PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM

Capítulo 8

AUTHOR: TowandaBR, Thysbe, Cris Krux

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions.

4ª temporada.

PRIMORDIUM NULLA RETRORSUM: Não retorne às suas origens.

Dedicado a todos aqueles que mantêm TLW vivo, escrevendo e/ou lendo fics.

Obrigada Aline, Cris, Maga, Di Roxton, Kakau, Fabi K Roxton, Jess


"Veja bem, Malone. A preguiça é uma doença perigosa. Se você não se cuidar, vai acabar assim. Deitado debaixo de uma árvore, bem no meio da tarde."

"Acha que ele está dormindo, Roxton?"

"Hummm! Sinceramente não sei. Alguma idéia para que possamos ter certeza?"

O jornalista abaixou-se, pegando uma vareta de madeira e entregando ao caçador.

"Que tal cutucá-lo? Normalmente funciona para saber se está apenas dormindo ou se está morto."

"Nem uma coisa, nem outra." – Disse o homem que estava deitado, sem abrir os olhos – "E tratem de sair da minha frente. Estão tampando o sol."

"Viu só, Roxton? E ainda é mal-educado."

"Que tal colocar um de nossos raptors domesticados para atacá-lo?"

O cientista abriu preguiçosamente um dos olhos.

"Quer dizer que vocês dois agora estão criando raptors para ganhar a vida, seus patifes?"

"Levanta logo daí, George." - sorriu o caçador. Malone imediatamente esticou a mão ajudando o cientista a levantar. Deram-se um abraço apertado. Depois Challenger olhou para o rapaz.

"Está mais magro, garoto."

"Estou muito bem, Challenger." – riu o jornalista, recordando que Roxton lhe dissera a mesma coisa ao se reencontrarem.

"E você, meu velho?" – Abraçou o caçador calorosamente – "Você engordou."

"Você é que está enxergando mal, George."

"Como estão vocês?"

"Na verdade, muito bem."

"E o que vocês fazem aqui?"

"Depende de você."

O cientista riu.

"De mim? Como pode depender de mim, se nem sei do que se trata?"

"Vamos sentar debaixo de sua árvore e conversar um pouco, George." – John já tirava paletó – "Quando terminarmos, você nos dirá se isto é uma despedida ou uma nova aventura."

Reunidos pela primeira vez em muito tempo, os velhos companheiros conversaram como jamais tinham feito antes. Nem mesmo nos três anos de aventuras. Como Roxton e Malone algumas semanas antes, cada um contou sua história durante o período em que estiveram separados.

"Challenger?" – Malone estava curioso – "Por que não foi procurar Jessie?"

"Também pensei muito sobre isso. Ela foi minha companheira, mas tenho certeza de que eu nunca fui seu companheiro. Jessie não foi feliz ao meu lado, e nem poderia ser. Eu era egoísta demais. Amo Jessie mais do que nunca. Acho que só agora percebo que deixá-la livre é o maior presente que poderia lhe dar. Acreditem. Estou muito tranqüilo com minha decisão."

Roxton riu. Lembrou-se de sua própria arrogância e insolência, que partilhara com o George de outros tempos, e de como a descoberta de sentimentos como humildade e simplicidade havia tornado seu coração mais leve. Surpreendeu-se com a pergunta de George.

"E você Roxton? Como está seu coração, meu velho?"

"Muito bem, George."

"Você sabe o que eu quero dizer..."

John ficou pensativo, mas não tinha um olhar triste. Despois disse pausadamente.

"Malone arriscou-se a levar um soco ao dizer coisas que só um amigo diria e que me ajudaram a acordar. Eu amo Marguerite e isso nunca vai mudar. Ela É a mulher da minha vida. Vejam bem que eu disse: ela É. Jamais esquecerei o que tivemos juntos. Nada vai substituir o que perdi. Mas por algum motivo permaneci vivo e não posso, não devo e não vou desperdiçar essa dádiva e passar o resto da vida me lamentando. Podem me chamar de pretensioso, mas sou um bom homem e mereço tudo o que puder conquistar, o que ainda puder ter. Quero viver, George: por meu irmão, por meu pai, por minha mãe, por minha Marguerite, e principalmente por mim mesmo."

Apesar de emocionado, Roxton estava calmo e firme. Após uma pausa, Challenger continuou.

"Sabe, eu pensei muito sobre esse assunto... E tenho absoluta certeza de que, naquelas circunstâncias, Verônica jamais teria conseguido salvar Marguerite."

"O que você quer dizer, George?"

"Quando o platô ficou instável, Verônica tornou-se o canal que possibilitou que aquela força espetacular fosse controlada e o equilíbrio restabelecido, salvando o que lá existia, incluindo nós."

"Exceto Marguerite." - Completou Ned.

"Marguerite e Verônica. Seres humanos absolutamente normais, mas ao mesmo tempo muito especiais. Naquele momento as características especiais de Marguerite impediram que Verônica pudesse alcançá-la, como fez com o restante de nós."

"Como se as duas fossem o mesmo pólo de um imã?"

"Exatamente. Enquanto seres humanos comuns, Verônica e Marguerite seriam perfeitamente capazes de proteger uma à outra. Mas não quando no uso de seus poderes. Se a situação fosse inversa, Marguerite também não poderia ter salvado Verônica."

"E se Verônica ou qualquer um de nós tivesse chegado à caverna a tempo?"

"Iriam lutar e salvá-la, ou morrer tentando. Seria uma briga e tanto..."

"No fundo, Verônica ainda sente que poderia ter feito mais."

"Creio que todos nós sentimos isso..." Ned disse, encarando John, que sustentou seu olhar, entendendo.

"Sabe que você está se saindo um grande filósofo, Malone... Aliás, espere..." – como se repentinamente tivesse lembrado de algo Challenger olhou para o jornalista – "Se você não está mais no jornal, suponho que não tenha recebido minha carta. Foi para lá que a enviei!"

"Não recebi nada. Faz muito tempo?"

"Na verdade mandei a missiva recentemente, mas com certeza já deve ter chegado."

"E o que dizia?"

George levantou-se.

"Meus amigos, vamos caminhar um pouco. Tenho uma coisa muito importante para lhes contar."

Começaram a andar juntos, e Challenger, com sua voz poderosa de professor e conferencista, continuou.

"Bem, apesar de tudo o que houve, eu ainda sou um membro da Sociedade Zoológica. Meio afastado, mas ainda membro."

Ned e Roxton assentiram.

"Há uns vinte dias recebi uma carta. Pelo que pude entender bastante reservada. Apoiados e financiados por vários grupos empresariais, cientistas e exploradores estão sendo reunidos em uma grande expedição para retornar ao platô."

"Quantos, George?"

"Acredito que uns 20, 30 talvez. Com o objetivo de averiguar e explorar as potencialidades naturais e científicas que lá existirem – se existirem, segundo eles."

"Mas nós sabemos que elas existem!" - Ned assustou-se.

"Já imaginou todas essas pessoas escavando, colhendo amostras? Vão destruir aquele lugar."

"Fui convidado a me juntar ao grupo, mas não desejo voltar como um explorador. Tenho certeza de que Roxton é o próximo a ser convidado."

"E quanto a Malone?"

"Malone tem o mais importante para que eles, mesmo sem a colaboração de nenhum de nós, possam chegar aonde desejam."

O jornalista abaixou a cabeça, entendendo de imediato.

"Os diários."

George limitou-se a sorrir para os dois.

"Quando os vi hoje, senti que tinham vindo atrás de mim porque apenas aquilo que foi capaz de unir nossos caminhos uma vez seria capaz de fazê-lo novamente. Não que não sejamos amigos, mas o que nos torna mais do que meros medíocres habitantes ingleses é a experiência única e transformadora que vivemos juntos."

"Passagens para três, George?"

"Se está pagando, Lorde Roxton, exijo que minha cabine seja a melhor do navio."

"Você a terá, meu amigo. Mas ainda temos muita coisa a fazer."

"E muita coisa a reescrever." – completou Ned.

"Eu sei exatamente o que vocês estão pensando, senhores." – Challenger sorriu – "Se depender de mim, os bravos cientistas e exploradores da Sociedade Zoológica serão encaminhados a lugares bem mais distantes do que nosso amado platô."

CONTINUA...

R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W! R-E-V-I-E-W!