Pausa para o Disclaimer... - Harry Potter e todos os personagens mencionados nos livros não são de minha autoria. ( eu não sei fazer disclaimer decente ¬¬ )

Cap. 12 – A Morte de Sherlock

Neville acordou no meio da madrugada, com a respiração tensa e completamente suado, mesmo com a brisa fria que entrava pela pequena fresta na janela. Levantou-se e saiu o mais silenciosamente que pôde do quarto. O Salão Comunal estava bem iluminado, graças à lua cheia, e silencioso. Mas não vazio.

- Também não consegue dormir? – perguntou Amy, virando-se no sofá para observá-lo.

- Outro pesadelo. – sussurrou ele, sentando-se ao seu lado.

Ela vestia um robe preto por cima do pijama, e tinha aninhado no colo seu gato de estimação, branco e de pêlos macios.

- Você já pensou que o destino é muito injusto com as pessoas?

- Já. Gostaria de poder esquecer, depois de tanto tempo, essa maldita guerra. Os pesadelos não param nunca, é como se isso ainda não tivesse acabado...

- Não faz tanto tempo assim... – murmurou ela, agarrando-se com mais força a seu gato, os olhos castanhos enchendo-se de lágrimas, alheia às últimas palavras dele.

Neville engoliu em seco, e começou a encarar o chão, tentando pensar em algo que não fosse os corpos de pessoas mortas vistos constantemente em sua cabeça.

- Faz seis anos. – ela voltou a murmurar, deixando algumas lágrimas caírem pelo rosto.

- Ah, não vai chorar agora Amy... Vamos lá, tente esquecer isso... – suspirou Neville, tentando consolá-la, mesmo com o nó que se formara na sua garganta.

- Não dá, não dá... É como se estivesse colado na minha frente, sabe?

- Sei. Talvez eu saiba melhor que você como é...

- Me desculpe, Nev, me desculpe mesmo... Boa noite.

Amy deu um beijo na bochecha dele e subiu as escadas, o ruído leve dos pés descalços pressionados contra a madeira acompanhando todo o seu percurso. Neville tentou reprimir as lágrimas, que vinham para tentar amenizar a dor inexplicável sentida dentro de si. Como uma faca penetrando levemente em seu coração.

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O despertador tocou com força no dormitório dos alunos do 6º ano naquela sexta-feira. Allan se levantou de um pulo, e deixou o aparelho apitando para acordar os demais. Lowell levantou-se, pegou o livro mais grosso que conseguiu e jogou com vontade em cima do despertador, que soltou um último silvo irritante antes de suas peças pararem. Xingando baixo, ele também se retirou para o banheiro. Harry, porém, continuou se revirando em sua cama, absorto em sonhos sem sentido, envolvendo figuras negras que se moviam com rapidez.

- Harry! HARRY! Estamos atrasados, acorda logo!

Demorou alguns segundos para ele entender que não estava mais sonhando, mas mesmo assim Allan jogou um pouco de água fria em seu rosto para que ele despertasse mais rápido.

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- Estava tendo pesadelos? – perguntou Lowell, enquanto tomavam café da manhã.

Harry ficou um minuto em silêncio, tentando pôr alguma ordem em seus próprios pensamentos. Tentou se esforçar o máximo para lembrar exatamente dos sonhos, ou pesadelos, daquela noite, mas em resposta só recebeu uma dor de cabeça.

- Não lembro. – gemeu ele, esfregando a têmpora.

- Você ficou se remexendo a noite inteira, mas tive medo de acordá-lo... – respondeu Rony, erguendo os olhos para encará-lo.

De repente, Harry se sentiu como se estivesse voltando no tempo. Os quatro pararam de comer para encará-lo, como Rony e Hermione faziam quando ele reclamava das dores na cicatriz... Uma profunda saudade começou a invadi-lo.

- Ah pessoal, deve ter sido só um pesadelo... – disse ele, começando a se sentir envergonhado.

Como se estivessem se dado conta de que estavam observando-o, eles voltaram a comer, murmurando desculpas.

- Você sempre teve uma memória boa, Harry, mas ultimamente anda tão esquisito... – comentou Ally, ainda olhando-o com atenção.

- Não se preocupe, as coisas vão melhorar. – respondeu ele, sorrindo e desviando o olhar. – Aliás, falando nisso, acabei de me lembrar de que preciso ir até a biblioteca, com licença...

Ally continuou acompanhando-o com o olhar até ele desaparecer pela porta do Salão Principal. Para Harry, aquela noite tinha sim lhe deixado uma certeza: ele precisava descobrir o que havia acontecido com Voldemort. Não queria ser pego de surpresa, e nem se arriscar a perder aquela nova oportunidade de viver. Madame Pince já estava na biblioteca, tirando o pó de alguns livros velhos. Harry passou direto por ela, indo à seção de História. Jogou a mochila na mesa mais próxima e começou a ler título por título, a fim de achar algum que servisse. Seu olhar se deteve em um exemplar de capa azul marinho, com aparência de ter sido publicado recentemente e intitulado "Tom Riddle – O Caos Provocado Pelo Maior Bruxo das Trevas de Todos os Tempos". Retirou esse da estante e foi até a bibliotecária para que ela autorizasse o empréstimo.

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A aula de História da Magia continuava a mesma coisa. Ainda não percebendo a sua morte, o professor Binns continuava a falar sobre a história do mundo mágico, num discurso maçante que colocava toda a turma para dormir em cinco minutos. Harry parecia o único atento à explicação, prestando tanta atenção quanto Hermione. Sorriu para si mesmo, imaginando a cara que a amiga faria se visse esse verdadeiro milagre. O fantasma – professor pigarreou (embora ninguém tivesse se importado com esse gesto) e continuou a falar sobre as desavenças entre humanos e seres mágicos. Harry suspirou e reclinou-se na carteira, certo que o assunto não iria ultrapassar o tema central. Abriu, sem nenhuma discrição, o livro e começou a lê-lo. Procurou seu caderno, e com o tinteiro na mão começou a fazer anotações sobre a leitura.

"Não sei se ler esse livro está esclarecendo minhas dúvidas ou apenas bagunçando mais minha mente. Pelo menos, é certo que Voldemort existiu. Mas se isso está escrito no passado, significa que ele já morreu? Bom, isso está confuso. A profecia diz que apenas um de nós sobreviveria no final – e eu estou aqui. Será... será que eu o matei? Faz muito tempo que não penso sobre isso, a última vez foi quando o professor Dumbledore me contou – e ele não está mais aqui para esclarecer minhas dúvidas – da profecia. Como é matar alguém? Algumas pessoas matam apenas por prazer, e fico me perguntando se elas não ficam com remorsos cada vez que pensam no assunto. Cada morte mexe com a vida de muitas pessoas, todos nós estamos ligados por algum laço. Mesmo que fosse necessário matar Voldemort, não sei se me sentiria bem com isso. Tenho que mata-lo por uma espécie de obrigação, não porque eu quero. E é apavorador saber que o destino de muitas vidas está nas minhas mãos, no tanto de pessoas que acreditam ser eu o salvador do mundo (sem exageros)."

"E Hermione? Fico sempre imaginando onde ela está a cada momento. Quando levei uma bronca da professora Sprout por não ter cuidado direito das plantas, ainda a pouco, ela não estava lá para me recriminar. Mas de longe a ausência dela mexe tanto comigo quanto mexe com Rony, apesar dele aparentar nunca ter conhecido Mione. Está mais calado, pensativo e infeliz – parece que discutir com Hermione é uma das coisas que mais o motivava a ficar alegre – antigamente, quero dizer. Não estou reconhecendo o meu melhor amigo. Talvez Mione seja mais importante para ele do que realmente eu esteja querendo enxergar."

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A maior parte dos alunos do 6º ano da grifinória estava sentada na frente da lareira do Salão Comunal, divididos entre fazer os deveres ou simplesmente deixar o tempo passar. Lowell saíra ainda há pouco, dizendo que tinha um compromisso importante, mas não o revelando nem quando os amigos insistiram. Ally se chateou, e subiu ao seu dormitório para pegar o Mapa do Maroto e descobrir o que ele estava fazendo. Harry, deitado tranquilamente no chão, acompanhou com o olhar ela voltar, não com o mapa, mas com um envelope em mãos.

- Ele pegou o mapa! – bufou ela, sentando-se ao seu lado. Allan e Rony se aproximaram.

- De quem é essa carta? – perguntou Harry, sem levantar-se do chão.

- Não sei, estava presa a uma coruja lá no dormitório. Ah, é em francês. – comentou amargamente, virando o envelope – É da Amy, claro, de uma tal de... O quê? Ah sim, Hermione Granger. Que nome estranho!

Harry sentou-se no mesmo instante que Ally começara a pronunciar aquele nome. Não, isso seria extremamente bizarro! Como Mione podia não conhecê-lo, e ser amiga de Amy?

- Hermione Granger? – perguntou ele, atônito.

- É. Você conhece?

- Não... Será que eu posso ver a carta?

- Fique a vontade, depois a gente sela o envelope de novo.

Ele reconheceu a letra fina e redonda de Mione. Abriu com cuidado, procurando não danificar o envelope, e tirou de lá uma folha de papel. Escrita toda em francês.

- Ne vous inquiétez pas, vous savez comment décider le meilleur pour vous... – tentou ler Allan, arrancando gargalhadas de Rony pela pronúncia mal feita.

- Ally, você sabe traduzir isso? – perguntou Harry, baixando a carta para evitar que os amigos vissem como ele estava tremendo.

- Não, só sei um pouco de alemão, desculpe.

- Bom... Vou guardar esta carta, talvez alguém consiga traduzir. – suspirou ele esperançoso, colocando-a dentro do bolso.

- Não demore, Amy pode desconfiar de alguma coisa. – comentou Rony.

Harry sorriu, enquanto Allan mudava o assunto. Sua mente já estava longe, pensando em como estaria Mione vivendo como francesa, quando forçou sua imaginação a parar. Ally agora estava com um grande pacote de sapos de chocolate, e estendeu para oferecer a ele. Harry pegou um sorrindo, e parou um instante. Sherlock, o gato branco e peludo de Amy, tentava abrir a bolsa de Ally, arranhando o zíper.

- Ei! Sai daí, chispa! – exclamou ela, fazendo um movimento com as mãos.

Em resposta, Sherlock apenas se aproximou do grupo, deitando sobre as patas e encarando Ally com seus olhos azulados, expressando desconfiança e ao mesmo tempo determinação.

- Ah, saaiii gatinho...! Fora, anda!

À medida que Ally tentava expulsa-lo dali, ia abanando a mão, que estava segurando seu sapo de chocolate. Sherlock acompanhava o doce indo de um lado para outro.

- Ah, quer um docinho? – perguntou ela, maldosamente.

- Ally, doce para gato? Não inventa... – comentou Allan.

- Vai fazer mal para ele. – concordou Rony, e Harry assentiu com a cabeça.

A morena ignorou completamente o que eles disseram. Pegou um sapo de chocolate do pacote e começou a balançá-lo em cima do gato, que voltou a acompanhar o movimento com o olhar. Então, com um gesto abrangente, jogou o doce perto das poltronas, onde Gina estava lendo. Ela ergueu os olhos para ver o que acontecia, e seu olhar se encontrou com o de Harry.

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- Ainda tentando traduzir isso?

Harry ergueu os olhos para Allan, enquanto ele se sentava ao seu lado na grama. O sábado amanhecera sem muito sol, com brisas leves. Ally acordou muito animada, e arrastou os amigos para o jardim, em baixo de uma árvore que proporcionava uma sombra deliciosa. A terra estava coberta de uma grama muito verde, e a maioria dos alunos parecia estar aproveitando o dia fora do castelo. Lowell arrastara seu travesseiro junto, e dormia a sono alto, mas era um mistério para os outros o que ele fizera na noite passada.

- Eu não entendo um pingo de francês. – suspirou Harry derrotado, dobrando a carta.

Allan riu e sacudiu a cabeça, enquanto Rony tentava recostar-se no travesseiro de Lowell sem acordá-lo.

- Dia monótono. – suspirou Ally. – Não podemos mesmo aprontar alguma coisa?

- Não. – responderam os três meninos em uníssono.

Ela bufou e abraçou os joelhos, cantarolando uma música. Harry sorriu e de forma inconsciente, começou a cantar também. Estava tão distraído e distante que não percebeu quem chegava.

- Ally! – berrou uma voz estridente, tirando-o de seus devaneios.

Amy vinha andando muito depressa, os cabelos negros mais bagunçados do que o normal e os com os olhos avermelhados, mesmo que os óculos os encobrissem. Ally se assustou ao ver seu nome ser chamado assim, levantando rapidamente.

- Que é? – perguntou ela, aborrecida.

- Você matou o meu gato!

Até Lowell, que estava dormindo pesadamente, acordou ao ouvir essa frase ser berrada. Amy agora estava parada, encarando a irmã com um olhar de profundo ódio, acompanhada de perto por Gina e Melina, e alguns curiosos que já observavam excitados o escândalo que certamente se seguiria.

- Eu nem trisquei no Sherlock! – exclamou Ally, boquiaberta, e procurando algum apoio nos amigos. – Você está é querendo colocar a culpa em cima de mim!

Harry não emitiu nenhum sinal de concordância, porque sabia que não era bem verdade. Os outros também permaneceram impassíveis.

- Não mente, todo o salão comunal viu você alimentando o meu gato com sapos de chocolate!

- Que culpa eu tenho se ele praticamente pediu pelo doce?

- Culpa nenhuma! Ele só não está acostumado a comer isso! Como a maioria dos gatos, sua tonta!

Lowell olhava com curiosidade a cena, mas Harry (e provavelmente Allan e Rony também) já percebera a gravidade da situação. Na noite anterior, para afastar Sherlock, Ally ficava jogando sapos de chocolate para longe para que ele se mantivesse distante. Passado algum tempo nessa situação, ela começou a se divertir e gastou uma caixa inteira com o gato. Claro que isso não teria feito muito bem. Ally engoliu em seco.

- Hei, e quem disse que ele morreu por causa dos doces? Ele estava velho, podia ter acontecido outra coisa...

- Ele não tinha UM problema de saúde! Além de eu ter a confirmação do professor de TCM!

- Era o seu gato que me estava perturbando! Estava me seguindo há tempos!

Os alunos iam se aproximando cada vez mais, mas ninguém procurava interferir na briga. Allan olhava de uma para outra, mordendo os lábios, e sussurrou para Harry:

- Isso não vai acabar bem...

Harry apenas acenou positivamente com a cabeça.

- Ele estava te seguindo? – perguntou Amy, se esquecendo de gritar por um minuto. Ally pareceu interpretar isso como um ponto favorável a ela.

- Desde o momento que estava no Salão Comunal. – respondeu ela, sentindo-se um pouco mais confiante.

- Ah, então está tudo explicado... VOCÊ PEGOU MEU DIÁRIO!

- Claro que não! – engasgou-se Ally.

- Como você pôde? Será que não tem mais nenhum escrúpulo, sua...

Mas para Harry toda aquela discussão já estava passando do limite. Amy começou a gritar com mais força do que antes, o que fez os meninos se levantarem para impedi-la de ir para cima de Ally. Harry também se levantou para tentar ajudar, mas foi pressionado para continuar sentado por causa de uma forte dor de cabeça. Os olhos dele se arregalaram involuntariamente, enquanto levava as mãos à cabeça para conter as informações que apareciam do nada.

Era uma noite bem alegre. A casa estava repleta de pessoas, comidas e bebidas. De fato, quem olhasse para a casa dos Potter naquela noite de Natal jamais poderia pensar que o mundo bruxo estava no meio de uma guerra. Mas todos prometeram não lembrar disso, pelo menos naquele momento. Já passava da meia noite, e aos poucos os convidados iam se retirando. Um Harry de dez anos estava sentado no banco encostado a parede, no corredor. Rafa estava deitava em seu colo e Ally apoiava a cabeça em seu ombro, as duas dormindo profundamente. Ele mesmo já estava sentindo as pálpebras pesarem. A única pessoa no corredor que parecia completamente desperta era Amy, que estava há muito tempo na janela, olhando a neve cair pelos jardins. Harry não falava nada, mas às vezes tinha a impressão de que ela era apenas uma pintura, de tão imóvel e concentrada que estava. Do salão ouviram-se gritos e vozes altas. Harry esforçou-se em ficar de olhos abertos. Eram vozes conhecidas, então não parecia haver mais nenhum problema. Passados alguns minutos, Lílian abriu a porta que dava para o corredor e encarou-os. Seus olhos verdes tinham manchas vermelhas, e ela parecia um pouco trêmula.

- Lia, querida, o que você está olhando tanto?

Agora ele tinha certeza de que algo estava errado. Não pelo apelido, sua mãe não gostava de chamá-la de Amy (talvez por ser o anagrama de Mya), apenas de Lia, simples e mais simpático. Mas o tom de voz que Lílian usou era incomum. Trêmulo, macio, gentil e pesaroso, tudo isso ao mesmo tempo. Amy demorou algum tempo até finalmente se desencostar da janela.

- Sim tia Lily?

Harry pôde ver perfeitamente sua mãe engolindo em seco. Ela abriu a boca diversas vezes até parecer achar a frase apropriada.

- Está olhando a neve?

- Não, estava só esperando.

- Quem? – e havia muito tremor nessa simples pergunta.

- Meu pai.

Demorou alguns segundos para que Harry entendesse a quem ela estava se referindo. Não era a Sirius, Amy nunca demonstrara gostar muito dele. Só chamava de pai e Remo Lupin, seu padrinho, e a pessoa que ele mais confiava e gostava no mundo. Desde pequena era ele quem a levava ao colégio, para passear, comprava presentes (sempre que possível) e fazia os mimos que ela desejasse.

- Remo? – corrigiu Lily.

A essa altura a mente super ativa de Harry já estava trabalhando. Sua mãe gostava de ser direta e clara, e aquele enrolação toda escondia alguma coisa terrível – e ele já temia saber o que era.

- É. Ele não vem?

A porta se abriu mais uma vez e Tiago saiu, segurando dois embrulhos. Deu um a Lily, com apenas uma troca de olhares, e veio em sua direção.

- Filho – sussurrou ele – tio Remo mandou esse presente para você.

Olhando de perto o rosto dele, percebeu o caminho que algumas lágrimas tinham feito, os olhos estavam mais avermelhados do que os de Lily. Tiago começou a falar baixinho, para que apenas ele ouvisse, sobre as pessoas que sempre permanecem no coração. Harry já conhecia de cor aquela história, mas só quando as palavras de Lily ecoaram mais altas foi que ele tomou conhecimento de aquilo era sim real.

- Ele não vem? – repetiu Amy, segurando o presente com tanta força que o papel começava a se dilacerar.

- Houve um imprevisto, Lia...

- Para sempre? – ela perguntou, com uma estranha voz rouca e lágrimas reprimidas nos olhos.

- É querida. Ele não vem mais, nunca mais.

Ally também ficara bastante chocada com a notícia, afinal Remo tratava-a do mesmo modo paternal que a irmã. Emile estava em casa, não agüentara o choque. O enterro continha poucas pessoas. Lílian só permitira a ida de Harry porque o considerava maduro o suficiente para encarar a situação, embora por dentro o coração dele estivesse se rachando em pedaços. Quando a última pá de terra foi jogada em cima do lugar onde Remo fora enterrado, Lily arrastou a família para longe, enquanto Tiago e Sirius conversavam em voz baixa. Amy passou correndo por eles, sem notá-los. Segurava um grande buquê de rosas brancas numa mão e na outra um gato pequenino, branco e peludo. Ajoelhou-se em frente ao túmulo.

- Oi pai. Mamãe não pôde vir, então mandou que eu comprasse elas flores. Viu? Rosas brancas, as nossas preferidas. Eu só vim... Dizer que te amo muito. – As lágrimas rolavam pelas bochechas – E que sempre vou pensar em você. Agradeço muito o presente. Vou chamá-lo de Sherlock, não sei o porquê, mas gosto desse nome. E eu prometo que não vou deixar nada, nada acontecer com ele... Porque ele é a minha última lembrança sua...

- Amy? – Sirius espantou-se de ver a pequena ali, ajoelhada no túmulo e falando compulsivamente ao mesmo tempo em que chorava. – Quando você chegou? Vamos para casa, por favor. Não vai fazer muito bem para você ficar nesse cemitério.

- Harry, você está bem?

Aos poucos a visão de Harry foi voltando ao normal, mas ele estava tão chocado e triste que não conseguiu pronunciar uma palavra. A briga parecia ter sido controlada, não havia mais ninguém nos arredores. Apenas um emaranhado de cabelos ruivos com olhos de chocolate, que o observavam preocupados.

- G...Gina? – perguntou ele, segurando as lágrimas. "Aquilo foi um pesadelo?"

- Ah, você não está nada bem. – suspirou ela. – Vamos sair daqui.

- Não, eu... O que aconteceu aqui?

- Bem, pelo que pareceu, o diário de Amy tinha sido roubado. Só que ela pediu ao gatinho dela, o Sherlock, que seguisse o ladrão... Só que quem pegou o diário foi a Ally, então... Você sabe o que aconteceu.

Ele passou as mãos no cabelo, suspirando frustrado. Antes rir de Amy se descontrolando pela morte do gato do que saber a afeição que ela possuía por ele e o quanto estava sentindo o acidente.

- Eu acho que sei como ela se sente. – disse Gina.

- Sabe? Como?

Harry começou a sentir meio desconfortável com a proximidade deles. Gina estava bem ao seu lado, e enquanto Harry a observava atentamente, ela se virou, roçando seus lábios nos dele.

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N.A.: Bah, eu não sei escrever cena de beijo... Então interpretem como quiserem  x) Desculpem a demora, estava cheia de problemas (o que inclui computador estragado)... Agradeço às reviews, muito mesmo. Sobre esse capítulo, pode parecer sem sentido, mas é um dos que eu menos demorei a escrever e provavelmente é o que mais gosto. Bia Mel, não deu mesmo para esperar, desculpe...

Aaaahhh, sim, a Mione... Bem, vamos resolver essa história nos próximos capítulos. E se eu não me engano, o 13 vai mostrar como o Harry foi parar nesse "mundo alternativo" e uma pequena continuação do capítulo anterior.