida apenas a ele, e as obrigações sociais.
Enquanto falava, o amigo ia percebendo a angústia e solidão do caçador, que há muito tempo sentia falta de alguém com que pudesse realmente conversar.
Roxton sempre fora afável e sempre estava pronto para ajudar qualquer um que dele precisasse, especialmente seus amigos, mas também era orgulhoso e raramente mostrava seus sentimentos.
Malone admirava a segurança daquele homem que pensava ter conhecido tão bem naqueles três anos em que haviam convivido, e por isso mesmo surpreendeu-se ao vê-lo tão vulnerável. Ficou feliz e honrado por ser a pessoa em quem John depositara confiança para externar seu desabafo.
"E você, Malone? O que tem feito?"
Ned encolheu os ombros, sorrindo.
"Uma coisinha aqui, outra ali. Nada importante."
"E seu livro?"
"Estou reescrevendo os diários. Na verdade está quase pronto. Vou tentar encontrar alguém que se interesse em publicá-lo."
"E Gladys? O pai dela não era seu editor?" – Roxton estava curioso.
"Gladys é passado. E o editor também."
"Deixe ver se eu entendi. Você terminou seu relacionamento com Gladys, perdeu o editor e tem vivido de trabalhos esporádicos."
"Isso mesmo."
"E, sem querer ofender, Ned, pela sua aparência as coisas não parecem ir muito bem."
O rapaz abriu um sorriso.
"Tenho o suficiente para viver modestamente. E às vezes consigo guardar um pouquinho."
"Mas é claro que você tem planos para progredir profissionalmente, não é?"
"Na verdade, não."
Foi a vez de John se surpreender.
"Como não? Você sonhou com isso por três anos. Voltar para Londres, publicar seu livro, ser um jornalista famoso."
Malone encarou-o muito sério. Roxton nunca tinha visto uma expressão tão segura e ao mesmo tempo tão serena.
"Vou voltar para o mundo perdido, Roxton."
"O quê?"
"Eu me senti tão sem destino quando retornei... Como se tivesse sido jogado ao mar. Fiquei apenas deixando a corrente me levar. Um dia percebi que precisava decidir o que fazer. Continuar como estava ou afundar eram as primeiras opções. Resolvi nadar, Roxton. Não sei se vou chegar onde quero, mas quando conseguir juntar dinheiro o suficiente para pagar a passagem eu voltarei. É essa esperança que tem me feito feliz."
Malone percebeu o olhar pensativo do amigo.
"Venha comigo, Roxton."
"Está maluco? Tenho os negócios da família."
"Só restou você."
O caçador hesitou.
"Fiz uma promessa a minha mãe."
"Não foi uma promessa, e você sabe. Foi um alento para alguém que estava morrendo."
Mesmo falando baixo, os dois começavam a discutir rispidamente ao mesmo tempo em que se encaravam.
"Eu não tenho nada por lá."
"Você não tem mais nada aqui."
"Preste atenção, Malone." – Roxton irritou-se ainda mais – "Tudo que eu sempre quis, perdi naquele lugar."
"Está errado. Foi lá que você encontrou tudo o que nunca imaginou ter."
"Você tem alguém esperando."
"Espero que sim, mas mesmo que tivesse a certeza de que ela não me quer, eu voltaria." - Fez uma pausa enquanto escrevia alguma coisa em um pedaço de papel que colocou na mesa bem em frente ao amigo - "Pelo menos Londres foi de alguma serventia. Mostrou que o homem forte por quem Marguerite se apaixonou morreu com ela." – Malone levantou-se e foi saindo – "Obrigado pelo almoço, Roxton."
John continuou sentado, parado, sem reação. Sua mente estava vazia. Pegou o bilhete à sua frente, desdobrou e leu o que estava escrito, para amassá-lo em seguida, jogando em cima da mesa.
"Você é um idiota, Malone."
Depois, de um só gole, bebeu o restante da cerveja, pagou a conta e saiu.
Voltou alguns segundos depois para pegar a bolinha de papel, que colocou no bolso.
Ned olhou as horas e sonolento levantou-se da cama. Havia ficado acordado até de madrugada, sabendo que poderia dormir até tarde e agora...
"Já vai, já vai." – Abriu a porta, surpreso ao ver o visitante que entrou sem fazer cerimônia.
"Se era para morar em uma espelunca, poderia pelo menos ter escolhido um quarto em um andar mais baixo."
"É mais caro. E quem te deixou subir?"
"Subornei o recepcionista. Você está quase nu, Malone."
"São 6 da manhã, Roxton." - Reclamou o jornalista, parado no meio do quarto só de cuecas e esfregando os olhos. Em resposta, o caçador atirou-lhe as roupas que estavam em cima da cadeira.
"Já é tarde. Vista-se."
"Por quê?"
"Porque vamos continuar aquela conversa de duas semanas atrás."
"Já não tínhamos terminado?"
"Você vai me ajudar a resolver algumas coisas."
"Eu? Ajudar com o que?"
"Vender propriedades, me desfazer de alguns bens, publicar um livro, comprar passagens de primeira classe para a América do Sul."
"Roxton, eu..."
"Cale a boca e vista-se logo, Malone."
"Está bem." – Disse o jornalista, com um sorriso, já fechando a braguilha da calça, enquanto o caçador pensava.
"Mas antes temos uma coisa muito importante a fazer."
"O que?"
"Visitar um amigo..."
CONTINUA...
R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W!
