Disclaimer: Harry Potter e boa parte dos personagens não pertencem a mim, são propriedades da J.K. Rowling.

Sinopse: Tudo o que Harry mais queria era que Voldemort não tivesse entrado em sua vida. Aos poucos, ele descobre que isso pode não significar algo tão bom...

Cap. 8 – Presos na Cabine

Caminharam silenciosamente pelos corredores do trem, a procura de uma boa cabine (apesar de Harry ter visto várias). Ally, porém, parecia determinada a ir a algum lugar específico, de modo que ele não comentou nada. Quando Harry já estava para sugerir que eles ficassem em qualquer uma, chegaram a uma cabine localizada no meio do trem. Na porta estava escrito em letras prateadas HALA, uma provável sigla dos nomes dos quatro juntos, e abaixo um R.. Havia também uma plaquinha com os dizeres "Não entre, só perturbe se for necessário", escritos numa caligrafia caprichada e com letra fluorescentes, que brilhavam até mesmo no corredor bem iluminado. Ally abriu a porta animada, mas parou de chofre e Harry deixou seu queixo cair. A cabine já estava parcialmente ocupada, com um jovem loiro de olhos azul-acinzentados sentado tranquilamente.

- Acho que você não sabe ler, Malfoy. A placa diz para não entrar, a não ser que seja necessário. E a sua presença aqui é relevante.

Draco desviou os olhos da janela e os encarou, sorrindo ironicamente.

- Não se preocupe Black. Estou de saída, apenas estava querendo garantir os seus lugares.

Ally abriu a boca para retrucar, mas Draco saiu tão depressa que parecia ter sido apenas uma miragem.

- O que ele quis dizer com isso? – perguntou Harry, franzindo a testa.

- Sei lá, vai ver o sangue subiu ao cérebro dele. – respondeu ela, com um sorriso malicioso.

Eles arrastaram seus malões para dentro e os ajeitaram numa parte que parecia ter sido adaptada exclusivamente para isso. Aliás, toda a cabine estava modificada. O bagageiro estava cheio de doces e bombas de bosta, além de todos os outros artifícios para atormentar Filch que Harry conseguia achar possível. As poltronas estavam forradas de um tecido azul, com algumas almofadas. Tinha também um pequeno pedaço de madeira para as corujas, e Alvin ficou plenamente agradecido por sair da gaiola. Quando estavam se acomodando melhor, Lowell e Allan chegaram. Enquanto os três meninos se sentavam e começavam a conversar, Ally estava esvaziando o compartimento de "traquinagens".

- Hei, a gente demorou anos para juntar isso, sabia? – bufou Allan.

- Vocês só se esqueceram de um pequeno detalhe: temos que camuflar isso quando chegar a Hogwarts, já que o Filch vai revistar a nossa cabine e as nossas coisas a procura de algo suspeito.

- Eu tinha me esquecido... Mas ele com certeza vai notar essa mochila cheia, não é? – perguntou Lowell.

- É só fazer um fundo secreto, depois encher a bolsa de coisas inocentes... – opinou Harry.

Ally fez uma careta, e acabou por desistir do contrabandeio, uma vez que não havia como fazer um fundo falso na mochila.

- Malfoy estava aqui quando chegamos. Será que ele está aprontando alguma coisa? – perguntou ela.

- Ele não tem cérebro para aprontar nada conosco.

- Falou o intelectual, hein, Allan? – comentou Lowell, revirando os olhos.

- Eu não, você que é o cérebro do grupo. Apenas faço o serviço sujo.

- Se esqueceu que EU também faço isso?

- Não dá para comentar nada sério com vocês?

Lowell franziu a testa para uma Ally nada satisfeita, enquanto Allan deixava a boca aberta de surpresa.

- Desculpe, estou meio lerdo. A conversa era para ser levada a sério? – perguntou Lowell, meio inseguro.

- PAREM DE FINGIR, vocês sabem que eu não gosto disso!

- Também não precisa gritar bem no MEU ouvido, né? – bufou Harry.

- Ai, desculpa, não foi minha intenção... – desculpou-se Ally.

- Nunca é sua intenção gritar com a gente... – começou Allan.

- Nem nos deixar para trás... – Lowell aproveitou a idéia do amigo.

- Muito menos nos repreender por sermos quem somos...

- Poupem-me dessa conversa fiada, os dois. Vocês mesmos, Allan e Lowell! Sem essa cara, podem ir desmanchando...

Harry começou a rir. Quando Allan e Lowell se juntavam para aborrecer Ally ficavam muito parecidos com os gêmeos Weasleys, até a mesma cara de cachorro abandonado era idêntica nos rostos dos dois. Bocejou levemente, e como se fosse um gesto mecânico, puxou um apoiador de pés que fora instalado especialmente naquela cabine. Recostou-se e ainda sorrindo da bagunça que os três amigos faziam, dormiu.

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- Harry, acorda, temos que trocar de roupa!

Ele se levantou de um salto, o que deixou Lowell com uma expressão surpresa. Ally, que já estava vestida com as vestes negras e cinzas de Hogwarts, tentava ajeitar a gravata com as cores da Grifinória. Harry ergueu as sobrancelhas e Allan pigarreou, mas ela sequer se importou.

- Repito: vamos trocar de roupa. – Lowell também encarou a amiga, os braços cruzados.

- E daí? Ah, eu tive que sair da cabine para me trocar, façam o mesmo!

- Vamos perder o horário por causa da sua rabugentice. – bufou Lowell, enquanto dirigia-se para a porta.

Agora que estava mais acordado, Harry pôde ver o céu escuro, repleto de estrelas, e as paisagens indicadoras da proximidade da escola.

- Não está abrindo.

Ele voltou seu olhar para a porta, onde Allan se juntara ao outro amigo para forçá-la a abrir.

- Não abre. – ofegou ele, desistindo.

- Como assim, não abre? Você deve estar subnutrido, isso sim. – bufou Ally, indo até a porta e a forçando também. O que não deu nenhum resultado.

- Sabe, acho que estamos trancados. – suspirou Harry.

- Trancados? – exclamou Ally apavorada.

- É assim que a gente chama quando fica dentro de algum lugar que não tem saída. – ironizou Allan.

- Parem de discutir e venham me ajudar a abrir essa porta.

Do lado de fora, porém se ouviam risadas. Três distintas e fortes, para ser mais exato. Ally parou um segundo, como se refletisse.

- Ficaram presos na cabine?

Harry reconheceu imediatamente o tom arrogante e desdenhoso que aquela voz possuía, vinda do corredor.

- AMY SUA... – berrou Ally, socando a porta com tanta força que as paredes tremiam.

- Desculpe, chérie, não consigo ouvir nada. Ah, é claro, esqueci que Draco é excelente em feitiços. – mais gargalhadas.

- Viu? Eu sabia que Malfoy tinha alguma coisa estranha! – a raiva de Ally virou-se contra os três, os olhos azuis faiscando perigosamente.

- Ah, acabo de lembrar que já chegamos à estação. Acho que vou ter que deixa-los... À bientô!

- VOLTE AQUI AGORA! VOCÊ VAI SE ARREPENDER QUANDO EU PUSER...

- Ally, eles não vão nos ouvir. – lembrou Harry.

Nesse momento, ele teve medo dela. A expressão de fúria, as bochechas vermelhas e o brilho que os olhos azuis emitiam davam um aspecto sinistro a menina tão simpática que ela sempre fora (pelo menos desde que a conhecera). Allan também não estava nem um pouco feliz, a julgar pelo modo que esmurrava a porta. Lowell afastou o amigo e sacou a varinha do bolso.

- Somos bruxos, se esqueceram? Usem o cérebro, e a varinha.

Sorrindo orgulhoso, ele proferiu uma série de feitiços. A cada tentativa, forçava a maçaneta, mas nada deu resultado.

- Que grandes bruxos nós, não? – riu-se Harry.

- Vamos ficar trancados aqui! Ai, Merlin, eu não mereço tamanho sofrimento...

- Controle-se Ally. Eu não sabia que você era histérica nessas situações! – bufou Allan, chutando a porta com força.

- EU – NÃO – SOU – HISTÉRICA!

- Então pára de berrar bem no MEU ouvido! – aborreceu-se Harry, pela segunda vez naquele dia.

A morena inspirou muitas vezes antes de correr à janela para observar o trem enquanto ele parava na estação de Hogsmead.

- O pessoal está começando a descer. – bufou Lowell, correndo para a janela. – Talvez eles nos vejam aqui...

Ele começou a pular diante da janela, gritando a batendo no vidro.

- Eu acho que a Amy enfeitiçou a janela também. – comentou Harry diante dos resultados negativos. Os três amigos se desesperaram.

- Tem que ter um jeito de sair daqui. Vamos, todos pensando. – resmungou Allan, sentando-se no chão.

- E se a gente não sair? E se ficarmos aqui para SEMPRE??

- Ally, por Merlin, CALA ESSA BOCA! – berrou Allan, aborrecido.

Harry suspirou e caminhou até a porta. Durante o tempo em que os meninos se concentravam em tentar arrombar a porta e não conseguiram nada ele estava pensando em um meio de sair dali. Foi quando ouviu que os socos de Allan davam eco. Dobrou os dedos e bateu levemente na madeira.

- Se eu esmurrei a porta, com esse toque você não vai conseguir nada.

- Vocês têm que usar a inteligência, como disse o Lowell. – respondeu ele, vitorioso. – A parede é oca.

- E daí? – bufou Ally.

- Temos um estoque gigantesco de fogos de artifício, não?

Os olhares dos quatro se encontraram, todos ao mesmo tempo e expressando malícia. Lowell, que entendeu mais rapidamente a idéia do amigo, pegou vários dos fogos mais explosivos do estoque e os depositou na mão de Harry.

- É melhor encontrarem um lugar razoável para se protegerem. – advertiu ele.

Ally foi a primeira a arranjar um bom esconderijo, dando um jeito para ficar embaixo das poltronas. Allan guardou as corujas que estavam empoleiradas, enquanto Harry e Lowell se ocupavam de armar os fogos nas proximidades da porta. Depois se jogaram num canto muito apertado entre a poltrona e a parede. Harry, encolhido, tirou a varinha e murmurou um "Incendio". Uma explosão fez Harry fechar os olhos e tampar os ouvidos, enquanto um forte cheiro de fumaça invadia suas narinas. Depois de uns dois minutos contados mentalmente, ele abriu os olhos, piscando-os várias vezes.

- Allan, você disse que tinha comprado fogos, não bombas! – exclamou Lowell, levantando-se desajeitado atrás de Harry.

Ele tinha que concordar. Havia um buraco perto do chão grande o suficiente para eles passarem sem esforço. A fumaça já havia saído quase por completa e os pedaços de madeira caíam espalhados pela cabine e pelo corredor.

- Abre os olhos, Ally, ainda estamos vivos. – suspirou Lowell, cutucando a amiga.

- Ai! Isso dói, pára! – bufou ela, saindo debaixo da poltrona.

- Vamos logo, todo mundo já deve estar no castelo a essa hora. – lembrou Harry.

Ally foi a primeira a ir pelo buraco, bastando curvar um pouco o corpo para sair. Os três saíram logo depois, ansiosos para sair logo dali e comer a tradicional comida de Hogwarts. No corredor, porém encontraram mais um obstáculo.

- Tsc tsc... Eu sinto que vamos ter menos quatro estudantes esse ano.

Com um sorriso amarelo, os cabelos brancos curtos e o rosto mais magro, Filch estava parado no meio do caminho, os olhos brilhando de excitação.

- Acompanham-me já, e eu recomendaria a vocês uma ótima desculpa dessa vez.

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N.A.: Agradecendo (e muito) as reviews: B.P., Flávia (que me deixou empolgada para escrever sobre Hogwarts), Karen13 (eu ainda vou ler a sua fic...), Henry (taí um pouquinho de bagunça a mais), Paula (que fez a gentileza de betar esse capítulo) e a Lily Dragon (não quis incomodar você porque vi que estava fazendo trabalhos). Era para a Ally ter sido mais histérica, mas achei que ia enjoar vocês...

Ah, antes que eu esqueça: À bientô! Até logo! (se estiver errado, desculpem) e a sigla, óbvio, é dos nomes deles e o R é do Rony. E eu não sei se a cor dos olhos do Draco é azul-acinzentado, não lembro... --''

Próximo capítulo: A Nova Hogwarts.