Cap. 5 – Conhecendo Pessoas
Maldito o momento que ela decidira permanecer em casa. Podia ter fugido, ou feito como sua irmã: se mandar para a França. Mas não, a alegria pertence a poucos. E ali se encontrava, sentada no sofá do apartamento de seu pai, encarando sua mais recente madrasta. Sempre tivera um nojo imenso por todas as conquistas dele após a separação. E não era por menos. O projeto de gente, chamado de Ana, loira, alta, magra, olhos claros e bonita, tinha (apesar de toda essa descrição meio veela) cérebro de minhoca. E ela tinha descrições piores, mas não podia mencioná-las na frente do pai. Falando nele, será que demorava tanto para se arrumar? Já eram 7 horas! Estava perdendo a festa do seu melhor amigo!
- Pai! – chamou emburrada.
- Já estou aqui, Ally. Vamos?
Tanto tempo para se arrumar de forma tão simples? Ela bufou, enquanto encaminhava-se para o banco de trás do carro. Só uma boa festa compensaria esse mês de férias.
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- Oi Harry! Feliz Aniversário!
- E aí, como vai? Cara, feliz aniversário!
- Feliz Aniversário!
- De onde saiu tanta gente?
Lowell riu da atitude do amigo. Abraçava um e perguntava o nome assim que o (a) individuo (a) se afastava.
- Aquele era o Paulo Lewis. Esqueceu? Ele substitui a Ally no time de quadribol. E a outra era a Stephanie Ward, namorada dele.
Ele lançou um olhar frustrado para trás, mas os dois já haviam desaparecido no meio da escuridão da recém boate em que se transformara o salão.
- Ah, toma.
Jogou os dois presentes para o amigo, que por sua vez colocou-os numa caixa.
- Cara, você já tem uma pilha de presentes.
- Também, com esse monte de gente!
- Ué, não era esse um dos mandamentos básicos do grupo? Ser popular?
- Não tanto. – resmungou de forma impensada.
- Hhhaaaaaaarrrryyyyyyy!!
A única resposta dele foi outro grito, mas de surpresa. Alguém se pendurava no seu pescoço e a essa altura do campeonato, o que ele fez foi abraçar a menina também. Quando já estava sem fôlego, se separaram. Os cabelos castanhos cacheados soltos, a pele levemente morena e um sorriso de orelha a orelha. Piscou algumas vezes. Era só impressão dele, ou os olhos dessa garota eram ROSA?
- Que foi?
- Nada... – não, não era impressão. Os olhos dela eram mesmo rosa.
- Feliz aniversário, então. – e o abraçou outra vez. – Depois precisamos conversar, não se esqueça.
Harry esperou ela estar longe para murmurar algumas palavras ofensivas, que variavam de escandalosa a doida. Coisa pior, se Lowell não tivesse interferido.
- Ah, acho que ela deve estar só com saudades, Pontinhas. Não leve a mal, a Vance te ama, mas não suporta seu caso com a Copper.
- Hã?
- Harry!
Pronto para agüentar mais um batalhão de cumprimento e gritos histéricos, ele se virou. O que encontrou, porém, rendeu alívio e felicidade. Parados, lado a lado, estavam Rony e Gina. Rony parecia o mesmo garoto alto, sardento, ruivo e de jeito engraçado de sempre. Uma pequena exceção para o fato de que ele não continuava tão magro. Mas Gina... Essa estava diferente. Os cabelos ruivos estavam mais vermelhos que os do irmão, e caíam ondulados até o meio das costas. Uma saia até o joelho, sandália alta e blusa azul bebê. Estava com um sorriso singelo e um olhar terno.
- Provavelmente vou repetir o que todos já disseram... Feliz aniversário. – e o abraçou. Rony repetiu o gesto.
- Acho que conversamos melhor depois, deve ter muita gente ainda para chegar.
- Até mais.
- É impressão minha ou você ficou babando na Gina?
- Eu? Claro que não!
- Sei. Se segura, porque lá vem a sua amada Copper.
Uma menina alta, de cabelos negros cacheados e olhos escuros acabara de atravessar a sala.
- Olá, Harry. Parabéns.
A essa altura, depois até da doidinha de olhos rosa, ele não se importou em abraçar a menina.
- Tudo bem?
- Claro. Teve boas férias? Não me escreveu uma carta sequer.
- Desculpe, não tive tempo.
Atrás dele, Lowell reprimiu o riso. Os olhos dela se estreitaram.
- Vejo você mais tarde. – e com um beijo na bochecha, saiu.
- Harry, meu ídolo. Um dia vou saber mentir que nem você.
- Eu não menti.
- Já encontrei vocês nessa situação?
Um garoto estava parado a frente deles. Harry ficou impressionado na perfeição dos cachos, pintados de com um roxo quase castanho, que caíam até a orelha. Os olhos castanhos divididos entre claros e escuros e a blusa com a mesma banda das deles.
- Ai, chegou o tormento da minha vida. – suspirou Lowell.
- Admita que sentiu minha falta. Quem mais ajudaria você a arrumar uma namorada hoje?
- Ao contrário de vocês, não preciso de mulher para viver.
- Finge que eu acredito.
Harry pigarreou, querendo demonstrar sua presença.
- Ah, não vou te desejar parabéns não.
- Francamente, Allan!
Allan. Outro nome para não se esquecer. Não que ele achasse que fosse esquecer facilmente.
- Calma, Lowell, estava só brincando. Feliz aniversário, Harry.
- Que bom ser notado.
- Desculpe, é a empolgação pós-férias.
- Ainda temos um mês delas pela frente.
- Ah, é verdade. Planejei muita coisa interessante para fazermos esse ano.
- Ser expulso é uma delas? – perguntou Harry, divertido. – Andei contando minhas detenções, não sei como continuo em Hogwarts.
- A McGonagall nos ama. Além do mais, aquela escola ficaria muito sem graça sem a nossa presença.
- Larga de ser convencido, Allan. A McGonagall só não te expulsou por dó!
Enquanto Harry ria, ele viu uma garota se aproximando nas pontas dos pés. Ergueu uma sobrancelha, e ela lhe sorriu e pediu silêncio com um gesto. Ele voltou seu olhar para Allan no instante em que ela ia lhe dar um susto.
- Nem vem, Ally, eu sei que você está bem atrás de mim.
Ally abriu e fechou a boca muitas vezes, antes de amarrar a cara. Allan deu um abraço por trás nela.
- Não é justo, você sempre consegue me assustar e eu não.
- Você é que se assusta fácil.
Ally soltou-se dele para abraçar Harry.
- Feliz Aniversário.
- Obrigado.
- Combinamos de cantar aqui, é? Todos com a mesma camiseta!
- Não é a mesma, a sua é bem mais colada que a minha.
- Não diz asneira, Allan. – retrucou ela, enquanto abraçava Lowell.
- Já vão começar a brigar aqui?
- Que tal entrarmos? – sugeriu Harry.
- Uau, uma boate! – exclamou Ally.
A música que tocava tinha batida forte e ritmo contagiante. Ally puxou os três para o centro da pista de dana que se formara.
- Eu não sei dançar! – gritou Harry, rindo.
- Se você não sabe, imagine eu! – resmungou Lowell, observando a amiga dançando.
- Tenho uma proposta: vamos tentar imitar os outros!
- Não que você precise, hein?
Allan riu. Para Harry dançar não era nem de perto a atividade favorita dele, mas o que poderia fazer? Estava se divertindo, observando Ally dançando perfeitamente e Allan e Lowell, que haviam inventado uma coreografia para a música. A que se seguiu era lenta, e ele ouviu os protestos de várias pessoas. Lowell fez par com Ally, enquanto Allan ficou com Mireya Vance, a de olhos rosa. Num canto, com um sorriso tímido, estava Gina. Harry adiantou o passo até ela, mas foi impedido.
- Então, não vai me tirar para dançar?
- Ah, claro.
Dançar com Adrianne Copper, sua suposta namorada (como dizia Rafa) não estava dentro das intenções dele.
- Está me ignorando?
- É só impressão sua. – disse Harry a contragosto. Um outro menino, cujo ele esquecera o nome, acabara de tirar Gina para dançar.
- Vou direto ao assunto, Harry. Estou sendo enrolada há seis meses, sendo motivo de chacota de toda Hogwarts e vendo você sair com outras meninas quando estamos brigados. Diga de uma vez se isso vai evoluir para um compromisso sério.
Ser colocado contra a parede por uma menina desconhecida, no meio da sua festa de aniversário com todos os seus novos e alguns velhos amigos e observando Gina sorrir enquanto dançava com outro não era bem o que ele planejara para esta noite. Mas ele já conseguira tomar as rédeas da situação antes, não?
- Olha, Anne. – um esforço para lembrar o apelido dela. – Desculpe ter te magoado com as minhas atitudes, mas eu realmente não estou pronto para assumir um compromisso mais sério.
A música acabou de forma inesperada e Harry se separou de Anne. Sentiu que a estava julgando precipitadamente, e o sorriso triste que ela deu só o fez se sentir pior.
- Podemos ainda ser amigos, não?
- Claro. – e com outro sorriso, ela se afastou.
O ritmo lento foi dando lugar a outro agitado, o que contrastava terrivelmente com seu estado de espírito.
- Vou tomar um pouco de ar. – gritou Harry para Allan, que apenas sacudiu positivamente a cabeça.
Assim que saiu do salão, uma brisa fresca veio em seu encontro. Seu pai estava sentado conversando animadamente com outros adultos, e ele se viu obrigado a dar vários abraços e agradecer a presença de cada um. Saiu de fininho para a cozinha.
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N.A.: Não sei o que deu em mim para publicar esse capítulo agora. Não, eu não gosto desse capítulo, mas eu tinha que dar um jeito de vocês conhecerem a Ally, o Allan, a Anne e rever o Rony e a Gina! A parte que eu mais gosto está por vir. Primeiro agradecer a Flávia, muuuuito obrigada por todas as dicas e pela review! Vou empregá-las com muita alegria. Depois, a Lily Dragon, minha nova beta o/ e a Paula, por ter me deixado muitíssimo feliz x) . Obrigada mesmo a todos que lêem essa fic. Ah, o próximo capítulo será "Parabéns, Harry". E, sem mais nada a dizer, espero que vocês achem esse capítulo pelo menos decente.
