Capítulo 4 - A Sentença
- O quê? - gritou Arthur Weasley quando Gina entrou ladeada por dois bruxos e a maca de Cho atrás. A ruiva estava visivelmente cansada e molhada de tanto chorar.
- Pai, você sabe que não fiz nada! Como eu faria algo assim? - perguntou ao ser colocada sentada em uma cadeira. Logo entraram Dumbledore, Snape, Sra. Figg, Moody e Lupin, todos olhando-a muito assustados. Somente Dumbledore mantinha a calma.
- Vamos por partes - disse o diretor.
- Eu aconselho meu Veritasserum - disse Snape.
- Sim, o usaremos, mas antes creio que ainda não estamos todos aqui? - perguntou, vendo entrar pela porta um Harry banhado em lágrimas, um Rony e uma Hermione desapontados. Todos se sentaram ao lado de Dumbledore. Ele, porém, levantou e caminhou ao lado de Gina.
"Mas o que teria acontecido?", pensava. Não havia matado Cho, muito menos entrado na Travessa do Tranco por querer. Por que todos a olhavam com desprezo? Gina olhou para sua mãe e ela desviou o olhar. Harry estava chorando muito e Rony o consolando. Lupin olhava estranhamente o corpo de Cho Chang.
- Conte-nos Gina, o que houve. Por que estava na hora errada, no local errado? - perguntou Dumbledore calmamente. Gina vacilou um pouco antes de falar. Olhava em cada olhos daquela sala, com medo.
- Eu... Eu não sei bem... Eu... Fui com minha mãe pro Beco... Ela ia comprar uns livros... E eu fui tomar sorvete - até aqui a Sra. Weasley concordou com a cabeça. - Então eu vi... Algo... Ao lado da loja do Sr. Olivaras, e Moody estava lá. Ele conversava com uns bruxos... E eu... Continuei andando. Apenas isso... Andei... Cheguei numa escada e desci.
- A Travessa do Tranco - assentiu Dumbledore.
- Mas eu não sabia que era! Nunca tinha ido sequer para aquela parte! - disse, apavorando-se. - Eu desci as escadas... Mas sem intenção nenhuma. Estava apenas... Andando! Então vi uma loja vazia... E nela coisas... Que fiquei observando até ver Cho Chang parada... Ela apontou a varinha para mim... Insinuando que eu estivesse ali por outros fins...
- Creio que ela estava revistando o local? - perguntou Dumbledore e Gina assentiu com a cabeça.
- Foi o que ela me disse... Mas então, professor... Ela começou a me fazer perguntas como se eu... Eu... Fosse das trevas, entende? Como se eu soubesse de alguma coisa e estivesse escondendo? - disse, visivelmente nervosa. - Então eu disse que ia embora e tudo escureceu. Fiquei tonta. Fiquei sem respiração e com um tremendo enjôo... Ouvi algum sussurro de "Imperius"... Eu ouvi! Mas não distingui de quem era... Professor, acredite em mim, eu não fiz nada!
- Eu acredito em você. Mas as provas dizem completamente ao contrário. Conforme visto a senhorita usou uma Maldição Imperdoável em uma auror... E isso não será possível esconder...
- Não quero que escondam professor! Mas eu não fiz isso por minha própria conta!
- Muito bem, Gina, agora, onde está sua varinha? - perguntou Arthur, muito seco. Pegou a varinha da menina e murmurou "Prior Incantato". Uma luz verde foi lançada à parede e todos esconderam a boca com as mãos, assustados.
- Gina, está mais do que provado que foi de sua varinha que saiu a Maldição - disse Dumbledore com uma expressão ruim no rosto. - Por favor, terá que beber o Veritasserum.
- Professor, eu não disse que não matei! - ela disse e muitos soltaram uivos de desaprovação. - Apenas disse que se fiz, não estava em sã consciência...
- Muito bem, a poção - disse Dumbledore, pegando um frasco das mãos de Snape, que olhava horrorizado para a menina. Gina pegou o frasco com vontade e bebeu tudo.
- Agora me responda, garota... O que fazia na Travessa do Tranco? - perguntou Moody e Gina repetiu exatamente o que havia dito. Exatamente o que tinha ocorrido, sem deixar de mencionar o quanto desprezava Cho Chang.
Dumbledore respirou aliviado, embora fosse o único a fazer isso. Harry sacudia a cabeça negativamente e Hermione mantinha um pavor no rosto. Rony não olhava para Gina, assim como sua mãe. Gina viu que Lupin também sorria aliviado. Então ela se viu na vontade de falar algo sobre Tom Riddle mas felizmente Dumbledore a interrompeu.
- Temos nossa prova. A não ser que o professor Snape tenha feito a poção errada, o que eu não acredito que tenha ocorrido, está provado que a Srta. Weasley foi vítima de uma Maldição Imperdoável.
- A poção estava correta, Dumbledore - assentiu Snape.
- Então não me resta nada a dizer. A senhorita deverá dormir aqui essa noite, em vigilância. Mas amanhã, creio, Molly já poderá vir buscá-la.
- Mas professor... O senhor sabe que não fiz nada! Eu não seria capaz...
- Não discuta mais, Virginia. - disse Arthur, olhando sério para a filha.
- Pai... O senhor sabe que eu não fiz nada!
- Não vou discutir o que sei ou deixo de saber. Levem-na daqui - ordenou e dois homens seguraram Gina pelos braços.
- Eu posso andar sozinha! - ela gritou, fazendo-os a soltar. Andou lentamente na frente deles.
- Isso me lembrou muito o julgamento do filho de Bartô Crouch - disse Moody com um risinho de satisfação enquanto Harry corria para perto do corpo da namorada morta.
- O que não há de comum é o réu. A menina foi inocentada - disse Dumbledore. - Agora vamos todos embora, ela ficará bem. Arthur, cuide para que tudo saia bem e Molly, pode vir buscá-la amanhã.
- Obrigada Dumbledore - disse a Sra. Weasley, secando as lágrimas em um lenço.
Gina estava sendo levada para algum lugar ao fundo do prédio do Conselho. Agradeceu que o Ministério não tivesse se envolvido nisso. Não gostaria nem um pouco de ir para Azkaban. Largaram-na dentro de uma sala vazia e fria. Sabia que não tinha feito nada e isso a consolava. Mas a pergunta era quem colocara a Maldição nela? E por que justo para matar a Cho Chang... Não, não gostava da garota. Não gostava nem um pouco. Mas não chegaria a ponto de... Matá-la! Nunca faria isso. Pensaria na dor de Harry em primeiro lugar. Na dor que o menino sentiria quando visse a namorada morta. A dor que estava sentindo naquele momento.
Por mais que quisesse chorar não conseguiu. Sentou-se firme no chão e balançava o corpo para se manter aquecida. Tinha que ser forte ao menos uma vez na vida. Havia desapontado sua mãe, seu pai... Seu irmão ela nem ligava. O mesmo se aplicava a Harry e a Hermione, já que nunca se importariam com isso. Mas seus pais... Nunca pensou que a olhariam com a cara que o fizeram. Era desprezo, sabia. E doía muito que seus pais não acreditassem nela. Que agora era tida em vigilância dos aurores. Como se fosse uma bomba a ponto de explodir.
Depois de um certo tempo pensando adormeceu. Todos os acontecimentos do dia passaram em retrospectiva na sua frente. No dia anterior estava dormindo em sua cama e infeliz. No dia seguinte estava numa cela de prisão e infeliz. Algumas coisas haviam mudado...
- Não pense mais no que aconteceu - disse uma voz ao ouvido da menina. Abriu os olhos e viu um rapaz com mais ou menos dezessete anos a olhando . Na hora quase gritou mas se conteve. Estava fantasmagórico, transparente. Os olhos castanhos fumegavam em sua direção e ele parecia observar sua alma.
- O que faz aqui? - perguntou em sussurros. O garoto sorriu.
- Então lembra de mim? - ele indagou, ainda sorrindo.
- Claro... Como me esqueceria... A pior coisa da minha vida.
- Erro seu. A pior coisa aconteceu hoje. Porque as conseqüências nem vão se comparar ao que houve na Câmara Secreta. Porque lá ninguém morreu.
- Eu não matei aquela auror estúpida! – disse, contendo-se para não gritar, embora o fantasma de Tom Riddle estivesse bastante calmo.
- Sei que não fez isso...
- O que adianta você saber se o resto do mundo me tem como assassina? - disse, quase chorando. O garoto arregalou os olhos.
- Não vá chorar. Você não merece o que está passando e somente nós dois sabemos disso. Somente nós dois sabemos de seus sentimentos por Potter e tudo o que ele lhe fez.
- Nós dois... Ah, claro, o diário...
- Então... Eu, desde aquele tempo, tenho compartilhado suas idéias...
- O quê?
- Mas não posso lhe fazer nada, veja! - ele disse, girando em torno dela. - Sou uma alma. Uma alma morta e acabada. Não tenho poderes, varinha, passado, futuro... Sou somente eu vagando.
- Mentira. Você é... Vol...Voldemort.
- Ora, tem medo de pronunciar? Nunca tenha medo de algo que não lhe fará mal, minha pequena Gina - fez questão de enfatizar a última oração.
- Voldemort... - disse, ainda tremendo. - Faz mal a todos.
- Já fez mal a você? - Gina pensou. Não. Na verdade nunca tinha feito nada a ela.
- Mas você já fez...
- Perguntei de Voldemort... Não de mim.
- Dá no mesmo.
- Engano seu - respondeu com veemência. - Somos pessoas diferentes. Eu fui mortal, ele... Imortal. Sou um humano e ele já não é mais. Sou fraco e ele poderoso.
- São tolos, iguaizinhos! - disse, levantando. - Me deixa em paz, sim? Estou demasiada cansada por hoje...
- Tudo bem, lhe deixarei em paz. Mas não esqueça que ainda quero que você me encontre.
- É melhor rever seus conceitos, Lord... - disse em tom de gozação. - Pois sua última frase soou como uma cantada.
- "timo. Melhor ainda - ele sorriu e Gina fez o mesmo. Então desapareceu e ela se sentiu estúpida por estar sorrindo pro nada.
N/A: Mais uma vez: Thankz Pichi!!!! E obrigado a todos pelas reviews!!!
