Todos notaram o ar de alegria que Shanara tinha naquela manhã. Inuyasha evitava olhar para ela. Na noite passada eles viveram momentos doces, mas depois ela tinha lhe dito: " não se preocupe, não quero que me ame e deixe tudo por mim, só quis dar a você um momento de paz em meio á guerra que você trava a muito tempo, com o Naraku. Eu sei que você gosta da Kagome.
Mas para ele era difícil fingir que nada acontecera. Já para ela, a noite foi uma brincadeira agradável, um momento para aliviar a tensão que há muito tempo carregava o hanyou. Eu jamais a entenderei, pensou por fim.
Os demais preparavam tudo para continuar a procurar o Naraku. Inuyasha fugiu correndo quando seu nariz sentiu o cheiro de Kagome, que vinha caminhando faceira carregando a bicicleta. Ao seu lado (Inuyasha nem percebeu, de tão apavorado) vinha Kamala carregando uma enorme mochila, os cacarecos que ela trazia da era atual. Shanara se espantou ao ver os dois juntos, com certeza a Sayaka tinha apresentado o anjo indecente. Logo entendeu e sorriu ao vê-los. Seu pensamento de imediato clareou ao ver a face corada de Kagome. – O Kamala aprontou com ela, ah se aprontou – já adivinhando o que acontecera na noite passada com aqueles dois.
Oi! Como vão? – seu olhar era inquisidor e eles ficaram sem graça, confirmando as suspeitas de Shanara.
Muito bem! – disse Kamala beijando a face da mocinha. – ajudei a minha gatinha aqui com as coisas. – olhou ao redor procurando algo – cadê o vira-lata?
É mesmo? Ele estava aqui a um minuto... que estranho.
Todos olharam ao redor procurando o hanyou, mas este havia desaparecido. Kamala colocou a mochila no chão e sentou-se na cerca de madeira que havia por ali.
Ei Shanara – sussurrou ao ver Kagome se afastar em direção ao grupo – tem visto aquela sacerdotisa, a Kikyou?
Não – disse a mocinha um tanto irritada – desde aquele dia nunca mais a vi por aqui. A senhora Kaede disse que a irmã viaja sem rumo a procura do Naraku, sempre seguida por serpentes caçadoras de almas. Mas porque quer achá-la?
Não sei... desde que a conheci não pude deixar de pensar nela, sabia que não pude sequer ter pensamentos safados a respeito dela, mesmo tendo-a em meus braços aquele dia?
Claro – Shanara deu de ombros – ela é uma miko, purifica até essa sua mente doentia. O que fez com a Kagome noite passada?
Ele quase caiu da cerca onde estava.
O quê! Na...nada oras... só a consolei porque tinha brigado com o vira-lata e estava deprimida, só isso...
Hum... – ela não podia recriminá-lo, fizera o mesmo com o Inuyasha. Ela sabia que Kamala agiu exatamente como ela, ele não suportava ver uma mulher triste, mas sua atitude era meramente um consolo, tinha certeza que ele a aconselhou a se reconciliar com o hanyou. Podia parecer estranho para algumas pessoas, mas era assim que eles eram. Mas o interesse dele pela Kikyou a pegou de surpresa.
Se quer vê-la de novo siga o grupo do Inuyasha. Eles vão atrás do Naraku e provavelmente irão se encontrar.
E que tal seguirmos o grupo a distancia? Sei que está consolando o vira-lata também.
Ora seu... mas sua idéia não é má, mas não deixe o Inuyasha saber que está atrás da Kikyou.
Mas ele não gosta da Kagome?
Sim, mas ele está balançado entre as duas, é uma longa historia, outra hora te conto. Seria ideal se eles não nos vissem seguindo-os.
Como, se o vira-lata é um perdigueiro? Vai sentir o nosso cheiro, e mais ainda o seu. – disse deixando a moça corada.
Seguimos a distancia, pelo ar – disse apontando para a espada dele.
Vamos tentar, mas acho que ele vai sentir...
Miroku se aproximou dos dois.
Precisamos partir agora. Vocês ficarão no vilarejo?
Não, iremos pra casa. – sorriu Shanara.
Sim, outro dia a gente volta. – completou Kamala.
Bem, estão até mais. – disse o monge se despedindo. – temos que achar o Inuyasha para irmos embora. Senhorita Kagome...
Inuyasha! Senta!
AAI!
O pobre hanyou caiu de um galho alto de uma árvore perto dali, onde achava que não seria encontrado.
Não teve outro jeito, ele teve que encarar Kagome e partir novamente em busca do Naraku. Os dois jovens guerreiros esperaram algum tempo e, montados nos signos Força e Lealdade partiram seguindo o grupo.
Andaram algum tempo sem serem notados mas logo o olfato apurado de Inuyasha sentiu o cheiro de Shanara. Ele se aproximou de Miroku e cochichou.
Ei Miroku, ela tá nos seguindo...
Eu percebi a energia sinistra daqueles espíritos das armas deles.
Como deles? O trancinha tá com ela?
Claro que está. Não sente o cheiro dele também?
Ele nem percebeu o cheiro de Kamala, seu nariz estava impregnado com o cheiro doce de Shanara. Ficou vermelho ao lembrar da noite anterior e olhou assustado para Kagome. Miroku percebeu e riu da cara do hanyou.
Vamos Inuyasha, abre o jogo! Aconteceu alguma coisa entre você a senhorita Shanara na floresta ontem a noite?
Ora seu idiota intrometido! Não é da sua conta!
Pois se você deixou escapar a oportunidade é um idiota. – piscou os olhos maliciosamente. – ela é maravilhosa...
Inuyasha sorriu levemente. Sim, ela era incrível mesmo. Embora o que mais tenho tocado seu coração foi o modo doce de acalmar seu espírito, mais com suas palavras que com seus atos. Entendera o que ela queria com tudo aquilo, não somente uma noite de prazer, mas algo mais profundo, ela queria aquietar o coração consumido do hanyou, e realmente conseguira. Mas é claro que ele nunca iria admitir isso a Miroku, nem a ninguém. Guardaria isso como um segredo adorável e precioso.
Por enquanto vamos fingir que não percebemos que eles estão nos seguindo, para ver o que realmente querem – disse Miroku finalmente. – o que me diz Inuyasha?
Sim, vamos fazer isso... olhou furioso a expressão safada que o monge fazia ao pensar em Shanara.
Mas não puderam segurar o segredo por muito tempo. Shippou que era um youkai sentiu o cheiro dos dois guerreiros.
Ei Kagome, estamos sendo seguidos por aqueles dois amigos do Inuyasha, você sabia?
Ela corou violentamente ante a menção de Shippou a Kamala. Sango concordou.
Sim, posso sentir a energia sinistra daquelas armas mágicas. Miroku, também sentiu?
Não... senti nada não Sango... – disfarçou o monge, fazendo uma gota surgir na cabeça de Inuyasha.
Puxa, o que será que eles querem afinal? – sussurrou Kagome entre os lábios, um pouco incomodada. Se o Inuyasha souber o que aconteceu ontem a noite estamos fritos, pensou a mocinha arrepiando-se toda só de lembrar. Incrivelmente Inuyasha tinha tido o mesmo pensamento. E o mesmo arrepio.
Sango montou na Kirara e subiu em direção aos dois jovens. Ao vê-la se aproximar Kamala sibilou.
Ei Shanara, discrição é a alma do negócio, entendeu? Nenhuma palavra para o vira-lata!
Digo o mesmo. – falou Shanara já disfarçando pois a exterminadora já estava ali frente a eles.
Não disseram que iriam pra casa? – indagou Sango, corada ao ver Kamala.
Resolvemos ajudar nossos novos amigos – sorriu Shanara.
É... estávamos á toa mesmo, iremos com vocês, se concordarem é claro. – piscou Kamala.
Claro... quanto mais ajuda melhor... – concluiu Sango – Kirara, vamos voltar.
Os três desceram até o grupo. Inuyasha batia o pé no chão impaciente.
Então, vamos ou não vamos? Quero encontrar logo o Naraku!
Não seja mal educado Inuyasha! - censurou-o Kagome. – vão com a gente?
Sim! – Shanara e Kamala falaram ao mesmo tempo.
Mas espere... por que não vamos pelo ar? – sugeriu Shanara – é bem mais rápido. O houshi sama vem comigo e a Kagome vai com o Kamala, a Sango vai na Kirara com o Shippou. Que tal?
Mas... e eu? – perguntou Inuyasha.
Você vai sozinho – rosnou Shanara.- pra deixar de ser mal educado.
Eu gostei da idéia! – iluminou-se Miroku.
Nem pensar senhor monge... – bufou Sango, furiosa. Miroku se encolheu todo.
E além do mais – falou Inuyasha indignado – não confio nesse trancinha pervertido com a Kagome.
A estudante quase teve um infarto ao ouvir isso. Kamala sorriu sem jeito fazendo cara de culpado e Shanara não conteve a gota que surgiu em sua cabeça.
No fim, ficou assim: Miroku com a Sango na Kirara, Kagome com a Shanara em Lealdade e Kamala com o Shippou em Força. Inuyasha ficou a pé mesmo, frustrado. Mais irritado que ele estava Kamala, pois ficara sem garota nenhuma.
Eles viajaram durante o dia e a noitinha pararam numa colina perto de uma floresta para acampar. Enquanto as garotas procuraram um riacho para se refrescar os homens providenciaram a comida e a lenha pra fogueira. Com os alimentos sendo assados no fogo, Miroku teve a idéia de espiar, sendo apoiado por Kamala. Inuyasha os ameaçou de morte num primeiro momento, mas depois acabou aceitando a idéia. Mal sabiam eles: Lealdade sentou-se no caminho que conduzia ao lugar, e nada de sair. Além do lobo, Shanara se precaveu criando uma barreira. Kamala praguejou baixinho e Inuyasha se sentiu aliviado. Miroku ainda tentou exorcizar o lobo, mas o que conseguiu foi levar uma carreira de Lealdade.
Enquanto isso as garotas riam da cara que os malandros deveriam estar fazendo a essa hora. Shippou brincava feliz na margem. O laguinho que se formou por causa de um tronco caído era refrescante. Estava uma noite realmente agradável.
