Disclaimer: Harry Potter e boa parte dos personagens não pertencem a mim, são propriedades da J.K. Rowling.
Sinopse: Tudo o que Harry mais queria era que Voldemort não tivesse entrado em sua vida. Aos poucos, ele descobre que isso pode não significar algo tão bom...
Cap. 1 – Desejo Realizado
Acostumado a acordar sobre gritos de sua tia Petúnia, Harry estranhou, ainda meio adormecido, não ouvi-los. O sol adentrava o quarto de uma forma que ele jamais sentira, e isso o despertou. No momento em que abriu os olhos, percebeu que não estava na casa dos seus tios. Olhando para o criado-mudo pegou os óculos e colocou no rosto. Ficou deslumbrado. Onde quer que estivesse, era o ambiente sempre imaginado por ele para ser seu quarto. Tudo era perfeito, desde as paredes pintadas de verde claro, aos pôsteres de quadribol colado por toda a extensão, ao guarda-roupa aberto e completamente desorganizado e a uma Firebolt, guardada no canto mais limpo e brilhante. Levantou-se, se perguntando onde estava. Por um instante pensou estar no quarto de algum amigo, mas depois viu uma foto em cima do criado mudo que tirou suas dúvidas: ele próprio. Então, aquele quarto era dele? Quem o tinha feito? Saiu e percebeu que estava num corredor, tão bonito quanto o ambiente anterior. Largo, com as paredes pérolas e alguns quadros para enfeite. Começou a caminhar por ele, a dúvida ainda atormentando sua mente. Quando chegou ao meio do caminho percebeu uma escada que descia, fazendo uma curva. Desceu por ela, ignorando sua recente curiosidade de saber o que havia nos outros quartos, dando prioridade em saber onde estava. Com um suspiro chegou ao andar de baixo. Agora o nervosismo o fazia ter medo. E se fosse algum plano maluco de Voldemort? Não, não, não fazia sentido estar numa casa maravilhosa para morrer. Pelo cheiro, percebeu que a cozinha estava na porta à esquerda. Havia ruídos vindos de lá. Harry se aproximou, mas não chegou a entrar. Duas vozes conversavam.
- Talvez tenhamos sidos duros demais com ele.
- Não, Tiago. Ele precisa amadurecer.
- Bom, não posso falar mais nada. Eu também era completamente irresponsável aos quinze anos.
- Eu me lembro muito bem desse fato. Quero evitar que Harry fique igual ao pai.
- Na verdade, eu acho que ele já me superou, Lily.
- Tiago!
O som de gargalhadas encheu o ambiente. Em vez de acelerar, o coração de Harry parecia ter parado de bater. Lily. Tiago. Seus pais estavam conversando na cozinha, vivos. "Claro, que não, eles morreram", aquilo não fazia sentido. Precisava ver com seus próprios olhos, acreditar naquilo. Abriu a porta, sem se importar de ainda estar de pijama. Sentado numa mesa no centro da cozinha, estava (e ele precisou piscar muitas vezes para acreditar) seu pai, Tiago. Os cabelos negros continuavam bagunçados, os olhos castanhos levemente esverdeados ainda atrás dos óculos, mas sua expressão já denunciava que o tempo passara. Parecia concentrado lendo o Profeta Diário, embora estivesse claro que segurava o riso. No fogão, com os cabelos ruivos lisos presos num rabo de cavalo, os olhos verdes fixos na comida, Lílian conservava a mesma beleza de anos atrás, mas assim como o marido, tinha a face mais cansada e envelhecida.
- Bom dia, Harry. – seu pai o cumprimentou, ainda tentando parecer sério.
Ele tentou mexer a boca para responder, perguntar se estava num sonho – mas a única coisa que conseguiu foi deixar uma lágrima escapar de seus olhos. Era real. E ao mesmo tempo, sentia que não. Tiago pareceu espantado com a reação do filho.
- Tudo bem? – perguntou.
Novamente, não houve resposta. As lágrimas de Harry só se intensificaram. Por que estava chorando enquanto devia estar rindo por encontrar seus pais? Lily, até agora alheia a chegada do filho, se virou e demonstrou a mesma preocupação que Tiago.
- Harry, querido, tudo bem?
Ele engoliu em seco, e enxugou as lágrimas com as mãos. Era vergonhoso chorar na frente de seus pais.
- Tudo. – tentou soar seguro, firme, mas não conseguiu.
Lílian pareceu perceber que o filho não estava bem. Deu um sorriso calmo.
- Então, querido, acorde suas irmãs para mim?
Hã? Irmãs?
- Ah... Claro.
E saiu da cozinha, subindo pela mesma escada. Ter seus pais de volta parecia maravilhoso, mas desde quando ele tinha irmãs? Observou as portas, nervoso. Não fazia idéia de quem eram suas irmãs nem do quarto delas. Havia uma com um desenho colado, e ele se reconheceu, junto de seus pais e mais uma menina de cabelos ruivos. Suspirou, e abriu a porta devagar. O quarto estava iluminado fracamente pelo sol, embora as cortinas amarelas escuras não deixassem que ele atrapalhasse o sono de ninguém. Aproximando da cama, Harry viu uma menina de cabelos ruivos lisos, como a de sua mãe, com aproximadamente nove anos dormindo profundamente. Engoliu em seco. Poderia acordá-la com seu nome. Se soubesse qual era. Buscou ao redor alguma informação sobre sua irmã menor. Por sorte, na parede estava mais um desenho, e esse tinha legenda. Harry, Mamãe, Papai, Mya (devia ser sua outra irmã) e, por fim, Rafa. Rafa... Só podia se chamar Rafaella.
- Rafa? – a menina se mexeu levemente – Acorde, está na hora do café.
Rafaella esfregou os olhos, se sentando, e quando os abriu ele não pôde segurar um sorriso. Os mesmos olhos dele e de sua mãe, verdes vivos, como uma esmeralda. Ela sorriu de volta, e, do criado mudo, tirou seus óculos. "Mal de família", pensou ele. Rafa se levantou e estendeu a mão. Harry a segurou e saíram do quarto.
- Ela mandou acordar a Mya também? – perguntou ela, com voz doce e olhar curioso.
- Mandou.
Foi um alívio tê-la do seu lado, assim ele não precisaria jogar na sorte para descobrir onde estava Mya. Quando entraram num quarto rosa, cheio de bichos de pelúcias, Harry viu uma cama bem menor no canto. Mya não passava, praticamente, de um bebê. Dois anos, no máximo. Rafa se aproximou dela e a chamou. Para a surpresa de Harry, ela possuía olhos castanhos esverdeados, mais claros que os do pai, mas conservava o mesmo cabelo ruivo. Quando ela esticou os braços, ele a pegou e desceram em silêncio. A essa altura, ele já estava realmente se sentindo em casa. Rafa parecia uma menina bem centrada, e lembrava-lhe um pouco Hermione, embora não soubesse explicar o porquê. E Mya era a caçula, ele não podia saber exatamente como era seu comportamento. Parecia ser uma criança calma também. Entraram na cozinha e ele sentou Mya na cadeira mais alta, fazendo o mesmo em seguida. Seus pais estavam calmos, e o café da manhã correu silenciosamente. E nada poderia ser mais perfeito. Harry, sentado a mesa com seus pais e suas irmãs, todos sorrindo de vez em quando para os outros, pedindo carinhosamente que lhe passassem uma travessa. Qualquer gesto ou palavra era dita de uma forma que ele jamais ouvira, com o amor que só uma família verdadeira pode ter. Seu pai pigarreou, e Harry obrigou-se a levantar os olhos da comida (deliciosa).
- Harry, eu e sua mãe conversando, e decidimos reduzir seu castigo. – "Hã?" – Você pode fazer a sua festa de aniversário.
Ele adoraria ter perguntado mil coisas neste momento, mas se conteve.
- Obrigado. – agradeceu, apesar de confuso.
Seu pai piscou o olho para ele, divertido. Estava óbvio o que fez sua mãe mudar de idéia. Pedindo desculpas, se retirou da mesa. Depois de entrar em dois cômodos errados, conseguiu achar seu quarto. A sensação de alegria agora dava espaço para o pânico. Festa de aniversário. Mas, se naquele mundo seus pais estavam vivos, o que teria acontecido aos outros? Precisava urgentemente de explicações. Suspirando, inconformado, foi ao banheiro tomar um banho. Fechou a porta atrás de si e quando se virou, deparou-se com um espelho. Demorou um bom tempo para ele perceber que aquele era o seu reflexo. Ele estava tão... Diferente. A pele agora estava branca, os olhos verdes destacados no rosto, mesmo atrás dos óculos (novos, diga-se de passagem), os cabelos pretos pareciam mais organizados que o normal. Não possuía mais cicatriz, e estava mais forte do que ele se lembrava. E, lhe dava uma ponta de orgulho admitir, estava bem bonito. Agora sim, pensou ele marotamente, está tudo perfeito. Quer dizer, quase.
E pensar que ela tentara ser firme e manter o castigo de Harry. Mas quem resistia a um sorriso de Tiago? Maldição. Por isso ele estava tão rebelde. Demorou muito tempo para perceber que o filho estava mais travesso (usando um termo bem leve, a palavra mais perto da realidade seria encapetado) do que o pai na mesma idade. E a carta da professora McGonagall a fizera abrir os olhos. Mesmo com o coração em pedaços, tentou colocar limite nas atitudes de Harry.
- Pensar demais faz mal, Lily. – comentou alguém, marotamente.
- Não devia ter cedido às suas súplicas. – resmungou ela, entre dentes.
- Você ainda é a mesma Cenourinha que conheci...
- Se você repetir essa palavra, seus filhos ficarão órfãos. – ameaçou.
Tiago soltou uma gargalhada, o que fez a raiva dela aumentar. Será que ele não podia levar NADA a sério? De onde viera a idéia de se casar com aquele maluco?
- Estou tentando manter essa conversa dentro dos limites, Tiago, por favor, colabore.
- Tudo bem. Olha, eu sei que você está preocupada com as atitudes de Harry. Bem, eu admito que mandar Amy, Draco Malfoy e Neville Longbottom para o St. Mungus não foi muito legal, mas não é impondo castigos sem fundamento que ele vai mudar.
- E qual é a sua sugestão?
- Se até eu consegui criar um pouco de juízo ele também vai conseguir. Deixe o tempo passar.
- Enquanto isso, como eu vou olhar para a cara da Emile, Tiago?
- Relaxe, Lily. Todos crescem um dia, não?
- Você não se encaixa nessa regra.
- Mas você me ama mesmo assim. – finalizou ele, vitorioso.
- Infelizmente. – suspirou.
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N.A. – Dei uma arrumada nesse capítulo, resolvi postar antes porque esse final de semana não tenho garantia de entrar na internet. O Harry reagiu rápido, não? Bom, se você quisesse muito uma coisa e de repente conseguisse, ia ficar se questionando? Acho que não. E é assim que ele age.
- Dani, espero que as coisas tenham ficado mais claras! Muito obrigada pela minha primeira (e por enquanto única) review! ;)
