Disclaimer: Harry Potter e boa parte dos personagens não pertencem a mim, são propriedades da J.K. Rowling.

Sinopse: Tudo o que Harry mais queria era que Voldemort não tivesse entrado em sua vida. Aos poucos, ele descobre que isso pode não significar algo tão bom...

Cap. 7 – Quase Hogwarts

Harry acordou novamente por causa do sol forte que batia direto na sua janela. Como não havia cortina, a sua única opção foi despertar de vez e descer para comer alguma coisa. Se seu cérebro estivesse processando corretamente todas as coisas, admiraria a rapidez como tudo foi posto em ordem e limpo.

- E eu achei que era a única sonâmbula aqui... – bufou Rafa quando viu o irmão se arrastar cozinha adentro.

- Preciso de cortinas no meu quarto. Não agüento mais esse sol. – reclamou Harry.

- Estranho, porque você geralmente adora o sol de manhã.

Lily depositou as panelas na mesa, enquanto lançava um olhar surpreso ao filho.

- Que horas são?

- Meio-dia e meia.

- Ah. A carta de Hogwarts já chegou?

Tiago estendeu-a para Harry, que se esforçou o máximo para conseguir ler os nomes dos livros que teria aquele ano.

- Esse ano você eliminou Adivinhação. Algumas matérias serão bem reduzidas, como História da Magia e Herbologia, mas Transfiguração, Poções e Feitiços serão em tempo intensivo. – comentou Tiago.

- O Snape ainda dá aula de Poções? – perguntou ele, piscando os olhos com força.

- O Ranhoso não morre tão cedo.

- Tiago, pare de chamar o Snape de Ranhoso!

- Ah Lily, ele ainda é um idiota! Além do mais, nem está ouvindo se eu falo ou não mal dele.

- Você deveria ter mais respeito com os outros.

- Posso comer enquanto vocês discutem sobre o destino do Tio Ranhoso? – perguntou Rafa, mal-humorada.

Lily se virou para recriminar a filha, mas acabou desistindo. Em vez disso, serviu Mya (estranhamente calada até agora) e a si mesma. A conversa só penetrou na cabeça de Harry minutos depois, enquanto misturava o leite com chocolate. Então ele gostava de acordar com o sol batendo no rosto? E de onde surgira a idéia maluca de perguntar sobre Snape? Seus pais poderiam desconfiar de alguma coisa, manda-lo para o St. Mungus e no fim descobrir que o Harry que estava sentado ali era outro. O que eles fariam com ele se soubessem da verdade? Bateu a colher no pires e saiu da mesa repentinamente, assustando seus pais e irmãs. Subiu apressado aquelas escadas e se trancou novamente no quarto, na esperança que toda aquela luz o iluminasse realmente.

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Não, dessa vez não foi o sol que o acordara. Alguém estava praticamente esmurrando a porta. Harry levantou-se de um salto e foi abri-la.

- Filho, você está bem? Já está na hora do jantar e você dormiu o dia todo trancado aí!

Ele engoliu em seco, sentindo o remorso apoderar-se de sua mente outra vez.

- Desculpe, mãe, eu estava cansado e acabei dormindo demais. Esqueci de deixar a porta aberta.

Lily suspirou e observou atentamente o único filho. Por Merlin, quando ela dissera que o filho era danado não estava desejando que de uma hora para outra ele virasse praticamente um santo! Um mês de férias e nada de explosões no quarto, reclamações dos vizinhos, música alta... Nem parecia ser o mesmo de alguns meses atrás. Esses dias ela reparou silenciosamente nas atitudes do filho. Se seus olhos não estivessem pregando uma peça, poderia jurar que ele estava deslumbrado com sua vida. Sempre sorrindo, carinhoso com as irmãs e respeitando a ela e Tiago como nunca fizera. E a atitude com Sirius, então? Se ela achava que antes Harry o idolatrava, esse gesto passou a ser de amor. Talvez o marido tivesse razão, era só esperar e ele amadureceria.

- Então não se demore, estaremos esperando por você na cozinha. – e com um beijo na testa dele, saiu.

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A sensação de o tempo passar depressa é bastante conhecida. Infelizmente, ela não tem dó e não nos poupa nos momentos mais felizes das nossas vidas. E a cada dia que se passava, Harry amaldiçoava tanto o tempo, que demorara 15 anos para lhe devolver seus pais e agora que ele os tinha, fazia aquele mês durar apenas um segundo, um abrir e fechar de olhos. Sirius aparecera duas vezes, muito aborrecido por ter terminado seu "namoro" com Ana, a veela. Nesse meio tempo, porém, ele já contava a Tiago sobre uma moça que trabalhava no escritório de Animais Mágicos. Tiago e Lily voltaram a trabalhar ("Vida boa não dura para sempre", palavras do pai quando fora trabalhar segunda de manhã). Portanto, cabia a Harry a tarefa de cuidar das irmãs e da casa. Acordava com Mya pulando em cima da sua cama, descia para arrumar o café da manhã, lavava a louça com Rafa, dividia a limpeza da casa entre os dois. Emile aparecia todos os dias para fazer o almoço e comer com eles, depois ia embora trabalhar no Beco Diagonal, em Gringotes. O resto da tarde de Harry era monótono, geralmente ficava em casa deitado assistindo televisão ou ouvindo música. Algumas tardes ele saiu com as irmãs para tomar sorvete ali perto. Descobrira que morava num bairro onde a maioria dos seus habitantes eram bruxos, mas mantinham a aparência de casas trouxas por comodidade e por precisar esconder uma vez ou outra a magia dos trouxas que ali passavam. Dentro dele as coisas estavam confusas. Podia sentir uma alegria sem limites por tudo que estava acontecendo a ele, mas havia também um enorme vazio. Não sabia se esse vazio seria saudades de sua "vida passada", ou alguma outra coisa relacionada com o antigo Harry, tão misterioso e desconhecido que ele não conseguia conhece-lo mais a fundo. Como se fosse um ritual, todas as noites antes de dormir em seu quarto ele ligava o som e colocava o CD com as músicas mais melancólicas e se deitava na cama, deixando a melodia leva-lo para algum lugar em que os pensamentos não fossem necessários.

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O dia 1 de setembro não lhe trouxe a alegria excepcional de voltar a encontrar os amigos. Não que tivesse visto eles todo aquele mês. Ally e Lowell lhe mandaram algumas cartas, mas as respostas dele eram vagas e sem sentido. Ás vezes eles mencionavam algo sobre os anos anteriores, e que Harry era obrigado apenas a concordar e dizer que se lembrava com clareza. Tomou um banho mais demorado do que de costume, deixando a água levar consigo todos aqueles estranhos sentimentos sem sentido. Pelo menos naquele momento. Quando saiu do banheiro, sentiu alívio e o peso de seus ombros parecia ter diminuído. E foi com a alegria rotineira e o enorme sorriso no rosto que ele desceu as escadas com sua nova coruja, Alvin, um espécime particularmente curioso, com as penas douradas e olhos amarelos. Seu malão já estava na porta, somente esperando para embarcar.

- Que banho demorado! Vai acabar se atrasando. – bufou Lily, enquanto tentava oferecer ajuda a uma Mya determinada a comer mingau sozinha.

- Ainda são nove horas. Temos tempo de sobra. – comentou Tiago distraidamente enquanto lia O Profeta Diário.

O sorriso de Harry se ampliou, e ele começou a comer tranquilamente. No momento que o relógio marcou dez horas, ele praticamente foi arrastado da mesa por um Tiago levemente desesperado porque perdera o horário do serviço e ouvindo os gritos de Lily para que Rafa se apressasse. A viagem foi marcada por histórias do tempo dos Marotos de Tiago, e pelas repreensões constantes de Lily. Até que a casa dos Potter não ficava tão longe da estação King Cross, do contrário Harry teria perdido o trem para Hogwarts. Chegou consideravelmente cedo, faltando ainda 15 minutos para o embarque. Teve uma breve, porém intensa, despedida de sua família e enquanto atravessava a plataforma se perguntou se amanhã ele acordaria e não os teria junto de si de novo. A locomotiva continua a mesma, vermelha e com o brasão da escola estampado na frente. A estação estava cheia, e ele se conformou em puxar seu malão sozinho. Tentou passar despercebido, mas vários alunos vieram lhe cumprimentar enquanto não alcançava o trem. Parou por um instante, olhando ao redor depois de falar brevemente com Paulo Lewis (já era um começo, conseguiu lembrar o nome dele sem muito esforço) quando Ally apareceu, sorridente.

- Não agüento mais um segundo de férias. Ainda bem que estamos indo para Hogwarts.

- Férias muito ruins? – perguntou ele, limitando-se no assunto.

- De castigo, qualquer época do ano é ruim. Os meninos estão por aí?

- Não sei, cheguei há pouco.

Os olhos dele se fixaram atrás de Ally. Uma menina vinha atravessando a estação, e ele percebeu que não era o único que a observava. Alguns alunos lançavam olhares de desprezo a ela, e alguns comentavam abertamente. O rosto fino era semelhante ao de Ally, trazia os cabelos negros presos num nó e usava óculos escondendo os olhos escuros. A roupa parecia ter pertencido a alguém duas vezes maior que ela, porque se percebia o quão largas e desleixadas elas eram. Arrastava o malão de um jeito preguiçoso e o sorriso irônico a faziam parecer simplesmente ridícula diante do olhar de Harry. Ally, curiosa diante da atenção do amigo, virou-se para ver quem passava.

- Bon jour, chère soeur. – cumprimentou a menina, desdenhosa.

- Bon jour, querrida. – disse Ally, puxando o "r", sem emoção na voz.

Sem mais nenhuma palavra, a menina subiu no trem, enquanto os olhos azuis de Ally faiscavam atrás dos óculos.

- Ela está querendo me deixar com raiva, mas não vai conseguir. – bufou ela, estralando as mãos.

- Quem? – perguntou Harry, tentando se fazer de desentendido.

- Quem mais? A minha irmã querida, Amy.

Então aquela era Amy? Bem, parecia bem arrogante de vista. As palavras de Rafa o fizeram recordar que ele não se dava com a menina, de forma que o nojo sentido teve explicação imediata.

- Vamos para nossa cabine. Essa visão já estragou meu dia.

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Bon jour, chère soeur Bom dia querida irmã (embora eu não tenha certeza. Créditos ao tradutor que o técnico instalou no computador).

N.A.: Semana de provas falta de inspiração preguiça capítulo atrasado. Hihihi, desculpa gente. Eu sei que o Harry está meio melancólico, é que eu escrevi isso ouvindo My Immortal, então foi meio que inevitável. Bom, essa é a minha primeira fic publicada, porque antes dessa foram umas cinco ou seis tentativas diferentes... Mas eu agradeço muito aos elogios e as reviews: Karen13 (que me disseram que é uma ótima escritora), B.P., Crystin-Malfoy (eu te adicionei, você viu? Só que eu não falei porque você estava ocupada), Mateus Dumbledor, That Potter, Flávia (minha leitora mais fiel! xD ) e Henry Potter (claro que eu dou permissão! Mas só o prólogo, ok? E quero o endereço do fórum depois para eu ver!). E as pessoas que lêem e já mandaram reviews, também obrigada. Ainda estou escrevendo o próximo capítulo, "Presos na Cabine". Bom, "só" isso por hoje.