Título: Exceção às Regras

Autora: Lira McKinnon

Época: Marotos (siiim... mim gostar dos Marotos...)

Spoilers: Hmmm, sei l�, acho que os livros três e cinco.

Disclaimer: Ok, eu como sopa de entulho, JK se entope de foi gras(é assim que escreve?); eu bebo água da torneira, Jo nada no champagne francês; eu pago pra rabiscar, ela ganha milhões pra escrever. Espero sinceramente que eu não tenha que esfregar na cara de ninguém aqui que eu NÃO sou dona de Harry Potter e os personagens relacionados, certo? Sim, foi o que eu pensei. A única coisa que me pertence é a cor do cabelo da Annie. ��' E um ou outro figurante, além da personagem principal.


N/A1: Só pra avisar, alguém que por falta de ter alguma coisa pra fazer está lendo essa joça, fique sabendo que as atualizações provavelmente serão mensais. Sim, sou preguiçosa. Não, mas falando sério, mudei de escola e de curso, estou às voltas com o curso de informática e o bendito de inglês, e ainda tenho que dar uma de dona de casa. Portanto, atualizações mensais. Falou?

N/A 2:Ah, t�, eu queria também pedir que, se alguma alma caridosa está lendo isso (com os cotovelos sobre a mesa, numa tentativa de deixar sua leitura menos enfadonha), por favor, avisem-me que leram! Nem que seja pra dizer que essa fic não presta nem pra usar como papel higiênico! Quero reviews, pelo amor de todos os santos.


CAPÍTULO I – Viagem Turbulenta

Ela já estava atrasada. Cerca de cinco minutos atrasada. Se continuasse assim, perderia o trem, e então, adeus, Hogwarts. Maldito David. Ele ainda iria pagar. Mas não agora, pois agora ela tinha que correr.

Os solados pesados das botas negras soavam altos ao bater no piso de pedra da estação. E ali estava a barreira. As rodas do carrinho no qual carregava um enorme malão e uma espécie de cesto de vime rangiam. Ela sequer diminuiu a velocidade da corrida, apenas desembestou para a barreira entre as plataformas nove e dez. Surpreendentemente, não bateu de frente com a parede de tijolos, e sim, a atravessou.

- Annie! Eu já estava ficando preocupada! – uma alegre voz feminina soou próxima aos seus ouvidos. Ela ergueu-se do chão, onde tinha caído ao atravessar, com malão e tudo. O cesto de vime chacoalhava violentamente.

- Ah, Lily, que bom! Eu achei que tinha perdido o trem. Se isso acontecesse, Dave iria ficar careca permanentemente. – respondeu Annie, de mau humor.

A garota que havia lhe dirigido a palavra ajudou ela a se levantar. Tinha os olhos muito verdes, e os cabelos espessos e ruivos batiam nos ombros. Annie levantou-se e arrumou o malão em cima do carrinho, ajeitando também a cesta que continuava a vibrar.

- Cadê a Jade? Não acredito que ela ainda não chegou! – perguntou à ruiva

- Não, Jade está se despedindo dos pais. Olha l�! – Lily apontou para a esquerda, e Annie conseguiu focalizar os olhos em uma garota de cabelos negros e lisos, que abraçava uma mulher alta. Correndo os olhos pela multidão, logo ela reconheceu alguém. Uma pessoa que estaria em maus lençóis. Começou a andar a passos firmes, altiva, na direção do próprio olhar.

Lily não a viu se mover, pois ia correr para abraçar uma outra garota morena que aparecia entre as muitas pessoas.

A menina se aproximava cada vez mais, e, quando estava a cerca de cinco metros do enorme trem vermelho, berrou a plenos pulmões.

- DAVID! – várias cabeças se voltaram para ela. Inclusive a do seu meio irmão.

- Sim, Ann? Algum problema? – perguntou um rapaz bonito, de cabelos castanhos espessos e lisos, cortados à altura das orelhas, fazendo com que a franja cobrisse parte das sobrancelhas. Os olhos verde metálico do menino faiscaram na sua direção. Sua voz estava carregada de sarcasmo.

- Vou lhe dizer qual é o problema, Dave. – Murmurou a garota - Talvez você me trancar num armário de vassouras junto com um vampiro homicida seja considerado um pequeno problema.

Annie estava agora muito perto dele, um dedo encostado no peito do irmão, a outra mão agarrava a gola de sua camiseta e seu rosto estava quase colado ao dele. Ela inclinava a cabeça ligeiramente para cima, pelo fato de ele ser um pouco mais alto, e murmurava raivosamente, quase não mexendo os lábios. As costas de David já estavam prensadas contra o trem. Ele segurou os pulsos dela com força, e a afastou de si alguns centímetros, em seguida, ele também se desencostou da locomotiva vermelha.

- Bem, maninha, parece que você não apreciou minha tentativa de te tornar mais sociável. Admiro-me você não ter se dado bem com um exemplar da própria raça. Achei que vocês, seres sem cérebro, se confraternizassem sem maiores problemas... – ele sorriu maldosamente, e apertou os pulsos dela com mais força.

- Olha aqui, ser asqueroso, não pense que vai ficar barato não. Aquela coisa quase me matou – agora ela tentava se livrar das mãos do irmão, que, embora ela não admitisse, já machucavam muito seus pulsos, e ela já sentia os dedos dormentes.

Uma pequena rodinha havia sido formada em torno dos dois, e todos olhavam curiosos, na expectativa de uma briga antes mesmo do ano letivo começar. De fato, David agora largara a irmã, e ambos puxaram as varinhas, ficando frente a frente. David fez-se ouvir novamente.

- É uma pena que não tenha feito o serviço direito. O mundo teria sido livrado de uma traidora da própria raça. – ele agora cuspia as palavras, a voz carregada de ódio.

Annie já ia lançar um feitiço, quando uma voz os interrompeu.

- Ora ora, o que está acontecendo aqui? – Um rapaz alto, de cabelos negros caindo sobre os olhos e um porte esguio, abria caminho pela multidão, até parar perto dos dois. – Já dando seu showzinho, Hells? Sua irmã não é uma boa vítima pra isso.

- Fique fora disso, Black. – rosnou David, a varinha ainda apontada para Annie.

Lily agora também se esforçava para chegar até o foco da confusão. O menino de cabelos negros aproximou-se de Annie, segurando seus ombros por trás e murmurando em seu ouvido.

- Vamos, você não vai querer levar uma detenção por pouca coisa. Não dê ouvidos a ele. Não perca seu tempo. Seja direta. – dito isso, ele puxou a própria varinha e disparou um feitiço contra David; o garoto, porém, foi rápido e desviou, já abrindo a boca para atacar Black. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Lily o deteu, apontando a própria varinha para seu peito.

- Vamos l�, Hells, sou monitora, e adoraria te dar uma detenção se você não baixar a varinha agora.

David deu um largo sorriso cínico, e ergueu uma sobrancelha.

- Acha que uma sangue-ruim como você pode me dar ordens, Evans? Você não passa de uma nerd metidinha, que acha que o mundo gira ao seu redor, porque conseguiu sabe-se lá como ser monitora dessa sua casa de sangue-ruins nojentos e amantes de trouxas. Você é repugnante, trouxa. Ponha-se no seu lugar, que é o estábulo, junto com as outras vac...

David fora violentamente prensado contra a parede do Expresso, e agora era levantado pela gola da camisa por um rapaz visivelmente raivoso, berrava com ele num tom que denunciava toda a sua cólera.

- NUNCA, NUNCA MAIS XINGUE A EVANS NA MINHA FRENTE, HELLS, A NÃO SER QUE QUEIRA ESTAR A SETE PALMOS DO CHÃO! ESTÁ ME OUVINDO, COBRA MISERÁVEL?

- Potter! Largue-o agora, por Merlin! – Lily disse, as duas mãos na cabeça em atitude de desespero.

O sorriso de escárnio não abandonou o rosto de David, apenas tornou-se maior conforme o rapaz gritava com ele.

- Ainda não cansou de ser rejeitado, Potter? A sangue-ruim parece não querer nada mesmo com você. Não tiro a razão dela, veadinho.

Potter obviamente preparava-se para berrar novamente, seus olhos lançavam faíscas, porém, antes que pudesse esboçar qualquer reação, o sorriso afetado de David atingiu seus olhos frios, e, mesmo prensado contra o trem, ele murmurou com uma calma irritante.

- Acho que sua linhagem podre termina aqui, Potter. – no segundo seguinte, o "defensor" de Lily estava ajoelhado no chão, largando todo o tipo de xingamentos existentes contra David, que, aparentemente, havia lhe acertado uma bela joelhada no meio das pernas, e agora voava em direção à sua varinha caída.

- Impedimenta! – Lily berrara o feitiço contra David, que caiu de costas no chão, impossibilitado de se mexer.

A ruiva podia ter usado muitos argumentos para acabar com a briga em pouco tempo, mas resolveu usar o que teria efeito imediato.

- Vocês vão continuar brigando e perder o trem? – ela apontou para o enorme trem vermelho, que já fazia o característico barulho das engrenagens funcionando.

Annie olhou em volta; realmente, agora as pessoas assistiam a briga das janelas do trem; na plataforma sobraram só ela, Lily, Black, Potter (ainda ajoelhado com uma expressão sofrida e murmurando pragas), e dois garotos, um deles da altura de Potter, de olhos caramelo e cabelos rigorosamente da mesma cor, e um outro baixinho e gordo, com cara de rato e os cabelos ralos de um loiro acinzentado. David já agarrara o próprio malão e saltara para dentro do trem, não sem antes dizer um sarcástico "Nos vemos em Hogwarts, maninha!". Black ajudava Potter a se levantar, enquanto o garoto de cabelos caramelo ajudava Lily com o malão. Annie arrastou o malão até o trem em funcionamento, e o rapaz que ajudara Lily ofereceu também ajuda.

- Obrigada, Remo – agradeceu Annie, sorrindo.

- Não por isso. – ele disse, displicente – Você e Lily já têm uma cabine?

- Ah, eu sim, Remo, tenho que ir ao vagão dos monitores, passar as instruções aos mais novos. Aliás, você também tem que aparecer pra fazer a ronda. – disse Lily rapidamente, puxando o malão para o outro extremo do trem. – E depois – ela acrescentou com um tom ácido – eu prefiro casar-me com um trasgo a viajar na mesma cabine que o Potter.

Potter, que estava andando de um jeito cômico, as pernas arqueadas e bambas, apoiado por Black, virou-se depressa, indignado.

- Evans! Eu corro o risco de ficar inválido permanentemente por tentar defender você daquele filho-da-mãe cínico e é assim que você me agradece! – ele disse num tom quase choroso, passando a mão nos cabelos negros, fazendo-os ficarem ainda mais arrepiados.

- EU POR ACASO PEDI PRA VOCÊ ME DEFENDER, POTTER? NÃO, NÃO PEDI, E AQUELE CHUTE FOI MUITO BEM DADO, POR VOCÊ SER METIDO E ENTRAR NA BRIGA ALHEIA! – Lily agora se esquecera totalmente que era monitora-chefe, e largara malão e tudo para berrar com Potter.

Repentinamente um forte solavanco fez todos irem ao chão; caindo uns por cima dos outros.

- Acho... acho que o trem tá andando... – murmurou Remo desnecessariamente, caído sobre o malão de Annie.

- É melhor irmos para as cabines. – disse Lily, constrangida por ter o garoto baixo e gordo jogado sobre suas pernas.

- Annie, eu sei que sou lindo e gostoso, mas dava pra sair de cima e deixar a sessão agarramento pra mais tarde? – disse uma voz sob o corpo de Annie.

A garota olhou para baixo, dando de cara com Black. Obviamente ela havia despencado sobre ele e não percebido.

- Sirius, se um dia eu encontrar alguém com um ego maior que o seu, será realmente um milagre. O que lhe faz pensar que você é lindo e gostoso, hein? – ela disse, em tom de conversa, ainda sem se mover.

- Hm, a população feminina de Hogwarts acha isso. Aliás, acho que é a população feminina mundial. Os suspiros quando eu passo não me são desconhecidos. Bem, talvez o fato de você não estar querendo desgrudar-se de mim também queira dizer alguma coisa. – respondeu ele no mesmo tom.

Ela apenas bufou e girou os olhos para cima, pondo-se de pé.

- Até depois, Annie, e por favor, não procure a cabine das garotas agora, se você arranjar mais confusão, uma bela detenção vai ser inevitável. E Remo, não se esqueça da ronda, certo? – disse Lily, afastando-se pelo corredor.

- Ei! Não sou eu que arranjo confusão! Elas correm atrás de mim! E a única coisa confusa por aqui é aquele meu irmãozinho! – disse Annie, indignada.

- Muito bem, então, senhorita Confusões-correm-atrás-de-mim, vamos para a cabine? – pediu Sirius, estendendo a mão com um floreio para que ela a segurasse.

- Creio que meus problemas são dois... – murmurou Annie, dando a alça do malão na mão estendida de Sirius, deixando-o com uma cara abobalhada.

Ela foi até Potter, que continuava caminhando comicamente, apoiado agora por Remo e pelo garoto baixinho.

- Tiago? Você está legal? – pediu receosa

- Hm hum – ele gemeu – Acho que não vou ficar inválido. Mas agora eu sei de onde você herdou aqueles socos e pontapés poderosos.

- É – Sirius intrometeu-se na conversa – eu sou o que mais sofro nas mãos dessa filhote de canguru australiano sádica.

- Bela denominação. O que os cangurus têm a ver com a história?– murmurou Annie, aborrecida.

Remo abriu a porta da última cabine e passou, escorando Tiago, que gemia ininterruptamente. Por fim entrou Sirius, carregando o malão de Annie.

- Obrigada pela ajuda, Sirius. – a garota fez uma reverência cômica, pra logo depois atirar-se em um dos bancos vazios.

- Às ordens, senhorita. Mas não vá se acostumando, não tenho vocação pra mordomo. TIAGO! DÁ PRA PARAR COM O DRAMA! TÁ PARECENDO UMA MENININHA ENJOADA! – Sirius virou-se bruscamente para Tiago, deitado sobre o banco do canto, ocupando dois assentos e gemendo.

O garoto de cabelos espetados lançou um olhar fulminante para ele, gemendo ainda mais alto.

- AI AI AI AI AI AI AI AI! Aii! Ai ai... ui.. – agora ele se contorcia no banco de uma forma excessivamente dramática.

- Tiago, é sério, parece até que você está morrendo. – disse Remo, sério – Agora tira esse cabeção espetado daí que eu quero sentar.

- Não foi você que teve sua alma acertada cruelmente. – respondeu Tiago, mas, mesmo assim, sentou-se direito.

Annie apenas balançou a cabeça e apoiou os pés na janela aberta do Expresso de Hogwarts.

- Sabe, Tiago, eu não achei que viveria pra ver você se lamentando de uma surra que levou do Hells – o garoto gordinho pronunciou-se pela primeira vez. Tinha um tom de voz fino e levemente irritante. Ao que parece, mexera com o ego de Tiago.

Ele se levantou, aparentemente esquecendo toda a dor, e segurou o outro pela gola da camiseta.

- Eu NÃO levei uma SURRA do Hells! Aquela cobra estúpida NÃO levou nem vai levar a melhor, está me entendendo, Pedro? – disse com raiva.

- Ok, ok, Pontas, calma cara! Desculpe! – Pedro disse com um leve temor na voz. Parecia realmente assustado.

Sirius levantou-se tempestivamente, pondo a mão no peito, como um patriota ao ouvir o hino de seu país.

- Sim! – disse num tom solene – Somos os Marotos, e nada pode nos deter! Ninguém leva a melhor sobre nós!

Annie começou a aplaudir, sorrindo larga e ironicamente.

Bravo! Bravo! Só não peço um discurso porque não estou a fim de morrer de tédio agora mesmo.

- Sirius deu um sorrisinho amarelo e jogou-se pesadamente no banco, ao lado da garota.

Annie olhou para fora da janela; o trem passava agora por uma campina verde e sem qualquer sinal de civilização. Aos poucos, a campina foi dando lugar a uma espécie de bosque muito verde, minado de árvores antigas. Os ocupantes das cabines foram se ocupando com suas coisas, até que o silêncio reinou absoluto. Remo lia um livro, Tiago e Sirius jogavam uma partida de xadrez bruxo, soltado exclamações de raiva ou alegria ocasionalmente, e Pedro parecia cochilar com a boca aberta, um filete de baba escorrendo pelo canto da boca. Annie pegou um pergaminho e começou a desenhar; a cena não mudou durante dez minutos inteiros, até que Pedrinho soltou um poderoso ronco, que acordou a si mesmo, e fez os outros caírem na gargalhada.

- Rabicho! Eu disse a você pra olhar direito o que come! Não acredito que você engoliu o motor da minha moto! – exclamou Sirius, rindo. Foi até Pedro e chacoalhou-o – Cospe! Cospe! Um motor daqueles é caro, garoto, então cospe!

Tiago gargalhava estrondosamente, Remo tinha lágrimas no rosto e Annie chacoalhava os ombros em uma risada silenciosa.

- Eu... estou com fome, preciso comer alguma coisa... – disse Pedro de um jeito quase maníaco, soltando-se das mãos de Sirius. Mal terminou de dizer a frase, a bruxa do carrinho de doces surgiu na porta da cabine.

Depois de comprarem sapos de chocolate e montanhas de bolo de caldeirão cada um, os cinco engataram um animado papo sobre quadribol, regado a doces. Claro que o assunto não deixou de ser altamente discutido, isso porque Tiago era fã convicto dos Chudley Cannons, Sirius louco pelo União de Puddlemere, e Annie apoiava o Orgulho de Portree. Remo logo se lembrou de sua ronda, e saiu apressado em direção à cabine dos monitores.

Faltando menos de duas horas para chegarem, Annie saiu da cabine para que os garotos pudessem se trocar, e foi ela mesma procurar a cabine de suas amigas. Encontrou-as em um vagão no meio do trem, jogando snap explosivo.

- Ann! Annie! Oi, fofa! – a garota que ela vira abraçando a mulher alta atirou-se sobre ela em um grande abraço exagerado – Saudades! Saudades!

- Lily nos contou da confusão com David – disse uma outra menina, levemente baixinha, de cabelos castanho escuro, quase negros, e rosto redondo, que lhe deu um beijo na bochecha.

Annie meramente bufou ao ouvir o nome dele e retribuiu os cumprimentos.

- Ah, por quê seu irmão tinha que ser tão chato, hein? – perguntou a menina alta, com um beicinho

- É... ele é tão bonitinho! Desperdício ser chato, e estar entre os sonserinos – disse a outra, com um sorriso maldoso.

- Jade! Alice! Ora, por favor! David? David Charles Tyler Hells? Meu meio irmão? Bonitinho? Humpf! – disse ela em um tom aborrecido e indignado.

Alice e Jade sentaram-se, puxando Annie com elas.

- Negue se é capaz então! Dave é uma gracinha. – afirmou Jade

- Bem charmoso – reforçou Alice

Annie jogou os braços para o alto, frustrada.

- Vocês estão me deixando louca. Não vim aqui pra discutir se meu irmão é ou não bonito.

Mas as outras duas não a deixaram em paz. Quando ela viu, estavam discutindo os cabelos azuis espetados de Eric Mattews e o quão mais alto Frank Longbottom estava nesse ano. E, ao que parecia, Alice tinha uma leve queda por ele.

- Vou voltar pra cabine dos Marotos, vocês vêm comigo? – perguntou Annie, levantando-se.

- Certo, dar uma olhadinha em Sirius Black não mata ninguém. – respondeu Alice, animada.

Ao chegar perto da cabine, era visível que tinha confusão por ali. Um menino de cabelos negros e lisos estava atrapalhando a visão, plantado bem na porta.

- Problemas por aqui, rapazes? – disse Annie em um tom alto, aproximando-se

Todas as cabeças voltaram-se para as garotas recém-chegadas. Ela examinou os presentes: uma menina alta e magra, olhos azul escuro sob pálpebras pesadas e cabelos longos que quase chegavam ao chão; um garoto que aparentava ter seus 15 anos, e era quase uma cópia de Sirius, faltando à ele apenas o charme natural do maroto; um outro rapaz franzino e alto, de cabelos curtos melados de gel e uma aparência untuosa; além, é claro, dos três marotos, uma vez que Remo estava em sua ronda.

- Meus caros parentes vieram me fazer uma visitinha, mas já estavam de saída, certo? – respondeu Sirius, muito sarcástico. – Foi um prazer, Bella, Régulo, Lestrange... – fazia um aceno de cabeça para cada um dos três estudantes vestidos em vestes com o brasão de uma cobra.

Bella pesou a situação: estavam apenas em três, enquanto outros cinco apontavam as varinhas diretamente para eles (sim, cinco porque Pedro sequer conseguia se levantar do chão e parar de tremer). A desvantagem era óbvia, e uma retirada estratégica seria a melhor coisa a fazer. Por isso, apenas virou-se para Sirius e disse, meigamente.

- Sim, Sissi, priminho querido. Creio que já estávamos mesmo de saída. Lamento não poder ouvir da boca do próprio Potter como foi que seu orgulho foi estraçalhado por Dave, mas oportunidades não faltarão. Vamos, Régulo, Rodolfo. – ela disse autoritária, fazendo os dois garotos seguirem-na como cachorrinhos bem treinados.

Tiago estava sendo contido por Jade e Sirius, para não pular no pescoço de Bella. Assim que conseguiram acalm�-lo, os garotos sentaram-se pesadamente, mas Annie continuou em pé, de braços cruzados. Notou que Sirius a mirava de cima a baixo, sem sequer disfarçar. Ela tinha plena consciência que fisicamente era praticamente uma versão feminina do irmão, desde a pele quase desprovida de pigmentação até o formato do rosto, que no caso dela era mais delicado e suave. Mas a boca ampla de lábios fartos, os cabelos castanhos e espessos, que nela caíam em ondas até a cintura, e até mesmo o jeito de andar dos dois, felino e altivo, era parecido. Diferiam nos olhos. Não no formato, apenas na cor. Os grandes olhos de David eram verde metálico muito claro, e os de Annie tinham um tom azul acinzentado, igualmente brilhante.

- McGonagall ainda fica louca por sua causa. – comentou Tiago, quebrando o silêncio.

- Sim- continuou Sirius – Bota e saias, srta. Hells! Francamente! Será que não pode seguir as regras do colégio como todos os outros? – ele imitou a voz severa da profª de Transfiguração.

Annie finalmente entendeu o porquê de tantos olhares. Ela havia trocado o blusão preto escrito em prateado "The Rolling Stones" e as calças jeans azuis, levemente justas até os joelhos e com boca-de-sino pelo uniforme escolar: camisa branca, saia preta e pregueada até os joelhos, gravata e o pesado e largo casaco negro, que arrastava no chão, com o brasão de um leão. Mas ela não havia trocado as botas pretas de cano alto e solado agressivo que usava antes. Daí o motivo de estranheza: as garotas deveriam usar sapatos adequados e meias três quartos.

- Nah, ela não conseguiu me "educar" em seis anos de escola, não é agora que vai conseguir. E se não ficou louca até agora, também não é agora que vai ficar. Ela até cansou de me dar detenções e advertências. Provavelmente se conformou com o fato de que eu não vou me sujeitar àqueles sapatinhos de boneca apertados. – disse ela com um gesto displicente.

- Sei não... – murmurou Jade

Sirius colocou os pés no encosto do banco de Pedro, cruzando as pernas.

- As regras de Hogwarts, que são semelhantes à ditadura de um treinamento de auror não se estendem aos detalhes do vestuário. Cada um tem a mania que bem entender, e se alguém não gostar, que vá comer cera de ouvido. – falou Sirius, enfaticamente. Na verdade, ele usava, assim como Tiago, tênis pretos em lugar dos sapatos bem engraxados.

- Isso aí! – disse Annie, entusiasmada

Ela foi até o próprio malão e pegou a cesta de vime. Sentou-se em seu lugar, ao lado de Sirius e abriu a tampa do objeto. Um belo gato preto saiu dali com leveza. Ronronou e enroscou-se nos braços da dona. Annie alisou seu pêlo lustroso e disse baixinho.

- Ah, desculpe, Órion, foi tanta confusão que eu não te soltei antes... mas nós já estamos chegando, logo você vai ter que voltar pra cesta, certo?

O gato meramente miou de leve, compreensivo, e saltou para o colo de Sirius. Este coçou-lhe atrás das orelhas com calma. A garota observou o gato deitar-se, folgado nas pernas do rapaz.

- É, Annie, parece que até o Órion é louco pelo Sirius. – disse Alice, num tom divertido.

- As estrelas se entendem – falou Sirius, mirando os olhos prateados do gato. Órion tinha pequenos pontos brancos no pêlo das costas, justamente na forma da constelação que lhe deu o nome.

O resto da viagem transcorreu sem maiores problemas; Remo voltou de sua ronda, Lily acabou indo junto, e, mais uma vez, gritou com Tiago porque este passou a mão nos cabelos e porque havia uma janela partida (de acordo com ela, culpa do Potter). Foi com uma Lily irritada e um Tiago emburrado que finalmente desembarcaram na estação de Hogsmeade e pegaram carruagens para ir até Hogwarts. As carruagens aparentavam não terem cavalos, mas eram puxadas por testrálios. Annie sorriu ao vê-los, mas Jade torceu o nariz, e Sirius parecia não se importar com os cavalos draconídeos.

Finalmente, ao olhar pela janela da carruagem onde ela, Jade, Lily e Alice estavam, Annie avistou as muitas torres com janelas iluminadas. Chegaram em Hogwarts. Ela chegou em casa.

- Mais um ano letivo... O último ano letivo – murmurou para si mesma, fechando os olhos.


N/A 3(última, prometo): GAAHHHH! CAPÍTULO ENORME! Oito páginas, não sei como foi acontecer! Creio que os outros serão um pouco menores. E então, gostaram? Espero que sim. Puuu... Enfim, o próximo irá falar sobre os primeiros dias do sétimo ano em Hogwarts. Té mais!

.:Lira:.