Cap. 10 – Beijo inesperado

Ok, tudo para Gina estava indo de mal a pior, como sempre. Ela andou sem emoção para seu quarto e sentou-se em sua cama. Era tedioso não ter nada para fazer, esperando a morte. Por que com certeza, mais cedo ou tarde, ela viria. Os Aurores eram bruxos competentes, diferente dos Comensais a que Gina se juntara. E isso que causava mais medo. O resto do dia, passou devagar. Claro, quando a gente espera que um dia ande depressa sempre acontece o contrário. Ela estava acostumada.

De noite, sem mais aguentar a monotonia do quarto, se levantou e caminhou por alguns corredores. Ficava horas fitando os quadros de homens louros e imponentes da família Malfoy. Draco realmente fazia jus ao nome que lhe fora dado. Mantinha o mesmo porte, a mesma feição. Gina ficou imaginando se dali alguns anos o quadro de Draco não estaria naquelas paredes. Não, provavelmente não restará nada dele para ser pintado.

Draco não conseguiu dormir. Algo o incomodou a noite inteira e ele resolveu levantar da cama e andar pelo castelo. Quem sabe alguns drinques na sala principal não o faziam retornar ao seu estado sonolento?

Sem mais pensar colocou um roupão e saiu do quarto. Os corredores estavam quase escuros, se não fossem os archotes nas paredes. Aquela sensação de que havia algo ruim o incomodava muito, mas ele havia quase se acostumado. Desde pequeno morava naquela mansão e conhecia os corredores como a palma de sua mão. E era algo da qual ele se orgulhava. Indo em direção ao salão, ele ouviu um choro. Muito fraco, era algo quase imperceptível. Mas ele ouviu. Seguiu pelo corredor à direita quando encontrou uma silhueta de alguem sentado no chão, encolhido. Pôde imaginar quem era.

- O que faz aqui, Weasley? – perguntou Draco sem muita emoção. Algo lhe cortava o coração ver aquela garota naquele estado. Não queria admitir, porém, pois sabia que não era algo normal a um Malfoy.

- Malfoy, o que vai acontecer? – Gina perguntou sussurrando em lágrimas. Ele sentiu seus olhos se encherem delas também e ajoelhou ao lado dela. Não gostava de ver mulher nenhuma chorando. Ainda mais quando tinham razão de chorar.

- Como, o que vai acontecer? – ele zombou levantando uma sobrancelha e olhando para o rosto da garota. Estava vermelho, ele pôde ver. Mesclava com os cabelos rubros e os olhos da mesma cor. O castanho não predominava mais. Sua pele branca, estava manchada de lágrimas.

- Quero dizer, eu vou morrer. Você vai morrer...eu tenho medo... – ela disse tentando não se lembrar de que ele era um Malfoy. Um cara que sempre a odiou e odiou sua familia. Mas naquele instante, ela precisava de alguem para conversar. Alguem que não a conhecesse bem e que ela pudesse dizer o que sentia. E não havia ninguem naquele maldito castelo.

- Você não precisa ter medo...Voldemort te protegerá... – ele disse sem ter certeza em suas palavras. Ela percebeu isso.

- Você é feliz aqui?

- Isso não lhe interessa, Weasley...

- Eu sei... – ela respirou fundo. Não podia se deixar levar pelas más palavras dele. Teria que lidar com isso, afinal, já não lidara várias vezes com pessoas muito mais irritantes? – Mas eu penso...como alguem pode ser feliz aqui?

- Na mansão? Ou no castelo? – ele perguntou sorrindo ao ver a cara da garota. Não pretendia manter uma simpatia por ela.

- Ambos...

- A mansão sempre foi minha casa, Weasley...

- Eu sei, eu sei... – ela disse um pouco mais nervosa – Mas morar nessas circunstâncias...de saber que vai morrer e esperar sentado a hora...é angustiante...

- Deve ser...

- Você não pensa nisso?

- Só quando eu quero.

- E não quer?

- Weasley, você...

- Eu sei, pergunto demais... – ela disse com um pequeno sorriso. – Mas entenda...eu vou morrer. E não tenho amigos, familia, marido, porra nenhuma. Reputação? Sou uma das pessoas mais procuradas depois de Voldemort... – e ela olhou – E de você.

- Isso é bom, no mínimo...

- Se eu der as caras pros Aurores metidos, eles vão me matar...

- Concordo com o metidos...

- Mas se eu simplesmente ficar na sombra de Voldemort, quando Potter o pegar eu vou morrer do mesmo jeito.

- E quem garante que Potter vai pega-lo?

- Ninguém...e aí está mais um problema.

- Ora, você vê problemas em tudo! – ele disse sentando ao lado dela. Não queria voltar pro quarto, pois não tinha sono. E não era assim tão ruim ficar ao lado dela, já que não era mais uma amante do Potter. Isso era reconfortante.

- Se Potter não o pegar...então...estamos condenados a viver sobre o comando dele para sempre! – ela disse parecendo horrorizada. Ele pensou. Ela tinha razão. – E isso é pior que morrer...

- Concordo... – ele disse num sorriso falso – Percebeu que é a primeira vez que concordo com um Weasley duas vezes seguidas?

- Não me sinto mais uma Weasley... – ela disse chorando de novo – Não precisa me chamar mais assim...

- Do que eu irei chamá-la? – ele disse pensando "Eu não o farei mesmo...".

- Por favor, sem insultos...

- Ok...qual seu nome verdadeiro mesmo?

- Virginia...

- Ah, claro...a querida Virginia do Lord...

- Não brinca com isso...ele me perseguiu toda a minha vida! Tudo por causa de um maldito diário... – e ela olhou de esguela para ele. Draco engoliu seco pois sabia que todos aqueles problemas que aconteciam com ela, era por sua causa. Por causa de seu pai. Ele fizera com que ela recebesse o diário de Riddle. E por causa dele, Voldemort a perseguira por toda a vida.

- Olha, não foi minha culpa...embora tenha sido um plano genial... – ele disse querendo parecer que não se importava. Quando na verdade sentia uma pena terrivel dela, uma sensação que nunca sentira antes.

- Eu sei...se não fosse comigo, eu aplaudiria... – ela disse rindo para deixa-lo mais a vontade na situação. Sabia que ele não tinha nada a ver com a historia. Que seu pai, aquele desgraçado, que havia planejado tudo. – Bem, acho que vou me deitar...estou demonstrando muito meus sentimentos pra um comensal da Morte e isso não pode ser uma coisa boa...

- Faz bem em querer dormir, porque estou de saco cheio de ouvir reclamações...

- Então porque não foi embora? – ela se indignou.

- Porque...senti..pena...

- Pena? – ela disse colocando a mão na cintura e se ajoelhando ao lado dele. Ela sentiu o sangue pulsar nas veias. Não gostava que ninguem sentisse pena dela. Ela não era digna de pena.

- É proibido? – ele perguntou se ajoelhando também. Por um instante os dois ficaram nessa posição se olhando atentamente. Os olhos de Draco pareciam profundos e ela não soube desvendar o que ele pensava. O mesmo ele. Os dois se encaravam como duas crianças briguentas e apaixonadas. Isso pulsou na cabeça dele e ele logo arregalou os olhos. Ora, por favor! Tudo menos estar apaixonado por essa garota...

- Não. – ela disse por final se levantando. Ele fez o mesmo. Ela reparou que ele a olhava profundamente e não desviava os olhos. Ela não queria parecer intimidada. Reparou como estavam os cabelos dele naquela noite. Despenteados, diferente do que Draco contumava ser. Um sorriso passou pelo rosto dela e ele se incomodou. Ele era bonito, sim. Arrogante, metido, estúpido...mas bonito.

- "timo, porque eu não deixaria de sentir pena porque você não gosta – ele disse enquanto ela se mantinha com uma cara de quem iria matá-lo naquele instante. Céus, como ela se irritava fácil! Já tivera presas mais dificeis! Ela bufou sacudindo o cabelo pro lado, e Draco seguiu o movimento com o olhar. Ruivos e compridos, eles seguiam lisos até abaixo da cintura. Eram bonitos e estava bem cuidados para uma fugitiva desesperada. Seguindo o contorno de seu corpo, ela era uma presa bem atraente. Diferente das barangas que ele encontrava naquele castelo. Sentiu o sangue correr rápido enquanto o coração quase o deixava surdo. Podia jurar que ela estava escutando suas batidas também. Não entendia o motivo de todo o nervosismo, já que estava na frente da garota que nunca gostara, ou que nunca tivera nenhum contato. Mas a verdade era que toda aquela ingenuidade lhe atraia. E ele não conseguia negar isso, nem mesmo sobre suas origens Malfoy.

Gina percebeu o olhar dele sobre seu corpo e sentiu uma vontade de fechar os olhos e aproveitar o calor que emanava do corpo dele. Era algo que ela nunca havia sentido e estava gostando de sentir. Percebeu que seu coração gritava como nunca havia feito antes, sequer ao lado de Harry. Suas pernas fraquejaram e ela tentou manter-se sem nenhuma expressão.

Quando menos esperava, sentiu os lábios dele em sua boca a encostando na parede. Era algo súbito que ela não pôde, nem queria, deter. Ele a beijava com fúria, com raiva e muita força. Como se sentisse algo diferente. Ela devolvia o beijo com um pouco de nervosismo, embora estivesse gostando. Não era como os beijos delicados que ela estava acostumada a dar. Era algo ameaçador, selvagem que ela nunca havia experimentado. E Draco não estava arrependido de tê-la beijado. Não mesmo. Acreditava no que ela lhe tinha dito. E se acaso morressem logo? Ele não poderia suportar o arrependimento que com certeza teria de ter deixado a noite fugir. Mas porque algo assim tão de repente? Mal havia um dia que ele a tinha visto e já sentia algo tão furioso por ela. Por uma garota que ele detestara toda a familia e aprendera a detestar.

Os braços de Gina subiram ao pescoço do rapaz e acariciaram-lhe a nuca. Ela sentiu ele arrepiar. Os braços dele, que estavam segurando o cabelo dela, desceram para sua cintura com fúria e a apertou contra seu corpo. Ele tirou a boca de seus lábios e beijou-lhe o pescoço. Ela gemia, pretendendo que aquilo nunca acabasse. Ele respirava forte, como se estivesse com dificuldade de entender o que estava acontecendo. Quando, de repente, ela se tocou o que estava fazendo. Se agarrando com Draco Malfoy, na Mansão Malfoy, rodeada por Comensais? O empurrou assim que completou esse pensamento.

- Para com isso... – ela disse sem acreditar que estava terminando com tudo – O que estamos fazendo?

- Ora, Weasley, nos beijando...

- Não me diga?

- Você é muito estraga prazeres...

- Você percebe o que é isso? Você um Malfoy eu... Weasley... – ela vacilou – Simplesmente você me odeia e eu te odeio!

- E daí? Me fala que você não sente nenhuma atração por mim e eu viro as costas e vou dormir... – ele disse em desafio. Ela olhou bem para ele. Sentiu vontade de puxa-lo pelo colarinho e agarra-lo novamente. Mas sabia que não seria sensato fazer aquilo. Não, pior. Não podia fazer aquilo!

- Então pode voltar para seu quarto, dormir... – ela disse com dificuldade acreditando que nào queria falar aquilo. Quando ele virou de costas ela sentou no chão e se arrependeu profundamente de seu ato. Podia ter ficado com ele sim, qual o problema? Se sentiu estúpida, burra...e foi assim que dormiu naquela noite.


N/A: Sorry pela demora... "

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